ESPIRITISMO
OBS.: antes de tudo, deixo registrado meu máximo respeito e reverência pela atividade sacerdotal e hierarquia do Clero, bem como pelos estados de vida consagrados a Deus, por meio das Ordens Religiosas. Em especial, o Sacerdócio é, independentemente do caráter de quem faz uso de suas incumbências, uma missão sagrada, ungida por Deus e, portanto, digna de toda admiração e reverência. Por isso, qualquer indivíduo, mormente um leigo, ao dirigir-se a um homem nessa posição, deve ter a mais alta prudência possível nos pensamentos, atos e palavras: 1) Porquanto não lidará com um comum, mas ungido e escolhido do Altíssimo e, por ser Padre, dotado da graça e responsabilidade de ministrar Sacramentos e perdoar pecados em nome do Criador; 2) Porque tem ele as mãos consagradas — as únicas com permissão ordinária para tocar a Sacratíssima Eucaristia, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus Vivo com o Pai e o Espírito Santo. Portanto, se em alguma conjuntura, um Ministro do Todo Poderoso comete um erro de proporção tal que põe em risco a salvação de uma e/ou mais almas — e/ou mesmo a dele —, é dever do fiel católico rezar por esse Padre ou Bispo, antes de tudo; e, se possível, exortá-lo (docilmente) no que concerne a redimir-se dos equívocos, a consertar o que for possível e seguir os preceitos da Fé, Tradição e Doutrina da única e genuína Igreja de Deus: que é Una, Santa, Católica e Apostólica. Paralelamente a isso, há situações em que não há meios de exortar direta e/ou pessoalmente tal Clérigo (quiçá por já ter ele falecido ou ser uma pessoa de difícil acesso). Também ocorre de um ensinamento errôneo do catolicismo ser proliferado em larga escala, por meio de um livro, audiovisual, etc., advindo de um Sacerdote. Nesse caso, mesmo que o Padre possa ser contatado, as proporções de seu erro são incomensuráveis e, assim sendo, muito difíceis de serem revertidas, a não ser por milagre. Então, nessa conjuntura, é obrigação do católico fiel (que tem conhecimento do fato) fazer tudo o que for possível para minimizar os danos dessa problemática proliferação massiva, com o mais alto respeito, magnanimidade e toda sabedoria de que dispõe seu ser, de modo a alertar seus irmãos na Fé acerca de tais equívocos e incentivá-los a não cometê-los, conquanto, sem deixar de amar em Cristo o autor dos equívocos (porque a Santa Igreja nos ensina a odiar o pecado, mas a amar o pecador), intercedendo por ele e sem cair no erro de condená-lo, porque só Deus é juiz, principalmente de seus ungidos.
OBS.: escreve São Paulo a Tito: “adverte-os que sejam sujeitos aos magistrados e às autoridades, que lhes obedeçam, que estejam prontos para toda a boa obra; que não digam mal de ninguém, nem sejam questionadores, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens. Também nós, outrora, éramos insensatos, rebeldes, desgarrados, escravos de paixões e prazeres, vivendo na malícia e na inveja, dignos de ódio e odiando os outros. Mas, quando se manifestou a bondade de Deus, Nosso Salvador, e o Seu amor pelos Homens, não pelas obras de justiça que tivéssemos feito, mas por Sua misericórdia, salvou-nos, mediante o Batismo de regeneração e de renovação do Espírito Santo, que Ele difundiu sobre nós, abundantemente, por Jesus Cristo, Nosso Salvador, para que a justificação obtida por Sua graça nos torne, em esperança, herdeiros da Vida Eterna. Esta é uma verdade infalível e quero que a afirmes, para que procurem ser os primeiros nas boas obras aqueles que crêem em Deus. Estas coisas são boas e úteis aos Homens. Foge, porém, de questões loucas, de genealogias, de disputas e de contestações sobre a Lei, porque são inúteis e vãs. Foge do herético, depois da primeira e segunda correção, sabendo que um tal homem está pervertido e peca, como quem é condenado pelo seu próprio juízo." (Tt 3,1-11) Isso quer dizer que o fiel católico tem de abster-se de toda e qualquer discussão inútil, supérflua, vã e/ou que ponha em dúvida Verdades da Fé — a menos que seja para defendê-Las.
OBS.: contudo, depreende-se de tais sábias palavras do Santo Apóstolo que é obrigação de todo seguidor de Cristo não envolver-se em querelas estapafúrdias, bem como defendê-Lo e propagá-Lo sempre que possível, com sabedoria e parcimônia, como o fez São Paulo, inclusive perante São Pedro, o primeiro Papa: "catorze anos depois, subi novamente a Jerusalém, com Barnabé, tomando também comigo a Tito. Subi, em consequência de uma revelação; conferi com eles o Evangelho que prego entre os gentios e (conferi) particularmente com aqueles que eram de maior consideração, a fim de não correr ou de não ter corrido inutilmente. Ora, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi obrigado a circuncidar-se, e isto por causa dos falsos irmãos, que se intrometeram a espiar a liberdade que temos em Jesus Cristo, para nos reduzirem à escravidão (querendo obrigar-nos à observância dos ritos mosaicos), aos quais, nem um só instante, cedemos, para que permaneça entre vós a verdade do Evangelho. Quanto, porém, àqueles que tinham grande autoridade, (quais tenham sido noutro tempo, não me importa, pois Deus não faz acepção de pessoas) esses, digo, que tinham grande autoridade, nada me impuseram. Antes, pelo contrário, tendo visto que me tinha sido confiado o Evangelho para os não circuncidados, como a Pedro para os circuncidados (porque quem fez de Pedro o Apóstolo dos circuncidados também fez de mim o Apóstolo dos gentios), e tendo reconhecido a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram considerados as colunas (da Igreja), deram as mãos a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão, para que fôssemos aos gentios, e ele aos circuncidados, (recomendando) somente que nos lembrássemos dos pobres (da Judeia); o que eu fui solícito em cumprir. Mas, tendo vindo Cefas a Antioquia, eu lhe resisti na cara, porque merecia repreensão, pois que antes que chegassem alguns de Tiago, ele comia com os gentios, mas, depois que chegaram, retirava-se e separava-se (dos gentios), com receio dos que eram circuncidados. Os outros judeus imitaram-no na sua dissimulação, de sorte que até Barnabé foi induzido por eles àquela simulação. Porém eu, tendo visto que eles não andavam direitamente, segundo a verdade do Evangelho, disse a Cefas, diante de todos: "se tu, sendo judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a judaizar?" Nós somos judeus, por nascimento, e não pecadores dentre os gentios." (Gl 2,1-15) Aqui São Paulo comprova que, em dadas conjunturas, é pertinente a exortação em privado. Em outras, a correção pública é necessária.
OBS.: corrobora, pois, tal verdade o mesmo Bem-Aventurado: “eu te conjuro, diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de vir julgar os vivos e os mortos, pela Sua aparição e por Seu Reino: proclama a palavra, insiste, no tempo oportuno e no inoportuno, refuta, ameaça, exorta com toda paciência e Doutrina. Pois virá um tempo em que alguns não suportarão a Sã Doutrina; pelo contrário, segundo os seus próprios desejos, como que sentindo comichão nos ouvidos, se rodearão de mestres. Desviarão os seus ouvidos da verdade, orientando-os para as fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, suporta o sofrimento, faze o trabalho de um evangelista, realiza plenamente o teu ministério. Quanto a mim, já fui oferecido em libação, e chegou o tempo de minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a Fé.” (2Tm 4,1-7)
OBS.: todavia, havendo renúncia contumaz, por parte dos interlocutores, em relação às verdades de Fé, que seja feita a vontade de Nosso Senhor: “depois disto, o Senhor escolheu outros setenta e dois, mandou-os, dois a dois, adiante de Si, por todas as cidades e lugares onde Ele estava para ir. Disse-lhes: "grande é, na verdade, a Messe, mas os operários poucos. Rogai, pois, ao Dono da Messe que mande operários para a Sua Messe. Ide. Eis que Eu vos envio como cordeiros entre lobos. Não leveis bolsa, nem alforje, nem calçado, e pelo caminho não saudeis ninguém. Na casa em que entrardes, dizei primeiro: a paz [esteja] nesta casa. Se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; de contrário, tornará para vós. Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que tiverem; porque o operário é digno da sua recompensa. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei o que vos puserem diante; curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: está próximo de vós o Reino de Deus. Mas, em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo para as praças, dizei: até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós; não obstante isto, sabei que o Reino de Deus está próximo." (Lc 10, 1-11)
OBS.: assim, sejamos discípulos, apóstolos, anunciadores, servos desse mesmo Cristo Jesus, de modo santo, sábio, piedoso, modesto e ordenado, como finaliza a questão Santo Tomás de Aquino (1225 d.C. - 1274 d.C.): “duas coisas se devem distinguir nas discussões sobre a Fé: uma, relativa a quem discute; outra, aos ouvintes. Relativamente àquele, é preciso que se lhe leve em conta a intenção. Se discutir, duvidando da Fé e não lhe tendo como certas as verdades, que procura examinar por meio de argumentos, por certo peca, como dúbio na Fé e infiel. Digno de louvor será, porém, se discutir sobre a Fé para refutar erros, ou mesmo como exercício. Relativamente aos ouvintes, devemos distinguir se os assistentes [espectadores] à discussão são instruídos e firmes na Fé, ou se simples, e a tem vacilante. Pois, certamente, nenhum perigo há em se discutir na presença de sábios e firmes na Fé. Quanto aos simples, porém, é mister distinguir [ponderar a respeito]. Porque, ou são provocados e repelidos pelos infiéis, como os judeus, os heréticos ou os pagãos, que se esforçam por lhes corromper a Fé; ou de nenhum modo são provocados nessas questões, como nas terras onde não existem infiéis. No primeiro caso, é necessário discutir sobre a Fé publicamente, desde que se encontre quem seja idôneo e capaz para tal e possa refutar os erros. Pois assim, os simples na Fé se fortalecerão e os infiéis ficarão privados do poder de enganar; e, ao contrário, o fato mesmo de se calarem os que deviam se opor aos corruptores da verdade da Fé seria confirmação do erro. Por isso, Gregório diz: assim como falar incautamente incrementa o erro, assim o silêncio indiscreto abandona ao erro os que deviam ser ensinados. No segundo caso, porém, é perigoso disputar [debater] sobre a Fé na presença dos simples, cuja crença é mais firme quando nada ouviram diverso daquilo que creem. Por isso não convém [que] ouçam as palavras dos infiéis, que disputam contra a Fé. (...) O Apóstolo não proíbe totalmente a discussão, senão só a desordenada, que se faz, antes, pela contenção das palavras [vaidade e verborragia] do que pela firmeza das expressões. (...) A lei citada proíbe à discussão pública sobre a Fé, procedente de dúvidas relativamente a esta [questionamento de Sua veracidade]; não, porém, a que visa conservá-la. (...) Não se deve discutir sobre os artigos da Fé, como duvidando deles, mas para manifestar-lhes a verdade e refutar os erros. Por isso é necessário, para a confirmação da Fé, disputar, às vezes, com os infiéis — ora defendendo a Fé, conforme aquilo da Escritura: sempre aparelhados para responder a todo o que vos pedir razão daquela esperança que há em vós, ora para convencer os errados, segundo, ainda, a Escritura: para que possa exortar conforme à Sã Doutrina e convencer aos que [A] contradizem.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Parte II, Seção II, Questão 10, Artigo 7)
OBS.: “Artigo 1: se a correção fraterna é ato de caridade. - A correção do delinquente é um remédio que devemos aplicar contra o pecado cometido. Ora, o pecado cometido pode ser considerado à dupla luz: como nocivo ao pecador e como contribuindo para o mal de outros, que são lesados ou escandalizados pelo pecado; ou, ainda, enquanto nocivo ao bem comum, cuja justiça perturba. Logo, dupla há de ser a correção do delinquente. Uma, que remedeie [o] pecado enquanto mal do próprio pecador. — E essa é propriamente a correção fraterna, ordenada à emenda do delinquente. Ora, livrar alguém de um mal é ato da mesma natureza que lhe buscar o bem. Mas buscar o bem do próximo é próprio da caridade, que nos leva a querer e a fazer bem ao nosso amigo. Por onde, também a correção fraterna é um ato de caridade, pois nos leva a repelir o mal do nosso irmão, que é o pecado. — (...) Outra correção é a que remedeia ao pecado do delinquente, enquanto causa o mal dos outros, e, sobretudo, enquanto danifica o bem comum. E tal correção é ato de justiça, da qual é próprio conservar a retidão justa entre um e outro indivíduo. (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Parte II, Seção II, Questão 33, Artigo 1)
OBS.: “Artigo 4: se alguém está obrigado a corrigir o seu Prelado. - A correção, ato de justiça, aplica a coerção da pena. [Isto] não cabe ao súdito, em relação ao Prelado. Mas a correção fraterna, ato de caridade, incumbe a todos, relativamente a qualquer pessoa para com quem se deve ter caridade, se nela se encontrar o que deva ser corrigido. Pois, o ato procedente de um hábito ou potência abrange tudo o que está contido no objeto dessa potência ou hábito, assim como a visão abrange tudo o que está contido no objeto da vista. Mas, havendo o ato virtuoso de adaptar-se às circunstâncias devidas, a correção que os súditos aplicarem aos Prelados deve ser feita de modo congruente, não o corrigindo com protérvia e dureza, mas com mansidão e reverência. [Como diz] o Apóstolo: não repreendas com aspereza ao velho, mas adverte-o como [a um] pai. Por isso Dionísio repreendeu ao monge Demófilo, por ter corrigido um sacerdote irreverentemente, maltratando-o e expulsando-o da igreja. Donde a resposta à primeira questão: toca-se indebitamente no Prelado quando ele é repreendido com irreverência... (...) E isso é significado pelo contato do monte e da arca, proibido por Deus. Resposta à segunda: resistir na cara, em presença de todos, excede o modo da correção fraterna; e por isso Paulo não teria assim repreendido a Pedro se não lhe fosse igual, de certa maneira, na defesa da Fé. Mas advertir oculta e reverentemente também pode fazê-lo quem não é igual. Por isso o Apóstolo escreve que os súditos advirtam o seu Prelado, quando diz: dizei a Arquipo: cumpre o teu ministério. Devemos, porém, saber que, correndo iminente perigo a Fé, os súbitos devem advertir os Prelados, mesmo publicamente. Por isso Paulo, súdito de Pedro, repreendeu-o em público, por causa de perigo iminente de escândalo para a Fé. E assim diz a Glosa de Agostinho: o próprio Pedro deu aos maiores o exemplo de, se porventura se desviarem do caminho reto, não se [dedignarem] ser repreendidos, mesmo pelos inferiores. Resposta à terceira: presumir-se melhor, absolutamente, que o seu Prelado é soberba presunçosa. Mas julgar-se melhor, em algum ponto, não é presunção, porque não há ninguém nesta vida que não tenha algum defeito. Donde devemos concluir que quem admoesta caridosamente o seu Prelado, não se considera por isso maior que ele, mas lhe vai em auxílio a ele, que, quanto mais ocupa um lugar superior, a tanto maior perigo se acha exposto, como diz Agostinho.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Parte II, Seção II, Questão 33, Artigo 4)
OBS.: a correção fraterna é de preceito e, por conseguinte, está presente na Fé Católica desde sua origem, com Jesus Cristo. Santo Tomás de Aquino, o mais notável entre os Doutores da Santa Igreja, em sua Suma Teológica, aborda magistralmente o tema (Secunda Secundae, Questão 33, Artigos 1 a 8). Eis alguns trechos: “a correção fraterna constitui objeto de preceito. (...) Como já dissemos, há dupla forma de correção. — Uma é ato de caridade e tende à emenda do nosso irmão delinquente, por simples advertência. E essa correção pertence a todos que têm caridade, quer seja súdito, quer Prelado. — Há, porém, outra correção, que é ato de justiça, e visa o bem comum. E este é realizado, não só pela advertência fraternal, mas também, às vezes pela punição, para o temor levar os outros a abandonarem o pecado. E essa correção pertence somente aos Prelados, que não só têm que advertir, mas, ainda, corrigir punindo. (...) A correção, ato de justiça... coerção da pena, não cabe ao súdito, em relação ao Prelado. Mas a correção fraterna, ato de caridade, incumbe a todos, relativamente a qualquer pessoa para com quem se deve ter caridade, se nela se encontrar o que deva ser corrigido. Pois o ato procedente de um hábito ou potência abrange tudo o que está contido no objeto dessa potência ou hábito, assim como a visão abrange tudo o que está contido no objeto da vista. Mas, havendo o ato virtuoso de adaptar-se às circunstâncias devidas, a correção que os súditos aplicarem aos Prelados devem ser feitas de modo congruente, não o corrigindo com protérvia e dureza, mas com mansidão e reverência. Donde o dizer o Apóstolo: não repreendas com aspereza ao velho, mas adverte-o como o pai. Por isso, Dionísio repreendeu ao monge Demófilo, por ter corrigido um Sacerdote irreverentemente, maltratando-o e expulsando-o da igreja. (...) Resistir na cara, em presença de todos, excede o modo da correção fraterna; e por isso Paulo não teria assim repreendido a Pedro se não lhe fosse igual, de certa maneira, na defesa da Fé. Mas advertir oculta e reverentemente também pode fazê-lo quem não é igual. Por isso o Apóstolo escreve que os súditos advirtam o seu Prelado, quando diz: dizei a Arquipo: cumpre o teu Ministério. Devemos, porém, saber que, correndo iminente perigo a Fé, os súditos devem advertir os Prelados, mesmo publicamente. Por isso Paulo, súdito de Pedro, repreendeu-o em público, por causa de perigo iminente de escândalo para a Fé. E assim diz a Glosa de Agostinho: o próprio Pedro deu aos maiores o exemplo de, se porventura se desviarem do caminho reto, não se dedignem ser repreendidos, mesmo pelos inferiores. (...) Presumir-se melhor, absolutamente, que o seu Prelado, é soberba presunçosa. Mas julgar-se melhor, em algum ponto, não é presunção, porque não há ninguém nesta vida que não tenha algum defeito. Donde devemos concluir que quem admoesta caridosamente o seu Prelado não se considera por isso maior que ele, mas lhe vai em auxílio a ele, que, quanto mais ocupa um lugar superior, a tanto maior perigo se acha exposto, como diz Agostinho. (...) Quando a necessidade nos obrigar a repreender alguém, reflitamos se se trata de um vício tal que nunca tivemos — que somos Homens e poderíamos tê-lo tido; ou que é um vício tal que já tivemos e, de presente, não temos — e, então, não percamos a memória da comum fragilidade, para fazermos a correção, não com ódio, mas com misericórdia. Se, porém, nos encontrarmos no mesmo vício, não repreendamos, mas gemamos juntamente e convidemos o pecador à penitência comum. Ora, daqui se conclui claramente que, se o pecador corrigir com humildade o delinquente, não peca nem se expõe à nova condenação — salvo se, agindo assim, pareça condenável à consciência do irmão ou, pelo menos, à sua, quanto a pecado passado. (...) Sobre a acusação pública dos pecadores é preciso distinguir. Pois, ou os pecados são públicos ou ocultos. — Se públicos, não devemos somente corrigir o pecador, para que se torne melhor, mas também dar satisfação aos outros, que os conheceram, para não se escandalizarem. Por isso, tais pecados devem ser repreendidos publicamente, conforme aquilo do Apóstolo: aos que pecarem, repreende-os diante de todos, para que também os outros tenham medo — o que se entende dos pecados públicos, diz Agostinho. Se, porém, os pecados forem ocultos, então se aplicará o dito do Senhor: — se teu irmão pecar contra ti... pois, quando te ofender publicamente, em presença dos outros, já não pecará só contra ti, mas também contra os outros, que também se ofende. Mas, como os pecados, mesmo ocultos, podem causar ofensa ao próximo, é necessário, ainda, neste ponto, distinguir. — Certos pecados ocultos causam dano ao próximo, corporal ou espiritualmente; por exemplo, se alguém trata ocultamente de entregar a cidade aos inimigos; ou se um herético desviar, privadamente, os outros da Fé. E como quem assim peca ocultamente não só peca contra uma determinada pessoa, mas também contra as outras, é necessário se proceda logo à repreensão pública, para o referido dano ser reparado — salvo se houver razões sérias de pensar que os males em questão possam ser conjurados de pronto, por uma advertência secreta. Há outros pecados, porém, que redundam só no mal do pecador e daquele contra o qual ele peca, ou porque este é somente o prejudicado por ele, seja, embora, só pelo conhecimento. E, então, devemos somente ir em auxílio do irmão pecador. E, assim como o médico do corpo deve restituir a saúde ao doente, se puder, sem amputar nenhum membro, mas, se o não puder, cortando o membro menos necessário, para conservar a vida do todo, assim também quem se esforça por emendar o próximo deve, se puder, emendá-lo na sua consciência, para se lhe conservar a boa reputação.”
OBS.: é mister ressaltar: a Igreja é Una, Santa, Católica e Apostólica. Eis o que diz sua Profissão de Fé (Credo/Símbolo). Por conseguinte, depreende-se que é Ela inequívoca, inerrante, infalível, imaculada, perfeita — precipuamente porque é o Corpo Místico de Cristo (que é Deus e indefectível), sendo Ele a cabeça e os fiéis católicos os membros ["Ele é a cabeça do corpo da Igreja, é o princípio..." (Cl 1,18)]. Logo, se há qualquer situação problemática dentro da Santa Igreja Católica, nada tem a ver com a Instituição de per si; nada disso tem relação com Seus Santos Dogmas e com Sua Santa Tradição, os quais são divinos e, desse modo, genuínos, irrepreensíveis e inspirados pelo Espírito Santo (Paráclito). De fato, qualquer situação negativa que, porventura, venha a ocorrer advém senão de falha por parte dos membros constituintes da Santa Igreja de Deus e não Dela enquanto Fé (Corpo Doutrinal), os quais, esses sim, passíveis de pecado e queda, por sua natureza humana, limitada e ferida com o pecado original — diferentemente da Santa Igreja Católica, que é impecável, de natureza sobrenatural e Corpo Espiritual da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Nosso Senhor Jesus Cristo, refriso.
OBS.: uma simplória, mas pertinente analogia: a medicina é uma prática extremamente importante. Eis uma ciência que, por definição, tem por primeiro objetivo fornecer todo o possível para maximizar a qualidade da vida humana e minimizar os riscos que a ameaçam. Se, por exemplo, um médico é abortista, está indo de encontro a tal referido princípio basilar, o qual rege sua profissão. Ora! Se, ao invés de salvar vidas, ele as ceifa, isso não faz da medicina algo mau, só porque um de seus membros o é — ou vários; ou mesmo a maioria. Não tem qualquer relação com a razão de ser dessa importante Ciência. Há de se observar os princípios que alicerçam o objeto de reflexão e não as casuísticas inerentes a ele. Da mesma maneira, acontece com a Santa Igreja Católica, única e verdadeira religião de Deus: Sua santidade e indefectibilidade indiscutíveis e sobrenaturais devem ser separadas dos atos humanos e suscetíveis a erros, por parte de alguns de Seus membros. Julgar o todo a partir de uma de suas partes constituintes é grave equívoco. Assim como, por exemplo, se uma santa família de trabalhadores tem um de seus dose membros corrompido por pecados e envolvido com ilicitudes. Isso não faz dela um clã de criminosos. Generalizar o que é isolado e tornar regra o que é exceção é conduta miseravelmente errônea. Diz o sábio adágio: “o abuso não tolhe o uso.”
OBS.: detenho-me nessas considerações introdutórias por dois motivos: 1º) A fim de respaldar as exortações que no presente documento registro, na condição de simples fiel católico, pecador miserável e um dos últimos na hierarquia do Exército de Deus, mas ciente de meus direitos e deveres enquanto servo de Nosso Senhor, concernentes ao meu estado de vida — admoestações essas as quais são ação respaldada pela Santa Tradição Católica bi-milenar, nesse Vale de Lágrimas; 2º) Para que todo aquele que, ao acessar os conteúdos presentes neste comonitório e encontrar relatos de alguma defectibilidade por parte de qualquer membro da Santa Igreja Católica, não caia no absurdo erro de interligar tal negativa conjuntura mencionada às Santas Doutrina e Tradição Católicas e Suas respectivas diretrizes. Real espelho de proceder no catolicismo é, em suma, Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santíssima Virgem Maria, Sua Mãe, e Seu Bem-Aventurado esposo, São José. Quem os imita tem a certeza de trilhar o caminho mais curto aos Céus, sem a mínima dúvida. Em oposto, o que age em dissonância com a Sagrada Família, incide em perigoso erro e, destarte, não reflete a Santa Igreja de Deus, Suas Leis e ensinamentos advindos da própria Santíssima Trindade.
OBS.: em citações, colchetes vermelhos são intervenções de minha autoria, as quais, a contragosto, tenho de fazer. Alguns textos são traduzidos mecanicamente e, por conseguinte, demandam algumas edições em seus conteúdos. Há, outrossim, conjunturas com erros de tradução, gramaticais, de ambiguidade, de desenvolvimento confuso, escassez de informação, etc. Para esses e outros peculiares casos, sinto-me na delicada, porém necessária obrigação de intervir, de modo que o escrito chegue ao leitor da forma mais inteligível e correta possível, com o mínimo de intervenção e o máximo de originalidade. E, a quem interessar, fica sempre exposta a origem do registro, com link e/ou bibliografia, a fim de que se saiba onde encontrar a fonte por meio da qual acessei a respectiva informação.
OBS.: dôo ao máximo todo o pouco que sei. E, quando não for o suficiente, que o misericordiosíssimo Deus Trino complemente. Amém!
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BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
A 3 de outubro de 1804 d.C., em Lyon-FR, nascia Hippolyte Léon Denizard Rivail, o qual, posteriormente, adotaria o pseudônimo de Allan Kardec.
Bacharelara-se, aos 18 anos, em Ciências e Letras. Em suas biografias constam que fora ele gramático, professor, tradutor, linguista e filósofo. — E, pelos frutos de sua vida, depreende-se que falhara miseravelmente em todas as suas profissões.
Há relatos de que sua família era católica, mas, ao que tudo indica, de relapsa fé, tendo em vista o absurdo erro de enviar o jovem Denizard Rivail a instruir-se na Suíça, país predominantemente protestante. — Urge registrar que fora discípulo de Johann Heinrich Pestalozzi, pedagogo suíço, naturalista, revolucionário e uma terrível influência para Hippolyte Léon.
Obviamente, sua vida espiritual era um caos; tanto que, muito cedo, envolvera-se com ocultismo: era entusiasta de frenologia, "magnetismo curandeiro" (mesmerismo), calhiotrismo, hipnose, sonambulismo, transe, clarividência e diversas outras estultícias, que não passam de pseudociências e místicas demoníacas.
Por volta de 1820 d.C., interessara-se profundamente pelas sombrias atividades do Dr. Franz Anton Mesmer (23/05/1734 d.C. - 05/03/1815 d.C.), precursor dos demoníacos "passes espíritas" e da "hipnose".
Mesmer foi um médico charlatão, de inclinações gnósticas, panteístas e ocultistas; criador do mesmerismo (magnetismo, que, por um dado prisma, lembra o pagão reikirismo, de meados do Séc. XX d.C.), pseudociência ocultista que, pesadamente, influenciou, desde 1820 d.C., Hippolyte Léon Denizard Rivail, o que culminou, alguns anos depois, na malévola invenção do espiritismo, fato que esse último descreve em suas lastimáveis obras.
Em meados da década de 50, já versado no mesmerismo, Hippolyte inicia experiências com as nefandas "mesas girantes" e "psicografias".
Nessa época, segundo o próprio, passa a comunicar-se com um "espírito familiar", o qual supostamente revelara-lhe que, "em outra vida", coabitavam entre os pagãos druidas celtas, sendo Hippolyte, na conjuntura, Allan Kardec. Daí o motivo de ter passado a subscrever seus execráveis escritos com esse funesto apodo.
Em 18 de abril de 1857 d.C., Hippolyte Léon Denizard Rivail publica "O Livro dos Espíritos" e, na opinião de adeptos do espiritismo, trata-se de um marco na história dessa terrível seita, na medida em que, pela primeira vez, passa a ter uma espécie de "codificação/doutrina". — E por isso é Hippolyte apodado, por seus sequazes, de "O Codificador", o que corrobora o fato de que muitos o antecederam nas satânicas experiências espíritas, o que não o torna, portanto, seu criador, como equivocadamente algumas fontes informam.
No primórdio do seguinte ano, lança a "Revista Espírita", que, em suas mãos, servira de instrumento para defesa apologética das satânicas e ilógicas doutrinas que defendera em sua última e recém-publicada obra.
Nesse mesmo 1858 d.C., funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Assim, gradativamente, como hábil instrumento nas ardilosas mãos do demônio, espalhara seus erros pela Europa e, em pouco tempo, mundo afora, contribuindo com a perdição de incontáveis almas, mesmo após sua morte, em Paris-FR, a 31 de março de 1869 d.C.. — E o malfazejo "professor" sequer atendia pelo próprio nome, o que é demasiado compreensível, "porquanto tratara-se de uma legião" (Mc 5,1-13; Lc 8,26-33). [Fontes bibliográficas suplementares: (LINK/; LINK) — Por questão de perigo às almas, decidi por não citar sites espíritas, nos quais obtive algumas informações contidas no presente Commonitório, as quais podem facilmente ser confirmadas em simples busca pela internet.]
"Passaram à outra margem do lago, ao território dos gerasenos. Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros, pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar. Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras. Vendo Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele, gritando em alta voz: 'Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-Te, por Deus, que não me atormentes!' É que Jesus lhe dizia: 'espírito imundo, sai deste homem!' Perguntou-lhe Jesus: 'qual é o teu nome?' Respondeu-lhe: 'legião é o meu nome, porque somos muitos.' E pediam-Lhe com instância que não os lançasse fora daquela região. Ora, uma grande manada de porcos andava pastando ali, junto do monte. E os espíritos suplicavam-lhe: 'manda-nos para os porcos, para entrarmos neles.' Jesus lhos permitiu. Então, os espíritos imundos, tendo saído, entraram nos porcos; e a manada, de uns dois mil, precipitou-se no mar, afogando-se.' (Mc 5,1-13)
"Navegaram para a região dos gerasenos, que está defronte da Galileia. Mal saltou em terra, veio-Lhe ao encontro um homem dessa região, possuído de muitos demônios. — Há muito tempo não se vestia nem parava em casa, mas habitava no cemitério. Ao ver Jesus, prostrou-se diante Dele e gritou em alta voz: 'por que Te ocupas de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te, não me atormentes!' — Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem, pois há muito tempo que se apoderara dele, e guardavam-no preso em cadeias e com grilhões nos pés, mas ele rompia as cadeias e era impelido pelo demônio para os desertos. Jesus perguntou-lhe: 'qual é o teu nome?' Ele respondeu: 'legião!' (Porque eram muitos os demônios que nele se ocultavam.) E pediam-Lhe que não os mandasse ir para o abismo. Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. Rogaram-Lhe os demônios que lhes permitisse entrar neles. Ele permitiu. Saíram, pois, os demônios do homem e entraram nos porcos; e a manada de porcos precipitou-se pelo despenhadeiro, impetuosamente no mar, e afogou-se.' (Lc 8,26-33)
Hippolyte, como se constata, punha-se em companhia dos piores de seu tempo, sobretudo dos demônios.
Não bastasse sua admiração por Franz Mesmer, outrossim admirava um desprezível Giuseppe Giovanni Battista Vincenzo Pietro Antonio Matteo Balsamo (02/06/1743 d.C. - 26/08/1795 d.C.): aventureiro, ocultista, alquimista, "curandeiro" e maçom, o qual atendia pela alcunha de Alexandre (ou Alessandro), Conde de Cagliostro (ou Cagliostro).
Esse italiano, que andava aos crimes, na França, tratava-se de um charlatão de marca maior, com suas "adivinhações", "pseudocuras" e "passes espíritas" — e, segundo o Professor André Melo, Cagliostro afirmava ter dois mil anos de idade e muitos nele criam, miseravelmente.
Por seu estelionato ocultista fora condenado à fogueira, pena misericordiosamente comutada pela Santa Igreja, posteriormente, em prisão, na qual permanecera até o fim de sua má vida.
Não obstante tal extensa e abjeta ficha criminal, inspirava elogios a Hippolyte:
"A ciência funesta parece relegada aos alfarrábios dos velhos alquimistas, e se Cagliostro voltasse, certamente não viria armado com a varinha mágica ou o frasco encantado, mas com sua força elétrica, comunicativa, espiritualista e sonambúlica, força que todo ser superior possui em si mesmo, e que toca ao mesmo tempo o cérebro e o coração." (Revista Espírita - Outubro de 1864 - Publicação sob a supervisão de Allan Kardec)
† † †
Ensina-nos Jesus que toda árvore boa dá bons frutos e que o inverso não acontece. (Mt 7,17; Lc 6,43). Portanto, analisemos a árvore da qual são oriundos os frutos do espiritismo, que em seu grupo de proto-criadores figuram: praticantes de pseudociência, invocadores de demônios, ocultistas, gnósticos, panteístas, charlatões, criminosos, revolucionários, naturalistas, hereges, pagãos e a lista alonga-se indefinidamente.
Ao contrário do espiritismo, a árvore da qual advém o catolicismo é o próprio Deus, Jesus Cristo, que edificou Sua Santa Igreja não na areia, mas sobre a rocha (Mt 7,24-27), a fim de que Seus alicerces jamais ruíssem, independentemente das tempestades que A atingissem. (Mt 16,18; Mt 18,18)
Tal Primado Petrino (Papado) é evidente em diversas passagens bíblicas, como quando Maria Madalena vai ao Sepulcro e o Anjo lhe diz que Cristo havia ressuscitado. No texto sagrado lê-se que ela, por primeira atitude, foi relatar o fato a São Pedro e aos outros. — Nessa ordem: a São Pedro e depois aos outros.
São João, o mais novo entre os 12, correu junto com São Pedro, o mais velho, rumo ao túmulo de Cristo. O Apóstolo mais amado por Jesus, pelo vigor da juventude, chegara primeiro que o Sumo Pontífice, mas não ousou entrar senão após esse já ter adentrado o local. (Jo 20,1-8)
Mais um exemplo: Pentecostes; ocasião em que Cristo envia, como havia prometido, o Espírito Santo aos Seus Apóstolos e à Sua Santíssima Mãe, a Sempre Virgem Maria. E falavam em línguas, mas todos entendiam-se, incluso os diversos transeuntes que passavam pela casa, dentro da qual os agraciados estavam.
Era época da páscoa judaica, então havia gente de muitíssimos lugares do mundo. — A Bíblia, inclusive, diz: "achavam-se, então, em Jerusalém, judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu."
Muitos aproximaram-se para ouvir aqueles ruídos. E todos ouviam, milagrosamente, em seu próprio idioma nativo.
São Pedro foi quem saiu da casa e dignou-se a explicar-lhes aquela manifestação do Espírito Santo. — Nenhum outro o fizera senão ele, o líder, o Papa. E assim procede até os dias atuais e o será até o Fim dos Tempos, como o prometerá Nosso Senhor (Mt 28,20)
Portanto, a Santa Igreja é alicerçada sobre Sua Santa Tradição bi-milenar, que não é areia, mas firme, imutável, inabalável como a rocha.
O oposto é o espiritismo, que nasceu há menos de três séculos e desconhece hierarquia, pois é filho do pai da revolta, satanás, o qual bradara contra Deus o grito de “non serviam!” (“não servirei!”), e por isso foi expulso e atirado ao fogo do inferno, feito exclusivamente para ele e seus imitadores.
† † †
A SANTA TRADIÇÃO
Antes de tudo, atente-se ao que dizem os dois grandes catecismos da Santa Igreja Católica: o do Sacrossanto Concílio de Trento e o do Papa São Pio X:
"O espírito humano é de tal feitio que, com grande esforço e diligência, consegue investigar por si mesmo e chegar ao conhecimento de certas verdades relativas a Deus. Nunca, porém, poderia conhecer e distinguir, só com a luz natural, a maior parte das verdades que nos levam à Eterna Salvação, para a qual o Homem foi primordialmente criado e formado à imagem e semelhança de Deus.
‘As perfeições invisíveis de Deus’, como ensina o Apóstolo, ‘se conhecem desde a criação do mundo, através das obras que foram criadas, assim como Seu poder sempiterno e Sua divindade.’ Mas, ‘esse Mistério que se conservou oculto de todos os séculos e gerações’, excede tanto a inteligência humana que, ‘se não fora revelado aos Santos, a quem Deus quis fazer conhecer, pelo dom da fé, as riquezas deste Mistério entre os povos — o qual é Cristo —, de nenhum modo poderia o Homem chegar ao conhecimento de tal sabedoria.’
Como, porém, ‘a fé vem do ouvir’, é fácil averiguar que, para a Salvação Eterna, sempre houve mister a função e assistência de um mestre fiel e legítimo. Não foi dito: ‘de que modo hão de ouvir sem pregador? E como hão de pregar, se não forem enviados?’
De fato, desde que o mundo é mundo, por grande bondade e clemência, Deus nunca abandonou Suas criaturas. Mas, em muitas ocasiões e de várias maneiras, falou a nossos pais pelos Profetas; conforme a época em que viviam, ensinou-lhes um caminho reto e seguro para a Bem-Aventurança do Céu.
Tendo predito que enviaria um Mestre de Justiça para iluminar os povos e levar Sua obra de
redenção até os confins da Terra, Deus falou-nos, em último lugar, pela boca de Seu Filho; por uma voz descida do Céu; da majestade de Sua Glória. — Mandou, também, que todos O ouvissem e obedecessem a Seus preceitos.
O Filho, porém, a uns fez Apóstolos; a outros, Profetas; a outros, pastores e mestres: deviam, eles, anunciar a Palavra da Vida, para que não fôssemos levados, como crianças, à mercê de qualquer sopro de doutrina, mas, apoiados na sólida base da Fé, nos edificássemos a nós mesmos, como morada de Deus, no Espírito Santo.
Para que, ouvindo a Palavra de Deus, ninguém A tomasse como palavra humana, mas pelo que Ela é realmente, como palavra de Cristo, quis o próprio Nosso Senhor atribuir tanta autoridade ao Magistério de Seus Ministros que chegou a declarar: ‘quem vos ouve, a Mim é que ouve; e quem vos despreza, a Mim é que despreza’.
Sem dúvida, não queria aplicar estas palavras só aos discípulos, com os quais falava daquela feita, mas também a todos os outros que, por legítima sucessão, assumissem o encargo de ensinar. A todos eles prometeu assistência, dia por dia, até a consumação dos séculos.
Esta pregação do verbo divino nunca deve interromper-se no seio da Igreja. Hoje em dia, porém, é preciso trabalhar com maior zelo e piedade para nutrirmos e fortalecermos os fiéis com o alimento vivificante que só lhes pode dar uma Doutrina pura e salutar.
É que saíram pelo mundo falsos profetas, dos quais disse o Senhor: ‘Eu não enviava esses Profetas, e eles corriam; Eu não lhes falava, e, ainda assim, eles profetizavam’.
Destarte, queriam corromper os ânimos cristãos com ‘doutrinas estranhas e fora do comum’. Armados de todas as astúcias diabólicas, tão longe levaram, nesse ponto, sua impiedade que já parece quase impossível detê-los em firmes barreiras.
Nós nos apoiamos na admirável promessa de Nosso Senhor, que afirmou ter lançado os alicerces de Sua Igreja com tanta firmeza que as portas do inferno jamais [prevalecerão] contra Ela. Do contrário, muito seria para temer que [a Igreja] viesse a ruir na época atual.
De toda a parte A vemos cercada de muitos inimigos, atacada e perseguida com toda a sorte de hostilidades.
Nobres terras, que outrora guardavam, com tanto respeito e tenacidade, a verdadeira Fé Católica que herdaram de seus maiores, deixaram agora o reto caminho e caíram no erro. Proclamam, abertamente, que sua maior piedade está em afastarem-se, o mais possível, da Tradição de seus pais.
Sem falar de tais nações, ainda assim já não se encontra nenhuma região tão longínqua, nenhuma praça tão guarnecida, nenhum rincão da cidade cristã, em que esta peste não tenha procurado insinuar-se furtivamente.
(...) Os Padres do Ecumênico Concílio de Trento tomaram, por conseguinte, a firme resolução de oporem salutar remédio a um mal tão grave quão funesto. Não julgavam bastante definir os pontos capitais da Fé Cristã contra as heresias da nossa época, mas consideravam-se na obrigação de estabelecer um programa fixo para a instrução religiosa do povo... (Papa São Pio V [1504 d.C. - 1572 d.C.]. Catecismo Romano do Sacrossanto Concílio de Trento [1545 d.C. – 1563 d.C.]. Proêmio. ]...
1) Poderia o Homem conhecer, só pela luz da razão, todos os seus deveres para com Deus?
Não os poderia. Por isso é que Deus lhos revelou, desde o princípio do mundo, conforme consta da tradição dos povos, dos monumentos históricos...
2) Como a Religião Revelada se conservou e propagou através dos séculos?
Conservou-se, primeiro, pela Tradição dos Patriarcas; segundo, pelo Magistério dos Profetas; terceiro, pela instituição do Sacerdócio judaico, que durou desde Moisés até Jesus Cristo; quarto, pela missão divina de Jesus Cristo, dos Apóstolos e Seus legítimos sucessores.
6) Como se divide a Doutrina Cristã?
Divide-se em quatro partes, abrangendo o que o cristão deve crer, fazer, receber e pedir. Com outras palavras, compreende: o Símbolo, o Decálogo, os Sacramentos e a Oração.
7) Que é a fé? [“fé” é uma palavra com duplo sentido: em grafia minúscula significa “crença”; em grafia maiúscula quer dizer “Religião Católica”. Infelizmente, nem sempre é escrita com essa distinção, o que dificulta, em muitas conjunturas, a correta interpretação do texto. É o caso desse documento, que usa sempre minúscula para ambos sentidos, deixando a cargo do leitor o escorreito entendimento por contextualização. Não tenho acesso ao Catecismo Romano original, em latim. Portanto, respeitarei a impressão vernácula que tenho em mãos.]
A fé é a convicção firme e inabalável que temos [nas] coisas reveladas por Deus e propostas a crer pelo Magistério Infalível da Igreja.
8) A fé [Religião Católica] é necessária para a salvação?
É necessária, pois que sem a fé não podemos conhecer a Deus e a Jesus Cristo, nem os deveres que a Religião nos impõe a cada um de nós.
9) A fé poderá enganar-nos?
Não pode, porque Deus é a própria verdade, e prometeu assistência à Igreja até o fim dos séculos.
10) A fé é igual em todos os crentes?
É igual quanto ao seu objeto, mas, quanto ao conhecimento individual, pode crescer em cada cristão e tornar-se mais viva e operante. [fé advém da graça; um dom divino, misericordiosamente dado, o que inclina o agraciado a aprofundar-se nela por meio do intelecto. Por isso diz-se “conhecimento” e não “sentimento”. Não há relação direta com sentimento, mas com a razão e a adesão.]
11) Qual é o objeto da fé?
São as verdades contidas no Símbolo dos Apóstolos [Santos Dogmas; “coluna vertebral do catolicismo”], isto é, no sumário das verdades ensinadas por Jesus Cristo. O Símbolo foi composto pelos Apóstolos, antes de se espalharem pelo mundo para a pregação do Evangelho. Sua finalidade era conservar em toda a parte a mesma expressão de uma só fé.
12) Como se divide o Símbolo?
Divide-se em 12 Artigos. Podemos, todavia, reduzi-lo a três principais: a primeira diz respeito a Deus Pai e à obra da Criação; a segunda se refere a Deus Filho e à obra da Redenção; a terceira fala do Espírito Santo e da obra da santificação.
16) Que nos ensina a fé, a respeito de Deus?
A fé nos ensina, desde a nossa infância, que Deus existe, e que Suas perfeições são infinitas. São estas verdades que a filosofia humana jamais conseguiu desvendar em sua totalidade. A fé nô-las representa, por revelação de Deus e pelos testemunhos da Escritura." (Catecismo Romano do Sacrossanto Concílio de Trento [1545 d.C. - 1563 d.C.]. Proêmio; e Sumário Catequético.)
"80) Como sabemos nós que Jesus Cristo é verdadeiro Deus?
Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiro Deus:
1) Pelo testemunho do Pai Eterno, quando disse: Este é O Meu Filho muito amado, no qual tenho posto todas as Minhas complacências: ouvi-O;
2) Pela afirmação do próprio Jesus Cristo, confirmada com os mais estupendos milagres;
3) Pela Doutrina dos Apóstolos;
4) Pela Tradição constante da Igreja Católica.
297) É-nos necessário cumprir a vontade de Deus?
É-nos tão necessário cumprir a vontade de Deus como nos é necessário conseguir a Salvação Eterna, porque Jesus Cristo disse que só entrará no Reino dos Céus quem tiver feito a vontade de Seu Pai.
298) De que maneira podemos conhecer qual a vontade de Deus a nosso respeito?
A Vontade de Deus nos é manifestada pelos Mandamentos de Sua Lei e pelos preceitos de Sua Santa Igreja. Nossos superiores espirituais, postos por Deus para guiar-nos no caminho da Salvação, nos orientam a fim de que conheçamos os desígnios particulares da Providência a nosso respeito; desígnios que se podem manifestar em divinas inspirações ou nas circunstâncias em que o Senhor nos tenha colocado.
299) Devemos sempre reconhecer a vontade de Deus nas prosperidades ou adversidades da vida?
Tanto nas prosperidades como nas adversidades da vida presente devemos reconhecer sempre a vontade de Deus, o qual tudo dispõe ou permite para nosso bem.
300) Quer dizer que Deus nos revela Sua vontade pelos sinais dos tempos?
Não. A Revelação Divina encerrou-se com a morte do último Apóstolo, de maneira que não há mais Revelação Pública necessária para a salvação. A afirmação de que devemos ver em todas as coisas a vontade de Deus diz apenas que todas as coisas estão sujeitas à Santíssima vontade de Deus, de maneira que mesmo o mal não acontece sem uma permissão de Deus, que sabe tirar o bem do mal, e por isso o permite. E como Deus tem sobre os Homens uma amorosa providência, devemos ver em todos os acontecimentos, bons ou maus, um desígnio de Deus, que visa nossa Salvação Eterna.
870) Onde se acham as verdades que Deus revelou?
As verdades que Deus revelou acham-se na Sagrada Escritura e na Tradição.
885) Dizei-me: o que é a Tradição?
A Tradição é a palavra de Deus não escrita, mas comunicada de viva voz por Jesus Cristo e pelos Apóstolos, e que chegou sem alteração, de século em século, por meio da Igreja, até nós.
886) Onde se acham os ensinamentos da Tradição?
Os ensinamentos da Tradição acham-se principalmente nos decretos dos Concílios, nos escritos dos Santos Padres, nos atos da Santa Sé, nas palavras e nos usos da Sagrada Liturgia.
887) Em que consideração se deve ter a Tradição?
A Tradição deve ter-se na mesma consideração em que se tem a Palavra de Deus, contida na Sagrada Escritura. [A Palavra de Deus é parte da Santa Tradição, que tem conjunturas positivadas (escritas) e outras mantidas apenas no âmbito da oralidade. — “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.” (Jo 21,25)]" (Papa São Pio X [1835 d.C. - 1914 d.C.]. Catecismo de São Pio X.)
A palavra “tradição” tem berço no verbete latino “traditio”, o qual, por sua vez, deriva do particípio “tradere”, que significa “entregar”, “passar adiante”. E esse verbo, “tradere”, advém da junção entre “trans” (“além”; “adiante”) + “dare” (“dar”; “entregar”). Portanto, “tradição” significa “passar algo a alguém”, “manter a raiz, a essência, o conteúdo de algo e transmitir a outrem, a fim de que se mantenha a mesma árvore e os mesmos frutos.”
Como os movimentos espíritas (com cerca de dois séculos de idade) podem ter raiz e tradição se eles sequer possuem sucessão apostólica, hierarquia, ordenamento, mandamentos imutáveis, etc.? — E, ainda que tivessem, não passariam de seitas difusas, que invocam maus espíritos.
Para além disso, tem a doutrina espírita a petulância de arrogar-se instrumento advindo da Providência, por ser a complementação interpretativa que faltava aos Evangelhos.
Francamente: isso é de um descalabro teológico inadjetivável, sem mencionar o incomensurável desrespeito.
Lamentável ver tantos centros espíritas que, perniciosamente, aliciam almas, as põem em periculosa situação de pecado mortal e, por consequência, expõem-lhas ao risco de perda da Salvação Eterna.
"Quem menospreza a Palavra se perderá; quem respeita o preceito será recompensado.” (Pr 13,13)
"O que observa o preceito guarda sua vida; quem descuida de seu proceder morrerá." (Pr 19,16)
"O temor do Senhor conduz à vida; o que o possui é saciado: passará a noite sem a visita da desgraça." (Pr 19,23)
"As varas estão preparadas para os insolentes, e os golpes para o dorso dos insensatos." (Pr 19,29)
"Aqueles que abandonam a Lei louvam o ímpio; os que a guardam irritam-se contra ele." (Pr 28,4)
"Quem desvia os seus ouvidos para não ouvir a Lei, até a sua oração será execrável. Quem seduz os Homens corretos para um mau caminho cairá no fosso que ele mesmo cavou, e para os íntegros caberá a herança da felicidade." (Pr 28,9-10)
"Feliz daquele que vive em temor contínuo; mas o que endurece seu coração cairá na desgraça." (Pr 28,14)
"Aquele que anda na retidão será salvo; porém, o que anda por caminhos perversos cairá no fosso." (Pr 28,18)
É mister ressaltar que a Santa Tradição Católica é composta pela Tradição Oral e pela Tradição Escrita.
1 – TRADIÇÃO ORAL
A primeira diz respeito aos ensinamentos de Cristo aos Apóstolos, os quais passaram aos seus sucessores e discípulos e assim por diante — o que se mantém até os dias atuais. Por isso se diz que a Igreja é Una, Santa, Católica e Apostólica, uma vez que Sua hierarquia advém de Jesus, que a instituiu por meio de São Pedro (Papa) e dos outros Apóstolos (Bispos). —
Assim, somente o Papa pode sagrar Bispos; e apenas Bispos podem sagrar Sacerdotes. Por conseguinte, não existe Padre, Bispo ou Pastor que não seja católico, pois a única autoridade para instituir um Sacerdote advém da Igreja de Jesus Cristo, a Católica (autoridade essa que é passada de geração em geração por meio da sucessão apostólica). — Aliás, Sacerdote é aquele que tem a autoridade de efetivar um Sacrifício. Tanto é que, no Antigo Testamento, eram chamados assim aqueles que tinha a responsabilidade de sacrificar os animais, no templo, para oferecê-los como holocausto, ao Criador. —
A Santa Missa é a renovação do Sacrifício de Jesus Cristo no Calvário. O pão e o vinho — pelas mãos consagradas do Sacerdote, após as sagradas orações eucarísticas por ele proferidas —, se transubstanciam em corpo e sangue de Nosso Senhor. E esse Deus Filho (Deus com o Pai e o Espírito Santo) é oferecido em sacrifício a Deus Pai (Deus com o Filho e o Espírito Santo), como pagamento de nossas dívidas (pecados). É, em suma, Deus oferecendo-se a Deus, para nos redimir. É um Mistério de Fé. E Mistério de Fé é tudo aquilo que o Homem não compreende ou entende precariamente (pouco), mas tem por dever submeter-se a tal verdade, por divina que é.
Então, a Santa Missa é um sacrifício. E por esse motivo o Sacerdote age “in persona Crhisti” (na pessoa de Cristo), pois no ato eucarístico não é ele quem anuncia o sacrifício, mas o próprio Cristo, por meio de sua pessoa. — Daí não poder jamais haver sacerdotisas, pois Jesus é homem e logicamente só um homem pode agir “in persona Christi”, representando-O. Uma mulher não pode representar um homem e vice-versa.
Repita-se: por todos esses motivos é que não existem “pastores protestantes” nem “bispos protestantes” nem "guias espirituais" espíritas (ou algo ao que o equivalha) nem Sacerdotes fora da Santa Igreja Católica. Só há autoridade eclesiástica advinda da sucessão apostólica bi-milenar. Assim, somente há hierarquia clerical no catolicismo, que é a única Religião de Cristo, por ele instituída e confiada a São Pedro e aos Seus Apóstolos como "Depositum Fidei" ("Depósito da Fé").
"Chegando ao território de Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: 'no dizer do povo, quem é o Filho do Homem?' Responderam: 'uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos Profetas. Disse-lhes Jesus: ‘e vós quem dizeis que Eu sou?’ Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo!’ Jesus, então, lhe disse: ‘feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas Meu Pai, que está nos Céus. E Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra Ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.” (Mt 16,13-19)
"Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes sobre a Terra será também desligado no Céu.” (Mt 18,18)
"Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: 'toda autoridade me foi dada no Céu e na Terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.'” (Mt 28,18-20)
"Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes Ele: ‘a paz esteja convosco!’ Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez: ‘a paz esteja convosco! Como o Pai Me enviou, assim também Eu Vos envio a vós.’ Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: ‘recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos.” (Jo 20,19-23)
"Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos Seus discípulos, depois de ter ressuscitado. Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: 'Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?' Respondeu ele: 'sim, Senhor! Tu sabes que te amo.' Disse-lhe Jesus: 'apascenta os Meus cordeiros.' Perguntou-lhe outra vez: 'Simão, filho de João, amas-me?” Respondeu-lhe: 'sim, Senhor! Tu sabes que te amo.' Disse-lhe Jesus: 'apascenta os Meus cordeiros.' Perguntou-lhe pela terceira vez: 'Simão, filho de João, amas-me?' Pedro entristeceu-se, porque lhe perguntou pela terceira vez: 'amas-me?' —, e respondeu-lhe: 'Senhor, sabes tudo; Tu sabes que te amo.” Disse-lhe Jesus: 'apascenta as Minhas ovelhas.' (Jo 21,14-17)
Esses atos de Jesus Cristo deixam evidente o dia santo para os cristãos, Domingo, bem como qual é a Igreja de Deus, Seu Papa e Seus Bispos. Isto é Dogma, é Sã Doutrina, e corroborada, inclusive, pelas Sagradas Escrituras. Quem nega tais verdades não tem a Fé e não tem parte com Cristo, pois nega-O, bem como Sua Religião, que é, nos dizeres do próprio São Paulo, o Corpo Místico de Cristo.
"Rendei graças, sem cessar e por todas as coisas, a Deus Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo! Sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja, seu corpo, da qual ele é o Salvador. Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do Batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Certamente, ninguém jamais aborreceu a sua própria carne; ao contrário, cada qual a alimenta e a trata, como Cristo faz à sua Igreja — porque somos membros de Seu corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois constituirão uma só carne (Gn 2,24). Esse Mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja. Em resumo, o que importa é que cada um de vós ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido." (Ef 5,20-33)
"A respeito dos dons espirituais, irmãos, não quero que vivais na ignorância. Sabeis que, quando éreis pagãos, vos deixáveis levar, conforme vossas tendências, aos ídolos mudos. Por isso, eu vos declaro: ninguém, falando sob a ação divina, pode dizer: ‘Jesus seja maldito’; e ninguém pode dizer: ‘Jesus é o Senhor’, senão sob a ação do Espírito Santo. Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos esses dons, repartindo a cada um como Lhe apraz. Porque, como o corpo é um todo com muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo Espírito. Assim, o corpo não consiste em um só membro, mas em muitos. Se o pé dissesse: ‘eu não sou a mão; por isso, não sou do corpo’, acaso deixaria ele de ser do corpo? E se a orelha dissesse: ‘eu não sou o olho; por isso, não sou do corpo’, deixaria ela de ser do corpo? Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se fosse todo ouvido, onde estaria o olfato? Mas Deus dispôs no corpo cada um dos membros como Lhe aprouve. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Há, pois, muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: ‘eu não preciso de ti’; nem a cabeça aos pés: ‘não necessito de vós.’ Antes, pelo contrário, os membros do corpo que parecem os mais fracos são os mais necessários. E os membros do corpo que temos por menos honrosos, a esses cobrimos com mais decoro. Os que em nós são menos decentes, recatamo-los com maior empenho, ao passo que os membros decentes não reclamam tal cuidado. Deus dispôs o corpo de tal modo que deu maior honra aos membros que não a têm, para que não haja dissensões no corpo e que os membros tenham o mesmo cuidado uns para com os outros. Se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele. Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um dos Seus membros. Na Igreja, Deus constituiu primeiramente os Apóstolos, em segundo lugar os Profetas, em terceiro lugar os Doutores, depois os que têm o dom dos milagres, o dom de curar, de socorrer, de governar, de falar diversas línguas. São todos Apóstolos? São todos Profetas? São todos Doutores? Fazem todos milagres? Têm todos a graça de curar? Falam todos em diversas línguas? Interpretam todos? Aspirai aos dons superiores. E agora, ainda vou indicar-vos o caminho mais excelente de todos. Ainda que eu falasse as línguas dos Homens e dos Anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje, vemos como por um espelho, confusamente; mas, então, veremos face a face. Hoje, conheço em parte; mas, então, conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora, subsistem a fé, a esperança e a caridade — as três. Porém, a maior delas é a caridade." (1Cor 12-13)
Eis algumas verdades componentes da Santa Tradição Católica, várias das quais foram escritas na Bíblia, mas nem todas — algumas, inclusive, registradas por meio de documentos de Santos, de Papas, de Sacrossantos Concílios, etc. (Magistérios Extraordinários e Ordinários da Santa Igreja; infalíveis).
Por tratar da Sagrada Escritura, urge frisar que a "bíblia espírita" não é senão uma profanação da Santa Palavra de Deus, pelo espiritismo mutilada, sintetizada, deturpada e ultrajada.
É mister registrar: Magistério Ordinário é a repetição das Verdades de Fé e dos Dogmas pela Hierarquia da Santa Igreja (Papa, Bispos e Padres), toda ela em uníssono. Magistério Extraordinário é a alocução de um Papa, de modo extraordinário, acerca de um dado tema, o qual versa sobre Fé, moral ou costumes que envolvem todos os católicos (alocução “ex cathedra”, da cátedra de São Pedro; ou seja, fala o Espírito Santo por meio do Sumo Pontífice, assim como fala também por meio do Magistério Ordinário, que é a confirmação da Santa Doutrina por todo o corpo clerical, em respeito à ortodoxia).
E, ainda, é imprescindível saber: Verdade de Fé é uma revelação divina. Dogma é uma Verdade de Fé confirmada pela Santa Igreja, por meio do Magistério Extraordinário, ou seja, através de um documento papal "Ex Cathedra" ou de um Concílio Geral.
Refrise-se: nem todas as Verdades de Fé foram ratificadas pelo Magistério Extraordinário, a ponto de serem proclamadas Dogmas. Isso reforça a engrenagem da Fé, ensinando-nos a submetermo-nos a tudo que advém de Deus, pela Santa Tradição, independentemente de compreendermos ou não; de estar ou não acessível aos nossos sentidos. — E eis aí mais uma comprovação do cumprimento da promessa de Nosso Senhor, quando nos garantiu que o Paráclito (Espírito Santo) sempre estaria a conduzir Sua Santa Igreja:
"Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal." (2 Pd 1,20)
"Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo. Eu vos felicito, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais as minhas instruções, tais como eu vô-las transmiti." (1Cor 11,1-2)
"Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de Nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta Nossa." (2Ts 2,15) ["Nós": pronome magestático usado por autoridades eclesiásticas, em referência ao Sagrado Magistério da Santa Igreja, ou seja, Seus Ministros.]
"Intimamo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à Tradição que de nós tendes recebido." (2Ts 3,6)
"Foge do herético, depois da primeira e segunda correção, sabendo que um tal homem é um perverso que, perseverando no seu pecado, se condena a si próprio." (Tt 3,9-11)
Como supracitado, é sabido que a Santa Tradição Católica é constituída de dois componentes: o fator oral e o fator escrito. Deter-me-ei, por ora, no concernente aos escritos e, mais enfaticamente, às Sagradas Escrituras, para, a posteriori, também partilhar do Sagrado Ensinamento deixado pelos Santos, Doutores e Papas.
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2 – TRADIÇÃO ESCRITA
Os espíritas, protestantes e muitos outros sectários, contraditoriamente, se dizem fiéis à Bíblia, mas isso é uma inverdade colossal. Ora! A própria Sagrada Escritura ordena que não seja sua interpretação livre, mas condicionada à Hierarquia da Santa Igreja, que é guiada pelo Espírito Santo. No entanto, o terrível Lutero, com sua revolução protestante, proliferou o gravíssimo pecado do “livre exame das Sagradas Escrituras”.
E não apenas isso, mas, em desobediência à Hierarquia Católica (que detém a autoridade da tradução da Bíblia), tomou a liberdade de traduzi-La à sua mercê, alterando os originais, mutilando Livros Santos e, inclusive, descartando 7 deles (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1ª epístola aos Macabeus e 2ª epístola aos Macabeus. Algo sem precedentes na História. — E, para além disso, tentou desacreditar Apocalipse e a Carta de São Tiago, mas nessas duas últimas matérias nem mesmo seus sequazes apoiaram-no).
Reitere-se o que o mais amado Apóstolo por Cristo escrevera — esse que ficara ao lado de Nossa Senhora aos pés da Cruz do Salvador, em Sua Paixão; esse que, por sua fidelidade e rigor explosivo à Santa Doutrina foi chamado (tal qual seu irmão, São Tiago Maior) por Jesus de "Boanerges" ("Filho do Trovão"); esse que subscreve nada menos que quatro livros das Sagradas Escrituras; esse que, por amor e lealdade a Deus, não negara a Fé, recusara-se à pratica de incensação idolátrica romana, obrigatória em seu tempo, e por isso foi jogado em uma caldeira de óleo fervente (mas Deus o mantivera vivo e intacto, tal qual a castidade que guardara até o fim de sua vida, que foi na ilha de Patmos-GR, porquanto os romanos não o puderam matar:
“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado — e as nossas mãos têm apalpado, no tocante ao Verbo da vida, porque a vida se manifestou, e nós a temos visto; damos testemunho e vos anunciamos a Vida Eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou — o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o Seu Filho Jesus Cristo. Escrevemo-vos estas coisas para que a vossa alegria seja completa. A nova que Dele temos ouvido e vos anunciamos é esta: Deus é luz e Nele não há treva alguma. Se dizemos ter comunhão com Ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a verdade. Se, porém, andamos na luz, como Ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado." (1Jo 1,1-7)
"Aquele que crê no Filho de Deus tem em si o testemunho de Deus. Aquele que não crê em Deus faz Dele mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus deu a respeito de Seu Filho.” (1Jo 5,10)
"Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. Eis como sabemos que O conhecemos: se guardamos os Seus Mandamentos. Aquele que diz conhecê-Lo e não guarda os Seus Mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Aquele, porém, que guarda a Sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito." (1Jo 2,2-5)
"Filhinhos, esta é a última hora. Como ouvistes dizer, o anticristo está para vir, mas digo-vos que já há muitos anticristos, donde conhecemos que é a última hora. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos (verdadeiros fiéis), porque, se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco; mas (saíram dentre nós) para que se conheça que nem todos são dos nossos. Vós, porém, recebestes a unção do Santo e tendes a ciência. Não vos escrevi como a ignorantes da verdade, mas como a quem a conhece e (sabe) que da verdade não vem nenhuma mentira. Quem é mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é um anticristo, que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho, também não possui o Pai; aquele que confessa o Filho, possui também o Pai." (1Jo 2,18-23)
Seguindo o mesmo rumo das centenas de seitas heréticas e pagãs, que se pretendem e prometem luz, mas nada são além de trevas, sobretudo as nascidas pós-revolução protestante (Século XVI d.C.), destarte caminha o espiritismo, expondo seus membros ao perigo da perene danação do inferno, instantemente dependentes da graça que os desperte a tempo de redirecionarem-se à salvação que é católica (“Extra Ecclesia Nulla Salus” (“Fora da Igreja Não Há Salvação”) — Dogma de Fé, ratificado no IV Concílio de Latrão e no Concílio de Trento).
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"Evangelho segundo o espiritismo"? Quanta estultícia! Que mentecaptalidade a desses soberbos, que audazmente ousam tocar no que é sagrado e profaná-Lo!
O cânon bíblico foi estabelecido no Concílio de Hipona (África), no ano 393 d.C.. Indago aos espíritas: como pensam eles ter sobrevivido a Santa Igreja Católica, a cristandade inteira, por quatro séculos sem Bíblia?
Acaso creem os espíritas que o cristianismo só passou a existir após o Século V (anos 400 d.C.)?
E a verdadeira Bíblia, na qual os espíritas baseiam sua falsa, adulterada e mutilada “sagrada escritura”, foi compilada pela Santa Igreja Católica, pela condução do Espírito Santo, em Magistério Extraordinário, no Concílio de Hipona (África), em 393 d.C.. Ora! Se tais revoltosos desacreditam a autoridade da Hierarquia Católica como única e inspirada pelo Paráclito, como fizeram uso das Sagradas Escrituras por Ela indexadas?
O espiritismo é um mar de contradições, e onde há contradições há mentira; onde há mentira há seu pai, o demônio. Por isso a doutrina espírita é satânica e maldita, bem como todas as seitas que ludibriam as almas (sobretudo as menos doutas), encaminhando-lhas ao fogo sem fim, onde há somente "choro e ranger de dentes" (Mt 8,12; 25,30).
Cristo já havia alertado os católicos:
"'O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar Seus calçados. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo. Tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, serão queimadas num fogo inextinguível'. Da Galileia foi Jesus ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por ele. João recusava-se: 'eu devo ser batizado por Ti e Tu vens a mim!' Mas Jesus lhe respondeu: 'deixa, por agora, pois convém que cumpramos a justiça completa.' Então, João cedeu. Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os Céus se abriram e viu descer sobre Ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus. E do Céu baixou uma voz: 'eis Meu Filho muito amado, em quem ponho Minha afeição.'” (Mt 3,10-17)
"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida, e raros são os que o encontram. Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo aquele que Me diz: 'Senhor! Senhor!' entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Muitos Me dirão, naquele dia: 'Senhor! Senhor! Não pregamos nós em Vosso nome? E não foi em Vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres?' E, no entanto, Eu lhes direi: 'nunca vos conheci. Retirai-vos de Mim, operários maus!' Aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as Minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína.'" (Mt 7,13-27)
“Ou dizeis que a árvore é boa e seu fruto bom, ou dizeis que é má e seu fruto, mau; porque é pelo fruto que se conhece a árvore.” (Mt 12,33)
“O machado já está posto à raiz das árvores. E toda árvore que não der fruto bom será cortada e lançada ao fogo.” (Lc 3,9)
“Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto. Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas dos abrolhos.” (Lc 6,43-44)
Estejam as ovelhas atentas, porque há lobos disfarçados, a fim de confundi-las, conduzi-las e fadá-las à perdição. E o aprisco de Cristo é o único refúgio possível. Por isso rezo para que as que nele se encontram não saiam jamais; para que as perdidas reencontrem o caminho de volta e não tornem a sair; e para que as que nunca entraram, a fim de que obtenham tal incomensurável graça e permaneçam nela.
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BREVE RESUMO ACERCA DA JUSTIFICAÇÃO
Antes de adentrar, propriamente, ao tema central do espiritismo, quais sejam: a consulta aos mortos e a reencarnação, cumpre saber qual é a Doutrina Católica (e, portanto, a verdade) acerca do Julgamento Final e suas possíveis consequências, a fim de se compreender com mais profundidade o que é certo e seu oposto, o que, na conjuntura, são os erros espíritas.
A Justificação (Novíssimos), ou seja, o fim último do Homem, trata dos derradeiros acontecimentos de sua existência, quais sejam: morte, juízo, inferno e Paraíso.
Ao se pecar, ofende-se a Deus infinitamente, pois Ele é infinito e a ofensa é sempre na proporção do ofendido. E, ao se errar, automaticamente, para além da ofensa ao Altíssimo, gera-se um dano causado pelo ato, tal qual quando se quebra um objeto alheio e, ainda que se seja perdoado, permanece-se a obrigação de reparar o prejuízo.
Do mesmo modo ocorre em relação à Santíssima Trindade. Por isso, no auge de Sua infinda misericórdia, Deus encarnou e morreu por nós, haja vista que nossos pecados possuem divida eterna, por ofender o Eterno; um prejuízo humanamente impossível de se quitar. Porém, Deus, que é infinito, pode fazê-lo; e somente Ele. E foi o que Ele fez. Jesus, tal qual ocorria com os judeus, que, ao pecarem, ofereciam seus animais menos defeituosos para sacrifícios reparatórios a Deus Pai, Cristo ofertou-se como holocausto mais perfeito e perene, a fim de pagar nossos débitos sem fim para com o Deus Trino.
O Homem, ao ser batizado e tornar-se católico, automaticamente, passa a ser filho adotivo de Deus e, nesse exato momento, tem todos os seus pecados e penas advindas desses perdoados (incluso o Pecado Original), por lucrar, de imediato, do Sangue reparador do Cordeiro Imolado. E isso quer dizer que, porventura faleça logo após o Santo Batismo, vai direto aos Céus. Todavia, se permanece vivo e conscientemente comete pecados, esses geram outras ofensas eternas e dívidas infinitas.
Sendo já batizado, o benefício da Redenção permanece enquanto se mantiver membro da Santa Igreja (Corpo Místico de Cristo). Isso significa que pode ter perdoados seus pecados e dívidas resultantes desses, desde que acesse, caridosamente, o Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência).
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Há dois tipos de pecado: mortal e venial. O primeiro se trata do tipo gravíssimo, que fere um ou mais pontos do Decálogo (os 10 Mandamentos), o que consequencia na morte da alma.
Diz-se "morte da alma" porque o que torna a alma viva é o Espírito Santo e a graça santificante advinda Dele. Não mais em posse dessa dádiva, ao optar pelo pecado ao invés dela, torna-se morta a alma.
O segundo é o pecado venial, que não é gravíssimo e, portanto, não expulsa Deus da alma, muito embora o ofenda eternamente, já que, sendo infinito, o mínimo erro do Homem basta para insultá-Lo perenemente.
Daí a importância do acesso aos Sacramentos do Batismo (o qual só se acessa uma única vez) e da Reconciliação (Confissão + Penitência), uma vez que limpam o penitente de toda mácula e pena devida por suas misérias cometidas. — Mais uma oportunidade que, misericordiosamente, Deus nos possibilita, a fim de nos proporcionar a Salvação Eterna.
Portanto, assim que morre, o Homem, imediatamente, vê-se diante do Justo Juiz: Jesus Cristo. Se faleceu em estado de graça (sem pecado mortal) vai ao Céu ou, tendo algum pecado venial, ao Purgatório (lugar adjunto ao inferno), a fim de pagar as dívidas que não foram quitadas em vida. — Só adentra ao Paraíso Celeste quem está 100% limpo, sem a mínima mácula de erro e/ou pena devida.
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Além do julgamento pessoal, o qual ocorre imediatamente após a morte, há o Juízo Final, o qual ocorrerá no Último Dia e será público. Isso quer dizer que todos terão completa clareza dos seus pecados cometidos, dos alheios e de todas as respectivas consequências nas coisas, lugares e pessoas as quais eles, direta ou indiretamente, tangeram. — Do primeiro ao último Homem: todos participarão, exceto Nossa Senhora, por Puríssima Imaculada que é, concebida sem Pecado Original e jamais ré de qualquer culpa.
As almas, salvas e condenadas, permanecerão em seus respectivos destinos pós-morte enquanto aguardam o Derradeiro Juízo, também chamado de Parusia (a segunda vinda de Jesus Cristo), na qual os Céus Aéreo (das aves e nuvens) e Sidéreo (sideral, dos astros) e a Terra serão completamente destruídos e um Novo Céu e uma Nova Terra existirão. [Somente os Primeiro Céu e o Segundo Céu serão destruídos, quando do Juízo Final, já que o Terceiro Céu é místico e indelével.]
Após o Juízo Final, os corpos todos serão ressurretos e unidos às suas respectivas almas.
Os Homens salvos terão, nos Céus, corpos gloriosos, em perfeitíssimo estado, impassíveis de corruptibilidade e com luminescência indizível.
Já os condenados, esses receberão, no inferno, seus corpos putrefatos, fétidos e trucidados pelas misérias que cometeram em vida.
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Os Céus permaneceram fechados até a encarnação de Jesus, pois somente após Sua Paixão e a instituição do Sacramento do Batismo (Pentecostes) é que as almas puderam, por esse meio mesmo, serem justificadas do Pecado Original e demais misérias, a fim de estarem integralmente límpidas e dignas de adentrar à Jerusalém Celeste.
Ora! Os justos do Antigo Testamento foram ao mundo antes de Cristo. Portanto, não puderam acessar o Santo Batismo. Porém, Cristo, por Sua Paixão, também os redimiu e, com Seu Sangue, os batizou, fazendo com que merecessem a Perene Salvação.
Daí dizer o Credo que, após Sua Paixão, desceu aos infernos. E o fez para resgatar os justos do Antigo Testamento, que morreram na amizade de Deus e na esperança do resgate do Messias.
O local onde se deu tal aguardo chamava-se Limbo dos Patriarcas.
Obviamente: quem, então, tinha de purgar pecados veniais ia, antes, ao Purgatório e, só após totalmente limpo de suas dívidas de pecado, adentrava ao Limbo dos Patriarcas (também chamado de "Seio de Abraão").
Ali os eleitos aguardavam o resgate de Cristo, após Sua Paixão.
Uma vez havido o resgate, o Limbo dos Patriarcas foi desfeito, pois já não haveria razão de ser. Porém, passará a existir o Limbo dos Infantes, destino de todo aquele que, após a Paixão de Nosso Senhor, morre sem o Batismo e, por conseguinte, com o Pecado Original, desde que menor de sete anos (antes, portanto, da idade da razão) e/ou mentalmente incapaz.
Trata-se de um local onde não há pena de danação, como ocorre no inferno. Todavia, padecem os que lá são postos da ausência da Visão Beatífica (da visão de Deus / do estar em Sua presença e Contemplá-Lo) e, portanto, da pena de privação.
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Céu e inferno são destinos perpétuos. Uma vez adentrados, permanência eterna.
Já o Purgatório, esse é transitório e, após o Juízo Final, também será extinto, pois não mais haverá almas a adentrá-lo. As que lá estarão, depois de quitadas as suas justas dívidas com Deus, subirão aos Céus e esse local de purgação deixará de existir.
E, acerca do Limbo dos Infantes, tal qual o Céu e o inferno, esse é, outrossim, eterno, e quem lá adentra de lá não sai jamais.
Essa é a "síntese da síntese" da Doutrina da Justificação, ensinada por Jesus Cristo aos Seus Apóstolos, que, por sua vez, repassaram-na, intacta, aos seus sucessores, e assim permanece até hoje tal transmissão da Tradição Sagrada e o Depósito da Fé, os quais se alicerçam na oralidade transmitida, nas Sagradas Escrituras e nos documentos do Magistério Eclesiástico infalível.
Evidentemente, tais assertivas, extremamente compactadas, não têm a soberba pretensão de exaurir o tema da Justificação, senão somente expô-lo de modo muitíssimo sucinto, tendo em vista ser imprescindível que se tenha o mínimo conhecimento dos Novíssimos, a fim de melhor se compreender os delírios teológicos defendidos pelo espiritismo, os quais afrontam diretamente Verdades de Fé que a Santa Igreja guarnece e ensina há mais de dois mil anos, ininterrupta e inalteradamente.
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Deter-me-ei um pouco mais na questão do Céu, que é um Mistério de Deus e um tema cujos matizes são objetos de disputa entre teólogos, haja vista que algumas minúcias ainda não foram definidas dogmaticamente pelo Magistério Infalível da Santa Igreja.
Comecemos por refletir acerca do número três e sua suma e principal significação: a Santíssima Trindade.
Esse mesmo Deus Trino, o Perfeitíssimo Criador, tal qual o faz um artista em suas obras, plasmou em Sua criação características de Si (não confundir com gnosticismo e panteísmo, que creem estar Deus em tudo e tudo ter partículas divinas. Isso inexiste.). E uma dessas características é o "três em um", assim como Ele possui três Pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) em uma só natureza, a divina.
É tríplice a composição do Homem: alma, corpo e mente; em três divide-se a potência da alma: intelectualidade, sensibilidade e vontade; da morte de Nosso Senhor à Sua Ressurreição passaram-se três dias; os estados materiais são: líquido, sólido e gasoso; a base elementar da matéria (no âmbito de um átomo): próton, elétron e nêutron; os constituintes de um próton (uud), em três categorias: um quark, dois up quarks e um down quark; os constituintes de um nêutron (uud), em três categorias: um quark, dois up quarks e um down quark; os constituintes de um lepton (partícula com carga elétrica), em três categorias: elétron, múon e tau; os constituintes de um neutrino (partícula sem carga elétrica), em três categorias: elétron, múon e tau; a carga elétrica, em: positiva, negativa e neutra; o universo, em: tempo, espaço e matéria; núcleo celular: DNA, RNA e proteína; na genética molecular, o códon, elemento que codifica um aminoácido, é composto por uma sequência de três bases nitrogenadas; a matriz celular é formada por: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e trombócitos (plaquetas); a pele humana é tripartite: epiderme, derme e hipoderme; as cores primárias, de cuja fusão advêm todas as outras, são: azul, verde e vermelha; para impressão: ciano, amarela e magenta; na arte da pintura, as três cores básicas são: azul, amarela e vermelha; a Terra é feita de: água, solo e ar; a solução química se subdivide em: ácida, neutra e básica; o espaço, em: altura, largura e profundidade; o tempo, em: passado, presente e futuro; a música, em: melodia, harmonia e ritmo; para que um sistema mecânico seja minimamente estável (um banco, uma cadeira, uma mesa, etc.) necessita de pelo menos três suportes; Cristo foi crucificado ao meio-dia (hora sexta, na contagem judaica de então) e sua agonia na Cruz durou três horas, entregando Seu Espírito ao Pai às 15h (hora nona, na contagem judaica de então). Acerca da hora nona, interessante notar que o nove pode ser dividido em partes iguais (divisão perfeita): três mais três mais três; etc., etc., etc.
A criação, em sua estrutura, testifica e rende glórias ao seu Perfeito Criador. Só não o vê a infeliz e miserável alma que se nega a fazê-lo, e as Sagradas Escrituras ensinam que dos cegos eis o pior (Dt 28,28-29; Is 59,9-10).
Portanto, se boa parte do que existe tem por base o princípio do "três em um" da Santíssima Trindade, não é surpresa que o Céu, outrossim, o tenha — e, por antítese Deste, também o inferno, como testifica Santa Francisca Romana (1384 d.C. - 1440 d.C.), agraciada pelo misericordiosíssimo Deus com a permissão de conhecer, por meio de experiências místicas (visões) o Inferno, o Purgatório e o Céu: os dois primeiros, guiada pelo Arcanjo São Rafael; e, quanto ao último, conhecera-Lhe apenas superficialmente, como também ocorrera ao Apóstolo São Paulo e a São João Bosco, já que não é dado ao Homem experimentar, antes da morte, a Visão Beatífica propriamente dita, em sua completude.
"Santa Francisca deixou 93 visões que ela mesma ditou ao seu Confessor. O Tratado do Inferno, em particular, é muito notável. Na décima terceira visão, viu a Virgem Maria ornada com três coroas: a da virgindade, a da humildade e a da glória. Na décima quarta, descreve o Céu: Ele é dividido em Céu Estrelado, Céu Cristalino e Céu Empíreo. O Céu Estrelado é muito luminoso; o Cristalino é ainda mais, mas estas luzes não são nada em comparação com o Céu Empíreo: são as chagas de Jesus que iluminam o Terceiro Céu. Na décima sétima visão, Deus lhe mostra a Sua divindade: ela viu como que um grande círculo, que não tinha outro apoio senão Ele próprio, e irradiava uma luz tão intensa que a Santa não podia olhar de frente. Leu, no meio Dele, as seguintes palavras: 'Princípio Sem Princípio e Fim Sem Fim'. Viu, depois, como foram criados os Anjos: todos foram criados de uma só vez, e a potência de Deus deixou-os cair como flocos de neve que as nuvens derramam sobre a montanha durante o inverno. Os que perderam a glória do Céu para sempre formam um terço da imensa multidão destes espíritos. (...) Um dia que a Serva de Deus estava muito doente, encerrou-se em sua cela para se entregar ao exercício da vida contemplativa, onde encontrava a sua consolação e as suas delícias. Era por volta das quatro horas da tarde. Logo foi arrebatada, em êxtase, e o Arcanjo Rafael, que, então, não O via, veio tomá-la e conduzi-la para a visão do inferno. Chegada à porta deste reino assustador, leu escrito na porta com letras de fogo 'este lugar é o inferno; inferno sem esperança, inferno sem intervalo nos tormentos, inferno sem descanso'. A porta se abriu, ela olhou e viu um abismo tão profundo e tão apavorante que, desde então, não conseguia falar sem que o seu sangue gelasse em suas veias. Deste abismo saiam gritos medonhos e exalavam odores insuportáveis. Então, foi tomada de um horror extremo, mas ouviu a voz do seu guia invisível que lhe dizia para ter coragem, porque não lhe iria acontecer nada de mal. Um pouco tranquilizada com esta voz amiga, olhou mais atentamente esta porta e viu-a já bastante larga na entrada, mas ia se alargando sempre mais na sua espessura; mas, neste horroroso corredor, reinava trevas inimagináveis; no entanto, foi feito para ela uma luz, e viu que o inferno era dividido em três regiões: uma superior, uma intermediária e uma inferior. Na região superior eram anunciados graves tormentos; na intermediária, os instrumentos de tortura eram ainda mais assustadores; mas, na região baixa, os sofrimentos eram incompreensíveis. Estas três regiões eram separadas por longos espaços, onde as trevas eram espessas e os instrumentos eram incrivelmente numerosos e extraordinariamente variados. Neste abismo medonho vivia um imenso dragão, que ocupava todo o comprimento: tinha a sua cauda no inferno inferior, o seu corpo no inferno intermediário, a sua cabeça no inferno superior. A sua goela estava escancarada na abertura da porta que a ocupava inteiramente; a sua língua estendia-se com comprimento desmedido; os seus olhos e as orelhas lançavam chamas sem claridade, mas com calor insuportável; a sua garganta vomitava lava ardente e com odor empestado. Francisca ouviu, neste abismo, um barulho assustador: eram gritos, uivos, blasfêmias, lamentações aflitivas... e tudo isso, misturado com calor sufocante e odor insuportável, causava-lhe tanto mal que pensava que a sua vida ia se aniquilar; mas o seu guia invisível a assegurava com as suas inspirações e lhe dava um pouco da coragem que ela precisava para suportar a visão de que vamos falar. Viu Satanás na forma mais terrível que se possa imaginar. Estava sentado em um assento que parecia uma longa viga, no inferno do meio, mas, no entanto, a sua cabeça atingia o alto do abismo e os seus pés desciam até ao fundo: tinha as pernas e os braços estendidos, mas não em forma de cruz. Uma das suas mãos ameaçava o Céu e a outra indicava o fundo do abismo. Dois imensos chifres de cervo coroavam a sua fronte; eram muito frondosos e os inumeráveis pequenos chifres, que deles brotavam como ramos, formavam quantidades de chaminés, pelas quais saiam colunas de fumo e chama. O seu rosto era de uma fealdade repelente e de um aspecto terrível. A sua boca, como a do dragão, vomitava um rio de fogo muito ardente, mas sem claridade e com um odor horrível. Trazia, ao pescoço, uma argola de ferro abrasado. Uma corrente ardente aprisionava-o pelo meio do corpo e os seus pés estavam também acorrentados. As correntes das suas mãos estavam solidamente enganchadas na abóboda do abismo, e as dos pés estavam ligadas a um anel fixado no fundo do abismo, e a corrente que circundava a cintura aprisionava também o dragão de que já falamos." (Santa Francisca Romana. Tratado do Inferno. Editora Santa Cruz. 2ª Edição. São Caetano do Sul-SP. Págs. 21;25-27.)
Os arrebatamentos ao Céu — sejam eles corpóreos ou imaginários ou intelectuais — são raras e superabundantes graças concedidas a um seleto número de felizardos, aos quais Deus permite um pequeno vislumbre do que é o Paraíso, porém, jamais o conhecimento integral e a Visão Beatífica, glória exclusiva dos Anjos e Santos viventes da Jerusalém Celeste. E o próprio São Paulo é quem o diz: "nós, agora, vemos (a Deus) como por um espelho, obscuramente, mas, então, (O veremos) face a face. Agora, conheço-O em parte, mas, então, hei de conhecê-Lo como sou conhecido." (1Cor 13,12)
Assim, nenhum dos videntes vê ao Deus Trino e a própria Bíblia corrobora tal fato:
"Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, Sacerdote de Madiã. Um dia, em que conduzira o rebanho para além do deserto, chegou até a montanha de Deus, Horeb. O Anjo do Senhor [linguagem metafórica para dizer que foi o próprio Deus quem lhe aparecera] apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça. Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia. 'Vou me aproximar — disse ele consigo — para contemplar esse extraordinário espetáculo e saber por que a sarça não se consome.' Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: 'Moisés! Moisés!' 'Eis-me aqui!' — respondeu ele. E Deus: 'não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa. Eu sou — ajuntou Ele — o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó.' Moisés escondeu o rosto e não ousava olhar para Deus." (Ex 3,1-6)
Santo Tomás de Aquino dedicara muitas páginas de sua suma teológica à diversas questões acerca do Céu. A esse respeito, seus ensinamentos de um Céu tripartite coadunam com as visões que Santa Francisca Romana tivera mais de um século depois da morte do Doutor Angélico.
Confira-se, abaixo, o que escrevera esse expoente da Ordem dos Pregadores Dominicanos:
"Portas fechadas são um obstáculo a nos impedirem a entrada. Ora, os Homens estavam impedidos de entrar no Reino Celeste por causa do pecado; pois, como diz a Escritura, haverá um caminho que se chamará o caminho santo, e não passará por ele o impuro. Ora, há duas espécies de pecado que impedem a entrada no Reino Celeste. — Um é comum a toda a natureza humana, e esse é o pecado dos nossos primeiros pais, o qual fechou ao Homem a entrada do Reino Celeste. Por isso, como lemos na Escritura, depois do pecado do primeiro Homem, pôs Deus um querubim com uma espada de fogo e versátil, para guardar o caminho da Árvore da Vida. — Outro é o pecado especial de cada pessoa, cometido por ato próprio de cada um.
Ora, pela Paixão de Cristo fomos liberados, não só do pecado comum de toda a natureza humana, tanto quanto à culpa como quanto ao reato da pena, porque Cristo pagou o preço por nós, mas também dos pecados próprios de cada um de nós, que comungamos com a Sua Paixão, pela Fé, pela caridade e pelos Sacramentos da Fé. E, assim, pela Paixão de Cristo se nos abriram as portas do Reino Celeste. E tal é o que diz o Apóstolo: estando Cristo já presente, pontífice dos bens vindouros, pelo Seu próprio Sangue entrou uma só vez no Santuário, havendo achado uma Redenção Eterna. O mesmo significa a Escritura, onde diz que o homicida ali ficará, isto é, na cidade a que se tinha refugiado, até à morte do Sumo Sacerdote, que foi sagrado com o Óleo Santo; e, morto Este, poderia voltar aquele para a sua casa.
Os Santos Patriarcas, tendo praticado obras justas, mereceram a entrada no Reino do Céu pela fé na Paixão de Cristo, segundo aquilo do Apóstolo: os Santos, pela fé, conquistaram reinos, obraram ações de justiça; pela qual também cada um se purificava do pecado, o quanto condizia com a purificação da pessoa própria. Mas a fé ou a justiça de cada um não bastava a remover o impedimento proveniente do reato de toda a natureza humana. Mas esse impedimento foi removido pelo preço do Sangue de Cristo. Por onde, antes da Paixão de Cristo, ninguém podia entrar no Reino Celeste, isto é, alcançando a Beatitude Eterna, consistente no gozo pleno de Deus.
Elias foi arrebatado ao Céu Aéreo, não ao Céu Empíreo, que é o lugar dos Santos. O mesmo se deu com Henoc; mas foi arrebatado ao Paraíso Terrestre, onde cremos que vive junto com Elias, até o advento do Anticristo.
Como dissemos, os Céus se abriram por ocasião do Batismo de Cristo, não em benefício de Cristo mesmo, a quem sempre o Céu estava patente; mas para significar que o Céu se abre aos Batizados, pelo Batismo de Cristo, que tira a Sua eficácia da Paixão do mesmo.
Cristo, pela Sua Paixão, mereceu-nos a entrada no Reino Celeste e removeu o obstáculo que nô-lo impedia. Mas, pela Sua ascensão, como que nos introduzia na posse do Reino Celeste. Por isso a Escritura diz que Aquele que lhes há de abrir o caminho irá adiante deles. (Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, Terceira Parte, Questão 49, Artigo 5.)
OBS.: importa saber que, assim como no inferno existem partições, também no Céu as há — e o próprio São Paulo o confirma, após ser levado ao Terceiro Céu, por meio de uma experiência mística, fruto da graça, como ele próprio o diz (2Cor 12,1-10). E, quanto a essa divisão, Santa Francisca Romana enumera as partes do Céu de baixo para cima, tal qual o faz Santo Tomás. Assim, o "Céu Aéreo" ("Céu Atmosférico") é o primeiro (Mt 6,26); o "Céu Sidéreo" ("Céu Cristalino" / "Céu Aquoso" / "Céu do Espaço Sideral" / "Céu do Firmamento"), que é o das estrelas e dos astros (Gn 1), é o segundo; e o "Céu Empíreo" ("Céu Superior" / "Terceiro Céu"), no qual habita Deus (Mt 18,10;19), é o terceiro.
OBS.: Santo Tomás, em sua Suma Teológica, assevera que é no "Céu Aéreo" ("Céu Atmosférico") — o das nuvens e aves — onde permanecem Santo Elias e Henoc. Diz, também, que é nesse Céu que se situa o Éden (Paraíso de Adão e Eva), e que Nele os referidos Profetas, arrebatados em vida, aguardam a Parusia, a fim de volverem derradeiramente ao mundo, como testemunhas de Cristo (Ap 11). A exata localização do Paraíso, do qual fora apartado o Homem, devido ao Pecado Original, é Mistério Divino (Gn 3); se fica no Céu Aéreo ou em algum local da Terra, guardado por Deus, só o Altíssimo o sabe. Fato é que a subdivisão do Céu, tal qual do inferno, é ponto pacífico e unânime entre os maiores teólogos e Doutores da Santa Igreja.
OBS.: segundo Santo Agostinho, São Jerônimo, Santo Tomás e tantos outros, no Paraíso (Primeiro Céu) encontram-se Santo Elias e Henoc, vivos, em corpo e alma. E a Sã Doutrina, refrise-se, ensina que retornarão à Terra, pouco antes do Juízo Final, a fim de alertarem os filhos de Deus à conversão, inclusive os pérfidos judeus, que crucificaram o Messias e O renegam até os dias atuais. São as duas testemunhas de Deus, das quais fala São João (Ap 11), e que serão mortas pelo anticristo após algum período de combate. Eis um dos sinais do Fim dos Tempos, o qual se desfechará quando, depois do extermínio de Seus dos dois enviados, Cristo retornar triunfante (Mt 25,31-33). — O Bom Pastor fulminará o anticristo e, após calcar satanás, julgará a todos os Homens.
OBS.: o Deus Trino também fala pela boca e pela pena do Profeta Malaquias, acerca da segunda vinda de Santo Elias: 'eis que vos enviarei o Profeta Elias, antes que venha o Dia Grande e Horrível do Senhor.' — Cada profecia da Sagrada Escritura ou já fora cumprida ou ainda o será, e a História o prova. De modo geral, no Antigo Testamento a expressão "para que se cumprisse" aparece mais de dez mil vezes. No Novo Testamento, mais de quatro mil vezes. Repita-se: apesar do colossal número de oráculos, tudo que fora predito e era para ter se concretizado ocorrera; e o que resta suceder, por conseguinte, se dará. É a grandeza de Deus revelando-se, no transcorrer dos séculos. Portanto, insensato é aquele que não O crê, não O ama, não O serve e não O teme.
A seguir, as passagens bíblicas referentes aos respectivos arrebatamentos de Santo Elias e Henoc:
"Pela fé foi arrebatado Henoc (deste mundo), para que não visse a morte, e não foi encontrado, visto que Deus o tinha arrebatado. Antes desta trasladação, recebeu o testemunho de ter agradado a Deus." (Hb 11,5)
"Jared viveu cento e sessenta e dois anos e gerou Henoc. Após o nascimento de Henoc, Jared viveu ainda oitocentos anos e gerou filhos e filhas. Todo o tempo da vida de Jared foi de novecentos e sessenta e dois anos; e morreu. Henoc viveu sessenta e cinco anos e gerou Matusalém. Após o nascimento de Matusalém, Henoc andou com Deus durante trezentos anos e gerou filhos e filhas. A duração total da vida de Henoc foi de trezentos e sessenta e cinco anos. Henoc andou com Deus e desapareceu, porque Deus o levou." (Gn 5,18-24)
"Henoc agradou a Deus e foi transportado ao Paraíso, para excitar as nações à penitência." (Eclo 44,16) [Alusão às duas testemunhas da Parusia, do Livro do Apocalipse, capítulo 11.]
"Suas palavras queimavam como uma tocha ardente. Elias, o Profeta, levantou-se em breve como um fogo. Ele fez vir a fome sobre o povo de Israel: foram reduzidos a um punhado, por tê-lo irritado com sua inveja, pois não podiam suportar os preceitos do Senhor. Com a palavra do Senhor ele fechou o Céu, e Dele fez cair fogo por três vezes. Quão glorioso te tornaste, Elias, por teus prodígios! Quem pode gloriar-se de ser como tu? Tu, que fizeste sair um morto do seio da morte e o arrancaste da região dos mortos pela palavra do Senhor; tu, que lançaste os Reis na ruína; que desfizeste, sem dificuldade, o seu poder; que fizeste cair de seu leito Homens gloriosos. Tu, que ouviste, no Sinai, o julgamento do Senhor, e, no Monte Horeb, os decretos de Sua vingança. Tu, que sagraste Reis para a penitência, e estabeleceste Profetas para te sucederem. Tu, que foste arrebatado num turbilhão de fogo, num carro puxado por cavalos ardentes. Tu, que foste escolhido pelos decretos dos tempos para amenizar a cólera do Senhor, reconciliar os corações dos pais com os filhos, e restabelecer as tribos de Jacó. [Alusão às duas testemunhas da Parusia, do Livro do Apocalipse, capítulo 11.] Bem-Aventurados os que te conheceram e foram honrados com a tua amizade!" (Eclo 48,1-11)
"Eis o que se passou no dia em que o Senhor arrebatou Elias ao Céu, num turbilhão: Elias e Eliseu partiram de Gálgala. Elias disse a Eliseu: 'fica aqui, porque o Senhor me mandou a Betel.' 'Por Deus e por tua vida — respondeu Eliseu —, não te deixarei.' E desceram a Betel. Os filhos dos Profetas [filhos espirituais. Elias, por exemplo, era admirado também por sua ascese e castidade], que estavam em Betel, saíram ao encontro de Eliseu e disseram-lhe: 'sabes que o Senhor vai tirar, hoje, o teu amo de sobre a tua cabeça?' 'Sim, eu o sei! Ficai calados!' Elias disse-lhe: 'fica aqui, Eliseu, porque o Senhor manda-me a Jericó.' 'Por Deus e por tua vida — respondeu ele —, não te deixarei.' E chegaram a Jericó. Os filhos dos Profetas, que estavam em Jericó, foram ter com Eliseu e disseram-lhe: 'sabes que o Senhor vai tirar, hoje, o teu amo de sobre a tua cabeça?' 'Sim, eu o sei. Calai-vos.' Elias disse-lhe: 'fica aqui, porque o Senhor manda-me ao Jordão.' 'Por Deus e pela tua vida — respondeu Eliseu —, não te deixarei.' E partiram juntos. Seguiram-nos cinquenta filhos de Profetas, os quais pararam ao longe, diante deles, enquanto Elias e Eliseu se detinham à beira do Jordão. Elias tomou o seu manto, dobrou-o e feriu com ele as águas, que se separaram para as duas bandas, de modo que atravessaram ambos a pé enxuto. Tendo passado, Elias disse a Eliseu: 'pede-me algo antes que eu seja arrebatado de ti: que posso eu fazer por ti?' Eliseu respondeu: 'seja-me concedida uma porção dobrada do teu espírito.' [porção dobrada da santidade; da graça.] 'Pedes uma coisa difícil — replicou Elias —. 'Entretanto, se me vires, quando eu for arrebatado de ti, isso te será dado: mas se não me vires, não te será dado.' Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que, de repente, um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro e Elias subiu ao Céu num turbilhão." (2Rs 2,1-11)
Consecutivamente, os ensinamentos de Santo Tomás de Aquino, acerca da tripartição do Céu e do arrebatamento de Santo Elias e Henoc, com observações minhas acerca de alguns pormenores nos quais divirjo do Doutor Angélico:
"Por onde, para se conhecer a distinção dos Céus, deve-se considerar que Céu, na Escritura, toma-se em tríplice acepção. — Ora, empregado própria e naturalmente, chama-se Céu qualquer corpo sublime e luminoso, atual ou potencialmente, e incorruptível por natureza. E, neste sentido, admite-se três Céus. O primeiro, totalmente lúcido, chamado Empíreo. O segundo, totalmente diáfano, chamado Céu Aquoso e Cristalino. O terceiro, em parte diáfano e em parte atualmente lúcido, chama-se Céu Sidéreo, e é dividido em oito esferas — convém a saber: a das estrelas fixas e as sete dos planetas, perfazendo os denominados oito Céus.
Num segundo sentido, Céu é o que participa de alguma propriedade do corpo celeste — convém a saber: a sublimidade e a luminosidade, atual ou potencial. E, assim, Damasceno compreende como um só Céu todo o espaço que vai das águas até a esfera da lua, e o denomina Aéreo. Por onde, na sua opinião, há três Céus: o Aéreo, o Sidéreo e outro superior, entendendo-se que este último é o que, conforme a lição — até ao terceiro dia — o Apóstolo foi arrebatado. Mas, como esse espaço contém dois elementos, o fogo e o ar, e em ambos há uma região chamada superior e outra inferior, por isso Rabano distingue, neste Céu, quatro outros: a suprema região do fogo, chamando-lhe Céu Ígneo; depois, a inferior ou Céu Olímpio, por causa da altura do monte chamado Olimpo; em seguida, à suprema região do ar chamou-lhe Céu Etéreo, por causa da inflamação; e, por fim, à região inferior, Céu Aéreo. E, assim, como estes quatro Céus se conumeram com os três superiores, são, ao todo, sete Céus corpóreos, conforme Rábano.
Num terceiro sentido, Céu se emprega metaforicamente; assim, por vezes, a própria Santa Trindade é chamada Céu, por causa da sua sublimidade e luz espiritual. Em relação a esse Céu é que se entende o dito do diabo: subirei ao Céu, isto é, à igualdade com Deus. Outras vezes, como ensina Agostinho, também os bens espirituais, entre os quais a remuneração dos Santos, se denominam Céus, por causa da eminência deles, conforme a Escritura: grande é a vossa recompensa nos Céus. Outras vezes, ainda, os três gêneros das visões sobrenaturais: a corpórea, a imaginária e a intelectual, chamam-se três Céus, dos quais Agostinho expõe que Paulo foi arrebatado até ao Terceiro Céu." (Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, Terceira Parte, Questão 68, Artigo 4.)
“A expressão ‘Terceiro Céu’ pode significar algo corpóreo. E, então, significa o Céu Empíreo, que é chamado terceiro, em relação ao Céu Aéreo e o Sideral; ou melhor, ao Céu Sideral e ao Céu Aquoso ou Cristalino. E diz-se que ele foi ‘arrebatado ao Terceiro Céu’, não porque tenha sido arrebatado para ver a semelhança de alguma coisa corpórea, mas porque aquele lugar é o da contemplação dos Bem-Aventurados. Por isso, diz a Glosa, sobre essa passagem da segunda Carta aos Coríntios: ‘o Terceiro Céu é o Céu Espiritual, onde os Anjos e as almas santas gozam da contemplação de Deus. Quando ele diz que foi arrebatado, isto significa que Deus lhe mostrou a vida na qual será visto por toda a eternidade’ [Sim! Mas, como já supraexplicado: o Apóstolo conheceu o Terceiro Céu, mas apenas em parte e não completamente; São Paulo não viu o Céu em sua totalidade e nem teve a Visão Beatífica, como ele mesmo o assevera em 1Cor 13,12.]. De outro modo, pode-se entender por Terceiro Céu alguma visão sobrenatural, a qual pode chamar-se assim por três razões: 1ª) Segundo a ordem das potências cognoscitivas, de maneira que o Primeiro Céu seria uma visão corporal e extraordinária, verificada pelos sentidos, como foi vista a mão daquele que escrevia na parede. O Segundo Céu seria a visão imaginativa, como a que tiveram Isaías e João. O Terceiro Céu seria a visão intelectual, segundo expõe Agostinho; 2ª) Pode-se chamar Terceiro Céu em razão da ordem das coisas cognoscíveis, ‘de maneira que o Primeiro Céu seria o conhecimento dos corpos celestes; o Segundo, o conhecimento dos espíritos celestiais, e o Terceiro, o conhecimento do próprio Deus’; 3ª) Pode-se dizer Terceiro Céu a contemplação de Deus, segundo os graus de conhecimento de Deus, dos quais o primeiro é o dos Anjos das hierarquias inferiores; o segundo, dos Anjos das hierarquias médias, e o Terceiro, o dos Anjos da hierarquia suprema, como diz a Glosa. E, como a visão de Deus não pode deixar de ser acompanhada de prazer, por isso o Apóstolo disse que não só foi arrebatado ao ‘Terceiro Céu’, em razão da contemplação, mas também ao ‘paraíso’, por causa do prazer conseqüente.” (Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, Segunda Parte, Tomo 2, Questão 175, Artigo 4.)
OBS.: nesse último ponto, humilde e respeitosamente discordo de Santo Tomás, já que é um erro alegar que São Paulo contemplou a Deus, dando a entender que vira-O face a face: 1º) Porque só quem vê a Deus com esse grau de clareza e intimidade é quem já morreu e lucrou Dele a Salvação Eterna — passando antes pelo Purgatório ou indo diretamente à glória da Beatífica Visão; 2º) É equivocado deduzir que o Apóstolo viu a Deus com base no fato de ter ele afirmado que sentira prazer com seu arrebatamento. Ora! Qual pessoa, sendo arrebatada ao Terceiro Céu, não regozijar-se-ia com tal indizível delícia? Pergunte-se à Santa Francisca Romana e a São João Bosco acerca da inefável alegria que sentiram com seus arrebatamentos! Todavia, não necessariamente isso quer dizer que tal magnânima experiência pressupõe contemplar a Santíssima Trindade face a face.
OBS.: Moisés escondera seu rosto, a fim de não olhar diretamente para Deus, em sua experiência mística, na qual o Altíssimo comunicara-Se com ele (Ex 3,6). Isaías, em sua visão do Céu, viu Querubins com seis asas (Is 6,2), similarmente ao que vira São João (Ap 4,8). Interessante que, na conjuntura do Profeta, os seres angelicais estavam diante de Deus com os seus rostos tampados por duas de suas respectivas asas. Ora! Se os Querubins (ainda que lhes seja permitido) não ousaram fitar ao Criador, não é lógico assumir que Isaías, que é inferior a eles, o fizera. O que os Anjos e Santos conseguem ver, no Céu, por estarem na glória, difere do que é alcançado pelos videntes arrebatados, que ainda estão vivos, maculados por pecados (ainda que veniais) e na esperança de lucrarem a Glória Eterna pós-morte, em seguida ao julgamento pessoal perante Cristo. Isaías diz que viu a Deus com os próprios olhos, mas não dá detalhes. Por que não explicou o que viu, as características de Deus, seu semblante, etc.? Pelo mesmo motivo que não o fizera São João e São Paulo: óbvio que nem eles nem qualquer ser humano jamais vira o Deus Trino claramente, senão por meio de vislumbre, que é o máximo permitido ao Homem, por mais santo que o seja, como se lê em 1Cor 13,12.
OBS.: tanto Moisés, perante a sarça ardente, quanto Isaías, defronte ao Trono Supremo, viram a Deus com os próprios olhos, mas não em sentido literal. Qual era a proximidade, a nitidez, a forma, as características do que visualizaram? Nada disso é explicitado, justamente porque o motivo da experiência mística é a mensagem que Deus quer transmitir ao Seu povo, por meio do visionário, e não a ação de revelar-Se, em nítida aparência, ao vidente. São minúcias que as visões não esclarecem, mas denotam o fato de que somente se pode contemplar a Deus, face a face, após adentrar aos Céus, em glória post mortem. Portanto, nos arrebatamentos (corpóreos, memoriais ou intelectuais), se há visão de Deus, essa é muitíssimo limitada, para além dos casos em que Ele se manifesta, mas sem Sua real figura, como no caso da conversão de Saulo, da sarça ardente com Moisés, etc.
OBS.: até onde me permite minhas misérias e alcançam minhas limitações e dedicado parco conhecimento sobre os mais de dois mil anos de história da Santa Igreja, jamais soube de alguém que tivesse visto ao Altíssimo, face a face, estando ainda em vida terrena.
† † †
O QUE DIZ A BÍBLIA
SOBRE A CONSULTA AOS MORTOS
Soberba e erroneamente, o espiritismo assevera ser o complemento que faltava para o integral entendimento da Revelação Divina.
De acordo com seus ensinamentos, a primeira revelação teria sido o Antigo Testamento; a segunda, o Novo Testamento; e a terceira e última, o espiritismo, com sua "providencial" incumbência de decifrar os Mistérios de Deus, por meio de Hippolyte Léon Denizard Rivail, o qual se autoproclamara, por antonomásia, Allan Kardec. — “A Lei do Antigo Testamento, a primeira revelação, está personificada em Moisés; a segunda é a do Novo Testamento, do Cristo; o Espiritismo é a terceira revelação da Lei de Deus.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 1, item 6)
Tal absurdo trata-se de direta afronta à Santa Doutrina Católica, a qual, em seus mais de dois mil anos de Tradição Sagrada, tem ensinado as mesmas Verdades de Fé, uma das quais afirma que a Revelação Divina encerrou-se com o Livro do Apocalipse, o último da Bíblia (tanto em ordenação quanto em datação), escrito por inspiração divina pela pena do derradeiro Apóstolo São João, aquele a quem Jesus mais amava e ao qual permitira recostar sua cabeça sobre Seu Sagrado Coração, na Quinta-Feira da Paixão.
Professora-nos essa Sacrossanta Tradição que, após a morte de São João, toda revelação privada é instrumento da Divina Providência, a fim de auxiliar o Homem a alcançar uma mais escorreita compreensão de Seus Mistérios revelados (e já completos e inalteráveis, para mais ou para menos); ou seja, as aparições de Nosso Senhor e Nossa Senhora não acrescentam à Revelação, mas, sim, ajudam os católicos a interpretar de modo inequívoco aquilo que ainda não havia sido compreendido ou que o fora de modo precário.
As aparições de Jesus Cristo à Santa Margarida Maria Alacoque fez dela um instrumento em Suas mãos, a fim de difundir ao mundo minúcias acerca da devoção ao Seu Sagrado Coração.
As aparições da Virgem Puríssima e de Jesus a São Domingos de Gusmão e ao Beato Alano de La Roche serviram para, por meio de ambos monges, instaurar oficialmente a devoção à vida, morte, Paixão e Ressurreição de Cristo e à vida, morte, assunção e coroação de Santa Maria, por meio do Santo Rosário.
Perceba-se: nessas e em todas as outras manifestações após a morte de São João (o Apóstolo que mais tempo viveu), tanto por parte de Nosso Senhor e Nossa Senhora quanto de Anjos e Santos, não houve outro objetivo senão confirmar a Revelação Divina já feita por meio de Jesus Cristo e através de Seus Apóstolos, inspirados pelo Deus Trino. — E cabe somente à Santa Igreja Católica o múnus de pastorear, interpretar, ensinar e ordenar as ovelhas do redil do Bom Pastor, uma vez que apenas Ela detém as chaves do Reino dos Céus e a graça da condução do Espírito Santo. Tanto é que, ao haver uma aparição, é a Mater Ecclesia que, por exclusiva competência, a investiga e a aprova (se for advinda do Céu) ou a rechaça (se for falsa), por condução do Paráclito, sobretudo em conjuntura "Ex Cathedra". [(2 Pd 1,20); (Mt 16,15-19); (Jo 20,19-23); (Jo 21,14-17); (1Cor 11,1-2); (2Ts 2,15); (2Ts 3,6); (Mt 16, 13-19); (Mt 18-18); (Mt 28,18-20); (Jo 20,21-23); (Concílio Vaticano I, Constituição Dogmática Pastor Aeternus).]
Ainda, quanto à Santa Lei, essa proíbe terminantemente a invocação de espíritos.
Em raríssimas exceções a Santíssima Trindade permite que haja aparições e comunicação entre entes em estado de pós-morte e seres humanos — sempre com vistas à salvação desses.
Abaixo, dois exemplos de aparições permitidas por Deus, para fins de evangelização, as quais tiveram por intento, entre outros objetivos, o de catequizar pela experiência e pelo exemplo, acerca da importância da conversão e busca pela santidade, bem como do iminente perigo da morte e condenação eterna por falecer sem estar em estado de graça; sem acesso aos Sacramentos:
"São Vicente Ferrer vos mostrará por um fato o que vós deveis pensar. Ele relata que um subdiácono de Lyon, tendo renunciado à sua dignidade e estando retirado em um deserto para lá fazer penitência, morreu no mesmo dia e na mesma hora que São Bernardo. Aparecendo a seu Bispo, depois de sua morte, disse-lhe: 'sabei, meu senhor, que na mesma hora em que eu expirei, trinta e três mil pessoas morreram. Sobre esse número, Bernardo e eu subimos ao Céu sem demora, três entraram no Purgatório, e todos os outro caíram no inferno.'" (São Leonardo de Porto Maurício, O pequeno número dos que são salvos)
"O Padre Bach, na vida de São Francisco de Jerônimo, narra a triste sorte duma mulher incrédula que zombava do inferno e dos novíssimos. O fato não deixa nenhuma dúvida, pois foi juridicamente provado no processo de canonização do Santo, e atestado com juramento por muitas testemunhas oculares.
No ano de 1707 d.C., São Francisco de Jerônimo pregava, como de costume, nos arrebaldes de Nápoles-IT, falando sobre o inferno e os terríveis castigos reservados aos pecadores obstinados.
Uma mulher insolente, [que] morava na redondeza, aborrecida com aqueles sermões, que lhe acordavam no coração amargos remorsos, procurou molestá-lo com chascos e gritos, desde a janela de sua casa.
Uma vez, o Santo lhe disse: 'ai de ti, filha, se resistes à graça! Não passarão oito dias, sem que Deus te castigue!'
A desaforada mulher não se perturbou por aquela ameaça e continuou com suas más intenções.
Passaram-se oito dias e o Santo foi pregar de novo perto daquela casa, mas, desta vez, as janelas estavam fachadas e ninguém o importunava. Os vizinhos, que [o] ouviam, consternados lhe disseram que Catarina (tal era o nome daquela péssima mulher) tinha morrido de improviso, pouco antes.
'Morreu?' — disse o servo de Deus —. 'Pois bem, agora nos diga de que valeu zombar do inferno?!' Vamos perguntar-lhe.'
Os ouvintes sentiram que essas palavras o Santo as pronunciara com inspiração, e por isso todos esperaram um milagre.
Acompanhado da multidão, subiu à sala, convertida em câmara ardente, e, após breve oração, descobriu o rosto da morta e gritou: 'Catarina, diz-nos onde estás!'
A esta ordem, a defunta ergue a cabeça, abre os olhos, toma cor o seu rosto, e, em atitude de horrível desespero, profere com voz lúgubre estas palavras: 'no inferno! Eu estou no inferno!'
Imediatamente cai e volta ao estado de frio cadáver.
'Eu estava presente ao fato' — afirma uma das testemunhas que depuseram no tribunal apostólico —, mas não saberia explicar a impressão que causou em mim e nos circunstantes. Ainda hoje, passando perto daquela casa e olhando a tal janela, fico muito impressionado. Quando vejo aquela funesta moradia, parece-me ouvir a lúgubre voz: 'no inferno! Eu estou no inferno!''" (Padre André Beltrami. O inferno existe — provas e exemplos. Pág. 14.)
O próprio Jesus Cristo, já ressurrecto, antes de Sua Ascenção, assim como ficara 40 dias no deserto, a fazer penitências, por igual período fez diversas aparições aos Seus, no sentido de confirmar as profecias a Seu respeito, ratificar Sua Santa Doutrina e exortá-los quanto à ortodoxia, à coragem no combate ao mal (demônio) e zêlo no apostolado, à busca pela santificação e Salvação Perene. — Nas Sagradas Escrituras são diversas as passagens que relatam tal fato: Mc 16,9; Jo 20,14-18; Mt 28,9-10; Lc 24,34; Mc 16,12-13; Lc 24,13-35; Mt 18,18; Lc 24,36-49; Mc 16,14; Jo 20,19-23; 1 Cor 15,5; Jo 20, 26-29; At 1,3-11; Jo 21, 1-23; Mt 28,16-20; 1Cor 15,5; 1Cor 15,6; 1Cor 15,7; 1Cor 15,8; Mt 16,18; At 9.
A Santa Igreja, desde seu início, já com Seu fundador, Jesus Cristo, ensinava que, exceto as conjunturas excepcionais supracitadas, todo espírito manifestado é demônio, assim como todo falso deus.
"Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia ou à invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações." (Dt 18,10-13)
"Não deixarás viver os feiticeiros. (...) Aquele que sacrificar aos deuses, e não ao Senhor, será exterminado." (Ex 22,18; 20)
"Não vos dirijais aos necromantes nem aos adivinhos: não os consulteis, para que não sejais contaminados por eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus." (Lv 19,31)
"O Senhor disse a Moisés: 'dirás aos israelitas: todo israelita ou estrangeiro que habita em Israel e que sacrificar um de seus filhos a Moloc, será punido de morte. O povo da terra o apedrejará. Eu voltarei o Meu rosto contra ele e o cortarei do meio de seu povo, porque manchou o Meu Santuário e profanou o Meu Santo Nome, dando um de seus filhos a Moloc. Se o povo da terra não se importar por esse homem ter dado um de seus filhos a Moloc, e se não o matar, eu voltarei Meu rosto contra ele e contra a sua família, e o cortarei do meio de seu povo com todos aqueles que se prostituem como ele, prestando culto a Moloc. Se alguém se dirigir aos necromantes ou aos adivinhos para fornicar com eles, voltarei Meu rosto contra esse homem e o cortarei do meio de seu povo. Santificai-vos, e sede santos, porque Eu sou o Senhor, vosso Deus. Observai Minhas Leis e praticai-As. Eu sou o Senhor que vos santifico. Quem amaldiçoar o pai ou a mãe será punido de morte. Amaldiçoou o seu pai ou a sua mãe: levará a sua culpa. Se um homem cometer adultério com uma mulher casada, com a mulher de seu próximo, o homem e a mulher adúlteros serão punidos de morte. Se um homem dormir com a mulher de seu pai, descobrindo assim a nudez de seu pai, serão ambos punidos de morte; levarão a sua culpa. Se um homem dormir com a sua nora, serão ambos punidos de morte; isso é uma ignomínia, e eles levarão a sua culpa. Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa. Se um homem tomar por mulheres a filha e a mãe, cometerá um crime. Serão queimados no fogo, o homem e as mulheres, para que não haja tal crime no meio de vós. Se um homem tiver relações carnais com um animal, será punido de morte, e matareis também o animal. Se uma mulher se aproximar de um animal para se prostituir com ele, será morta juntamente com o animal. Serão mortos e levarão a sua iniquidade. Se um homem tomar a sua irmã, filha de seu pai ou de sua mãe, e vir a sua nudez, e ela vir a sua, isso é uma coisa infame. Serão exterminados sob os olhos de seus compatriotas: descobriu a nudez de sua irmã; levará a sua iniquidade. Se um homem dormir com uma mulher durante o tempo de sua menstruação e vir a sua nudez, descobrindo o seu fluxo e descobrindo-o ela mesma, serão ambos cortados do meio de seu povo. Não descobrirás a nudez da irmã de tua mãe, nem da irmã de teu pai, porque descobrirás a sua carne; levarão sua iniquidade. Se um homem se deitar com sua tia, ele descobrirá a nudez de seu tio; levarão a sua iniquidade, e morrerão sem filhos. Se um homem tomar a mulher de seu irmão, será uma impureza; ofenderá a honra de seu irmão: não terão filhos. Observareis todas as Minhas Leis e Meus Mandamentos e os praticareis, a fim de que não vos vomite a terra aonde vos conduzo para aí habitar. Não seguireis os costumes da nação que Eu expulsar de diante de vós, porque fizeram todas essas coisas e Eu as abominei. Eu vos disse: ‘possuireis essa terra, a qual vos darei em possessão, terra que mana leite e mel’. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos separei dos outros povos. Fareis a distinção entre animais puros e impuros, entre as aves puras e impuras, e não vos torneis abomináveis por causa de animais, de aves ou de animais que se arrastam sobre a terra, como vos ensinei a distinguir como impuros. Sereis para Mim santos, porque Eu, o Senhor, sou santo; e vos separei dos outros povos para que sejais Meus. Qualquer homem ou mulher que evocar os espíritos ou fizer adivinhações, será morto. Serão apedrejados, e levarão sua culpa.'" (Lv 20)
"Quando vos disserem: consultai os evocadores dos mortos e os adivinhos, que murmuram e segredam: 'porventura o povo não há de consultar os seus deuses? Consultar os mortos acerca dos vivos?', antes à Lei e ao testemunho (é que se deve recorrer). Porém, se eles não falarem segundo esta linguagem, não raiará para eles a luz da manhã. Andarão errantes, oprimidos pela miséria e pela fome, e quando padecerem esta fome, se agastarão e amaldiçoarão o seu rei e o seu Deus; levantarão os olhos para o alto, depois olharão para a terra, e eis que tudo será tribulação e trevas, abatimento e angústia, escuridão sem raio de luz. Sim! Mas (um dia) não haverá mais trevas para a terra que esteve na angústia e não poderão escapar do aperto em que se encontram." (Is 8,19-22)
"Tinham-no sepultado em Ramá, sua cidade. E Saul expulsara da terra os necromantes, os feiticeiros e os adivinhos." (1Sm 28,3)
"'Não obstante, a maioria deles desgostou a Deus, pois seus cadáveres cobriram o deserto. Essas coisas aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de não cobiçarmos coisas más, como eles as cobiçaram. Nem vos torneis idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: o povo sentou-se para comer e para beber, e depois levantou-se para se divertir (Ex 32,6). Nem nos entreguemos à impureza como alguns deles se entregaram, e morreram num só dia vinte e três mil. Nem tentemos o Senhor, como alguns deles o tentaram, e pereceram mordidos pelas serpentes. Nem murmureis, como murmuraram alguns deles, e foram mortos pelo exterminador. Todas essas desgraças lhes aconteceram para nosso exemplo; foram escritas para advertência nossa, para nós, que tocamos o final dos tempos. Portanto, quem pensa estar de pé veja que não caia. Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação, ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela. Portanto, caríssimos meus, fugi da idolatria. Falo como a pessoas sensatas; julgai vós mesmos o que digo. O cálice de bênção, que benzemos, não é a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a comunhão do Corpo de Cristo? Uma vez que há um único Pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só Corpo, porque todos nós comungamos do mesmo Pão. (...) As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas a demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis participar, ao mesmo tempo, da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou queremos provocar a ira do Senhor? Acaso somos mais fortes do que ele? (...) Comei de tudo o que se vende no açougue, sem indagar de coisa alguma por motivo de consciência. Do Senhor é a terra e tudo que ela encerra. Se algum infiel vos convidar e quiserdes ir, comei de tudo o que se vos puser diante sem indagar de coisa alguma por motivo de consciência. (...) Mas se alguém disser: 'isto foi sacrificado aos ídolos', não o comais, em atenção àquele que o advertiu e por motivo de consciência. (...) Não vos torneis causa de escândalo, nem para os judeus, nem para os gentios, nem para a Igreja de Deus.'" (1Cor 10,5-17; 20-22; 25-28; 32)
"'Estou admirado de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo para um evangelho diferente. De fato, não há dois (Evangelhos): há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém — nós ou um Anjo baixado do Céu — vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema. Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado! É, porventura, o favor dos Homens que eu procuro, ou o de Deus? Por acaso tenho interesse em agradar aos Homens? Se quisesse, ainda, agradar aos Homens, não seria servo de Cristo. Asseguro-vos, irmãos, que o Evangelho pregado por mim não tem nada de humano. Não O recebi nem O aprendi de Homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo.'" (Gl 1,6-12)
“'Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava. Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico. — Até os cães iam lamber-lhe as chagas —. Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. E, estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio ["Seio de Abraão" é expressão que significa "Limbo dos Patriarcas": local para onde foram os justos, após a morte, no Antigo Testamento, pois o Céu ainda não estava aberto, já que só o fora após a Paixão de Cristo.]. Gritou, então: Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas. Abraão, porém, replicou: filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que os que querem passar daqui para vós não o podem, nem os de lá passar para cá. O rico disse: Rogo-te, então, Pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para lhes testemunhar que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos. Abraão respondeu: eles lá têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos! O rico replicou: não, Pai Abraão; mas, se for a eles algum dos mortos, se arrependerão. Abraão respondeu-lhe: se não ouvirem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos.'" (Lc 16,19-31)
Quando Moisés e seu irmão Aarão foram enviados ao Egito, por Deus, a fim de exortarem o Faraó Ramessés II a libertar os judeus de seu julgo, houve manifestação do Altíssimo, transformando um cajado em uma serpente.
Ora! Os feiticeiros do Faraó, por intermédio de satanás, também fizeram similar prodígio, do qual surgira duas cobras cobra, as quais foram engolidas pela serpente divina.
Eis aí um inconteste fato, o qual ratifica que demônios, pra confundir os filhos de Deus, podem realizar fatos extraordinários (adivinhações, curas, etc.). Desse modo, almas em mal caminho permanecem nele por crer que bons frutos dele são colhidos. Ledo engano!
"O Senhor disse a Moisés e a Aarão: 'se o Faraó vos pedir um prodígio, tu dirás a Aarão: toma tua vara e joga-a diante do Faraó; ela se tornará uma serpente.' Tendo Moisés e Aarão chegado à presença do Faraó, fizeram o que o Senhor tinha ordenado. Aarão jogou sua vara diante do Rei e de sua gente, e ela se tornou uma serpente. Mas o Faraó, mandando vir os sábios, os encantadores e os mágicos, estes fizeram o mesmo com os seus encantamentos: jogaram cada um suas varas, que se transformaram em serpentes. Mas a vara de Aarão engoliu as deles." (Ex 7,8-12)
Por se manterem empedernidos em seus pecados e ocultismos, os egípcios sofreram terríveis castigos divinos, que resultaram em inumeráveis mortes, tanto por pestes quanto por intemperes naturais, além do incomensurável número de soldados mortos por afogamento, após o mar vermelho fechar-se sobre eles, que perseguiam o Povo Escolhido, a fim de os trucidar.
E lúgubre fim também tiveram os "profetas de baal", os quais preteriram a graça da conversão, a submissão à genuína Fé e ao verdadeiro Deus, norteando erroneamente o povo e preferindo a adoração e comunicação com um ídolo pagão (um diabo).
Abaixo, a íntegra do texto bíblico que narra esse ocorrido, e que, sem qualquer dúvida, trata-se de uma das mais magnânimas passagens das Sagradas Escrituras do Antigo Testamento, cujo personagem principal é Santo Elias, um Profeta de tão sublime santidade que foi arrebatado (assunto ainda vivo) ao Céu, em uma carruagem de fogo (2Rs 2), pelo poder do Criador:
"Elias, o tesbita, um habitante de Galaad, veio dizer a Acab: ‘pela vida do Senhor, Deus de Israel, a quem sirvo, não haverá nestes anos orvalho nem chuva, senão quando eu o disser.’ Em seguida, a Palavra do Senhor foi-lhe dirigida nestes termos: ‘vai-te daqui; retira-te para as bandas do oriente e vai esconder-te na torrente de Carit, que está defronte do Jordão. Beberás da torrente; dei ordens aos corvos que te alimentem.’ Elias partiu, pois, segundo a Palavra do Senhor, e estabeleceu-se junto à torrente de Carit, defronte do Jordão. Os corvos traziam-lhe pão e carne, pela manhã e pela tarde, e ele bebia a água da torrente. Passado algum tempo, secou-se a torrente, porque não chovia mais na Terra. Então, o Senhor disse-lhe: ‘vai para Sarepta de Sidon e fixa-te ali. Eu ordenei a uma viúva desse lugar que te sustente.’ Elias pôs-se a caminho para Sarepta. Chegando à porta da cidade, viu uma viúva que ajuntava lenha. Chamou-a e disse-lhe: ‘por favor, vai buscar-me um pouco de água numa vasilha, para que eu beba.’ E indo ela buscar-lhe a água, gritou-lhe Elias: ‘traze-me também um pedaço de pão.’ ‘Pela vida de Deus — respondeu a mulher —, não tenho pão cozido: só tenho um punhado de farinha na panela e um pouco de óleo na ânfora; estava justamente apanhando dois pedaços de lenha para preparar esse resto para mim e meu filho, a fim de o comermos e depois (de gastos esses restos) morrermos (de fome).’ Elias replicou: ‘não temas! Volta e faze como disseste. Mas prepara-me, antes, com isso um pãozinho e traze-o para mim; depois prepararás o resto para ti e teu filho, porque eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: ‘a farinha que está na panela não se acabará, e a ânfora de azeite não se esvaziará, até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a face da terra.’ A mulher foi e fez o que disse Elias. Durante muito tempo, ela e seu filho, além de Elias, tiveram o que comer. A farinha não se acabou na panela nem se esgotou o óleo da ânfora, como o Senhor o tinha dito, pela boca de Elias. Algum tempo depois, o filho desta mulher, dona da casa, adoeceu e seu mal foi tão grave que morreu. A mulher disse a Elias: ‘que há entre nós dois, homem de Deus? Vieste, pois, à minha casa para lembrar-me os meus pecados e matar o meu filho?’ ‘Dá-me o teu filho.’ — respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima, onde dormia, e deitou-o em seu leito. Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: ‘Senhor, meu Deus, até a uma viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho?’ Estendeu-se, em seguida, sobre o menino, por três vezes, invocando de novo o Senhor: ‘Senhor, meu Deus, rogo-vos que a alma deste menino volte a ele.’ O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou e ele reviveu. Elias tomou o menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o à mãe, dizendo: ‘vê: teu filho vive.’ A mulher exclamou: ‘agora vejo que és um homem de Deus e que a Palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios.’ Passado muito tempo, foi a Palavra de Deus dirigida a Elias, no terceiro ano, nestes termos: ‘vai apresentar-te diante de Acab. Eu vou fazer chover sobre a Terra.’ Elias partiu e foi apresentar-se a Acab. A fome devastava violentamente a Samaria. Acab mandou chamar Abdias, seu intendente. Abdias era um homem que temia o Senhor. Quando Jezabel massacrou os Profetas do Senhor, Abdias tomou cem Profetas e escondeu-os em duas cavernas: cinquenta numa e cinquenta noutra, onde lhes tinha providenciado o que comer e beber. Acab disse-lhe: ‘percorre a terra; vai a todas as fontes e a todas as torrentes; talvez encontremos erva para conservar a vida aos cavalos e aos burros, evitando, assim, abater uma parte de nossos animais.’ E repartiram entre si a terra, para percorrê-la. Acab foi por um lado, sozinho, e Abdias tomou uma direção contrária. Enquanto Abdias caminhava, eis que veio Elias ao seu encontro. Abdias reconheceu-o e prostrou-se com o rosto por terra, dizendo: ‘és tu, meu senhor Elias?’ ‘Sim, sou eu. Vai dizer ao teu amo: ‘Elias está aí.’ Abdias replicou: ‘que pecado cometi eu para que entregues assim o teu servo nas mãos de Acab, para ele me matar? Pela vida de Deus, não há nação nem reino onde meu amo não te tenha mandado buscar. E diziam: Elias não está aqui; e ele fazia jurar reino e povo que não te haviam achado. E agora tu me dizes: vai dizer ao teu amo: Elias está aí. Mas, quando eu me apartar de ti, o Espírito do Senhor te levará para não sei onde e Acab, informado por mim, não te encontrando, me matará. Ora, o teu servo teme o Senhor, desde a sua juventude. Porventura não foi dito ao meu senhor o que eu fiz quando Jezabel massacrava os Profetas do Senhor? Escondi cem deles, cinquenta numa caverna e cinquenta noutra, e os sustentei ali. E agora tu me dizes: vai dizer ao teu amo: Elias está aí. Ele me matará.’ Elias respondeu-lhe: ‘pela vida do Senhor dos Exércitos, a quem sirvo, hoje mesmo me apresentarei diante de Acab.’ Abdias correu para junto de Acab e deu-lhe a nova. Acab saiu ao encontro de Elias. Ao vê-lo, Acab lhe disse: ‘’eis-te aqui, o perturbador de Israel!’ ‘Não sou eu o perturbador de Israel’, respondeu Elias, ‘mas tu, sim, e a casa de teu pai, porque abandonastes os preceitos do Senhor e tu seguiste a Baal. Convoca, pois, à Montanha do Carmelo, junto de mim, todo o Israel, com os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Aserá (Astarte), que comem à mesa de Jezabel.’ Mandou Acab avisar a todos os israelitas e reuniu os profetas no Monte Carmelo. Elias, aproximando-se de todo o povo, disse: ‘até quando claudicareis dos dois pés? Se o Senhor é Deus, segui-O, mas se é Baal, segui a Baal!’ O povo nada respondeu. Elias continuou: ‘eu sou o único dos Profetas do Senhor que fiquei, enquanto os de Baal são quatrocentos e cinquenta. Dêem-nos, portanto, um par de novilhos; eles escolherão um, o farão em pedaços e o colocarão sobre a lenha, mas sem acender o fogo por baixo. Eu tomarei o outro novilho e o colocarei sobre a lenha, sem acender fogo por baixo. Depois disso, invocareis o nome de vosso deus e eu invocarei o nome do Senhor. Aquele que responder pelo fogo, esse será reconhecido como o Verdadeiro Deus.’ Todo o povo respondeu: ‘é boa a proposta.’ Então, disse Elias aos profetas de Baal: ‘escolhei, vós, primeiro, um novilho, e preparai-o, porque sois mais numerosos, e invocai o vosso deus, mas não ponhais fogo.’ Eles tomaram o novilho que lhes foi dado e fizeram-no em pedaços. Em seguida, puseram-se a invocar o nome de Baal, desde a manhã até o meio-dia, gritando: ‘Baal, responde-nos!’ Mas não houve voz nem resposta. E dançavam ao redor do altar que tinham levantado. Sendo já meio-dia, Elias escarnecia-os, dizendo: ‘gritai com mais força, pois (seguramente!) ele é deus, mas estará entretido em alguma conversa, ou ocupado, ou em viagem, ou estará dormindo... e isso o acordará!’ Eles gritavam, com efeito, em alta voz, e retalhavam-se segundo o seu costume, com espadas e lanças, até se cobrirem de sangue. Passado o meio-dia, enquanto continuavam em seus transes proféticos, chegou a hora da oblação. Mas não houve voz, nem resposta, nem sinal algum de atenção. Então, Elias disse ao povo: ‘aproximai-vos de mim!’ E todos se aproximaram. Elias reparou o altar demolido do Senhor. Tomou doze pedras, segundo o número das doze tribos saídas dos filhos de Jacó, a quem o Senhor dissera: ‘tu te chamarás Israel.’ E erigiu com essas pedras um altar ao Senhor. Fez, em volta do altar, uma valeta, com a capacidade de duas medidas de semente. Dispôs a lenha e colocou sobre ela o boi feito em pedaços. E disse: ‘enchei quatro talhas de água e derramai-a em cima do holocausto e da lenha.’ Depois disse: ‘fazei isso pela segunda vez.’ Tendo-o eles feito, disse: ‘ainda uma terceira vez.’ Eles obedeceram. A água correu em volta do altar e a valeta ficou cheia. Chegou a hora da oblação. O Profeta Elias adiantou-se e disse: ‘Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, saibam todos, hoje, que sois o Deus de Israel, que eu sou Vosso servo, e que por Vossa ordem fiz todas estas coisas. Ouvi-me, Senhor! Ouvi-me, para que este povo reconheça que Vós, Senhor, sois Deus, e que sois Vós que converteis os seus corações!’ Então, subitamente, o fogo do Senhor baixou do Céu e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, a poeira e até mesmo a água da valeta. Vendo isso, o povo prostrou-se com o rosto por terra e exclamou: ‘o Senhor é Deus! O Senhor é Deus!’ Elias disse-lhes: ‘tomai, agora, os profetas de Baal. Não deixeis escapar um só deles!’ E eles os agarraram. Elias levou-os ao vale de Quison e ali os matou. Então, Elias disse a Acab: ‘vai, come e bebe, porque já ouço o ruído de uma grande chuva.’ Voltou Acab para comer e beber enquanto Elias subiu ao cimo do Monte Carmelo, onde se encurvou por terra, pondo a cabeça entre os joelhos. Disse ao seu servo: ‘sobe um pouco e olha para as bandas do mar.’ Ele subiu, olhou o horizonte e disse: ‘nada.’ Por sete vezes, Elias disse-lhe: ‘volta e olha.’ Na sétima vez, o servo respondeu: ‘eis que sobe do mar uma pequena nuvem, do tamanho da palma da mão.’ Elias disse-lhe: ‘vai dizer a Acab que prepare o seu carro e desça para que a chuva não o detenha.’ Num instante, o céu se cobriu de nuvens negras, soprou o vento e a chuva caiu torrencialmente. Acab pulou na carruagem e partiu para Jezrael. A mão do Senhor veio sobre Elias, o qual, tendo cingido os rins, passou adiante de Acab e chegou à entrada de Jezrael." (1Rs 17-18)
OBS.: pertinentíssimo sublinhar a importância da simbologia do número três, em toda a Sagrada Escritura, sobretudo em conjunturas de grande importância e marco histórico, como nesse fato supracitado. Santo Elias estendeu-se sobre o filho morto da viúva por três vezes, suplicando a Deus que o ressuscitasse, e fora atendido. Também, na querela contra os pagãos idólatras e adoradores do demônio Baal, por três vezes o Profeta pediu que a água fosse jogada sobre seu holocausto e na valeta.
OBS.: e, assim como é constante o numeral três, na Bíblia, em alusão ao "três em um" da Santíssima Trindade, também o é o sete, como se observa na passagem acima, quando Santo Elias, estando no cimo do Monte Carmelo, pede que seu servo suba um pouco mais e observe o horizonte, a fim de verificar se avistava uma pequena nuvem. E fez isso por sete vezes. Na última a singela nuvem fora vista.
OBS.: outrossim, há diversos outros textos bíblicos nos quais a simbologia dos números pode ser encontrada, como, por exemplo, naquele em que Cristo exorta-nos a perdoar não até sete vezes, mas setenta vezes sete, o que quer dizer sempre (Mt 18,21-22).
OBS.: a Santa Tradição está repleta de simbologia por meio de números, como, por exemplo: os Sacramentos, que são sete, a saber: Batismo, Ordem, Reconciliação (Confissão + Penitência), Eucaristia, Crisma, Matrimônio e Extrema Unção); sete são também os Dons do Espírito Santo: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Conhecimento, Piedade e Temor de Deus; as nas Virtudes Principais, que são sete, sendo três as Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade) e quatro as Virtudes Cardeais (Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança).
OBS.: os símbolos são sinais que contribuem para um maior aprofundamento e compreensão dos Mistérios de Deus (dentro do que é permitido ao Homem alcançar), já que o ser humano, por sensível que é, necessita de alguns recursos observáveis para melhor entender algumas minúcias e situações. Portanto, os números são sempre analogias, representações de algo maior. E que fique muitíssimo claro: isso não tem qualquer relação com a numerologia ou práticas afins, que nada mais são que satanismo travestido em ocultismo e nada para além disso.
† † †
O QUE DIZ A BÍBLIA
SOBRE A REENCARNAÇÃO
O espiritismo, tal qual deturpa as Sagradas Escrituras para respaldar seu gravíssimo pecado de consulta aos mortos (demônios), assim também o faz em relação ao tema da reencarnação, matéria que, por si só, revela-se absurdamente ilógica, tanto do ponto de vista teológico quanto filosófico.
Assumem os errantes:
"A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. As ideias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá ideia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham, desde muito tempo, dispersos e absorvidos. A reencarnação é a volta da alma ou espírito à vida corpórea, mas em outro corpo, especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia, assim, aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 4, item 4.)
A palavra "reencarnação" foi criada pelo ocultista Hippolyte Léon Denizard Rivail, por volta dos anos 1850 d.C.. Portanto, é óbvio o discurso espírita de que tal verbete não é encontrado em parte alguma da Sagrada Escritura, cujo primeiro Livro Sagrado foi escrito há cerca de 3500 anos e o último por volta de 2000 anos atrás. Todavia, isso não quer dizer que eles não saberiam distinguir reencarnação de ressurreição, caso já existisse naquele tempo a seita kardecista, os "filhos de Kardec" e suas falsas bíblias.
Já li defesas da tese espírita mencionarem as palavras gregas "palingenesia" (“palin”, "de novo"; "genesia", “gêneses”) e “anothen” ("de novo"), atribuindo-lhes significado análogo ao que se concebe atualmente como reencarnação. E, de modo geral, todas essas alegações são infundadas, fruto de interpretações descontextualizadas, carentes de compreensão da complexa simbologia bíblica; asserções tão absurdas que beirariam o ridículo risível, não fossem tão trágicas.
Se os judeus tivessem, ao menos por algum momento, crido em algo sequer similar a essa parvoíce reencarnacionista, os hagiógrafos teriam tido a capacidade de registrar nos Santos Livros, bem como de relatar o aniquilamento que sofreriam tais heresias por meio dos Profetas, que certamente as combateriam fervorosamente, em posse da Verdade Revelada e sob a salvaguarda do Deus Genuíno, como ocorrera em tantas ocasiões, em distintos contextos. — As lutas do Profeta Santo Elias contra o paganismo é um exemplo.
A noção de que povos antigos eram menos capazes que os de então é um erro comum, infelizmente, da sociedade moderna: crer que os Homens mais antigos eram tolos, com base nas tolices dos Homens atuais.
Um exemplo ilustrativo: a arqueologia já descobriu que alguns desses povos tinham sistema de esgoto. Os sumérios, por exemplo, no ano 3750 a.C.., e, inclusive, o próprio Templo de Salomão (ca. 1000 a.C.). (http://revistadae.com.br/artigos/artigo_edicao_33_n_704.pdf)
É também sabido que os povos antigos já faziam tratamento dentário contra cárie ca. 3000 a.C., bem como dominavam a difícil lida da metalurgia (arte da forja).
OBS.: importante que se saiba: um povo néscio — como quer fazer crer o espiritismo que o eram os judeus —, não se sucede bem em metalurgia, por exemplo. A saber: o ouro 18 quilates é uma liga metálica formada por 75% de ouro puro, 13% de prata e 12% de cobre. Seu ponto de fusão é de 1.025ºC (amarelo) e 1.035ºC (branco). O bronze é formado por 67% de cobre e 33% de estanho. Seu ponto de fusão varia entre 900º C e 1000º C. Essa liga é formada pela mistura de 55% a 95% de cobre e de 45% a 5% de zinco. Outros metais como o alumínio, o chumbo e o estanho também podem ser adicionados, variando, assim, a quantidade de materiais e alterando as propriedades da composição. O ponto de fusão do latão fica entre 900ºc a 940ºc. Pergunto: sendo estultos, como esses hebreus conseguiram aprender essa arte, bem como produzir chamas com temperaturas tão altas (que não é qualquer fogueira que alcança) e, não apenas isso, mas controlá-las, haja vista que alguns graus acima ou abaixo de um ponto de fusão mudam toda a estrutura de uma liga metálica. E não apenas espadas e tachos eram feitos com tais precisas técnicas. O Templo de Salomão, uma das mais imponentes construções de então, fora feito e adornado com arquitetura e design de precisão; com forja de metais; com esculturas enormes em bronze, prata, ouro... Tudo feito por um povo que, segundo o espiritismo, não alcançava o discernimento entre ressurreição e reencarnação. Um impropério — esse sim, somente podendo advir de mente assaz limitada!
Refrise-se: é erro teológico grosseiro asseverar que é doutrina judaica a crença na reencarnação, bem como é denso equívoco acreditar que os judeus não tinham conhecimento profundo sobre a relação entre alma e corpo, haja vista que se trata do Povo Escolhido, e dentro dele o que não faltara foram excelentes e santíssimos Profetas, oráculos de Deus, com cujo Altíssimo muitos mantinham contato constantemente — o Profeta Samuel, por exemplo.
Assim, se não mencionaram reencarnação ou termo análogo em seus documentos, não é por que lhes faltava a capacidade cognitiva para tal compreensão, mas pura e simplesmente porquanto tal delírio jamais fez parte da Lei Mosaica e, por conseguinte, do que cria o judaísmo.
Ora! A cultura judaica sempre afirmou a crença na ressurreição dos mortos. E o Antigo Testamento corrobora incontestavelmente tal fato.
Quanto à parte do supracitado texto espírita, na qual, miseravelmente, afirma ter sido São João Batista a reencarnação de Elias, tal sandice revela-se substancial comprovação do pleno desprovimento de saber teologal, filosófico e histórico por parte dos criadores da doutrina do espiritismo.
Vejamos o que diz a Santa Escritura, acerca da matéria:
"Em seguida, os discípulos O interrogaram: 'por que dizem os escribas que Elias deve voltar primeiro?' Jesus respondeu-lhes: 'Elias, de fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas. Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram; antes, fizeram com ele quanto quiseram. Do mesmo modo farão sofrer o Filho do Homem.' Os discípulos compreenderam, então, que Ele lhes falava de João Batista." (Mt 17,10-13)
Quando Cristo diz: "Elias, de fato, deve voltar e restabelecer as coisas", faz menção ao marco do Fim dos Tempos. E quando afirma: "mas Eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram; antes, fizeram com ele quanto quiseram. Do mesmo modo farão sofrer o Filho do Homem", claramente faz menção a Santo Elias ter sido uma prefiguração de São João Batista, o qual, tal qual aquele, habitou o deserto, anunciou a vinda do Messias e foi duramente combatido por sua serviência ao Deus verdadeiro. — E o próprio Cristo assevera que esse mesmo São João Batista foi prefiguração Dele, o Filho do Homem, já que aquele fora martirizado, tal qual Jesus o seria, embora com mortes distintas —.
É o que assevera o Pe. Emmanuel André:
"Os fatos maravilhosos que descrevemos não são suposições aventurosas; são verdades tomadas na Santa Escritura e que seria pelo menos temerário negar.
Antes do fim dos tempos, e durante a perseguição do anticristo, aparecerão no meio dos Homens dois extraordinários personagens, chamados Henoc e Elias.
Quem são estes personagens? Em que condições farão sua entrada providencial no cenário do mundo? É o que vamos examinar à luz das Escrituras e da Tradição.
I
Henoc é um dos descendentes de Set, filho de Adão e raiz da raça dos filhos de Deus. Ele é o chefe da sexta geração, a partir do pai do gênero humano. Eis o que o Gênesis nos ensina a seu respeito: ‘e Jared viveu 162 anos e gerou Henoc… (...) Ora, Henoc viveu 65 anos e gerou Matusalém. E Henoc andou com Deus e, depois de ter gerado Matusalém, viveu 365 anos. E andou com Deus e desapareceu, porque Deus o levou.’ (Gn 5,18-25)
Deus o levou com a idade de 365 anos: quer dizer, nessa época de grande longevidade, na idade madura. Não morreu; desapareceu. Foi transportado vivo para um lugar conhecido apenas por Deus. Aí está o que sabemos de Henoc, patriarca da raça de Set, trisavô de Noé, ancestral do Salvador.
Quanto a Elias, sua história é melhor conhecida. Henoc, anterior ao Dilúvio, nasceu muitos milhares de anos antes de Jesus Cristo. Elias apareceu no reino de Israel, menos de mil anos antes do Salvador. É o grande profeta da nação judaica.
Sua vida não podia ter sido mais dramática (Rs 3; 4). Pode-se dizer que ela é uma profecia em ação do estado da Igreja, no tempo da perseguição do anticristo. Vivia errante, sempre ameaçado de morte, sempre protegido pela mão de Deus, que ora o esconde no deserto onde corvos o alimentam, ora o apresenta ao orgulhoso Acab, que treme diante dele. Dá-lhe as chaves do céu para desencadear a chuva ou os raios; sobre o monte Horeb favorece-o com uma visão cheia de Mistérios [uma prefiguração do narrado em Ap 11,3-6]. Em resumo, o faz crescer até o porte de Moisés, o Taumaturgo, de modo que com Moisés acompanhe Nosso Senhor sobre o Monte Tabor.
O desaparecimento de Elias corresponde a uma vida de [extraordinária] sublimidade. Caminhando com Eliseu, seu discípulo, abre para si uma passagem no Jordão, tocando as águas com sua capa [similar ao que fez Moisés, com o cajado, no Mar Morto]. Anuncia que vai ser arrebatado ao Céu. De repente, ‘enquanto caminhavam, conversavam entre si, eis que um carro de fogo e uns cavalos de fogo os separaram um do outro; e Elias subiu ao Céu no meio de um turbilhão. E Eliseu o via e clamava: Meu pai, meu pai, carro de Israel e seu condutor! E não o viu mais.’ (2Rs 2,11-12).
E foi assim que Elias, o amigo de Deus, o zelador de sua própria glória, foi arrebatado e transportado, também ele, para uma região misteriosa, onde encontrou seu ancestral, o grande Henoc.
Qual é essa região? Henoc e Elias estão vivos, isto é certo. Onde Deus os esconde? Será em alguma parte inacessível do mundo aqui embaixo? Será em alguma plaga [plaga=região] do firmamento? Ninguém pode dizer. Pode-se apenas afirmar que por enquanto eles estão fora das condições humanas; os séculos passam a seus pés sem atingi-los; permanecem na idade madura, sem dúvida; na idade em que foram arrebatados do meio dos Homens.
II
Sua reaparição no cenário do mundo não é menos certa do que seu desaparecimento.
Assim fala destes grandes personagens o autor inspirado do Eclesiastes, exprimindo toda a tradição judaica.
‘Henoc agradou a Deus e foi transportado ao Paraíso, para pregar a penitência às nações.’ (Ecle 44,15) [Uma prefiguração do texto registrado em Ap 11,3-6.]
‘Quem pode se gloriar como tu, ó, Elias? Tu foste arrebatado ao Céu num redemoinho de fogo, numa carroça tirada por cavalos ardentes; tu, de quem está escrito que, no tempo dos julgamentos, virás para abrandar a ira do Senhor, para reconciliar o coração dos pais com os filhos e para restabelecer as tribos de Jacó.’ (Ecle 44,47). [Novamente, uma prefiguração do que se lê em Ap 11,3-6.]
Estas palavras de um Livro Canônico nos esclarecem que Henoc e Elias têm uma missão futura a cumprir. Henoc deve pregar a penitência às nações, ou, se preferir em outra tradução, levar as nações à penitência. Elias deve, um dia, restabelecer as tribos de Israel; quer dizer devolver o lugar de honra a que elas têm direito na Igreja de Deus [conversão dos judeus].
A unanimidade dos Doutores compreende que esta dupla missão se realizará simultaneamente no fim do mundo. Elias, em particular, é considerado o precursor de Jesus Cristo, que vem do Céu como Juiz; este pensamento salta manifestamente dos Evangelhos (Mt 17; Mc 9).
Então, os Homens verão um dia, e não sem espanto, Henoc e Elias reaparecerem no meio deles e pregarem penitência com extraordinário brilho. São João os chama ‘as duas testemunhas de Deus’, e assim os descreve no seu Apocalipse (Ap 11,3-7).
‘Eles profetizarão durante 1.260 dias, revestidos de saco. São as duas oliveiras e os dois candelabros postos diante do Senhor da Terra. Se alguém lhes quiser fazer mal, sairá fogo de suas bocas, que devorará os seus inimigos; e se alguém os quiser ofender, é assim que deve morrer. Eles têm o poder de fechar o céu para que não chova durante o tempo que durar sua profecia; e têm poder sobre as águas, para as converter em sangue e de ferir a terra com todo o gênero de pragas, todas as vezes que quiserem.’ (Ap 11,3-6)
Quem não reconhece neste retrato o Elias do Antigo Testamento, fechando o céu durante três anos e fazendo descer fogo do céu sobre os soldados que vinham para levá-lo[?!]
Os 1.260 dias marcam o tempo da perseguição final, como já fizemos observar. Assim, o aparecimento das [duas] testemunhas de Deus coincidirá com a perseguição do anticristo.
É preciso reconhecer que o socorro trazido pela Igreja será proporcional ao tamanho do perigo.
As duas testemunhas de Deus, revestidas das insígnias da mais austera penitência, irão por toda parte, e por toda parte serão invulneráveis; uma nuvem, por assim dizer, os cobrirá e lançará fogo contra quem quer que ouse tocá-los. Terão em suas mãos todos os flagelos para desencadeá-los à vontade sobre toda a Terra. Pregarão com uma soberana liberdade, em presença do próprio anticristo.
Este tremerá de raiva; e haverá um duelo terrível entre o monstro e os dois missionários de Deus.” (Pe. Emmanuel André. Trecho da obra ‘O drama do Fim dos Tempos’)
Portanto, o já supracitado trecho da abjeta obra "O evangelho segundo o espiritismo" é nada mais que um emaranhado de equívocos teológicos, advindos de um incauto autor em matéria de Teologia, filosofia e história, mas que, soberbamente, optou por enveredar-se em escrever a respeito e continuar sua pérfida jornada de desvio de almas mundo afora, com ocultismo e falácias sobre reencarnação, inclusive por meio de profanação e deturpação da Palavra de Deus e Sua Santa Doutrina. — E se tinha ele conhecimento da verdade e das nefandas consequências de seus atos contrários a ela, então agira por pura malícia, o que é ainda pior. Mas a Palavra de Deus nos alerta, acerca desses falsos profetas, sofistas e malfazejos:
"'Irão levantar-se muitos falsos profetas e seduzirão a muitos.'" (Mt 24,11)
"'E se, então, alguém vos disser: eis! Aqui está o Cristo; ou: ei-Lo acolá, não creiais, porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão sinais e portentos para seduzir, se possível for, até os escolhidos. Ficai de sobreaviso. Eis que vos preveni de tudo.'" (Mc 13,21-23)
"Caríssimos, esta é a segunda carta que vos escrevo. Tanto numa como noutra, apelo às vossas recordações para despertar em vós uma sã compreensão, e para vos lembrar as predições dos Santos Profetas, bem como o mandamento de Nosso Senhor e Salvador, ensinado por Vossos Apóstolos. Sabei, antes de tudo, o seguinte: nos últimos tempos virão escarnecedores cheios de zombaria, que viverão segundo as suas próprias concupiscências. Eles dirão: 'onde está a promessa de Sua vinda? Desde que nossos pais morreram, tudo continua como desde o princípio do mundo.' Esquecem-se propositadamente que, desde o princípio, existiam os Céus, e igualmente uma terra que a Palavra de Deus fizera surgir do seio das águas, no meio da água, e, desse modo, o mundo de então perecia afogado na água. Mas os Céus e a Terra que agora existem são guardados pela mesma Palavra Divina e reservados para o fogo, no dia do Juízo e da perdição dos ímpios. Mas há uma coisa, caríssimos, de que não vos deveis esquecer: um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda o cumprimento de Sua promessa, como alguns pensam, mas usa da paciência para convosco. Não quer que alguém pereça; ao contrário, quer que todos se arrependam. Entretanto, virá o Dia do Senhor como ladrão [repentinamente]. Naquele dia, os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a Terra, com todas as obras que ela contém. Uma vez que todas essas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade enquanto esperais e apressais o Dia de Deus, esse Dia em que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos abrasados! Nós, porém, segundo Sua promessa, esperamos Novos Céus e uma Nova Terra [Morada Celestial dos eleitos], nos quais habitará a justiça. Portanto, caríssimos, esperando essas coisas, esforçai-vos em ser por Ele achados sem mácula e irrepreensíveis na paz. Reconhecei que a longa paciência de Nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nesses assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras. Vós, pois, caríssimos, advertidos de antemão, tomai cuidado para que não caiais da vossa firmeza, levados pelo erro desses Homens ímpios, mas crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele a glória, agora e eternamente." (2Pd 3)
"Vi, então, um novo céu e uma nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. Eu vi descer do Céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: 'eis aqui o Tabernáculo de Deus com os Homens. Habitará com eles e serão o Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.' Então, o que está assentado no trono disse: 'eis que Eu renovo todas as coisas.' Disse ainda: 'escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.' Novamente me disse: 'está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim. A quem tem sede Eu darei gratuitamente de beber da fonte da Água Viva. O vencedor herdará tudo isso; e Eu serei Seu Deus, e ele será Meu filho. Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos os mentirosos terão como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre; a segunda morte.'" (Ap 21,1-8)
† † †
Em 2Rs 2,15, por exemplo, está escrito que “O Espírito de Elias repousa em Eliseu”. Os espíritas interpretam como sendo referência à reencarnação ou alguma outra sandice que o valha. Contudo, como poderia isso ser um fato aqui, quando esses dois personagens estavam vivos simultaneamente, pois eram contemporâneos?
Ademais, o significado genuíno desse trecho é que, após o arrebatamento de Santo Elias, Eliseu passou a continuar o apostolado profético de seu mestre.
Analogia similar ocorre com São João Batista, o “Santo Elias” de seu tempo, o qual batizava e preparava o povo para o Ministério do Messias, que conhecera ainda no ventre de sua mãe, Santa Isabel, quando da visitação de Nossa Senhora à ela, Sua prima, estando a Virgem Puríssima gestante de Jesus, pela graça do Espírito Santo.
"Apareceu-lhe, então, um Anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do perfume. Vendo-o, Zacarias ficou perturbado, e o temor assaltou-o. Mas o Anjo disse-lhe: ‘não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, vai dar-te um filho, e tu o chamarás João. Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com o seu nascimento; porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem licor, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo; ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá adiante de Deus com o espírito e poder de Elias, para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto.’" (Lc 1,11-17)
Interessante saber que fariseus dirigiram-se a São João Batista, indagando-lhe quem era e acerca de sua autoridade para batizar e pregar a Palavra de Deus ao povo. Eis sua resposta:
"Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém Sacerdotes e levitas para perguntar-lhe: 'quem és tu?' Ele fez esta declaração, que confirmou sem hesitar: 'eu não sou o Cristo.' — 'Pois, então, quem és?' —, perguntaram-lhe eles. 'És tu Elias?' Disse ele: 'não o sou.' 'És tu o profeta?' Ele respondeu: 'não.' Perguntaram-lhe de novo: 'dize-nos, afinal, quem és, para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?' Ele respondeu: 'eu sou a voz que clama no deserto: endireitai o caminho do Senhor, como o disse o profeta Isaías.' (Is 40,3) Alguns dos emissários eram fariseus. Continuaram a perguntar-lhe: 'como, pois, batizas, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?' João respondeu: ''eu batizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis. Esse é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado.'" (Jo 1,19-27)
A respeito do tema escrevera Santo Agostinho:
"Porque afirma ele, então: 'eu não sou Elias', quando o Senhor diz aos Seus discípulos que ele é Elias? Nosso Senhor queria falar simbolicamente da sua vinda gloriosa que havia de acontecer e dizer que João viera no espírito [mesma intenção/mesma missão] de Elias. O que João foi para a primeira vinda [plenitude dos tempos/primeira vinda de Cristo], Elias será para a segunda [Parusia/segunda vinda de Cristo, no Fim dos Tempos/Juízo Final]." (Santo Agostinho. livro "Sermões sobre o Evangelho de São João".)
E, ainda, Santo Irineu de Lyon:
“Henoc agradou a Deus mesmo sem circuncisão e, sendo Homem, foi embaixador junto aos Anjos: foi levado e permanece, até hoje, testemunha do Justo Juízo de Deus, pelo fato de que os Anjos transgressores caíram no Juízo e o Homem que tinha agradado a Deus foi levado à salvação. (...) Henoc, que agradou a Deus, foi transferido naquele mesmo corpo com que agradou a Deus, prefigurando a transladação dos justos (1Pd 3,19); e Elias foi levado, assim como se encontrava, na substância de sua carne, prenunciando profeticamente a assunção dos Homens espirituais; o seu corpo não impediu em nada a sua transladação e assunção por Aquelas Mãos que, no princípio, os plasmou; foram assuntos e transferidos. As mãos de Deus estavam acostumadas com Adão a unir, sustentar e levar a obra plasmada por Elas, a transportá-la e situá-la onde queriam. Onde foi posto o primeiro Homem? No paraíso, sem dúvida, como diz a Escritura (…) E foi de lá que foi expulso para este mundo, por ter desobedecido. E os presbíteros, discípulos dos Apóstolos, dizem que foi para lá que foram levados os que foram transferidos.” (Contra as Heresias 5,5,1).
Espíritas, relembro-vos: atentem-se para o que diz a Palavra de Deus, pela boca do próprio Deus Filho, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Nosso Senhor Jesus Cristo, em uma de suas pregações, na parábola de Lázaro e o homem rico, acerca do pós-morte: "além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que os que querem passar daqui para vós não o podem, nem os daí passar para nós."
Isso anula totalmente a hipótese da reencarnação, bem como do contato com os mortos — porquanto, quando isso ocorre, não são os defuntos chamados que se manifestam, mas demônios, os quais, com astúcia, fazem prodígios, a fim de enganar e manter em erro os que se submetem à tal insanidade que é a invocação de espíritos.
Portanto, passe, imposição de mãos, psicografia e todo tipo de ocultismo é satânico e deve ser totalmente rechaçado pela alma que almeja a Salvação Eterna (para onde foi Lazaro) e não a danação e privação perenes (para onde fora o rico).
† † †
A Bíblia é, dos livros que há no mundo, o mais complexo e difícil de se compreender, porque Nela há, para além de um enorme mosaico de culturas distintas, matérias de cunho místico, com sentidos múltiplos, símbolos, linguagens metafóricas e tantos mais pormenores, o que, para um leitor despreparado, são barreiras quase intransponíveis para se alcançar o genuíno entendimento do conteúdo que se lê. Daí um seminarista estudar cerca de 10 anos antes de tornar-se Sacerdote e poder arrogar-se o predicado de especialista, apto a interpretar as Sagradas Escrituras escorreitamente. — E relembre-se: apenas o Magistério Ordinário e Extraordinário Infalíveis da Santa Igreja têm o direito, instituído pelo próprio Cristo, de apontar o certo entendimento do que há no Santo Livro. (Mt 16,13-19; 2Pd 1,20)
Por isso é lamentável que grupos e seitas — inimigos do Deus Verdadeiro —, muitos deles sovados de ocultismo satânico, se dêem à procacidade de vomitarem aos quatro ventos as maiores blasfêmias e heresias, sob os escombros de suas miseráveis obras, jactando-se de uma capacidade (que lhes é inexistente) de pleno entendimento dos Escritos Sagrados, bem como de uma (suposta) divina autoridade e incumbência de não somente interpretar a Bíblia, senão, também, de completá-La.
São, ao contrário, destituídos de toda e qualquer autoridade apostólica; e não se configuram senão como inimigos do Deus Trino, oriundos do pai de Judas traidor, caudatários da revolta protestante, do sorrateiro terrorismo maçônico, das revoluções francesa e comunista: declarados oponentes da Santa Igreja, e que a tudo concorrem para Sua impossível destruição.
Rememorize-se: na já supramencionada citação do péssimo livro "O evangelho segundo o espiritismo", lê-se absurdidades sobre reencarnação ser parte integrante da doutrina judaica, insanidade que creio estar já rechaçada pelas exposições aqui apresentadas em resposta, com argumentos e comprovações alicerçadas na Sã Doutrina e na Santa Tradição.
De todo modo, atente-se para um exemplo bíblico da utilização do termo "renascer" e o abismo de distinção entre ele e a palavra "reencarnação", usada pelos espíritas:
"Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: 'Rabi, sabemos que és um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes se Deus não estiver com ele.' Jesus replicou-lhe: 'em verdade, em verdade te digo: quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus.' Nicodemos perguntou-lhe: 'como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?' Respondeu Jesus: 'em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é espírito. Não te maravilhes de que eu te tenha dito: necessário vos é nascer de novo. O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito.' Replicou Nicodemos: 'como se pode fazer isso?' Disse Jesus: 'És doutor em Israel e ignoras estas coisas?!' Em verdade, em verdade te digo: dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas não recebeis o Nosso testemunho. Se vos tenho falado das coisas terrenas e não me credes, como crereis se vos falar das celestiais? Ninguém subiu ao Céu senão aquele que desceu do Céu, o Filho do Homem que está no Céu. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna.' Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a Vida Eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-Lo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem Nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do Filho único de Deus. Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os Homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más. Porquanto, todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas aquele que pratica a verdade vem para a luz. Torna-se, assim, claro que as suas obras são feitas em Deus. Em seguida, foi Jesus com os Seus discípulos para os campos da Judeia, e ali Se deteve com eles, e batizava." (Jo 3,1-22)
Agora, a correta interpretação, advinda das penas de Doutores da Igreja, Santos, Teólogos e grandes exegetas, acerca da supracitada passagem bíblica, para fins de comparação com os devaneios teológicos do espiritismo, quanto ao tema "renascimento":
“Santo Agostinho: disse mais acima o evangelista (Jo 2,23) que, quando o Salvador achava-se em Jerusalém, muitos creram no Seu nome ao ver os milagres e prodígios que obrava. Entre estes, contava-se Nicodemos, de quem está dito: havia um homem da seita dos fariseus, chamado Nicodemos.
São Beda: São João nos dá a conhecer a posição que ele ocupava na comunidade judaica: um dos principais entre os judeus; em seguida, relata o que ele fez: este foi ter com Jesus, de noite. Com efeito, Nicodemos foi ter com Jesus porque tencionava conhecer mais a fundo os Mistérios da Fé, cujos princípios já advertira por ocasião dos milagres públicos do Salvador.
São João Crisóstomo: com efeito, hesitante à conta da típica fraqueza dos judeus, foi ter com Jesus ao abrigo da noite, temendo fazê-lo durante o dia. Por isso diz o evangelista, noutra parte, que muitos dos principais creram no Salvador, sem, contudo, dizê-lo abertamente, temerosos que estavam de serem arrancados à sinagoga.
Santo Agostinho: Nicodemos contava entre o número daqueles que, crendo, ainda não haviam renascido; por esta razão foi ter com Jesus, à noite. Os que renasceram da água e do Espírito Santo, esses ouvem aquelas palavras do Apóstolo: outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor (Ef 5,8).
Haymon: e mui oportunamente está dito que Nicodemos procurou Jesus à noite, porque ainda jazia nas trevas da ignorância; carecia, ainda, daquela luz necessária para crer no Deus verdadeiro. Nas Sagradas Escrituras, a palavra ‘noite’ é, muitas vezes, empregada com o sentido de ‘ignorância’. Por isso, acresce: e disse-lhe: ‘Mestre, sabemos que foste enviado por Deus como Mestre’. Em hebraico, a palavra ‘Rabi’ significa ‘Mestre’. A Jesus, chama-lhe ‘Mestre’, mas não Deus, porque cuidava ter Nosso Senhor sido enviado por Deus, sem contudo crer na Sua divindade.
Santo Agostinho: que motivo encontrou para crer? Este: porque ninguém pode fazer estes milagres que Tu fazes, se Deus não estiver com ele. Estava Nicodemos entre os numerosos judeus que criam no Nome de Jesus à força dos milagres que Ele operava.
São João Crisóstomo: apesar dos milagres que operava, não tinha Nicodemos ao Salvador em grande conta, senão que, cuidando ser um simples homem, dizia Dele como de um Profeta enviado a cumprir certa missão, e que dependia da ajuda externa para cumpri-la. Todavia, verdade é que Seu Pai, ao engendrá-Lo, havia Lhe comunicado toda a perfeição, e bastava a Si mesmo, isento que era de toda imperfeição. E como Nosso Senhor, durante certo espaço de tempo, calculadamente ocultava a própria divindade, tencionando, antes, manifestar que nada obrava ao revés da vontade do Pai, a linguagem que empregava caracterizava-se, sobremaneira, pela humildade, pondo nas Suas ações, aí sim, todo o Seu poder soberano. Eis a razão por que a Nicodemos não lhe revela nada de sublime a respeito de Si mesmo. Nosso Senhor, porém, emenda-lhe a opinião parva que tinha de Si, dando-lhe a conhecer que não necessitava de socorro externo para operar aqueles milagres: Jesus respondeu-lhe: ‘em verdade, em verdade te digo que não pode ver o Reino de Deus, senão aquele que nascer de novo’.
Santo Agostinho: e nestes Jesus se fia: nos que, renascidos, o não procuram à noite, como fez Nicodemos. Diz-lhe Nosso Senhor: não pode ver o Reino de Deus, senão aquele que nascer de novo.
São João Crisóstomo: como a dizer: ‘visto como não nasceste de novo (de Deus, por modo de uma geração espiritual), o conhecimento que hás de Mim não é espiritual, senão animal e humano. Digo-te, pois: aquele que não renascer de Deus não terá vista da glória que Me cerca, senão que será fora do Reino. Na geração que procede do Batismo fica a alma espargida de luz’. Ou ainda: ‘aquele que não nascer do alto e não acolher a verdade de Minha Doutrina, esse extravia-se, perdido que está larga distância do Reino dos Céus’. Diz, aqui, Nosso Senhor, de Si mesmo, pois que tencionava dar a saber que Sua aparência não era tudo, senão que era preciso certa conversão da vista. Este ‘do alto’ alguns entendem-no como ‘do Céu’; outros, ‘desde o princípio’. Tivessem os judeus o escutado, retirar-se-iam a escarnecer de Nosso Senhor, mas Nicodemos permanece a indagá-Lo, deixando nisto transparecer o amor que um verdadeiro discípulo nutre por seu mestre.
São João Crisóstomo: tanto que Nicodemos veio ter com Jesus, não discernia-lhe senão a humanidade; logo, porém, que entrou a ouvir de Nosso Senhor aquelas verdades que se sobrelevam à inteligência humana, esforçava-se para subir à altura daqueles alteados ensinamentos, ainda embora apartado da Fé, por onde propõe-lhe aquela objeção, a ver se Jesus explicava-Se mais claramente. O renascer e o Reino dos Céus, duas noções inauditas e desconhecidas dos judeus, porém, puseram-no abismado. Nicodemos apega-se à primeira dessas dificuldades, a que de fato o mais espantava: Nicodemos disse-lhe: ‘como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e renascer?’
São Beda: fala como se cumprisse ao Homem tornar ao ventre materno para daí renascer. É de notar, contudo, que Nicodemos, entrado na velhice que era, tomava-se a si próprio de exemplo, como a dizer: ‘estou velho e almejo a salvação minha, mas como eu poderia volver ao ventre de minha mãe para renascer?’
São João Crisóstomo: chamas-lhe Mestre e reconheces que vem de Deus; o que ele te ensina, porém, recusas-te a acolher, e te pões a perguntar, causando confusão. Com efeito, o buscar a razão das coisas é próprio daqueles cuja fé é ainda fraca; e muitos foram os buscadores que se apartaram da fé ao indagarem: ‘como pôde Deus encarnar e, mais ainda, permanecer o mesmo?’ Observa, pois, quão ridículo [é] o Homem que se fia da própria razão para lidar com as coisas do espírito.
Santo Agostinho: embora o espírito lhe falasse, compreendia segundo a carne. Com efeito, quanto ao nascimento, não conhecia senão aquele que procede de Adão e Eva; desconhecia, entretanto, o de Deus e da Igreja. Tu, porém, deves entender o nascimento no espírito como entendia Nicodemos o carnal, porquanto assim como não podes tornar ao útero materno, assim não podes receber o Batismo mais de uma vez.
São João Crisóstomo: percebendo que Nicodemos não haveria de elevar o entendimento para além da noção de geração carnal, explica-lhe Nosso Senhor o modo de nascimento espiritual: em verdade, em verdade te digo que quem não renascer da água e do Espírito Santo não pode entrar no Reino de Deus.
Santo Agostinho: como se dissesse: ‘cuidas que me refiro à geração carnal, mas importa ao Homem nascer da água e do Espírito para o Reino de Deus’. Assim como o Homem é gerado na carne e nasce no tempo das entranhas de sua mãe a herdar a herança de seu pai, assim há de nascer das entranhas da Igreja para a Herança Eterna de Deus Pai. Com efeito, porque consta o Homem de duas substâncias, a saber, corpo e alma, de dúplice maneira é ele gerado: por um lado, da água, que é visível e lhe purifica o corpo; por outro, do Espírito que, invisível, escoima-lhe a alma.
São João Crisóstomo: se, porém, alguém perguntar como há de o Homem nascer da água, replico: como nasceu Adão da terra? No princípio, o elemento terra foi tomado como substância do Homem, que foi plasmado pela virtude do Criador; do mesmo modo, aqui, a substância é a água, mas o novo nascimento é obra do Espírito da Graça. Então, Deus entregou ao Homem o Paraíso Terrestre, para que ali vivesse; a nós, agora, abre-nos o Céu. Mas por que a água se faz necessária para que se receba o Espírito Santo? É que a água simboliza as operações divinas, a saber, o sepultamento, a mortificação, a ressurreição e a vida. Com efeito, quando submergimos a cabeça na água, como em sepulcro, o Homem velho é sepultado e, submerso, oculta-se; logo, dali, emerge o Homem novo. Que isto sirva para te ensinar que o poder do Pai, do Filho e do Espírito Santo preenche todas as coisas e que Jesus Cristo esperou três dias para ressuscitar.
São João Crisóstomo: O útero está para o feto como a água para o fiel, porque nesta ele toma forma e figura. O desenvolver no útero requer certo espaço de tempo; na água, porém, tudo sucede de um só golpe. Com efeito, os corpos, de seu natural, alcançam a perfeição própria progressivamente. Não assim, porém, as naturezas espirituais, perfeitas desde o nascimento. Desde o dia em que Nosso Senhor emergiu do Jordão, a água passou a produzir, para além dos répteis de almas viventes, almas espirituais e racionais.
Santo Agostinho: é para notar que não disse Nosso Senhor: ‘quem não renascer da água e do Espírito não haverá vista da salvação’, senão: não entrará no Reino de Deus. Há quem daí conclua que, em verdade, devem as crianças receber o Batismo para estarem com Cristo no Reino de Deus, cujo acesso acha-se vedado aos não-batizados; quer dizer, no caso de morrerem sem Batismo, não haveriam de ser lá recebidos, e, todavia, neste caso, não deixariam de alcançar a salvação e a Vida Eterna, porque não são escravos de nenhum pecado [são destinadas ao Limbo dos Infantes]. Mas por que haveria de um Homem nascer de novo a não ser para renovar o que está caduco? Ou ainda: que obstáculo viria a impedir a própria imagem de Deus de entrar no Reino, senão o próprio pecado?
Haymon: não podendo Nicodemos compreender tão remontados Mistérios, explica-os Nosso Senhor, a modo de analogia com o nascimento carnal, dizendo-lhe: o que nasceu da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito, isto é, assim como a carne procria carne, assim o Espírito engendra o espírito.
São João Crisóstomo: não busques, portanto, o que é dos sentidos, nem cuide que o espírito possa gerar a carne: a carne de Nosso Senhor procede não apenas do Espírito, mas também da carne. Todavia, o que nasceu do Espírito é espiritual; e não se trata aqui do nascimento segundo a substância, senão segundo a honra e a graça. Se tal foi o nascimento do Filho de Deus, em que haverá de se avantajar sobre os demais que nasceram do mesmo tipo de nascimento? Talvez fosse inferior ao Espírito, que o gerou. No que diferem estas ideias das doutrinas dos judeus? É de notar a dignidade do mesmo Espírito Santo, que parece cumprir as obras de Deus. Com efeito, mais acima disse o evangelista que os filhos de Deus nasceram de Deus (Jo 1,13), aqui, porém, vai dito que é o Espírito Santo quem os engendra. Nosso Senhor percebe que estas palavras — ‘o que nasceu do Espírito é espírito’ — conturba novamente a alma de Nicodemos, e, tencionando se fazer entender, toma novo exemplo às coisas sensíveis: não te maravilhes de Eu te dizer: é preciso que vós nasçais de novo. Nisto fica manifesta a perturbação que ia no espírito de Nicodemos. O objeto da comparação não pertence precisamente ao grosseiro dos corpos; também não foi tomado à natureza incorpórea; o termo de comparação é o vento: o vento sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde ele vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que nasceu do Espírito. Eis a explicação destas palavras: nada pode deter o vento; ele se move para onde quer; com mais força ainda, a ação do Espírito não pode ser entravada, nem pelas leis da natureza, nem pelos limites impostos ao nascimento na carne, nem por obstáculos semelhantes. Que se trata do vento, fica claro pelas palavras que se seguem: e tu ouves a sua voz, ou seja, o seu ruído. Com efeito, Nosso Salvador não falaria nestes termos a um infiel, que desconhecesse a ação do Espírito Santo. E o diz, isto é, que o vento sopra onde quer, não porque o vento possa se autodeterminar, mas porque segue o impulso que recebeu da natureza, e porque sua força não é entravada por nenhum obstáculo: mas não sabes donde ele vem, nem para onde vai, isto é, se tu não logras sequer conhecer o caminho do vento, mesmo tendo-lhe ouvido o ruído e sentido-lhe o toque, como haverias de penetrar nas operações do Espírito de Deus? Acresce Nosso Senhor: assim é todo aquele que nasceu do Espírito.
Santo Agostinho: quem, dentre nós, não dá fé do Austro (vendo do Sul) a se deslocar desde o meio-dia até o Aquilão (vento do Norte), ou outra corrente de vento a se deslocar do Oriente para o Ocidente? Como, então, desconhecemos de onde vem e para onde vai?
São Beda: é, pois, o Espírito Santo que sopra onde quer, porque é ele que concebe visitar os corações, iluminando-os com sua graça. E ouves a sua voz quando alguém, tomado no todo de sua pessoa pelo mesmo Espírito, fala na sua presença.
Santo Agostinho: quando ouves os Salmos, o Evangelho, a Palavra Divina, tudo aí é a voz do Espírito. Nosso Senhor se exprime desta sorte, pois que o Espírito Santo anima invisivelmente tanto a Palavra quanto o Sacramento, para que tenhamos novo nascimento.
Alcuíno: portanto, não sabes de onde vem e para onde vai, pois que no momento mesmo em que o Espírito Santo desce sobre a alma de um de teus irmãos, na tua presença, não podes conhecer como entrou, nem como saiu, porque é invisível de seu natural.
Haymon: ou ainda, não sabes de onde vem, porque desconheces o modo pelo qual leva os Homens à Fé; nem para onde vai, porquanto ignoras como Ele os conduz à esperança: assim é todo aquele que nasceu do Espírito, isto é: como é o Espírito Santo por natureza invisível, assim aquele que nasce do Espírito nasce igualmente por modo invisível.
Santo Agostinho: e, igualmente: quando tu mesmo nasceres do Espírito Santo, tornar-te-ás enigma para aqueles que ainda não tomaram parte nesse nascimento. De onde vens e para onde vais, isto não poderão sabê-lo. Por essa razão, ajunta nosso Salvador: assim é todo aquele que nasceu do Espírito.
Teofilacto: e isto refuta por completo Macedônio, impugnante do Espírito. Com efeito, ele asseverou de que o Espírito Santo era servo; porém, como se vê, ele opera de Seu próprio poder, onde e como quer.
Haymon: não pode Nicodemos compreender os Mistérios da Majestade Divina, que ouvia da boca do mesmo Senhor; sem, contudo, negá-Los ou acusá-Lo, pede-Lhe razões, porque queria se instruir: Nicodemos disse-lhe: ‘como se pode isto fazer?’
São João Crisóstomo: como ainda achava-se preso à vileza judaica, apesar da comparação esclarecedora de Nosso Senhor, continua a inquiri-Lo, pelo que lhe responde severamente: Jesus respondeu: ‘tu és mestre em Israel, e não sabes destas coisas?’
Santo Agostinho: que devemos pensar disto? acaso estava Nosso Senhor a insultar esse mestre dos judeus? Não. A rigor, tencionava que ele nascesse do Espírito. Ora, ninguém o faz sem humildade; com efeito, ela é a mesma causa desse nascer. Nicodemos, porém, envaidecia-se da posição que ocupava, crendo-se homem de vulto, porque era doutor entre os judeus. Nosso Senhor, então, reprime-lhe o orgulho, para que alcançasse o nascer do Espírito.
São João Crisóstomo: de fato, Nosso Senhor não o acusa de malicioso, senão que lhe reprocha a ignorância e a estupidez. Indagarão alguns: ‘que há de semelhante entre esse renascer a que alude Jesus Cristo e as crenças dos judeus?’ Isto: a formação do primeiro homem e a da mulher, a partir da costela de Adão, as mulheres estéreis a tornarem-se mães, os milagres operados por meio da água, Eliseu a sacar o ferro do rio, os judeus atravessando o Mar Vermelho a pé enxuto, Namã, o sírio, purificado nas águas do Jordão... Todos estes episódios simbolizam este nascer do Espírito e o purificar da alma. Assim também os oráculos proféticos dão testemunho, bem que tacitamente, do modo como se cumpre esse nascimento, por exemplo, quando falam deste teor: renova-se, como a da águia, a tua juventude (Sl 103,5); e: bem-aventurado aquele cuja iniquidade foi perdoada (Sl 32,1). Com efeito, este nascimento, figurou-o o mesmo Isaac. Recordando a Nicodemos, portanto, todas estas coisas, dirige-lhe Nosso Senhor o discurso nestes termos: tu és mestre em Israel, e não sabes destas coisas? E dando nova prova de tudo quanto dissera, e de boa mente condescendendo com a fraqueza dele, torna: em verdade, em verdade te digo que Nós dizemos o que sabemos, e damos testemunho do que vimos, mas vós não recebeis o Nosso testemunho. Ora, consideramos a visão o mais confiável dos cinco sentidos e, quando desejamos convencer alguém da existência de algo, dizemos que vimo-lo com os próprios olhos. Por isso, Nosso Senhor, falando-lhe numa linguagem humana, não assevera que viu com os olhos da carne. Com efeito, está claro que o Salvador refere-se aqui a um conhecimento certíssimo, para além de toda dúvida. Quando, pois, diz ‘sabemos’, a rigor está a falar apenas de si próprio.
Haymon: por que empregou o plural quando disse ‘Nós sabemos’? Porque falava o Filho Unigênito de Deus, a mostrar que o Pai está no Filho, e este no Pai, e que o Espírito Santo procede, indivisível, dos Dois.
Alcuíno: emprega o plural como a dizer: ‘Eu e quantos renasceram do Espírito sabemos do que falamos, e o que contemplamos em segredo a respeito do Pai, disto damos testemunho para o mundo; vós, contudo, que sois carnais e soberbos, não recebeis Nosso testemunho.’
Teofilacto: nisto não se dirigia a Nicodemos, mas aos judeus em geral, que se demoraram na perfídia até o fim.
São João Crisóstomo: e assim discursa, não porque estivesse turbado, senão para lhe mostrar mansidão. Com isto, nos ensina que quando estivermos a falar com outrem, sem, contudo, lograrmos convencê-lo, não nos devemos entristecer, nem incomodar, senão buscar uma credibilidade, acrescentada, então, com serenidade no espírito e brandura no falar. Não poucas vezes, Jesus, a ponto de revelar verdades sublimes, parece se retrair à conta da fraqueza de seus ouvintes; de fato, não se eleva apressadamente às verdades dignas de Sua grandeza, mas se põe a falar de coisas mais adequadas à disposição dos espíritos: se, quando vos falo das coisas terrenas, não me acreditais, como me acreditareis se vos falar das celestes?
Santo Agostinho: isto é: ‘se não credes que tenho o poder de alevantar o templo que derribastes, como havereis de crer que está em Meu poder o regenerar os Homens por meio do Espírito Santo?’
São João Crisóstomo: ou: não te admires de que Nosso Senhor tenha o Batismo em conta de coisa terrena; de fato o é porque, sendo ministrado na Terra e comparado àquele maravilhoso nascer do Filho, a partir da substância do Pai, o nascimento espiritual pela graça é, de fato, coisa terrestre. É de razão, pois, que Nosso Senhor não tenha dito: ‘não compreendeis’, mas: não me acreditais, pois, quando um Homem não logra apreender certas verdades, é havido por louco ou ignorante; quando, porém, é o caso que renega de assentir à verdade, não se trata mais de loucura, senão de incredulidade culpável. Essas verdades, revelava-as Nosso Senhor quando ainda as não acreditavam, porquanto haveriam de sê-lo posteriormente." (Santo Tomás de Aquino. Catena Aurea - Evangelho de São João - Capítulo 3 - Lectio I: V. 1-3; Lectio II: V. 4-8; Lectio III: V. 9-12. Editora Ecclesia. 1ª edição. CEDET. Campinas-SP. 2021. Págs. 119-125.)
Primeiro, é importante mencionar a pergunta de Nicodemos: 'como pode um Homem renascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?'
Nicodemos não era um incauto, mas um Doutor da Lei; e não apenas, senão um dos mais respeitados de toda a Judeia. Portanto, engana-se quem atribui a essa sua fala um cunho de inocência, inépcia ou ambos. Longe disso, esse fariseu, de modo indulgente — evidente peculiaridade do grupo ao qual pertencia —, ironizou perante um Mistério da Fé, a respeito do qual falara-lhe Jesus.
Em resposta ao seu orgulho sobejo, Cristo, sabiamente, o expõem às suas próprias misérias e pequenez, ao redarguir-lhe: 'es doutor em Israel e ignoras estas coisas?!' E, então, explica-lhe o Mestre acerca do que é "renascer de novo"; "renascer no Espírito"; "renascer do alto"...
Os espíritas agem similarmente a Nicodemos, na medida em que pouco sabem de Teologia e, ainda que em tal desvantagem, não a reconhecem — ou a ignoram por malícia —, ensoberbecem-se e arrogam para si o direito e a autoridade de proclamarem-se a chave que decodifica a Palavra de Deus. E deturpam-Na, com asserções absurdas e ignomínias, como a proliferação da falsíssima ideia de que a reencarnação fazia parte da doutrina judaica; que é é citada na Bíblia com outra nomenclatura, etc. — Equívocos que têm custado a condenação eterna de incontáveis almas que cometem a infelicidade de seguir a esses pseudooráculos da verdade.
† † †
Pela própria passagem bíblica supramencionada, bem como pelas também citadas glosas dos Doutores da Igreja e seus pares, observa-se que, de fato, Nicodemos, um dos maiores especialista da Lei Mosaica de então, demonstrou desnorteamento perante a ideia de "renascer de novo", ratificando o desconhecimento da cultura judaica a respeito de tal conjuntura.
Jesus lhe explana com mais minúcia que o "nascer novamente" diz respeito à conversão, morte à vida de pecado e introdução a uma nova existência, a partir do Batismo na água e no Espírito Santo, tornando o batizado filho adotivo do Deus Trino e apto a adentrar à Jerusalém Celeste, caso morra em estado de graça (sem pecado mortal). — Tal fato é tão evidente que a Bíblia narra Cristo saindo desse contato com Nicodemos e dirigindo-se a algumas pessoas, a fim de batizá-las, denotando o caráter de Batismo do contexto em voga: "em seguida, foi Jesus com os Seus discípulos para os campos da Judeia, e ali Se deteve com eles, e batizava. Também João batizava em Enon, perto de Salim, porque havia ali muita água, e muitos vinham e eram batizados." (Jo 3,22-23)
Em nenhum momento afirma Cristo que o Homem deve morrer e nascer em outro corpo (e com a mesma alma), e de novo, e de novo, e de novo... porquanto, errante, jamais deixará de pecar; e, pecando, terá de voltar a reencarnar, para purificar-se, mas macular-se-á em algum momento, e terá de regressar novamente, e novamente, e novamente... Eis a aberração teológica que Ele rechaça e na qual quer o espiritismo nos fazer crer — e atribuir tal loucura à crença dos veterojudeus. Insano.
Como crer que a Santíssima Virgem Maria e Seu castíssimo esposo, São José, acreditavam em tal estapafúrdia teologia? E quanto a São João Batista, a quem o próprio Messias predicou como o maior entre os nascidos de mulher (obviamente, excetuando-se Sua Mãe Imaculada)? Como conceber a ideia de que esse enorme Santo cria na reencarnação? E o grande Profeta, Santo Elias? E Isaías? Gente de santidade incomensurável e agraciadíssimos pelos dons do Espírito Santo. — Se cressem no que acreditam os espíritas, isso estaria em seus escritos e nos de seus convivas, no Antigo Testamento e no Novo Testamento. Contudo, repito: nada há. E não porque os judeus não tivessem capacidade de compreender o que significa reencarnar, mas sim por não aderirem a uma hipótese impossível.
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Um último ponto, acerca do já supraregistrado trecho do pernicioso "O evangelho segundo o espiritismo": lê-se, acerca dos judeus: "tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo."
Quem afirma tal sandice, com certeza, desconhece as Sagradas Escrituras ou o faz com malevolência, pois tal assertiva beira o escárnio à capacidade intelectual e mística dos judeus, o que é um miserável absurdo.
Subscreveu esse referido e maledicente livro Hippolyte Léon Denizard Rivail, que se quis apodar Allan Kardec. E, ao subjugar levianamente o alcance teológico dos judeus dessa maneira, evidencia-se o desconhecimento seu acerca de tudo o que fizeram Noé, Moisés, Salomão (o mais sábio entre todos os Homens, segundo o próprio Criador), Santo Elias, Samuel, Davi, Josué, Jeremias, Jó, Tobit, Judas Macabeus...
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De posse da verdade, que versa acerca da Ressurreição dos Mortos, no Último Dia, e faz cair por terra a falsa e modernista hipótese da reencarnação, contemplemos outra determinante passagem bíblica, a qual corrobora a Sã Doutrina do único e genuíno Deus:
"Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta. Maria era quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e lhe enxugara os pés com os seus cabelos. E Lázaro, que estava enfermo, era seu irmão. Suas irmãs mandaram, pois, dizer a Jesus: 'Senhor, aquele que tu amas está enfermo.' A essas palavras, disse-lhes Jesus: 'esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus.' Ora, Jesus amava Marta, Maria, sua irmã, e Lázaro. Mas, embora tivesse ouvido que ele estava enfermo, demorou-se ainda dois dias no mesmo lugar. Depois, disse a Seus discípulos: 'voltemos para a Judeia.' 'Mestre' — responderam eles —, 'há pouco os judeus te queriam apedrejar, e voltas para lá?' Jesus respondeu: 'não são doze as horas do dia? Quem caminha de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a luz'. Depois dessas palavras, ele acrescentou: 'Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo.' Disseram-lhe os Seus discípulos: 'Senhor, se ele dorme, há de sarar'. Jesus, entretanto, falara da sua morte, mas eles pensavam que falasse do sono como tal. Então, Jesus lhes declarou abertamente: 'Lázaro morreu. Alegro-me por vossa causa, por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos a ele.' A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos Seus condiscípulos: 'vamos também nós, para morrermos com ele'. À chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no sepulcro. Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. Muitos judeus tinham vindo à Marta e à Maria para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão. Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada, em casa. Marta disse a Jesus: 'Senhor, se tivesses estado aqui meu irmão não teria morrido! Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus Te concederá.' Disse-lhe Jesus: 'teu irmão ressurgirá.' Respondeu-lhe Marta: 'sei que há de ressurgir na Ressurreição, no Último Dia [Juízo Final / Fim dos Tempos / Parusia / Segunda vinda de Cristo]. Disse-lhe Jesus: 'Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim jamais morrerá. Crês nisso?' Respondeu ela: 'sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus; Aquele que devia vir ao mundo.' A essas palavras, ela foi chamar sua irmã Maria, dizendo-lhe baixinho: 'o Mestre está aí e te chama.' Apenas ela o ouviu, levantou-se imediatamente e foi ao encontro Dele. (Pois Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta o tinha encontrado.) Os judeus que estavam com ela, em casa, em visita de pêsames, ao verem Maria levantar-se depressa e sair, seguiram-na, crendo que ela ia ao sepulcro para ali chorar. Quando, porém, Maria chegou onde Jesus estava e o viu, lançou-se aos Seus pés e disse-lhe: 'Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!' Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E, sob o impulso de profunda emoção, perguntou: 'onde o pusestes?' Responderam-lhe: 'Senhor, vinde ver.' Jesus pôs-se a chorar. Observaram por isso os judeus: 'vede como ele o amava!' Mas alguns deles disseram: 'não podia ele, que abriu os olhos do cego de nascença, fazer com que este não morresse? Tomado, novamente, de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra. Jesus ordenou: 'tirai a pedra.' Disse-lhe Marta, irmã do morto: 'Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí.' Respondeu-lhe Jesus: 'não te disse Eu: se creres, verás a glória de Deus?' Tiraram, pois, a pedra. Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: 'Pai, rendo-te graças, porque Me ouviste. Eu bem sei que sempre Me ouves, mas falo assim por causa do povo que está em [volta de Mim], para que creiam que tu me enviaste.' Depois dessas palavras, exclamou em alta voz: 'Lázaro, vem para fora!' E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Ordenou então Jesus: 'desatai-o e deixai-o ir.'" (Jo 11,1-44)
Eis mais uma passagem com múltiplas simbologias e ensinamentos, como ocorre sempre que Jesus está presente (o Cristo que os espíritas, lastimavelmente, não concebem como Deus, mas apenas como um "espírito evoluído", como costumam chamá-Lo, indecorosamente). Não obstante, continuemos a abordar, aqui, a conjuntura.
Marta evidencia sua crença na Sã Doutrina ensinada por Cristo ao asseverar diretamente que, embora seu irmão esteja morto, acredita que no Juízo Final seu corpo ressuscitará para, glorioso, unir-se à sua alma, na Jerusalém Celeste: "Marta disse a Jesus: 'Senhor, se tivesses estado aqui meu irmão não teria morrido! Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus Te concederá.' Disse-lhe Jesus: 'teu irmão ressurgirá.' Respondeu-lhe Marta: 'sei que há de ressurgir na Ressurreição, no Último Dia.'"
Ora! Se os judeus cressem em reencarnação, como erroneamente ensina o espiritismo, então Marta não deveria ter assumido a Jesus sua crença na Ressurreição dos Mortos, no Último Dia — Doutrina essa ensinada pelo próprio Cristo.
Ademais: se reencarnação existisse, como Jesus teria ressuscitado Lazaro? Esse, segundo os espíritas, por estar morto, devia reencarnar-se em outro corpo e, em hipótese alguma, poderia ser ressuscitado; porém, o fora; e saíra de seu estado de morte, com o seu mesmo corpo, à ordem de seu Senhor, que lho mandara deixar o sepulcro: 'Lázaro, vem para fora!' — Similarmente ao que ocorrera também ao filho da viúva, por intermédio de Santo Elias.
Nessa magnífica passagem há 5 menções indiretas à ressurreição e 4 diretas. No entanto, nada se observa acerca da reencarnação, assim como, em toda a Bíblia não há sequer uma ratificação desse absurdo. E, nas vezes em que tal estultice é cogitada, ainda que indiretamente, logo é contradita e derrotada pela Santa Doutrina, como no caso dos fariseus que se dirigiram a São João Batista, a fim de indagá-lo se era o Profeta Elias, ao que, prontamente, o Santo negou. (Jo 1,19-27)
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Há, nas Sagradas Escrituras, diversas passagens que ratificam a Ressurreição dos Corpos no Último Dia (Juízo Final), o que rechaça a errônea ideia da reencarnação.
A seguir, algumas delas:
"Deus Senhor falou e convocou a Terra, desde o Oriente até ao Ocidente. Desde Sião, cheia de beleza, Deus resplandeceu; Ele, o Nosso Deus, vem e não ficará em silêncio. Um fogo devorador o precede, e ruge a tempestade em torno Dele. Chama do alto os Céus e a Terra, para julgar o Seu povo: 'congregai diante de Mim os Meus Santos, que firmaram a Minha aliança com o Sacrifício.' E os Céus anunciam a Sua justiça, porquanto o próprio Deus é o Juiz. 'Ouve, Meu povo, e Eu falarei; ouve, Israel, e Eu darei testemunho contra ti: Deus, o teu Deus sou Eu. Não te repreendo por causa dos teus sacrifícios, porque os teus holocaustos estão sempre diante de Mim. Não receberei de tua casa bezerro, nem cabritos dos teus rebanhos: em verdade, são Minhas todas as feras das selvas, milhares de animais há nos Meus montes. Conheço (como seu dono que Sou) todas as aves do céu, e tudo o que se move nos campos me é conhecido. Se tiver fome, não To direi a ti, porque Meu é o universo e aquilo que o enche. Porventura, comerei a carne dos touros, ou beberei o sangue dos cabritos? Oferece a Deus um sacrifício de louvor, e paga ao Altíssimo os teus votos; e invoca-me no dia da angústia: livrar-te-ei, e tu Me honrarás.' [Alusão à conversão, arrependimento, busca pelos Sacramentos para estar em amizade com Deus e lucrar a Salvação Eterna.] Mas, ao pecador, diz Deus: 'porque relatas tu os Meus preceitos, e tens (constantemente) a Minha aliança na tua boca? Tu, que aborreces a disciplina, e rejeitaste as Minhas palavras. Se vias um ladrão, corrias com ele, e fazias sociedade com os adúlteros. Soltavas a tua boca para o mal, e a tua língua urdia enganos. Estando sentado, falavas contra teu irmão, e difamavas o filho da tua mãe. Isto fizeste, e eu hei-de calar-Me? Julgaste que Eu sou semelhante a ti? Arguir-te-ei e porei (tudo) diante dos teus olhos. [Analogia ao julgamento público do Juízo Final, em que todos conhecerão seus pecados, mutuamente, bem como as consequências desses a todos e tudo que eles tangeram.] Entendei isto: vós que vos esqueceis de Deus, não suceda que vos arrebate, e não haja quem vos salve. O que oferece sacrifício de louvor (é o que) Me honra, e ao que caminha com retidão mostrarei a Salvação de Deus.'" (Sl 49) [O Livro de São Tiago ensina essa Doutrina Santa, de que não basta obra sem fé e nem fé sem obra para do Prêmio Perene.]
"Naquele tempo, será cantado este cântico na Terra de Judá: 'nós vimos uma cidade forte, em que se pôs por proteção muro e antemuro. Abri as portas, deixai entrar um povo justo, que respeita a fidelidade, que tem caráter firme e conserva a paz, porque tem confiança em Vós. Tende sempre confiança no Senhor, porque o Senhor é o rochedo perene. Ele derrubou os que habitavam nas alturas e destruiu a cidade soberba; derrubou-a por terra e ao nível do chão a reduziu. Ela é calcada aos pés pela plebe, sob os passos dos indigentes. O caminho do justo é reto. Vós aplanais a senda do justo. Seguindo a vereda de Vossos juízos, Senhor, nós Vos esperamos. Por Vosso nome e Vossa memória nossa alma aspira. Minha alma Vos deseja durante a noite e meu espírito Vos procura desde a manhã. Quando Vossos juízos se exercem sobre a Terra os habitantes do mundo aprendem a justiça. Porém, se se perdoar o ímpio, ele não aprenderá a justiça. Na terra da retidão ele se entregará ao mal e não verá a majestade do Senhor. Senhor, Vossa mão está levantada sem que O percebam. Que vejam Vosso ardente amor por Vosso povo e sejam confundidos; e que o fogo, bom para os Vossos inimigos, os devore. Senhor, proporcionai-nos a paz, pois Vós nos tendes tratado segundo o nosso procedimento! Senhor, Nosso Deus, outros senhores, além de Vós, nos têm dominado, mas não queremos reconhecer outro senão Vós. Os mortos não reviverão, as sombras não ressuscitarão, porque vós os castigastes e destruístes e apagastes até sua memória [Alusão aos condenados ao inferno, os quais, de lá jamais sairão.]. Aumentai a nação, Senhor! Aumentai a nação! Manifestai Vossa grandeza, e dilatai as fronteiras da nação! Senhor, na tribulação, nós Vos buscamos, e clamamos a Vós na angústia em que Vosso castigo nos abate. Como uma mulher grávida, prestes a dar à luz, se retorce e grita em suas dores, assim estamos diante de Vós, Senhor: nós concebemos e sofremos para dar à luz ao vento, sem poder dar a salvação à nossa terra. Não nasceram novos habitantes no mundo. Que os Vossos mortos revivam! Que seus cadáveres ressuscitem! Que despertem e cantem aqueles que jazem sepultos, porque Vosso orvalho é um orvalho de luz e a Terra restituirá o dia às sombras. [Alusão aos eleitos, cujo destino é o Céu] Vai, povo meu! Entra nos teus quartos, fecha atrás de ti as portas! Esconde-te por alguns instantes, até que a cólera passe, porque o Senhor vai sair de Sua morada para punir os crimes dos habitantes da Terra; porque a Terra fará brotar o sangue que ela bebeu, e não ocultará mais os corpos dos assassinados.'" (Is 26) [Analogia ao julgamento público do Juízo Final, em que todos conhecerão seus pecados, mutuamente, bem como as consequências desses a todos e tudo que eles tangeram.]
"A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 'filho do Homem, Oráculo do Senhor à terra de Israel: eis o fim. O fim vem para todos os quatro cantos da Terra. Chegou o fim para ti. Vou desencadear contra ti a Minha cólera. Vou julgar-te de acordo com o teu procedimento e fazer cair sobre ti o peso de todas as tuas práticas abomináveis. Não te tomarei em consideração. Serei sem complacência. Pedirei conta de teu proceder, e todos os teus horrores serão manifestos no teu meio. Então sabereis que sou Eu o Senhor.' 'Eis o que diz o Senhor Javé: uma desgraça única! Eis que irá suceder: uma desgraça! O fim se avizinha. O fim se aproxima. Ele desperta para cair sobre ti. Ei-lo! Tua vez é chegada, habitante da Terra! É vindo o momento. O dia está próximo. Não há mais alegria sobre as montanhas. É o pânico. Vou, em breve, desencadear o meu furor contra ti, fartar a minha cólera, julgar-te segundo o teu proceder. Farei cair sobre ti o peso das tuas abominações. Não te tomarei em consideração. Serei implacável. Pedirei conta de teu proceder, e todos os teus horrores serão manifestos no teu meio. Então, sabereis que sou Eu o Senhor que fere. Eis o dia! Ei-lo que chega. Tua vez chegou. A vara floriu. O orgulho produziu seus frutos! A violência levantou-se com um cetro de impiedade: isso não vem deles, nem da multidão, nem da sua tropa, nem da sua magnificência. Chegou o tempo. O dia se aproxima! Que não se alegre o comprador, que não se aflija o vendedor, pois a cólera vai pesar sobre toda a multidão. O vendedor não recuperará o que houver vendido, mesmo que esteja vivo, porque a visão contra toda a multidão não será revogada, e ninguém terá força de proteger a si mesmo, por causa do seu pecado. Soa a trombeta. Está tudo pronto, mas ninguém marcha para o combate, porque o Meu furor se desencadeia sobre toda a multidão. Fora, a espada; dentro, a peste e a fome. Quem estiver no campo perecerá pela espada; o que se encontrar na cidade será devorado pela peste e pela fome. Se alguns chegarem a se refugiar nas montanhas, gemerão como as pombas dos vales, cada qual por causa do seu pecado. Todas as mãos cairão desalentadas; todos os joelhos tremerão. Irão se revestir de saco e tremerão como varas verdes! A vergonha transparecerá em todos os rostos e todas as cabeças serão raspadas. Deitarão o dinheiro às ruas; seu ouro será como imundície; sua prata e seu ouro não poderão salvá-los no Dia da Cólera do Senhor. Não saberão eles nem comer à vontade nem encher o ventre, porque é lá que os farei cair no pecado. Punham seu orgulho na beleza das suas joias. Fabricavam seus ídolos abomináveis. Por isso farei deles objetos de repugnância. Eu os abandonarei à pilhagem, às mãos de estranhos e, em razão da profanação, farei deles o espólio dos ímpios da Terra. Desviarei os olhos e será profanado o Meu tesouro. Bárbaros penetrarão aí para profaná-Lo. Prepara-te uma cadeia, pois a Terra está repleta de crimes, e a cidade cheia de violências. Farei vir também os mais bárbaros pagãos, que se apoderarão de todas as casas. Porei termo ao orgulho dos poderosos, e os lugares santos serão profanados. É a ruína que está chegando. A salvação será procurada, sem que se possa encontrá-la. Sobrevirão desastres sobre desastres; má nova sobre má nova. Serão pedidos oráculos ao Profeta. Faltará a Lei para o Sacerdote, e o conselho para os anciãos. O Rei há de pôr luto. Ficará o príncipe cheio de consternação. Tremerão as mãos dos Homens do povo. Eu os tratarei de conformidade com o proceder que levaram. Irei julgá-los conforme houverem merecido. Então saberão que sou o Senhor.'" (Ez 7) [Visão do Juízo Final, dada a Deus ao Profeta Ezequiel, o que corrobora a Sã Doutrina da Ressurreição dos Corpos, no Último Dia, fazendo cair por terra o devaneio estulto da reencarnação.]
"Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, protetor dos filhos do teu povo. Será um tempo de tal angústia qual não houve desde que os povos começaram a existir até então. Nesse tempo o teu povo será salvo; (sê-lo-á) todo aquele que estiver inscrito no Livro (da Vida) [eleitos ao Céu]. Muitos dos que dormem no pó da terra acordarão, uns para a Vida Eterna, e outros para a vergonha, o horror eterno. Aqueles que tiverem sido doutos, resplandecerão como a luz do firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça, brilharão como as estrelas por toda a eternidade. Tu, porém, Daniel, conserva guardadas estas palavras e sela o livro até ao tempo do fim [Juízo Final]; muitos o passarão pelos olhos e acrescentarão à sua ciência [muitos crerão, absorverão o conhecimento e submeter-se-ão ao Deus Trino e Sua Sã Doutrina]. Então, eu, Daniel, olhei e vi que estavam em pé outros dois homens; um, duma parte sobre a margem do rio, e outro, da outra parte sobre a outra margem do mesmo rio. Um deles disse ao homem que estava vestido de roupas de linho, o qual se sustinha em pé, sobre as águas do rio: quando se cumprirão estas coisas extraordinárias? E ouvi o homem, vestido de roupas de linho, o qual se sustinha em pé sobre as águas do rio; tendo levantado ao Céu a mão direita e a mão esquerda, jurou por Aquele (Senhor) que vive eternamente, que isso seria depois dum tempo; (dois) tempos e metade dum tempo, que todas estas coisas se cumpririam, quando acabasse de ser despedaçada a força do povo santo. Ouvi (o que ele dizia), mas não o entendi, e disse: Meu Senhor, qual será o fim de tudo isto? Respondeu: vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, branqueados e provados; os ímpios procederão impiamente, e nenhum ímpio compreenderá, mas os sábios compreenderão. Desde o tempo em que o Sacrifício Perpétuo for abolido, e a abominação da desolação for estabelecida (no Templo), passarão mil e duzentos e noventa dias. Bem-Aventurado o que esperar e chegar até mil e trezentos e trinta e cinco dias! Tu vai até ao fim e (depois) descansa; levantar-te-ás para (receber) a tua porção no Fim dos Dias." (Dn 12)
"Nisto levavam um homem que era coxo de nascença e que punham todos os dias à porta do templo, chamada Formosa, para que pedisse esmolas aos que entravam no templo. Quando ele viu que Pedro e João iam entrando no templo, implorou a eles uma esmola. Pedro fitou nele os olhos, como também João, e disse: 'olha para nós.' Ele os olhou com atenção, esperando receber deles alguma coisa. Pedro, porém, disse: 'não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!' E, tomando-o pela mão direita, levantou-o. Imediatamente, os pés e os tornozelos se lhe firmaram. De um salto, pôs-se de pé e andava. Entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo o viu andar e louvar a Deus. Reconheceram ser o mesmo coxo que se sentava para mendigar à porta Formosa do templo, e encheram-se de espanto e pasmo pelo que lhe tinha acontecido. Como ele se conservava perto de Pedro e João, uma multidão de curiosos afluiu a eles no pórtico chamado Salomão. À vista disso, falou Pedro ao povo: 'Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fitais os olhos em nós, como se por nossa própria virtude ou piedade tivéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus [alusão à Ressurreição de Cristo e a tudo o que Jesus fez, que foi para maior honra da Santíssima Trindade, na qual é Ele a Segunda Pessoa.], que vós entregastes e negastes perante Pilatos, quando este resolvera soltá-Lo. Mas vós renegastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homicida. Matastes o Príncipe da Vida, mas Deus O ressuscitou dentre os mortos: disso nós somos testemunhas [testemunhas porque Cristo lhes apareceu diversas vezes]. Em virtude da fé em Seu nome foi que esse mesmo nome consolidou este homem, que vedes e conheceis. Foi a fé em Jesus que lhe deu essa cura perfeita, à vista de todos vós. Agora, irmãos, sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos chefes. Deus, porém, assim cumpriu o que já antes anunciara pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo devia padecer. Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para serem apagados os vossos pecados. [São Pedro, aqui, exorta o povo a converter-se, acessar o Sacramento do Batismo e tornar-se católico, de modo a obter a Salvação Eterna, pela participação no Corpo Místico de Cristo, a Ele unido, bem como à Sua redentora Cruz.] Virão, assim, da parte do Senhor os tempos de refrigério, e ele enviará aquele que vos é destinado: Cristo Jesus. [Eis, aqui, a Sã Doutrina da Parusia: a segunda vinda de Cristo, a fim de efetivar o Juízo Final.] É necessário, porém, que o Céu O receba até os tempos da restauração universal, da qual falou Deus, outrora, pela boca dos seus Santos Profetas. Já dissera Moisés: o Senhor, Nosso Deus, vos suscitará dentre vossos irmãos um Profeta semelhante a mim: a este ouvireis em tudo o que Ele vos disser. Todo aquele que não ouvir esse Profeta será exterminado do meio do povo (Dt 18,15-19). Todos os Profetas, que têm falado sucessivamente desde Samuel, anunciaram estes dias [tanto a primeira vinda do Messias quanto Sua segunda, para o Juízo Final]. Vós sois filhos dos Profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da Terra (Gn 22,18). Foi em primeiro lugar para vós que Deus suscitou o Seu Servo [Jesus Cristo], para vos abençoar, a fim de que cada um se aparte da sua iniquidade." (At 3)
"De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A Lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte. O que era impossível à lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o fez. Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho, numa carne semelhante à do pecado [quer dizer que Deus se fez Homem, como todo Homem, mas sem pecado], condenou o pecado na carne, a fim de que a justiça, prescrita pela Lei, fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito. [Aspiração do que é espiritual e eterno, e não do que é material e perecível.] Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito apreciam as coisas que são do espírito. Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a vida e a paz. Porque o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à Lei de Deus, e nem o pode. Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é Dele. Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o espírito vive pela justificação. [Nossa alma, sem a presença do Espírito Santo, é morta. Com Ele torna-se viva. Por isso diz-se que o pecado grave é mortal, pois expulsa o Espírito Santo da alma, matando-a.] Se o Espírito Daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós [o Espírito de Deus; o Espírito Santo.], Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito, que habita em vós. Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito, mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus; porquanto não recebestes um espírito de escravidão, para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção [pelo Sacramento do Batismo] pelo qual clamamos: Ábba, Pai! O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito, de que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, contanto que soframos com Ele, para que também com Ele sejamos glorificados." (Rm 8,1-17)
"Também eu, quando fui ter convosco, irmãos, não fui com o prestígio da eloquência nem da sabedoria anunciar-vos o testemunho de Deus. Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Eu me apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor. A minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloquência persuasiva da sabedoria; eram, antes, uma demonstração do Espírito e do poder divino, para que vossa fé não se baseasse na sabedoria dos Homens, mas no poder de Deus. Entretanto, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém, não a sabedoria deste mundo, nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados. Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória [para nos salvar]. Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da Glória). É como está escrito: coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam. [Alusão ao Juízo Final e Salvação Eterna aos que morrerem em estado de graça, tendo, assim, seus nomes escritos no Livro da Vida.] Todavia, Deus nô-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus. Pois quem conhece as coisas que há no Homem, senão o espírito do Homem que nele reside? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada, não pela sabedoria humana, mas pelo Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos espirituais. Mas o Homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras; nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderá-las. [Quem não tem a Fé Católica, única Religião de Deus, concebe tais verdades como impossíveis, insanas, absurdas. E muitos descem aos infernos com esse posicionamento. Mas lá passam a crer, porquanto após a morte se conhece a verdade, os próprios pecados e o porquê de ser salvo ou condenado. E para os descrentes já não há qualquer esperança, senão o remorso e a danação eternos.] O Homem espiritual, ao contrário, julga todas as coisas e não é julgado por ninguém. De fato, quem conheceu o pensamento do Senhor para que o possa instruir (Is 40, 13)? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo." (1Cor 2)
"Por que não sofreis, antes, a injúria? Por que não tolerais, antes, o dano? Mas sois vós mesmos que fazeis injúria e causais dano; e isto a irmãos. Porventura não sabeis que os injustos não possuirão o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impudicos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os que se dão à embriaguez, nem os maldizentes, nem os salteadores possuirão o Reino de Deus. E tais éreis alguns de vós, mas fostes lavados; mas fostes santificados; mas fostes justificados em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e mediante o Espírito do Nosso Deus. [São Paulo, aqui, ensina a Sã Doutrina do Batismo, que limpa a alma do Pecado Original e torna o batizado converso um Homem novo, limpo de suas misérias e herdeiro do Reino de Deus. E se cair novamente, pode quitar-se com o misericordiosíssimo Deus Trino por meio do Sacramento da Reconciliação: Confissão + Penitência. Só quem morre limpo, ou seja, sem pecado mortal, estado de graça, lucra o Reino de Deus.] "Tudo me é permitido" — mas nem tudo convém. "Tudo me é permitido" — mas eu de nada me farei escravo. Os alimentos são para o ventre, e o ventre para os alimentos; mas Deus destruirá tanto aquele como estes; porém, o corpo não é para a fornicação, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo. Ora, Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós com o Seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei eu, pois, os membros de Cristo e fá-los-ei membros de uma prostituta? De modo nenhum. Não sabeis que o que se junta com uma prostituta torna-se um mesmo corpo com ela? Porque foi dito: serão os dois uma só carne (Gn 2,24). Ao contrário, o que está unido ao Senhor é um só espírito com Ele. Fugi da fornicação. Qualquer pecado que o Homem comete, é fora do corpo; mas o que comete fornicação, peca contra o próprio corpo. Porventura não sabeis que os vossos membros são templo do Espírito Santo, que habita em vós, que vos foi dado por Deus, e que não pertenceis a vós mesmos? Porque fostes comprados por um grande preço. [Alusão à redenção dos eleitos por meio da Paixão de Cristo.] Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo." (1Cor 6) [O Grande Apóstolo, nessa maviosa passagem, ensina acerca da importância de tratar o corpo com dignidade, e lembra que esse mesmo corpo, que é um só com o de Cristo, será, como Ele o foi, ressuscitado no Juízo Final. Portanto, deve-se tratá-lo com o devido respeito, na exata medida, sem extremismo: sem idolatrá-lo e sem profaná-lo. Eis a Sacra Doutrina da Ressurreição dos Mortos no Último Dia e também a da ascese.]
"Como está determinado que os Homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo, assim Cristo Se ofereceu uma só vez para tomar sobre Si os pecados da multidão, e aparecerá uma segunda vez, não, porém, em razão do pecado, mas para trazer a salvação àqueles que O esperam." (Hb 9,27-28)
"Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali O crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda. E Jesus dizia: 'Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.' Eles dividiram as Suas vestes e as sortearam. A multidão conservava-se lá e observava. Os Príncipes dos Sacerdotes escarneciam de Jesus, dizendo: 'salvou a outros, que se salve a Si próprio, se é o Cristo, o escolhido de Deus!' Do mesmo modo, zombavam Dele os soldados. Aproximavam-se Dele, ofereciam-lhe vinagre e diziam: 'se és o Rei dos judeus, salva-te a Ti mesmo.' Por cima de Sua cabeça pendia esta inscrição: 'este é o Rei dos judeus.' Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra Ele: 'se és o Cristo, salva-te a Ti mesmo e salva-nos a nós!' Mas o outro o repreendeu: 'nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas Este não fez mal algum.' E acrescentou: 'Jesus, lembra-Te de mim quando tiveres entrado no Teu Reino!' Jesus respondeu-lhe: 'em verdade te digo: hoje estarás Comigo no Paraíso.'" (Lc 23,33-43) [Perceba-se: Cristo assevera que, pela fé, conversão, arrependimento e submissão à única verdade, o ladrão penitente havia lucrado a Salvação Eterna; ou seja, não se fala em reencarnação, mas sim em ir aos Céus, o Paraíso, que é morada eterna.]
"Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém Sacerdotes e levitas para perguntar-lhe: 'quem és tu?' Ele fez esta declaração, que confirmou sem hesitar: 'eu não sou o Cristo.' — 'Pois, então, quem és?' —, perguntaram-lhe eles. 'És tu Elias?' Disse ele: 'não o sou.' 'És tu o profeta?' Ele respondeu: 'não.' Perguntaram-lhe de novo: 'dize-nos, afinal, quem és, para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?' Ele respondeu: 'eu sou a voz que clama no deserto: endireitai o caminho do Senhor, como o disse o profeta Isaías.' (Is 40,3) Alguns dos emissários eram fariseus. Continuaram a perguntar-lhe: 'como, pois, batizas, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?' João respondeu: ''eu batizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis. Esse é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado.'" (Jo 1,19-27)
"Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: 'deu-lhes de comer o pão vindo do Céu' (Sl 77,24). Jesus respondeu-lhes: 'em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o Meu Pai é quem vos dá o verdadeiro Pão do Céu; porque o pão de Deus é o Pão que desce do Céu e dá vida ao mundo.' Disseram-lhe: 'Senhor, dá-nos sempre deste Pão!' Jesus replicou: 'Eu sou o Pão da Vida: aquele que vem a Mim não terá fome, e aquele que crê em Mim jamais terá sede. Mas já vos disse: vós Me vedes e não credes. Todo aquele que o Pai Me dá virá a Mim, e o que vem a Mim não o lançarei fora. Pois desci do Céu não para fazer a Minha vontade, mas a vontade Daquele que Me enviou. Ora, esta é a vontade Daquele que Me enviou: que Eu não deixe perecer nenhum daqueles que Me deu, mas que os ressuscite no Último Dia. Esta é a vontade de Meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e Nele crê tenha a Vida Eterna; e Eu o ressuscitarei no Último Dia.' Murmuravam, então, Dele os judeus, porque dissera: 'Eu sou o Pão que desceu do Céu.' E perguntavam: 'porventura não é Ele Jesus, o Filho de José, cujo pai e Mãe conhecemos? Como, pois, diz Ele: desci do Céu?' Respondeu-lhes Jesus: 'não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim se o Pai, que Me enviou, não o atrair; e Eu hei de ressuscitá-lo no Último Dia. Está escrito nos profetas: todos serão ensinados por Deus (Is 54,13). Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por Ele instruído vem a Mim. Não que alguém tenha visto o Pai, pois só Aquele que vem de Deus, esse é que viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em Mim tem a Vida Eterna. Eu sou o Pão da Vida. Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram. Este é o Pão que desceu do Céu, para que não morra todo aquele que Dele comer. Eu sou o Pão Vivo que desceu do Céu. Quem comer deste Pão viverá eternamente. E o Pão, que Eu hei de dar, é a Minha Carne, para a salvação do mundo.' A essas palavras os judeus começaram a discutir, dizendo: 'como pode este Homem dar-nos de comer a Sua Carne?' Então, Jesus lhes disse: 'em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes o Seu Sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue tem a Vida Eterna; e Eu o ressuscitarei no Último Dia. Pois a Minha Carne é verdadeiramente uma comida, e o Meu Sangue, verdadeiramente, uma bebida. Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que Me enviou, vive, e Eu vivo pelo Pai, assim, também, aquele que comer a Minha Carne viverá por Mim. Este é o Pão que desceu do Céu. Não como o maná que vossos pais comeram, e morreram. Quem come deste Pão viverá eternamente'. (Jo 6,31-58)
OBS.: essa última citação é a passagem bíblica, até onde me consta, com o maior número de repetições de um mesmo ponto de desenvolvimento em um determinado discurso, entre todas as que expõem palavras diretamente advindas de Jesus (ouso apodar tal recurso de "pleonasmo retórico-didático"). E como nada que vem de Deus é aleatório (até porque o acaso inexiste), é evidente o motivo da ênfase de Cristo, no tocante ao tema que expõe, na conjuntura, aos Seus ouvintes. O verbo comer é mencionado 13 vezes; beber, 4 vezes; pão, 15 vezes; carne, 7 vezes; sangue, 4 vezes; Céu, 10 vezes; morte e expressões análogas, 8 vezes; Vida Eterna e verbetes correlatos, 28 vezes. Não me recordo de Nosso Senhor ter sido tão enfático em outra matéria quanto nessa, a qual diz respeito a ser Ele a única porta por meio da qual se pode adentrar ao Céu; o único alimento que pode saciar a fome e a sede de Salvação Perene das almas; o único que, no Último Dia (Juízo Final), julgará a todos e ressuscitará os que morreram em Sua amizade. É uma magnífica aula de teologia, na qual ensina-se que somente por meio da graça santificante (de dádiva advinda de Deus) a alma inclina-se à Fé, em movimento a Cristo; também, acerca do Sacramento da Eucaristia; inclusive, a respeito do Mistério da Santíssima Trindade. Enfim: um texto que, se analisado com a devida minúcia, rende densíssimos tratados. — Aos espíritas, mais uma inconteste comprovação, pelo próprio Deus, da Sã Doutrina, sobretudo no tocante à Ressurreição, e positivada na Sagrada Escritura.
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Para além das Sagradas Escrituras, também o Magistério Ordinário e o Magistério Extraordinário da Santa Igreja dissertaram acerca do tema reencarnação:
"Se alguém julgar dever crer na astrologia e na [numerologia], seja anátema." (Denzinger 205, astrologia e numerologia, Papa Anastásio I, Carta a Venério de Milão, ao final dos anos 300 d.C. e início dos anos 400 d.C., Pág. 78.)
[A impiedade dos priscilianos] se afundou até nas trevas do paganismo, a ponto de fundar, mediante práticas sacrílegas ocultas e fúteis mentiras de astrólogos, a fé religiosa e o comportamento moral no poder dos demônios e no efeito dos astros. Se for lícito crer e ensinar tais coisas, não se deverá um prêmio pelas virtudes, nem castigos pelos crimes, e perderão a obrigatoriedade todas as disposições não só das leis humanas, mas também dos mandamentos divinos, já que, se uma necessária fatalidade induz o movimento da mente para um ou outro lado e se tudo quanto o ser humano faz não é dos homens, mas dos astros, não poderá haver julgamento algum, nem das ações boas, nem das más. … Com razão, os nossos Padres … agiram com rapidez para que fosse afastada de toda a Igreja o ímpio devaneio: também os governantes civis detestaram de tal modo esta sacrílega loucura que abateram com a espada das leis públicas o seu autor [Prisciliano], juntamente com a maior parte de seus discípulos. Na verdade, eles percebiam que se dissolveria todo vínculo matrimonial e também seria subvertido o direito divino e humano, se fosse permitido a tais homens viver em algum lugar professando sua doutrina. Durante muito tempo, tal severidade foi útil para a bondade eclesiástica, a qual, embora – contida pelo juízo sacerdotal – rechace os castigos cruentos, é contudo favorecida pelas severas disposições dos príncipes cristãos, pois muitas vezes recorrem ao remédio espiritual os que temem o castigo corporal." (Denzinger 283, astrologia, Papa Leão I, Carta “Quam laudabiliter”, a Torríbio, Bispo de Astorga, 21 julho de 447 d.C., Pág. 104.)
Se alguém crê que as almas e os corpos humanos estão sujeitos a estrelas fatais, como o disseram os pagãos e Prisciliano, seja anátema. Se alguém crê que as doze constelações estrelares que os astrólogos costumam observar estão dispostas em relação a cada membro da alma e do corpo, e diz que estão ligadas aos nomes dos patriarcas, seja anátema." (Denzinger 459-460, astrologia, Papa Pelágio II: Carta aos Bispos cismáticos de Ístria, anos 500 d.C., Pág. 166.)
"Todos os livros e escritos de geomancia, hidromancia, aeromancia, piromancia, oneiromancia, quiromancia, necromancia ou nos quais estão contidos sortilégios, feitiçarias, vaticínios, presságios, encantamentos de arte mágica, em absoluto não se admitem. Os bispos, além disto, providenciem com diligência para que não sejam lidos nem possuídos livros, tratados, catálogos da astrologia judiciária, que, com respeito a futuros acontecimentos contingentes, ou a casos fortuitos, ou a ações que dependem da vontade humana, ousam afirmar que algo, com certeza, há de ocorrer." (Denzinger 1859, Papa Pio IV: Bula “Iniunctum nobis” [Profissão de Fé], Pág. 465.)
"O magnetismo: sobre este argumento já foram dadas, pela Santa Sé, para casos particulares, algumas respostas, com as quais é reprovada a liceidade das experiências dirigidas a um fim não natural, desonesto, a se conseguir com meios indevidos; daí, em casos semelhantes, foi decretado, na quarta-feira 21 de abril de 1841 d.C.: 'o uso do magnetismo como foi exposto não é lícito.' De modo semelhante, a Santa Congregação estabeleceu que sejam proibidos alguns livros que divulgam com teimosia semelhantes erros. Todavia, já que além dos casos particulares era preciso tratar do uso do magnetismo em geral, na quarta-feira 19 de julho de 1847 d.C. foi assim estabelecido a modo de norma: 'remoto todo erro, sortilégio, explícita ou implícita evocação do demônio, o uso do magnetismo, isto é, o simples ato de usar meios naturais de outra parte lícitos, não está moralmente proibido, contanto que não leve a um fim ilícito ou de qualquer modo mau. A aplicação, ao contrário, de princípios e de meios simplesmente físicos a coisas e efeitos verdadeiramente sobrenaturais, para explicá-las de maneira meramente física, outra coisa não é senão fraude de todo ilícita e herege.' Mesmo se com este decreto geral é suficientemente esclarecido o que é lícito ou ilícito no uso ou no abuso do magnetismo, aumentou, todavia, a malícia dos Homens de tal modo que, abandonando o lícito amor à ciência e preferindo perseguir curiosidades, com grande ruína das almas e dano da própria sociedade civil, se gloriam de ter conseguido algum princípio de predição ou de previsão. Daí, com as imposturas do sonambulismo e do que chamam clarividência, aquelas mulherezinhas arrebatadas em gestos nem sempre pudicos motejam de ver alguma coisa invisível e de se entregar a discursos sobre a própria religião, de evocar as almas dos mortos, de receber respostas, de descobrir coisas desconhecidas e longínquas, e que se atrevem a praticar com audácia temerária outras coisas supersticiosas de tal gênero, para conseguir com certeza grandes lucros para si e para os seus patrões, mediante a adivinhação. Em todas essas coisas, seja qual for o artifício ou ilusão utilizada, dado que meios físicos são aplicados para efeitos não naturais, constata-se fraude de todo ilícita e herege, bem como escândalo contra a honestidade dos costumes." (Denzinger 2823-2825, magnetismo e sonambulismo, Encíclica do Santo Ofício aos Bispos, 4 de agosto de 1856 d.C., Págs. 617-618.)
"O espiritismo: pergunta: É lícito assistir a sessões ou manifestações espíritas, com intervenção do assim chamado médium ou sem médium, usando ou não a hipnose, mesmo apresentando aparência de honestidade ou de piedade, quer interrogando as almas ou espíritos, quer escutando suas respostas, quer ora só olhando, mesmo com tácito ou expresso protesto de não querer nada em comum com os espíritos malignos? Resposta (confirmada pelo Papa, em 26/04/1917 d.C.): Não, para todas as partes. (Denzinger 3642, O espiritismo, Resposta do Santo Ofício, 24 de abril de 1917 d.C., Pág. 778.)
São Clemente de Alexandria (ca. 150 d.C - ca. 215 d.C.): "se tivéssemos existido antes de vir a este mundo, deveríamos, agora, saber onde estávamos, assim como o modo e o motivo pelos quais viemos a este mundo." (Eclogae XVII).
Santo Agostinho (354 d.C. - 430 d.C.): "se julgamos ser indigno corrigir o pensamento de Platão, por que então Porfirio modificou a sua doutrina em mais de um ponto, e em pontos que não são de pequenas consequências? É certíssimo que Platão ensinou que as almas dos Homens retornam até mesmo para animar corpos de animais. Esta opinião foi também adotada por Plotino, mestre de Porfirio. Mas não lhe agradou, e com muita razão. É verdade que Porfirio admitiu que as almas entram em sempre novos corpos: ele, de um lado, sentia vergonha em admitir que sua mãe pudesse algum dia carregar às costas o filho, se lhe acontecesse reencarnar-se no corpo de uma mula; mas, de outro lado, não tinha vergonha em acreditar que a mãe pudesse transformar-se numa jovem e desposar o seu próprio filho! Ó, quanto mais nobre é a Fé que os Santos e verazes Anjos ensinaram, Fé que os Profetas dirigidos pelo Espírito de Deus anunciaram... (...) Fé que os Apóstolos apregoaram por todo o orbe! Quanto mais nobre é crer que as almas voltam uma só vez aos seus próprios corpos (no momento da Ressurreição Final) do que admitir que elas tomem tantas vezes sempre novos corpos!" (Santo Agostinho, A Cidade de Deus.).
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CARMA NÃO EXISTE!
Etimologicamente, carma é uma expressão advinda do hinduísmo e do budismo — seitas que antecedem o espiritismo.
Esse termo, traduzido do sânscrito “Karma” (idioma ancestral do Nepal e da Índia), significa “ação”.
Por sua vez, “Dharma”, que é uma palavra sânscrita polissêmica, em determinado contexto, pode referir-se à reação (“karma” e “dharma” / “ação” e “reação”).
O espiritismo tomou por empréstimo essa errônea crença do ocultismo oriental e passou a incorporá-la ao seu escopo de erros teológicos.
Hippolyte Leon Denizard Rivail — relembre-se: que por influência de um “espírito” (demônio) quis ter por apodo o nome Allan Kardec — asseverara em seus pseudoensinos que todo Homem tem sua existência submetida à “lei do carma” (causa e efeito / ação e reação).
De acordo com ele (e usando as próprias expressões do espiritismo): quando uma alma desencarna, ao reencarnar leva à sua nova existência toda a carga da vida anterior, tanto positiva quanto negativa, fazendo com que o universo lhe proporcione a exata medida do que lhe é de merecimento.
Deter-me-ei em dois pontos: 1º) O espiritismo, assim como outras tantas seitas ocultistas, panteístas, gnósticas e afins, costumam utilizar o termo “universo”, como se fosse o mundo uma entidade divina, a qual possui poder sobre os Homens e a natureza, administrando toda a engrenagem da vida; 2º) O carma trata-se de hipótese grosseiramente equívoca e contraditória. É como tentar lavar os pés sobre a terra. Não importa o quão se tente: ao passo que se lava, se faz lama e se suja novamente, em um ciclo sem fim.
O ser humano é imperfeito, errante, com más inclinações, em decorrência do Pecado Original, que não lhe alterou a natureza essencialmente boa (já que feita por Deus à Sua imagem e semelhança), mas a tornou doente.
Assim, é impossível um Homem entrar na vida, atingir a fase adulta e sair dela sem pecado. Só Cristo, por ser Deus, e Nossa Senhora, por ter sido preservada de toda sorte de miséria (incluso do Pecado Original), haja vista que fora receptáculo do Deus Filho Encarnado e Sua própria Mãe.
Portanto, é absurda a ideia de carma e reencarnação, já que a alma encarna, peca, morre, reencarna para pagar o que fez na vida passada e, enquanto quita suas dívidas, contrai outras e o ciclo não se fecha, tal qual o lavar de pés sobre a terra, a fazer lama.
Apesar disso, defendem os espíritas, lamentavelmente:
“Por que uns sofrem mais do que outros? Por que uns nascem na miséria e outros na riqueza, sem nada terem feito para justificar essa posição? (…) As contrariedades da vida são de duas espécies (…): umas têm sua causa na vida presente; outras, não nesta vida. (…) Tal é, por exemplo, a perda de seres queridos (…); as calamidades naturais e as enfermidades de nascença (…), as deformidades (…) etc. Aqueles que nascem nessas condições, seguramente, não fizeram nada nesta vida para merecer uma sorte tão triste (…). É certo que Deus não pune o bem que se faz e nem o mal que não se faz; se somos punidos, é porque fizemos o mal; se não o fizemos nesta vida, seguramente o fizemos em outra.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 5 – itens 3, 4 e 6)
Quem lê o Antigo Testamento vai verificar que há muitíssimos exemplos de pessoas que infringiram as Leis de Deus e foram por Ele castigadas.
No Santo Livro do Êxodo, por exemplo, no capítulo trinta e dois lê-se o tremendo flagelo impingido pelo Criador sobre o Povo Escolhido, o qual traíra ao Verdadeiro Deus Trino e passara a idolatrar um bezerro de ouro.
Nesse dia morreram cerca de três mil, a fio de espada, pela ordem do Deus Vivo, por meio da boca do Profeta Moisés.
Um outro exemplo, do Novo Testamento: no capítulo cinco do Santo Livro dos Atos dos Apóstolos é narrada a história de Ananias e Safira, que mentiram a Deus e aos doze e foram fulminados pelo Criador.
Perceba-se: há, sim, consequências às ações e omissões que se efetivam na vida terrena. E, quanto ao fato de pessoas terem existências distintas, com problemas em graus diferentes, a Santa Igreja ensina que isso ocorre para que Deus seja, nessas conjunturas, ainda mais honrado e glorificado, pois, de outro modo, como haver cura milagrosa sem que haja enfermidade? Como haver esmola se não houver miséria? Como haver mérito sem que haja superação? Como haver vitória sem que, antes, haja a prova? — Só se chega ao Céu por meio da Cruz. E é somente por meio da liberdade de escolha que tem razão de ser a recompensa, a qual é diretamente proporcional à dificuldade de lográ-la, ao mérito de quem a alcança e de sua aceitação e bom uso da respectiva graça capacitante.
O que pretende o espiritismo? Que o mundo seja uma massa igual, uniforme, com uma só liderança, um só idioma, uma só pele, um só traço, um só povo, tal qual o quiseram os nazistas com sua eugenia ariana?! — Eis o segundo plano da judaica franco-maçonaria (uma das grandes forças motrizes das revoluções modernas, do liberalismo, do humanismo, do racionalismo, do socialismo e do comunismo). Sim! De suas bandeiras é essa a segunda maior, pois ocupa a primazia em seus funestos motins o afã de destruir a Santa Igreja Católica. Então, que os espíritas saibam em que tipo de companhia estão, ao defender tais ideias, e que recordem da promessa de Deus, que não mente e não erra:
"Irei diante de ti, aplanarei os caminhos pedregosos, arrombarei as portas de bronze, quebrarei as trancas de ferro. Dar-te-ei tesouros escondidos, riquezas aferrolhadas, a fim de que saibas que Eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chamo pelo teu nome... (...) Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de Mim não há Deus. Cingi-te quando não Me conhecias, para que saibam (todos), desde o Oriente ao Poente, que nada há fora de Mim. Eu sou o Senhor. Não há outro. Formo a luz e crio as trevas, faço a paz e mando o castigo (aos povos). Sou Eu, o Senhor, que faço todas essas coisas. Derramai, ó, Céus, lá dessas alturas, o vosso orvalho, e as nuvens façam chover a justiça! Abra-se a Terra e brote a salvação! Ao mesmo tempo, faça germinar a justiça! Eu sou o Senhor que crio tudo isso. Ai daquele que disputa contra o seu Criador (não sendo mais que um) vaso entre os vasos de Terra. Porventura dirá o barro ao oficial que o maneja: 'que fazes?' A obra dirá ao oleiro: 'não tens mãos?' Ai do que diz ao seu pai: 'por que me geraste?' E à sua mãe: 'por que me deste à luz?' Eis o que diz o Senhor, o Santo de Israel, Aquele que o formou: 'ousais perguntar-Me as coisas futuras, interrogar-Me acerca dos Meus filhos e da obra de Minhas mãos? Eu fiz a Terra, e quem sobre ela criou o Homem fui Eu; as Minhas mãos estenderam os Céus, e a toda a sua milícia dou as Minhas ordens... (...) Falai! Vinde! Tomai conselho todos juntos! Quem anunciou essas coisas desde o princípio? Quem as predisse, há muito tempo? Porventura não fui Eu, o Senhor? Não há outro Deus além de Mim. Deus justo e salvador não O há fora de Mim. Convertei-vos a Mim, e sereis salvos, vós, todos os povos da Terra, porque Eu sou Deus, e não há outro! Jurei por Mim mesmo. Da Minha boca sai a verdade. A Minha palavra não será revogada: todo o joelho se dobrará diante de Mim, e toda a língua jurará (pelo Meu nome). Dir-se-á: 'a justiça e a força residem no Senhor! A Ele virão e serão confundidos todos os que se Lhe opõem. No Senhor será justificada e glorificada toda a descendência de Israel.''" (Is 45,2-3; 5-12; 21-26)
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O nome do Príncipe das Milícias Celestes, São Miguel, quer dizer “quem é como Deus?!” (“quis est sicut Deus?!”). Isso, de per si, ratifica que há hierarquia inclusive no Céu, onde o Deus Trino é soberano e, abaixo Dele, Nossa Senhora, seguida por São Miguel Arcanjo e depois por todas as miríades angélicas.
Na Terra é igual. Deus fez os Homens distintos, cada qual com almas e corpos diferentes. — Não há sequer um único caso de digital idêntica à outra.
A Santíssima Trindade escolheu um homem para ser pai-gerador do Povo Escolhido: Abraão; e deu apenas para Moisés a incumbência de libertar essa mesma gente do jugo egípcio.
Cristo escolheu doze Apóstolos: o mais amado, São João; o líder (Papa), São Pedro; o traidor, Judas Iscariotes. E, entre todos os Seus amigos, ressuscitou apenas Lázaro.
Todos os Apóstolos foram mártires, exceto São João, o único que morreu naturalmente, nonagenário, não obstante ter sido posto dentro de uma caldeira de azeite fervente e escapado milagrosamente ileso, exilado, posteriormente, à ilha grega de Patmos. — Judas, o traidor, suicidou-se, sendo réu de homicídio duplamente, por Cristo e por si mesmo.
O Bom Pastor, ao ensinar, asseverara: "os sãos não precisam de médico, mas os enfermos. Não vim chamar os justos, mas os pecadores." (Mc 2,17) — Evidente confirmação de que Deus Pai envia Seu Filho ao mundo para salvar a ricos e pobres, a sãos e doentes, desde que se submetam a Ele. E se há ricos e pobres, sãos e doentes, então há desigualdade entre as criaturas.
O Deus Trino fez o mais perfeito dos humanos, Nossa Senhora, e lhe deu a graça da concepção de Jesus pelo Espírito Santo — não a nenhuma outra, mas somente a Ela.
O quinto Mandamento da Santa Lei de Deus proíbe roubar; o décimo, cobiçar as coisas alheias. Ora! Eis aí mais uma inconteste prova de que, desde a criação do mundo, sempre existiu desigualdade entre as criaturas, de modo que uns têm mais e outros menos, a fim que Deus possa agir e manifestar Seu poder e glória. — Do contrário, como seria testada a generosidade do rico e a resignação do pobre?
Esses são alguns dos infindos casos que comprovam a evidente opção dos Céus pela diferenciação e aversão à igualdade, via de regra.
Portanto, é notório, óbvio e lógico que não há igualdade no reino mineral, vegetal e animal, mas distinção dentro de todos os seus constituintes. E não sou eu quem o diz, mas o próprio Criador, que fez a existência desigual, de modo perfeito; e Cristo mesmo ensina-nos essa Santa Doutrina, a qual é guardada e repetida pelos Santos Padres de Sua Igreja:
"’Com efeito, o Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar operários para sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para sua vinha. Cerca da terceira hora saiu ainda e viu alguns que estavam na praça sem fazer nada. Disse-lhes ele: ‘ide também vós para minha vinha e vos darei o justo salário.’ Eles foram. À sexta hora saiu de novo e, igualmente, pela nona hora, e fez o mesmo. Finalmente, pela undécima hora, encontrou ainda outros na praça e perguntou-lhes: ‘por que estais todo o dia sem fazer nada?’ Eles responderam: ‘é porque ninguém nos contratou.’ Disse-lhes ele, então: ide vós também para minha vinha. Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse a seu feitor: ‘chama os operários e paga-lhes, começando pelos últimos até os primeiros.’ Vieram aqueles da undécima hora e receberam cada qual um denário. 1Chegando, por sua vez, os primeiros, julgavam que haviam de receber mais. Mas só receberam cada qual um denário. Ao receberem, murmuravam contra o pai de família, dizendo: ‘os últimos só trabalharam uma hora e deste-lhes tanto como a nós, que suportamos o peso do dia e do calor.’ O senhor, porém, observou a um deles: ‘meu amigo, não te faço injustiça. Não contrataste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te. Eu quero dar a este último tanto quanto a ti. Ou não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz? Porventura vês com maus olhos que eu seja bom?’ Assim, pois, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. (Muitos serão os chamados, mas poucos os escolhidos.)’" (Mt 20,1-16)
“’Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar. Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: negociai até eu voltar. Mas os Homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: não queremos que ele reine sobre nós. Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado. Veio o primeiro: senhor, teu dinheiro rendeu dez vezes mais. Ele lhe disse: muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades. Veio o segundo: senhor, teu dinheiro rendeu cinco vezes mais. Disse a este: sê também tu governador de cinco cidades. Veio também o outro: senhor, aqui tens teu dinheiro, que guardei embrulhado num lenço, pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste. Replicou-lhe ele: servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei. Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta eu o teria retirado com juros. E disse aos que estavam presentes: tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas. Replicaram-lhe: senhor, este já tem dez minas! Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, lhe será dado; mas, ao que não tiver, lhe será tirado até o que tem. Quanto aos que me odeiam, e que não me quiseram por Rei, trazei-os e massacrai-os na minha presença.’" (Lc 19,12-27)
"Caminhando, viu Jesus um cego de nascença. Os Seus discípulos indagaram dele: ‘Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?’ Jesus respondeu: ‘nem este pecou nem seus pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus. Enquanto for dia, cumpre-me terminar as obras Daquele que Me enviou. Virá a noite, na qual já ninguém pode trabalhar. Por isso, enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.’ Dito isso, cuspiu no chão, fez um pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego. Depois lhe disse: ‘vai, lava-te na piscina de Siloé’ (esta palavra significa emissário). O cego foi, lavou-se e voltou vendo." (Jo 9,1-7)
"Que homem, pois, pode conhecer os desígnios de Deus, e penetrar nas determinações do Senhor? Tímidos são os pensamentos dos mortais, e incertas as nossas concepções; porque o corpo corruptível torna pesada a alma, e a morada terrestre oprime o espírito carregado de cuidados. Mal podemos compreender o que está sobre a Terra. Dificilmente encontramos o que temos ao alcance da mão. Quem, portanto, pode descobrir o que se passa no Céu? E quem conhece Vossas intenções, se Vós não lhe dais a sabedoria, e se do mais alto dos Céus Vós não lhe enviais Vosso Espírito Santo?" (Sb 9,13-17)
"Quem pode compreender o pensamento do Senhor? Quem jamais foi o Seu conselheiro? Quem Lhe deu primeiro, para que Lhe seja retribuído? Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele a glória por toda a eternidade! Amém." (Rm 11,33-36)
"Rico e pobre se encontram: foi o Senhor quem criou a ambos." (Pr 22,2)
"Entretanto, embora os socialistas, abusando do próprio Evangelho para enganar mais facilmente os incautos, costumem torcer seu ditame, contudo, há tão grande diferença entre seus perversos dogmas e a Puríssima Doutrina de Cristo que não poderia ser maior... (...) Porque, enquanto os socialistas, apresentando o direito de propriedade como invenção humana, contrária à igualdade natural entre os homens; enquanto, proclamando a comunidade de bens, declaram que não pode tratar-se com paciência a pobreza e que impunemente se pode violar a propriedade e os direitos dos ricos, a Igreja reconhece muito mais sabia e utilmente que a desigualdade existe entre os Homens, naturalmente dissemelhantes pelas forças do corpo e do espírito, e que essa desigualdade existe até na posse dos bens. Ordena, ademais, que o direito de propriedade e de domínio, procedente da própria natureza, se mantenha intacto e inviolado nas mãos de quem o possui, porque sabe que o roubo e a rapina foram condenados pela Lei Natural de Deus. (...) Não ajudar o socialismo — tomai, ademais, sumo cuidado para que os filhos da Igreja Católica não dêem seu nome nem façam favor nenhum a essa detestável seita." (Papa Leão XIII, Carta Encíclica Quod Apostolici Muneris.)
"Daquela heresia (protestantismo) nasceu, no século passado, o filosofismo, o chamado direito novo, a soberania popular e, recentemente, uma licença, incipiente e ignara, que muitos qualificam apenas de liberdade; tudo isso trouxe essas pragas que não longe exercem seus estragos, que se chamam comunismo, socialismo e nihilismo, tremendos monstros da sociedade civil." (Papa Leão XIII, Carta Encíclica Diuturnum.)
"A Igreja, pregando aos Homens que eles são todos filhos do mesmo Pai Celeste, reconhece como uma condição providencial da sociedade humana a distinção das classes; por esta razão Ela ensina que apenas o respeito recíproco dos direitos e deveres, e a caridade mútua darão o segredo do justo equilíbrio, do bem estar honesto, da verdadeira paz e prosperidade dos povos. (...) "Mais uma vez Nós o declaramos: o remédio para esses males [da sociedade] não será jamais a igualdade subversiva das ordens sociais." (Papa Leão XIII, em alocução de 24/01/1903 ao patriarcado e à nobreza romana.)
" Importa, por conseqüência, que nada lhe seja à democracia cristã mais sagrado do que a justiça que prescreve a manutenção integral do direito de propriedade e de posse; que defenda a distinção de classes, que sem contradição são próprias de um Estado bem constituído." (Papa Leão XIII, Carta Encíclica Graves de Communi Re.)
"A sociedade humana, tal qual Deus a estabeleceu, é formada de elementos desiguais, como desiguais são os membros do corpo humano; torná-los todos iguais é impossível: resultaria disso a própria destruição da sociedade humana." (Papa Leão XIII)
"A igualdade dos diversos membros sociais consiste somente no fato de todos os Homens terem a sua origem em Deus Criador; foram resgatados por Jesus Cristo e devem, segundo a regra exata dos seus méritos, serem julgados por Deus e por Ele recompensados ou punidos." (Papa Leão XIII)
Disso resulta que, segundo a ordem estabelecida por Deus, deve haver na sociedade príncipes e vassalos, patrões e proletários, ricos e pobres, sábios e ignorantes, nobres e plebeus, os quais todos, unidos por um laço comum de amor, se ajudam mutuamente para alcançarem o seu fim último no Céu e o seu bem-estar moral e material na terra." (Papa Leão XIII)
"E, apoiando-se nos funestíssimos erros do comunismo e do socialismo, asseguram que a ‘sociedade doméstica tem sua razão de ser somente no direito civil’." (Papa Pio IX, Carta Encíclica Quanta Cura.)
"Se [Cristo] chamou junto de Si, para os consolar, os aflitos e os sofredores, não foi para lhes pregar o anseio de uma igualdade quimérica." (Papa Pio X, Carta Encíclica Notre Charge Apostolique.)
“Não é verdade que na sociedade civil todos temos direitos iguais, e que não exista hierarquia legítima.” (Papa Pio XI, Carta Encíclica Divini Redemptoris.)
"A fim de pôr termo às controvérsias que acerca do domínio e deveres a ele inerentes começam a agitar-se, note-se em primeiro lugar o fundamento assente por Leão XIII, de que o direito de propriedade é distinto do seu uso. Com efeito, a chamada justiça comutativa obriga a conservar inviolável a divisão dos bens e a não invadir o direito alheio, excedendo os limites do próprio domínio; mas que os proprietários não usem do que é seu, senão honestamente, é da alçada não da justiça, mas de outras virtudes, cujo cumprimento não pode urgir-se por vias jurídicas. (...) Sem razão, afirmam alguns que o domínio e o seu uso são uma e a mesma coisa; e muito mais ainda é alheio à verdade dizer que se extingue ou se perde o direito de propriedade com o não uso ou abuso dele. (...) E se o socialismo estiver tão moderado, no tocante à luta de classes e à propriedade particular, que já não mereça nisto a mínima censura? Terá renunciado por isso à sua natureza essencialmente anticristã? (...) Para lhes respondermos, como pede a Nossa paterna solicitude, declaramos: o socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico, ou como ‘ação’, se é verdadeiro socialismo, mesmo depois de se aproximar da verdade e da justiça nos pontos sobreditos, não pode conciliar-se com a Doutrina Católica, pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à Verdade Cristã. (...) Socialismo religioso, socialismo cristão, são termos contraditórios: ninguém pode ao mesmo tempo ser bom católico e socialista verdadeiro. (...) Estas doutrinas, que Nós, de novo, com a nossa suprema autoridade solenemente declaramos e confirmamos (...)” (Papa Pio XI, Carta Encíclica Quadragesimo Anno.)
Não existe carma. Não há reencarnação. E igualdade é somente uma utopia instrumentalizada para persuadir as almas mais incautas, engendrar revoluções e gerar a alguns privilegiados os lucros oriundos das demandas advindas desses desastres.
Espíritas, saibam que o sofrimento, de modo geral, é Mistério de Deus. E vos dou como exemplo os fatos bíblicos: todas as epidemias e pragas referidas nas Sagradas Escrituras foram castigos de Deus aos Homens. Todavia, nem todo sofrimento é oriundo de pecado, pois Jó, por exemplo, era um dos mais justos homens de seu tempo. No entanto, as tragédias que lhe assolaram foram provações do Criador, a fim de mensurar sua real fidelidade ao Deus Trino, o qual, atestando tal incomensurável lealdade, agraciara o Santo e “Justo Sofredor” com milagres e favorecimentos indizíveis:
"Enquanto Jó rezava por seus amigos, o Senhor o restabeleceu de novo em seu primeiro estado e lhe tornou em dobro tudo quanto tinha possuído. Todos os seus irmãos, todas as suas irmãs, todos os seus amigos de antes vieram visitá-lo e sentaram-se com ele à mesa, em sua casa. Tiveram muita dó dele e deram-lhe condolências a respeito de todas as infelicidades que o Senhor lhe enviara. E cada um deles ofereceu-lhe uma moeda de prata e um anel de ouro. O Senhor abençoou os últimos tempos de Jó mais do que os primeiros. Teve Jó catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. Teve, ainda, sete filhos e três filhas: chamou a primeira Jemima, a segunda Ketsia e a terceira Kereu-Happouk. Em toda aquela terra não poderiam ser encontradas mulheres mais belas do que as filhas de Jó. E seu pai lhes destinou uma parte da herança entre seus irmãos. Depois disso, Jó viveu ainda cento e quarenta anos e conheceu até a quarta geração dos filhos de seus filhos. Depois, velho e cheio de dias, morreu." (Jó 42,10-17)
Um último exemplo, do Santo Livro de Tobias: Tobit, pai de Tobias. O homem era justíssimo, piedoso, cumpridor das Leis de Deus. No entanto, repentinamente ficara cego. Mas como todo sofrimento, ainda que não se o compreenda, existe para que Deus seja ainda mais glorificado, então milagres e prodígios ocorreram com ambos os personagens: Tobias fora enviado pelo pai à casa de parentes, a fim de reaver valores que lhes eram de direito. Nesse ínterim encontra o Arcanjo Rafael, que lhe abençoa enormemente, dando, inclusive uma esposa, Sara, a qual havia perdido já sete maridos por insídia diabólica, mas Tobias rezara por três dias com ela, antes de consumar o matrimônio, a mando de sua guarda angelical, e lograram êxito. Então o jovem voltou ao seu lar com o dinheiro do pai, uma esposa, um Arcanjo por protetor de viagem e ainda curara os olhos do pai com o fígado do peixe que pescara milagrosamente, pela intervenção de seu companheiro angélico. Tobit, que estava cego, chorava com sua esposa pela demora do filho único, que já quase davam por morto, mas vive para regozijar-se por ser curado pelo próprio rebento e vê-lo regresso com os próprios olhos por ele sarados, bem como ao Arcanjo Rafael, que depois os deixa em grande alegria e paz.
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A APOLOGÉTICA ESPÍRITA,
SUA ANTI-CIÊNCIA
E SEU ASSASSÍNIO DAS ALMAS
Na perniciosa obra "Doutrina Espírita para Principiantes" [Luis Hu Rivas, Doutrina Espírita para Principiantes: introdução ao estudo da doutrina que ilumina consciências e consola corações, Conselho Espírita Internacional, Brasília, 2009.], em seu segundo capítulo, há uma estranha síntese da doutrina espírita, a qual, convenientemente, omite a ligação de Hippolyte Leon Denizard Rivail (vulgo, Allan Kardec) à maçonaria, bem como de outros, tanto quanto não se fala sobre seus envolvimentos com o ocultismo da teosofia.
E, nesse mesmo ponto do terrível livro, lê-se:
“O Consolador, prometido por Jesus, também designado pelo Apóstolo João como o ‘Santo Espírito’, seria enviado à Terra com a missão de consolar e lidar com a verdade. Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, Jesus anunciou a vinda Daquele que havia de ensinar todas as coisas e de lembrar o que Ele dissera. A relação entre o espiritismo e o Consolador está no fato de a doutrina espírita conter todas as condições do Consolador que Jesus prometeu; ou seja, o espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, pois fala sem figuras, sem alegorias, levantando o véu intencionalmente lançado sobre certos Mistérios; vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem. Jesus sabia que seria inoportuna uma revelação mais ampla, já que o Homem da sua época não estava amadurecido e, além disso, previa que a Sua mensagem seria distorcida com o correr do tempo; e por isso prometeu um Consolador.” (Luis Hu Rivas, Doutrina Espírita para Principiantes: introdução ao estudo da doutrina que ilumina consciências e consola corações, Conselho Espírita Internacional, Brasília, 2009.)
Eis aí uma profanação da Verdade Revelada, da Palavra de Deus, da Sacrossanta Doutrina Católica, de Pentecostes, de Jesus Cristo e do Espírito Santo. Para além de blasfêmia, soberba inexpressível.
O espiritismo quer fazer crer que o Paráclito é o espiritismo, plasmado nas pessoas de gente da estirpe do maçom ocultista teosófico Hippolyte Leon Denizard Rivail, aos quais apoda de “decodificadores”, insinuando que têm como incumbência dada pelo próprio Deus a decodificação de Sua mensagem. — Faltou explicar como o mundo sobreviveu aos dezoito séculos que antecederam o nascimento dessa seita invocadora de demônios.
A doutrina espírita coaduna-se muitíssimo bem com a maçonaria porque ambas organizações são, para além de inimigas do catolicismo, racionalistas, cientificistas, naturalistas e ocultistas.
É mister registrar que esse absurdo não foi inventado pelos espíritas, senão que esse nada mais são que caudatários de heresias muitíssimo antigas (anos 100 d.C.), como o montanismo e o milenarismo, que já proliferavam estultices similares.
Montano, por exemplo, se autoproclamava Profeta enviado por Jesus Cristo, a fim de instaurar a Era do Paráclito (Espírito Santo).
O milenarismo pregava que, após a segunda vinda de Cristo (Parusia), haveria um período de 1000 anos de paz e felicidade plenas na Terra, até que satanás regressaria, a fim de ser derrotado por Jesus e, após isso, ser instaurado no mundo o Reino Celeste.
São teologias entremeadas de heresia e ocultismo remanescente do judaísmo antigo, as quais foram duramente combatidas pela Santa Igreja e vencidas, graças ao misericordiosíssimo Deus, que protege Sua única e verdadeira Religião, como prometera que o faria até o Fim dos Tempos (Mt 28,20).
E, caudatário das supracitadas heresias, Luis Hu Rivas, em seu péssimo "Doutrina Espírita para Principiantes", escreve:
“Definamos, primeiro, o sentido da palavra revelação. Revelar, do latim revelare, cuja raiz, velum véu, significa literalmente descobrir de sob o véu e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa. A característica essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar um segredo é dar a conhecer um fato; se este é falso já não é um fato e, por consequência, não existe revelação. O espiritismo, partindo das próprias palavras do Cristo, como este partiu das de Moisés, é consequência direta da sua doutrina. A ideia vaga da vida futura, acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia, povoa o espaço e levanta o véu que ocultava aos Homens os Mistérios do nascimento e da morte. A primeira revelação teve a sua personificação em Moisés, a segunda no Cristo, a terceira não a tem em indivíduo algum. As duas primeiras foram individuais; a terceira, coletiva; aí está um caráter essencial de grande importância. Ninguém, por consequência, pode inculcar-se como seu profeta exclusivo; foi espalhada simultaneamente, por sobre a Terra, a milhões de pessoas, de todas as idades e condições, a fim de servir um dia a todos, de ponto de ligação. Chegou numa época de emancipação e maturidade intelectual, na qual o Homem não aceita nada às cegas. A revelação espírita é progressiva. O espiritismo não têm dito a última palavra, mas tem aberto um campo amplo para o estudo e a observação. Pela sua natureza possui duplo caráter; é, ao mesmo tempo, divina e humana. Divina porque provém da iniciativa dos espíritos; e humana porque é fruto do trabalho do Homem. Os ensinamentos dos espíritos, por toda parte, nos mostram a unidade da Lei. Em virtude dessa unidade, reinam na Obra Eterna a ordem e a harmonia.” (Luis Hu Rivas, Doutrina Espírita para Principiantes: introdução ao estudo da doutrina que ilumina consciências e consola corações, Conselho Espírita Internacional, Brasília, 2009.)
Perceba-se: assevera Rivas que o espiritismo é divino e humano; que é a porta de entrada e chave de decodificação para a terceira e última era da vida: a era do Espírito Consolador, do espiritismo, dos “decodificadores”. — E tudo isso em meio à invocações de espíritos!
Quanta verborragia! Quanto devaneio mentecapto! Quanta gnose! Quanto ocultismo! Quanta teosofia! Quanto satanismo!
E afirma essa ímpia obra que a Sã Doutrina de Jesus advém de Moisés. Ora! Cristo é Deus Criador, junto com o Pai e o Espírito Santo. Por conseguinte, o que Dele emana não pode advir de mais ninguém senão Dele próprio.
Moisés foi um Profeta, cuja inspiração lhe foi dada pelo Deus Trino (Pai, Filho e Espírito Santo). Assim, não pode ter esse servo dado como herança sua doutrina a Jesus, senão o contrário.
O Messias, ao fazer-se Homem e vir ao mundo, fez cumprir o que estava escrito nas Sagradas Escrituras, profecias essas que o Deus Trino (do qual é Ele a Segunda Pessoa) revelara aos Seus Profetas.
Assim, não é Cristo caudatário de Moisés, mas o inverso.
E mais: Luis Hu Rivas afirma que Jesus Cristo não foi claro em seus ensinamentos e o mundo necessita do espiritismo e suas invocações de espíritos (que nada mais são que demônios) para explicar o que o Messias não esclareceu aos Homens, quando de Seu Ministério.
Nada além de equívocos com baixíssimo nível intelectual, blasfêmia, prepotência, parvoíce, necedade, satanismo e quiçá loucura — ou tudo, simultaneamente.
É Verdade de Fé ensinada há mais de 2000 anos pela Santa Igreja que a Revelação Divina finalizou-se com a morte do último Apóstolo, São João. Portanto, no plano salvífico divino Homem algum é necessário para complementá-lo, uma vez que Deus é perfeito, absoluto, pleno, completo e inerrante. Por que um ser humano, limitado, miserável e mortal seria necessário? — Se Deus nos inclui em Sua obra, é por misericórdia, tal qual um pai que, ao consertar algo, pede que seu filho pequeno o “ajude”. Em verdade, tal atitude visa somente, e tão somente, a participação do pupilo, puramente por amor, e não por necessidade.
São Paulo diz: “agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por Seu Corpo que é a Igreja.” (Cl 1,24) Não quis dizer o Grande Apóstolo que a Paixão de Nosso Senhor foi de redenção incompleta. De modo algum! O que o Santo asseverara é que a Santa Igreja é o Corpo Místico de Cristo, sendo Ele a cabeça e nós os membros (1Cor 12,12-14; Rm 12,4-5; Ef 3,6; Ef 5,22-23; e Cl 1,18-24.). E, por conseguinte, somos chamados a compô-Lo; a sermos parte constitutiva de Sua existência aqui na Terra (Igreja Militante), que continuará até o Juízo Final; e, após esse, sendo eleitos, poderemos lucrar diretamente o Céu (Igreja Triunfante) ou, antes disso, o justo e merecido Purgatório (Igreja Padecente).
Então, somos exortados a tomarmos nossa cruz e adicionarmos à Paixão de Nosso Senhor a nossa, por meio desse Vale de Lágrimas que é a jornada terrestre, a fim de que, participando da dor de Jesus, mereçamos a Salvação Eterna que Dele advém — “se alguém quiser vir Comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me.” (Mt 16,24)
Portanto, não há incompletude na vida, Paixão, morte e Ressurreição de Cristo. E, logicamente, muito menos existe a necessidade de um ser humano completar Sua obra. E quando o espiritismo se diz incumbente, por Deus, para decodificar Seus Evangelhos, isso toma proporções não apenas blasfemas, mas insanas e megalomaníacas.
E, aqui, é mister refrisar o ensinamento da Santa Igreja, assaz bem explanado por Santo Tomás de Aquino, acerca dos homicidas de alma, os quais ferem o Quinto Mandamento da Lei de Deus: não matar — e de modo gravíssimo, já que ceifam do espírito alheio ou próprio o Estado de Graça (santidade) e, por conseguinte, a Salvação Eterna, para a qual todo Homem fora criado:
“E cumpre saber que se pode matar o corpo sem matar a alma, ou matar a alma sem matar o corpo, e que há casos em que se pode matar o corpo e a alma ao mesmo tempo. Mata-se o corpo derramando o sangue, e mata-se a alma arrastando-a ao pecado mortal: ‘o demônio, diz-se na Escritura, foi homicida desde o começo do mundo.’ (Jo 8). Foi homicida porque arrastou o homem ao pecado. Há dois casos em que se mata ao mesmo tempo a alma e o corpo: o primeiro é quando se tira a vida de uma mulher gravida, porque então o golpe que a fere mata igualmente o corpo e a alma da criança que ela traz em seu ventre; e o segundo é quando alguém mata a si mesmo.” (Santo Tomás de Aquino. Tratado dos Dois Preceitos da Caridade e dos Dez Mandamentos da Lei de Deus. Edição de 1876 d.C..)
"'Não dirás falso testemunho, etc.' Neste preceito proíbe-se ao Homem toda a espécie de mentira. 'Guarda-te de toda a mentira', diz o Eclesiástico, 'porque nada é mais funesto do que o hábito de mentir.' (Eclo 7). E isto por quatro razões: Primeiramente, o hábito de mentir assemelha o Homem ao demônio. O mentiroso é filho do diabo. Pela linguagem do Homem conhece-se sua religião e sua pátria: 'a tua linguagem tornou-te conhecido', diz-se no Evangelho. (Mt 26) Assim, certos Homens são da família do demônio, e são chamados filhos do diabo porque falam uma linguagem mentirosa, e porque Satanás é o espírito do erro e o pai da mentira. Ele mentiu aos nossos primeiros pais, dizendo-lhes: ''não morrereis.' (Gn. 3) Outros são filhos de Deus, porque falam uma linguagem verdadeira, e porque Deus é a verdade mesma; em segundo lugar, o hábito da mentira tende à dissolução da sociedade. O laço que une os Homens e os faz viverem juntos é a confiança, e não poderia existir confiança se a franqueza e a verdade fossem banidas da Terra. 'Renunciando à mentira', diz São Paulo, 'fale cada um a seu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros.' (Ef 6); terceiro lugar, o hábito da mentira faz perder ao Homem a reputação. O que tem este funesto hábito não inspira mais confiança, ainda que diga a verdade: 'que coisa será limpa por um imundo? E pelo mentiroso que verdade será dita?' (Ecle 34); em quarto lugar, o hábito de mentir é a perdição da alma. 'O mentiroso mata sua alma', diz Salomão. (Sb 1) 'Senhor', diz o salmista, 'tu perderás a todos que proferem a mentira.' (Sl 5). A mentira, portanto, pode ser pecado mortal. É um pecado mortal mentir nas coisas que são de Fé, e é o que sucede aos Prelados, aos Pregadores e aos mestres que não ensinam a verdade que têm por missão ensinarem. Semelhante mentira é a mais grave de todas. 'Tereis entre vós', diz o Apostolo São Pedro, 'mestres mentirosos, que introduzirão na Igreja doutrinas funestas, e criminosas heresias.' (Pd 2) Certos Homens, que tem missão de ensinar a verdade, ensinam, algumas vezes, a mentira, a fim de parecerem doutos. A eles é que se dirigem estas palavras de Isaías: 'de quem fizestes vós escarnio? Contra quem abristes a boca e deitastes a língua afora? Porventura não sois vós uns filhos malvados, uma geração maldita? (Is 57)'" (Santo Tomás de Aquino. Tratado dos Dois Preceitos da Caridade e dos Dez Mandamentos da Lei de Deus. Edição de 1876 d.C..)
Destarte, suplico ao Deus Trino que proteja Seus filhos contra as insídias de satanás defronte à Santa Igreja; que converta os não conversos; e que dê fidelidade e fervor aos convertidos ao catolicismo, única e genuína religião do Altíssimo, somente na qual se encontram milagres e prodígios verdadeiros, que são, entre outras coisas, assinaturas do Criador, a ratificar qual Fé é a Sua, fora da qual não há salvação.
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No mesmo terrível livro "Doutrina Espírita para Principiantes", para além das misérias já mencionadas, traz em seu lamaçal de ocultismo também as sandices das cinco obras que os espíritas consideram o fundamento de sua seita, todas escritas por Hippolyte, o qual apodam de “o codificador do espiritismo”. São eles:
1) O Livro dos Espíritos (1857): apresenta os fundamentos da seita espírita. Hippolyte Leon Denizard Rivail assevera tê-lo escrito com o auxílio de “espíritos superiores” (demônios), sendo ele o coordenador das ideias, as quais nada mais são que ocultismo, gnose e muita deturpação dos Sacrossantos Evangelhos. Em suma, satanismo travestido de filantropia espiritual.
2) O Livro dos Médiuns (1861): contém instruções práticas para execução do que os espíritas chamam de “atividade mediúnica”; “intermediação entre o mundo espiritual (desencarnados) e o material (encarnados)”. Em outras palavras — e sem eufemismos: a nefanda obra ensina a invocar demônios. Eis tudo.
3) O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864): esse se digna a lecionar acerca do que o espiritismo considera moral e doutrina, sempre tomando por empréstimo os Santos Dogmas Católicos e os deturpando sem limites de profanação.
4) O Céu e o Inferno (1865): essa outra horrenda obra, segundo Hippolyte Leon Denizard Rivail, foi composta por meio de “evocação de espíritos” (demônios). De acordo com o ocultismo, invocação diz respeito à posse do corpo e da mente do possuído, o qual é dominado integralmente pelo espírito possuidor (demônio). E, segundo os ocultistas, a evocação é o contato sem possessão, de maneira que a “entidade” (demônio) aparece defronte seu evocador. E em tal funesto livro, esse autor distorce completamente as Verdades de Fé acerca da Escatologia (últimos eventos do mundo e da existência humana). Chega ao ponto de afirma que os castigos do inferno não são eternos, mas efêmeros, contrapondo-se frontalmente com a Sã Doutrina ensinada por Jesus Cristo (Mt 5,22-29; 7,13-27; 8,10-12; 10,28; 13,42-50; 18,8; 23,33; 25,41; Mc 9,43-48; Jo 3,16).
5) A Gênese (1868): por fim, nesse miserável livro, Hippolyte conta a versão do espiritismo para a criação do mundo. Desacredita os milagres de Cristo e, com a ajuda do astrônomo Camille Flammarion, registra erros científicos grotescos. A saber: Flammarion afirmara haver vegetação sazonal em Marte, bem como seres vivos, assim como apontava o mesmo em relação a Júpiter, Vênus, Mercúrio, lua...; dizia ele, por exemplo, que, não obstante a face visível da Lua fosse deserta e inabitável, havia fluidos líquidos e gasosos que possibilitavam vida na face oposta; asseverara que Saturno tinha um único e sólido anel, quando, na verdade, são vários, compostos por incontáveis fragmentos; afirmara ter Júpiter quatro satélites, quando possui, de fato, mais de 60; defendia que Marte não tem nenhum, mas possui dois, até onde se sabe; apontava a Via Láctea como constituída por 30 milhões de estrelas, quando esse número supera a casa dos bilhões; etc. Se esses invocadores de “espíritos superiores” não acertam no âmbito científico, ou seja, material, como crer que estão corretos no campo espiritual? Ora! São demônios e não “espíritos de portentos cientistas”. E essas “gafes científicas” são mais contundentes provas de que o espiritismo não coaduna com a verdade (que é uma só: a católica), senão que a rechaça, a fim de fazer uso de sofismas para atrair e desencaminhar as almas mais incautas.
Estranha e ironicamente, essa malévola obra destaca, em uma de suas hediondas páginas, a citação: “o espiritismo será científico ou não sobreviverá” (Léon Denis) — mais uma corroboração da enorme contradição que é o espiritismo, já que seus fundamentos são contrários a diversos fatos científicos e, sobretudo, no âmbito da Teologia, a primeira entre todas as Ciências.
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Por fim, no referido pernicioso livro de Luis Hu Rivas, encontra-se o que o autor chama de "princípios fundamentais" do espiritismo, segundo os “ensinamentos dos espíritos" (demônios), quais sejam:
1) “A Existência de Deus: Inteligência Suprema, causa primeira de todas as coisas.”
Perceba-se que há certo cuidado, vez ou outra, no uso de alguns termos, como esse, o qual toma por empréstimo uma proposição filosófica, ao assumir que o Criador é causa primeira de tudo o que é criado (efeitos). Todavia, há de se saber que as mais perigosas mentiras são as que mais se parecem com a verdade, haja vista que se camuflam em sofismas, o que torna mais árduo o descobrimento da farsa.
Por exemplo: nesse mesmo abjeto livro, lê-se acerca do espiritismo: “como moral, ele é essencialmente cristão, porque a doutrina que ensina é tão somente o desenvolvimento e a aplicação da do Cristo, a mais pura de todas, cuja superioridade não é contestada por ninguém, prova evidente de que é a Lei de Deus; ora, a moral está a serviço de todo mundo.”
Novamente o espiritismo põe-se em má companhia, ladeando os protestantes, os quais, outrossim, asseveram seguir a Cristo, mas calcam Seus Mandamentos, desprezam Sua Santíssima Mãe (honrada e coroada pelo próprio Deus Trino como Rainha do Céu, estando, na hierarquia celeste, abaixo apenas da Santíssima Trindade), não se submetem à Santa Igreja criada pelo próprio Jesus, negam os Sacramentos instituídos pelo Messias, etc., etc., etc.; porém, não obstante tudo isso, por fim, miseravelmente arrogam-se o apanágio de cristãos.
Ora! São Tiago ensina-nos: “com efeito, aquele que guarda toda a Lei, mas desobedece a um só ponto, torna-se culpado da transgressão da Lei inteira...” (Tg 4) Portanto, se quer seguir a Cristo, toma tua cruz e imita-O, porque não serão salvos os que admiram a Jesus, nem os que o creem Santo, senão aqueles que Lhe forem fiéis.
Também Hippolyte Léon Denizard Rivail, hipocritamente, ao falar sobre Deus, ao invés de perguntar "quem é Deus", indaga "o que é Deus", em seu pavoroso “O Livro dos Espíritos”. E como resposta inicia uma série de sofismas, com predicados positivos, entremeados a distorções teológicas. Assevera que Deus é uma "Inteligência Suprema", mas com a qual é vetado ao Homem qualquer relacionamento. — Faltou explicar, então, o motivo da Encarnação do Verbo, vindo ao mundo para relacionar-Se com ele, interagir com os Homens, ser traído e trucidado por alguns e redimir aos Seus com o próprio Sangue. Se isso não é relacionar-Se, para Hippolyte, certamente ele não faz a mínima ideia do real significado de tal verbete.
2) “A Imortalidade da Alma: somos, em essência, espíritos; seres inteligentes da criação. O espírito é o princípio inteligente do universo.”
Eis outro sofismo do espiritismo: dizer que o Homem é essencialmente espiritual.
Vejamos de onde vem esse termo: “essencial é visto no latim “essentiālis”, determinado pelo sufixo “-al”, que assume a forma latina “-ālis”, como agente de pertença, acompanhando a palavra “essência”, dada no latim como “essentĭa”, tomada como calco do grego “ousia”, em torno de natureza ou substância da existência, associando-se a “essent-“, por esse, interpretando-se como ser, sobre a raiz indo-européia “es-“, por ser, seguido pelo sufixo composto “-ntĭa”, como elemento de qualidade. (https://etimologia.com.br/essencial-essencia/)
Portanto, essência diz respeito à principal parte constituinte de algo; é a base; aquilo que lhe é elementar e indispensável para sua existência.
A concepção de que a alma é imortal é ponto pacífico entre os grandes teólogos e filósofos, porém, não é verdade que o ser humano tem essência apenas espiritual, como sugere o espiritismo.
"O Senhor Deus formou, pois, o Homem do barro da terra, e inspirou no seu rosto um sopro de vida, e o Homem tornou-se alma (pessoa) vivente." (Gn 2,7)
Atente-se: a essência do Homem é espiritual e material, de modo que uma alma, sem um corpo, não é um ser humano, tal qual não o é, por conseguinte, um corpo sem alma. — No momento em que a semente da vida sai do homem e germina na mulher, nesse instante surge uma vida, em matéria e espírito. Assim, sua essência é espiritual e material, simultaneamente.
Tal concepção dualista do ser (que, por vezes, tange a rivalidade excludente), alinha-se às ideias heréticas de metempsicose e apocatástase, defendidas por Orígenes, excomungado pela Santa Igreja nos anos 100 d.C.; e, por conseguinte, assemelha-se ao orfismo, platonismo, diversas doutrinas ocultistas e, obviamente, à gnose, que apregoa a guerra da alma com o corpo, que a aprisiona — absurdo gerador da heresia genocida do catarismo, nos primórdios do Século XIII d.C..
Não se vê esse tipo de análise e paralelismo entremeados às explanações intelectualmente desonestas acerca do espiritismo, por parte de seus adeptos, porquanto o lobo disfarça-se de ovelha para aproximar-se do rebanho; não transparece as intenções, mas dissimula-as; fala em voz suave, procede calmamente, a fim de conquistar confiança; se obtém espaço, põe a termo sua malevolência, prolifera enganos, provoca dissensão, dispersão, heresia, apostasia e exposição das almas aos piores perigos, inclusive do ateísmo, ocultismo e afins.
3) “A Reencarnação: Criado simples e ignorante, o Espírito decide e cria seu próprio destino usando o livre arbítrio. Seu progresso é consequência das experiências adquiridas em diversas existências, evoluindo constantemente, tanto em inteligência como em moralidade.”
A Santa Igreja ensina que a alma tem inteligência, sensibilidade e vontade. E, desde que nascemos, o Criador incute no espírito de cada ser Sua Lei Natural, de modo que mesmo os mais incautos possuem capacidade de discernir entre certo e errado, bem e mau, a fim de fazer suas escolhas e, por conseguinte, obter as consequências advindas delas.
É, no mínimo, temerário asseverar que a alma é “simples e ignorante”.
E, quanto ao aprendizado por meio de diversas reencarnações: estranho, já que desconheço, por exemplo, qualquer infante que fale fluentemente. Ora! Na vida passada, se chegara à fase adulta em condições normais, há de ter sido falante ao menos de seu idioma nativo. O que ocorre? A alma apaga de sua memória tudo o que aprendeu? Mas, se é assim, então a própria hipótese reencarnacionista se anula, por contraditória que é. A alma reencarnará para sempre, por essa lógica, sem ter nunca esperança de paz, já que errará sempre e se esquecerá do que aprendeu com os equívocos; por consequência, será castigada com outra reencarnação, para pagar por suas faltas, que poderão ser quitadas, mas, como em vida, então a preço de novas quedas, que gerarão a contração de outras dívidas, as quais deverão ser purgadas em outra reencarnação, que virá com o espírito totalmente sem memória, novamente, tendo de aprender tudo outra vez, inclusive falar? Isso é pueril! É totalmente insano! Não há o mínimo resquício de lógica nessa engrenagem espírita.
E, quanto ao rebatimento desses devaneios por via teológico-filosófica, creio ser satisfatório e suficiente o que já foi registrado no presente escrito, no tocante ao tema.
4) “A Pluralidade dos Mundos Habitados: os diferentes orbes do universo constituem as diversas moradas dos espíritos.”
O espiritismo crê em vida extraterrena. Isso porque não acredita que Jesus Cristo é Deus. Se acreditasse saberia que o Messias veio habitar em meio ao Seu povo (o único existente), a fim de redimi-lo do Pecado Original, por misericórdia, e lhe possibilitar a entrada aos Céus. Por isso não mais é feito o sacrifício de animais, a fim de quitar dívidas com o Altíssimo, como o faziam os judeus, pois Jesus se deu como Perfeito Holocausto — o único que, por ser Deus e infinito, pode pagar as dívidas infinitas que temos com o Criador, por ofensas contra Ele, as quais merecem suplícios eternos, já que ofendem um Ser divino, eterno e perfeitíssimo, proibido de ser contrariado.
Assim sendo, é estultícia crer em vida fora da Terra, pois Cristo veio para este e não outro lugar, pois só aqui há seres humanos, os quais foram feitos por Deus, e não são produtos de evolução, como supõem muitos equivocados; mas uma detida leitura nos primeiros capítulos do Santo Livro de Gênesis é suficiente para dar toda certeza do criacionismo ao bom entendedor. — Ao bom entendedor, porquanto o mal, esse é cego ao meio-dia (Dt 28,29).
5) “A Comunicabilidade dos Espíritos: os Espíritos são os seres humanos desencarnados. Através dos médiuns podem comunicar-se com o mundo material.”
No presente escrito, em tópicos passados, a Santa Doutrina católica já foi suficientemente explanada e refutada a questão espírita da possível consulta aos mortos (demônios), a proibição (pela Santa Igreja) de tal satânica prática e os riscos aos quais são expostas as almas que se enveredam nessa loucura ocultista. (Lv 20; Dt 18; 2Rs 21; 23; 1Cr 10; Is 8)
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QUEM É CRISTO PARA O ESPIRITISMO?
Como já mencionado, para o espiritismo Jesus Cristo não é Deus com o Pai e o Espírito Santo, senão somente — e tão somente — "um homem sábio e de espírito evoluído".
Tal concepção contrasta diametralmente com os Evangelhos, os quais são, incontestavelmente, registros históricos — para além de teológicos —, o que é ponto pacífico aos mais eminentes historiadores.
Ademais, a blasfema, parva e insolente minimização da figura de Cristo, nos círculos pagãos e hereges, afronta diretamente os registros escritos de diversos historiadores dos tempos de Jesus.
O Sr. Prof. Orlando Fedeli, católico e Doutor em História pela USP-SP (com quem divirjo em muitos pontos acidentais, quanto à Fé, mas convirjo no essencial), em resposta a dois de seus consulentes, no tocante a essa matéria, escrevera:
"Sobre a existência histórica de Jesus há vários documentos históricos, além dos Evangelhos, que são também documentos históricos de valor insuperável.
Por exemplo: o historiador judeu Flávio Josefo, que viveu ainda no primeiro século (nasceu no ano 37 d.C. ou 38 d.C. e participou da guerra contra os romanos, no ano 70 d.C., escreveu em seu livro 'Antigüidades Judaicas': '(o Sumo Sacerdote) Hanan reúne o Sinedrim em conselho judiciário e faz comparecer perante ele o irmão de Jesus, cognominado Cristo (Tiago era o nome dele), com alguns outros.' (Flavio Josefo, Antiguidades Judaicas, 20, pág.1, apud Suma Católica contra os sem Deus, dirigida por Ivan Kologrivof. Ed José Olympio, Rio de Janeiro, 1939 d.C., pág. 254.)
E, mais adiante, no mesmo livro, escreveu Flávio Josefo:
'Foi naquele tempo (por ocasião da sublevação contra Pilatos, que queria servir-se do tesouro do Templo para aduzir à Jerusalém a água de um manancial longínquo), que apareceu Jesus, homem sábio, se é que, falando Dele, podemos usar este termo — homem —, pois Ele fez coisas maravilhosas, e, para os que aceitam a verdade com prazer, foi um mestre. Atraiu a Si muitos judeus, e também muitos gregos. Foi ele o Messias esperado; e quando Pilatos, por denúncia dos notáveis de nossa nação, O condenou a ser crucificado, os que antes O haviam amado durante a vida persistiram nesse amor, pois Ele lhes apareceu vivo de novo, no terceiro dia, tal como haviam predito os Divinos Profetas, que tinham predito também outras coisas maravilhosas a respeito Dele; e a espécie de gente que tira Dele o nome de cristãos subsiste ainda em nossos dias.' (Flávio Josefo, História dos Hebreus, Antigüidades Judaicas, 18, 3, 3, Ed. cit. pág. 254.)
Tácito, historiador romano, também fala de Jesus:
'Para destruir o boato (que o acusava do incêndio de Roma), Nero supôs culpados e infligiu tormentos requintadíssimos àqueles cujas abominações os fazia detestar, e a quem a multidão chamava cristãos. Este nome lhes vem de Cristo, que, sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos entregara ao suplício. Reprimida incontinenti, essa detestável superstição repontava de novo, não mais somente na Judéia, onde nascera o mal, mas anda em Roma, para onde tudo quanto há de horroroso e de vergonhoso no mundo aflui e acha numerosa clientela.' (Tácito, Anais , 15, 44 trad., Gaelzer na Coleção Budé, apud Suma Católica contra os sem Deus pág. 256.)
Suetônio, na 'Vida dos Doze Césares', publicada nos anos 119 d.C. - 122 d.C., diz que que o Imperador Cláudio 'expulsou os judeus de Roma, tornados sob o impulso de Chrestos, uma causa de desordem'; e, na vida de Nero, que sucedeu a Cláudio, acrescenta: 'os cristãos, espécie de gente dada a uma superstição nova e perigosa, foram destinados ao suplício.' (Suetônio, Vida dos doze Césares, Nº. 25, apud Suma Católica contra os sem Deus, pág. 256-257.)
Plínio, O Jovem, em carta ao Imperador Trajano (Epist. lib. 10, 96.), nos anos 111 d.C. - 113 d.C., pede instrução a respeito dos cristãos, que se reuniam de manhã para cantar louvores a Cristo. (Cfr, Suma Católica contra os sem Deus, pág. 257.) (https://www.montfort.org.br/bra/cartas/historia/20040821232419/)
"Foram os hereges modernistas que afirmaram que os Evangelhos foram escritos muito depois da morte e da Ressurreição de Cristo. Diziam eles — e é o que você diz ter estudado em livros de História — que os Evangelhos não eram livros históricos, mas representavam os mitos inventados pelas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Para esses hereges os Evangelhos teriam sido escritos 200 anos depois da morte de Cristo.
Quem iniciou essa mentira contra o caráter histórico dos Evangelhos foi o Padre Alfred Loisy, um dos líderes do modernismo, que foi excomungado, por suas heresias, por São Pio X [Papa]. Entretanto, apesar dessa excomunhão e da condenação de suas doutrinas, na encíclica Pascendi, de São Pio X, suas afirmações continuam a ser defendidas, até hoje, por muitos Sacerdotes modernistas.
A comprovação de que os Evangelhos foram escritos logo depois da morte de Cristo — como sempre ensinou a Igreja — foi dada pelos manuscritos de Qumram.
Como você sabe, foram descobertos em Qumram os mais antigos documentos datados da época de Cristo. Eram livros e textos sagrados que haviam sido deixados nessas grutas por ocasião da invasão romana do ano 70 d.C.. Portanto, eram textos anteriores ao ano 70 d.C..
Esses livros originais pertenciam aos essênios, e são conhecidos, hoje, como os 'Manuscritos do Mar Morto'.
Numa das grutas de Qumram foram encontrados muitos fragmentos, que foram cuidadosamente recolhidos e estudados. Um deles — um fragmento do tamanho de metade de uma unha — continha três letras e um pequeno ponto da linha inferior. O tipo das letras demonstrava que o texto a que elas pertenciam era um texto sagrado.
Colocadas aquelas letras no computador, verificou-se que aquela seqüência de três letras não constava do Antigo Testamento. Ora! Aquela seqüência de três letras foi encontrada no Evangelho de São Marcos! Portanto, havia, em Qumram, antes do ano 70 d.C., uma cópia do Evangelho de São Marcos! Isso comprova que o Evangelho de São Marcos foi redigido entre o ano 33 d.C. e o ano 70 d.C.. Ora! Se foi assim, quando ele foi escrito, estavam vivas muitas pessoas que haviam visto Cristo, o que torna o Evangelho de São Marcos um livro comprovadamente histórico.
Há, ainda, outras provas com relação a outros Evangelhos.
Há alguns anos, a revista '30 Giorni' publicou interessante artigo sobre esse assunto, do qual poderei fornecer-lhe cópia.
A existência de Cristo é comprovada por vários documentos históricos, além dos Evangelhos, que são documentos históricos. Assim, alguns historiadores romanos contam da morte de Cristo na Palestina, quando lá era governador Pôncio Pilatos.
Ninguém, hoje, duvida seriamente da existência de Cristo.
O historiador romano Tácito (54 d.C. - 119 d.C.) conta que o Procurador da Palestina, Pôncio Pilatos, reinando o Imperador Tibério, mandou executar o fundador da seita dos cristãos.
Suetônio, outro historiador romano antigo, que viveu entre o ano 75 a.C. e 160 d.C., conta que o Imperador Cláudio (41 d.C. - 54 d.C.) tomou medidas contra os judeus que eram impulsionados a se insurgir por Cristo, numa evidente confusão entre judeus e cristãos.
Suetônio conta coisa semelhante ter acontecido no tempo de Nero.
Plínio, o Jovem, governador da Bitínia, escreveu uma carta ao Imperador Trajano (61 d.C. - 115 d.C.), na qual pergunta como deveria tratar os cristãos que, embora não cometendo crimes, teriam uma crença extravagante para com o fundador de sua crença, Cristo.
Luciano, escritor romano do Século II d.C., alude ao fato de que Cristo morreu na Cruz; fala de seus milagres.
O historiador judeu Flávio Josefo (37 d.C. - 94 d.C.), em duas passagens de sua obra 'Antiguidades', fala da morte de São João Batista por Herodes (Ant. 18, 2.), e ele desaprova a morte de São Tiago, o irmão de Jesus, chamado o Cristo (Ant. 20, 9, 1.).
Noutra passagem escreveu Josefo: 'nesse mesmo tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos considerá-Lo simplesmente como um homem, tanto as Suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade, e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Era o Cristo. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-No perante Pilatos, e Ele o fez crucificar. Os que O haviam amado durante a vida não O abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os Santos Profetas o tinham predito e que Ele faria muitos outros milagres. É Dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram o seu nome.' (Flávio Josefo, História dos Hebreus, Editora das Américas, São Paulo, 1956 d.C., vol. V, Pág. 275, nº 772.).
Esse texto tão claro sobre Jesus foi contestado como falso por alguns críticos. Outros consideram que esta citação de Josefo sofreu algumas interpolações, mas que ela é autêntica no seu conjunto.
Finalmente, outros julgam que a passagem de Josefo é autêntica, porque todas as cópias da obra de Josefo contêm essa passagem. Caso ela tivesse sido falsificada, se deveria supor que os cristãos possuíram todas as cópias dessa obra de Flávio Josefo e falsificaram a passagem, em todas as cópias, o que é praticamente impossível de ter acontecido. (https://www.montfort.org.br/bra/cartas/doutrina/20040728203603/)
Um último exemplo: Santo Inácio de Antioquia, Bispo dessa cidade africana, discípulo do Apóstolo São João. Conheceu o Papa São Pedro e o Apóstolo São Paulo. Eis, portanto, uma fonte incomensuravelmente rica, que nascera nos tempos de Cristo e, embora não O tenha conhecido, tivera contato pessoal com muitos convivas de Nosso Senhor.
Documentos advindos da pena desse tipo de testemunha são incontestáveis para qualquer historiador e/ou teólogo honesto.
Abaixo, uma das cartas desse mártir — um dos maiores Santos da História —, endereçada aos católicos romanos, pouco antes de ter seu sangue derramado por negar-se a capitular na Fé:
"Inácio, também chamado Teóforo, à Igreja que recebeu misericórdia pela grandeza do Pai Altíssimo e de Jesus Cristo, Seu Filho único, Igreja amada e iluminada pela vontade Daquele que escolheu todos os seres, isto é, segundo a fé e a caridade de Jesus Cristo Nosso Deus; Ela, que também preside na região da terra dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada Bem-Aventurada, digna de louvor, digna de êxito, digna de pureza, e que preside à caridade na observância da Lei de Cristo, e que leva o nome do Pai.
Saúdo-A, também, em nome de Jesus Cristo, Filho do Pai; aos que aderem a todos os Seus mandamentos, segundo a carne e o espírito, inabalavelmente cumulados e confirmados pela graça de Deus, purificados de todo colorido estranho; desejo todo o bem e irrepreensível alegria em Cristo Jesus Nosso Deus.
Pela oração me foi concedida, por Deus, a graça de um dia contemplar vossos rostos dignos de Deus.
Com insistência havia implorado tal favor.
Preso em Cristo Jesus, espero abraçar-vos.
Se for da vontade Dele, que eu mereça chegar ao termo.
Deu certo o começo. Oxalá consiga a graça de receber, sem impedimento, minha herança. — É que temo não venha prejudicar-me vossa caridade, pois a vós é fácil realizar o que pretendeis, enquanto é difícil para mim encontrar-me com Deus, caso vós não me poupeis.
Não quero que procureis agradar a Homens, mas que agradeis a Deus, como de fato agradais. Nem eu terei jamais igual oportunidade de chegar a Deus, nem vós, caso calardes, jamais haveis de ligar vosso nome à obra melhor, pois, se calardes a meu respeito, serei palavra de Deus; se, porém, amardes minha carne, não passarei de novo a ser senão uma voz.
Não queirais favorecer-me, senão deixando imolar-me a Deus, enquanto há um altar preparado, para formardes pelo amor um coro em homenagem a Deus e cantardes ao Pai, em Jesus Cristo, porque Deus se dignou conceder de o Bispo da Síria encontrar-se no Ocidente, vindo do Oriente.
É maravilhoso o ocaso [sol poente]: vir do ocaso [sol poente] do mundo em direção a Deus, para levantar-me junto a Ele.
Jamais tivestes inveja de alguém. Instruístes, sim, a outrem. — É meu desejo que guardem suas forças as lições que inculcais a vossos discípulos.
Pedi em meu favor unicamente a força exterior e interior, a fim de não apenas falar, mas também querer; de não apenas dizer-me cristão, mas de me manifestar como tal, pois, se me manifestar como tal, também posso chamar-me assim e ser fiel, na hora em que já não for visível para o mundo.
Nenhuma ostentação é boa, pois o nosso Deus, Jesus Cristo, aparece mais desde que está oculto no Pai. O cristianismo não é o resultado de persuasão, mas grandeza, justamente quando odiado pelo mundo.
Escrevo a todas as igrejas [grupos de católicos] e insisto, junto a todas, que morro de boa vontade, por Deus, se vós não mo impedirdes.
Suplico-vos: não vos transformeis em benevolência inoportuna para mim. Deixai-me ser comida para as feras, pelas quais me é possível encontrar Deus. Sou trigo de Deus e sou moído pelos dentes das feras, para encontrar-me como pão puro de Cristo.
Acariciai, antes, as feras, para que se tornem meu túmulo e não deixem sobrar nada de meu corpo, para que, na minha morte, não me torne peso para ninguém. Então, de fato, serei discípulo de Jesus Cristo, quando o mundo nem mais vir meu corpo.
Implorai a Cristo, em meu favor, para que, por estes instrumentos, me faça vítima de Deus.
Não é como Pedro e Paulo que vos ordeno. Eles eram Apóstolos; eu, um condenado; aqueles, livres; e eu, até agora, escravo. Mas, quando tiver padecido, tornar-me-ei alforriado de [de/em/por] Jesus Cristo, e ressuscitarei Nele, livre. E, agora, preso, aprendo a nada desejar.
Desde a Síria, venho combatendo com feras até Roma, por terra e por mar, de noite e de dia, preso a dez leopardos, isto é, a um destacamento de soldados, que se tornam piores quando se lhes faz o bem.
Por seus maus tratos, porém, estou sendo mais instruído, mas nem por isso estou justificado.
Oxalá goze destas feras que me estão preparadas. — Rezo [para] que se encontrem bem dispostas para mim: hei de instigá-las, para que me devorem depressa, e não aconteça o que aconteceu com outros que, amedrontadas, não me toquem.
Se elas, por sua vez, não [me] quiserem, de boa vontade, eu as forçarei.
Perdoai-me: sei o que me convém. — Começo, agora, a ser discípulo. Coisa alguma, visível e invisível, me impeça que encontre a Jesus Cristo: fogo e cruz, manadas de feras, quebraduras de ossos, esquartejamentos, trituração do corpo todo, os piores flagelos do diabo venham sobre mim, contanto que [eu] encontre a Jesus Cristo.
De nada me valerão os confins do mundo nem os reinos deste século. Maravilhoso é, para mim, morrer por Jesus Cristo, mais do que reinar até aos confins da Terra. — A Ele é que procuro, que morreu por nós.
Quero Aquele que ressuscitou por nossa causa. — Aguarda-me o meu nascimento.
Perdoai-me, irmãos: não queirais impedir-me de viver. Não queirais que eu morra. Ao que quer ser de Deus, não o presenteeis ao mundo nem o seduzais com a matéria. Permiti que receba luz pura: quando lá chegar serei homem. Permiti que [eu] seja imitador do sofrimento de meu Deus.
Se alguém O possui dentro de si, há de saber o que quero e se compadecerá de mim, porque conhece o que me impulsiona.
O príncipe deste século [demônio] quer arrebatar-me e perverter o pensamento voltado para Deus. Ninguém dos presentes queira auxiliá-lo. Passai, antes, para o meu lado, isto é, para o de Deus.
Não tenhais a Jesus Cristo na boca, para irdes desejar o mundo. Não habite inveja em vosso meio.
Nem que eu, em pessoa, vos implorasse, não deveríeis obedecer-me: obedecei, antes, ao que vos escrevo, pois eu o faço como alguém que vive e anela morrer.
Meu amor está crucificado e não há em mim fogo para amar a matéria. — Pelo contrário, [há] água viva murmurando dentro de mim, falando-me ao interior: vamos ao Pai!
Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero [o] pão de Deus, que é [a] Carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi; e como bebida quero o Sangue Dele, que é amor incorruptível.
Já não quero viver à maneira de Homens. É o que, no entanto, acontecerá, caso me apoiardes.
Apoiai, para também receberdes apoio.
Eu vô-los peço, em poucas palavras: crede-me: Jesus Cristo, por Sua vez, há de manifestar-vos que digo a verdade, pois é Ele a boca sem mentiras, pela qual o Pai falou a verdade.
Rezai por mim, para que [eu] chegue até lá.
Não vos escrevi segundo a carne, mas segundo o pensamento de Deus. — Se [eu] sofrer, será por vossa benevolência; se for reprovado, será por causa do vosso ódio.
Lembrai-vos, em vossa oração, da Igreja na Síria, a qual, em meu lugar, tem Deus como pastor. — Só Jesus Cristo será seu Bispo, e a vossa caridade.
Eu, por minha parte, me envergonho de ser chamado um deles, pois não o mereço em nada, sendo o último dentre eles e um abortivo. Mas, por misericórdia, sou alguém, se chego até Deus.
Saúda-vos o meu espírito e a caridade das igrejas [grupos de católicos] que me receberam em nome de Jesus Cristo e não como simples transeunte. — Até mesmo aquelas igrejas que não se encontravam em meu roteiro, segundo a carne [segundo o plano de Santo Inácio, enquanto ser humano limitado e surpreendido pelos planos de Deus], vieram de todas as cidades ao meu encontro.
Escrevo estas coisas a vós, de Esmirna, por obséquio dos efésios, dignos de serem Bem-Aventurados.
Entre muitos outros, encontra-se comigo também Crocos, nome que me é querido.
Quanto aos que me precederam, da Síria a Roma, para a glória de Deus, espero que com eles tenhais travado conhecimento: comunicai-lhes, também, que estou perto.
Todos eles são dignos de Deus e de vós. — Conviria que os confortásseis em tudo.
Esta minha carta data do nono dia das calendas de setembro.
Passar bem, até o fim, à espera de Jesus Cristo." (Santo Inácio de Antioquia [ca. 30 d.C. - ca. 107 d.C.], Carta aos Romanos — epístola constituinte da série de encíclicas escritas às diversas igrejas católicas [grupos católicos] às quais teve contato enquanto era levado da Síria a Roma, para ser comido vivo por animais selvagens, devido a não renegar a Fé.)
Contrapondo-se a Deus, à verdade (que, por lógica, só pode ser uma), às Revelações Divinas, aos Santos e Doutores da Santa Igreja, aos mais eminentes teólogos e historiadores, aos fatos e à História encontram-se os contumazes ateus, pagãos, hereges, ocultistas, necromantes e afins — e, em companhia desses, dois dos mais conhecidos nomes da seita espírita: Hippolyte Léon Denizard Rivail (vulgo, Allan Kardec) e Francisco Cândido Xavier (vulgo, Chico Xavier).
Reflita-se atentamente ao que dizem acerca de Jesus Cristo os blasfemadores Hippolyte e Francisco, respectivamente:
“Pois que, em vida de Jesus, ninguém O considerava como Deus; que todos, ao contrário, O consideravam um Messias. [Se] Ele não quisesse que O conhecessem [tal] qual era, bastar-Lhe-ia nada dizer. Das Suas afirmações espontâneas, deve-se concluir que Ele não era Deus, ou que, se O era, voluntariamente e sem utilidade, fez uma afirmação falsa.” (Allan Kardec. Obras Póstumas. Tradução: Guillon Ribeiro. 41ª edição. Brasília: FEB. 2019. Pág. 114.)
“Do que posso pessoalmente compreender, dos ensinamentos dos espíritos amigos, consideramos Jesus Cristo como sendo espírito de evolução suprema, em confronto com a evolução dos chamados terrícolas que somos nós outros. Não o senhor do sistema solar, com todo o respeito que temos à personalidade sublime de Jesus, mas consideramo-Lo como supremo orientador da evolução moral do planeta. E os Espíritos como Buda, como Zoroastro, como aqueles outros grandes instrutores da Índia e da Grécia, por exemplo, que eram considerados orientadores ou chefes de grandes movimentos mitológicos, serão ministros do Cristo, pois não temos ainda outra definição para classificá-los, dentro dos nossos parcos conhecimentos a respeito da nossa História no lado espiritual da vida. (...) “Mas não consideramos Jesus como criador, conquanto o respeito que lhe devemos. Acho formidável o que o Prof. Herculano Pires disse. Quer dizer que Jesus seria o demiurgo da Terra. E o demiurgo do sistema solar será, então, um demiurgo da mais alta potência construtora.” (Francisco Candido Xavier e José Herculano Pires. Na era do espírito. Edição original: 1973. Versão digitalizada: Luz Espírita. 2015. Págs. 166-167.)
Jesus Cristo ensinou: "ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro." (Mt 6,24)
Portanto, de modo genérico, podemos dividir a humanidade em dois grandes grupos: os que servem a Deus e os que servem a satanás. E não há neutralidade, pois quem se nega a submeter-se ao Criador, automaticamente, passa a estar contra Ele e, por conseguinte, a favor do diabo.
Destarte, Hippolyte Léon Denizard Rivail e Francisco Cândido Xavier, miseravelmente, por toda sua existência, proselitaram fervorosamente contra Cristo e a favor do demônio; e a esse último serviram com lealdade; combateram contra Deus, travaram guerra à Sua Santa Igreja, profanaram Seu Divino Evangelho, deturparam Seus Sacros Dogmas, proliferaram erros, confundiram os mais incautos, desviaram da Salvação Eterna incontáveis almas e por isso são malditos — tal qual o são todos os que se revoltam contra a Santíssima Trindade, pondo-se filhos do pai da sublevação, lúcifer, o qual, amotinando-se contra o Altíssimo, nos Céus, bradara "non serviam!" ("não servirei!") e levara consigo um terço dos Anjos, os quais lhe fazem companhia no inferno desde então.
Os primeiros livros das Sagradas Escrituras estão repletos de passagens dos Santos Profetas a vaticinar a encarnação do Verbo de Deus, o Messias Salvador. E o Novo Testamento corrobora tudo o que o Antigo Testamento prenunciara.
Qualquer teólogo imbuído de honestidade intelectual se nega a não avalizar tal fato, por evidente e inconteste que é.
Todavia, Hippolyte Léon Denizard Rivail e Francisco Cândido Xavier, instrumentos do pai da mentira, enveredados em filosofias satânicas de magnetismos, mesas giratórias e afins; experimentados em ocultismos diversos; e em posse de toda gnose que dispunham em seus respectivos tempos ousaram investir contra Jesus, negar Sua divindade, destroná-Lo de Sua Suma Majestade e rebaixá-Lo à importância de mero "espírito evoluído". — Xavier, inclusive, no auge de sua abjeção e indeferência, abjetamente, põe Cristo, adjunto a Buda e Zoroastro, além de asseverar que Nosso Senhor é o "demiurgo na Terra".
Ora! Se o demiurgo existe, tal qual Baal, é um espírito maligno, pois só há um Deus Verdadeiro, e todas as outras entidades que se pretendem sê-lo não são senão demônios.
Por conseguinte, Francisco Cândido, ao apontar a Deus Filho (Segunda Pessoa Da Santíssima Trindade) como o demiurgo do gnosticismo, não faz outra coisa que identificar Nosso Senhor como um demônio. E se o fez dolosamente ou não só Deus o sabe. Mas fê-lo! E publicamente, registrando tal incalculável blasfêmia em livro, lamentavelmente impresso até os dias atuais.
Quanto a Hippolyte alegar que na Bíblia não há evidências conclusivas da divindade de Jesus, essa atitude somente corrobora sua total ignorância quanto à Ciência da Teologia e da História, para além de grave transtorno espiritual.
Se, porventura, dignasse-me ao trabalho de inserir citações bíblicas que apontam direta e indiretamente Cristo como Deus Redentor, correria o risco de transcrever grande parte da Sagrada Escritura a estas páginas, o que logicamente não convém. Contudo, não furtar-me-ei a registrar, abaixo, algumas poucas passagens, as quais são mais que suficientes para eliminar por completo tais sofismas do espiritismo.
Ei-las, pois:
"Isaías respondeu: 'ouvi, Casa de Davi: não vos basta fatigar a paciência dos Homens? Pretendeis cansar também o meu Deus? Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho, e o chamará ‘Deus Conosco’ [Emanuel/Jesus]." (Is 7,13-14)
"O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz. Vós suscitais um grande regozijo, provocais uma imensa alegria; rejubilam-se diante de vós como na alegria da colheita, como exultam na partilha dos despojos. Porque o jugo que pesava sobre ele, a coleira de seu ombro e a vara do feitor, vós os quebrastes, como no dia de Madiã. Porque todo calçado que se traz na batalha, e todo manto manchado de sangue serão lançados ao fogo e se tornarão presa das chamas; porque um Menino nos nasceu, um Filho nos foi dado; a soberania repousa sobre Seus ombros, e Ele se chama: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz. [Emmanuel/Jesus] Seu império será grande e a paz sem fim sobre o trono de Davi e em Seu Reino. Ele o firmará e o manterá pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre. Eis o que fará o zelo do Senhor dos Exércitos." (Is 9,1-6)
"Quem poderia acreditar nisso que ouvimos? A quem foi revelado o braço do Senhor? Cresceu diante dele como um pobre rebento enraizado numa terra árida; não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e Seu aspecto não podia seduzir-nos. Era desprezado, era a escória da humanidade, Homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso Dele. Em verdade, Ele tomou sobre Si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas Ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre Ele; fomos curados graças às Suas chagas. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; seguíamos cada qual nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre Ele o castigo das faltas de todos nós. Foi maltratado e resignou-Se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. Ele não abriu a boca. Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender Sua causa, quando foi suprimido da Terra dos Vivos, morto pelo pecado de meu povo? Foi-Lhe dada sepultura ao lado de facínoras e, ao morrer, achava-Se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em Sua boca nunca tenha havido mentira. Mas aprouve ao Senhor esmagá-Lo pelo sofrimento; se Ele oferecer Sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará Seus dias, e a vontade do Senhor será por Ele realizada. Após suportar em Sua pessoa os tormentos, Ele Se alegrará de conhecê-Lo até o enlevo. Este mesmo Justo, Meu Servo, (diz o Senhor) justificará muitos Homens, e tomará sobre Si suas iniquidades. Eis por que Lhe darei parte com os grandes, e Ele dividirá a presa com os poderosos: porque Ele próprio deu Sua vida, e deixou-Se colocar entre os criminosos, tomando sobre Si os pecados de muitos Homens, e intercedendo pelos culpados." (Is 53)
"Dias virão – oráculo do Senhor – em que firmarei nova aliança com as casas de Israel e de Judá.* 32.Será diferente da que concluí com seus pais no dia em que pela mão os tomei para tirá-los do Egito, aliança que violaram embora eu fosse o esposo deles.* 33.Eis a aliança que, então, farei com a casa de Israel – oráculo do Senhor: Eu lhe incutirei a minha Lei; eu a gravarei em seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o meu povo. 34.Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: “Aprende a conhecer o Senhor”, porque todos me conhecerão, grandes e pequenos..." (Jr 31,31-34)
"Todas as gerações, pois, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e, desde Davi até à deportação para Babilônia, catorze gerações; e, desde a deportação para Babilônia até Cristo, catorze gerações. A geração de Jesus Cristo foi deste modo: estando Maria, Sua mãe, desposada com José, achou-Se ter concebido (por obra) do Espírito Santo, antes de coabitarem. José, Seu esposo, sendo justo, e não a querendo difamar, resolveu repudiá-La secretamente. Andando ele com isto no pensamento, eis que um Anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e lhe disse: ‘José, filho de Davi, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa, porque o que Nela foi concebido é (obra) do Espírito Santo. Dará à luz um Filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados.’ Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por meio do Profeta, que diz: ‘eis que a Virgem conceberá e dará à luz um Filho, e lhe porão o nome de Emanuel, que significa: Deus Conosco (Is 7,14).’ Ao despertar José do sono, fez como lhe tinha mandado o Anjo do Senhor, e recebeu em sua casa (Maria), sua esposa, e, sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz um Filho, e pos-Lhe o nome de Jesus." (Mt 1, 17-25)
"Passado o sábado, ao amanhecer o primeiro dia da semana, foi Maria Madalena e a outra Maria visitar o sepulcro. Eis que se deu um grande terremoto, porque um Anjo do Senhor desceu do Céu, e, aproximando-se, revolveu a pedra do sepulcro e sentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e o seu vestido como a neve. Com o temor que tiveram dele, aterraram-se os guardas, e ficaram como mortos. Mas o Anjo, tomando a palavra, disse às mulheres: ‘vós não temais, porque sei que procurais a Jesus, que foi crucificado. Ele já aqui não está. Ressuscitou como tinha dito. Vinde e vede o lugar, onde o Senhor esteve depositado. Ide já dizer aos Seus discípulos que Ele ressuscitou; e eis que vai adiante de vós para a Galileia; lá O vereis. Eis que eu vô-lo disse antes.’ Saíram logo do sepulcro com medo e grande gáudio, e foram correndo dar a nova aos discípulos. E eis que Jesus lhes saiu ao encontro e lhes disse: 'Eu vos saúdo.’ Elas aproximaram-se, abraçaram os Seus pés e prostraram-se diante Dele. Então Jesus disse-lhes: ‘não temais. Ide, avisai Meus irmãos, para que vão à Galileia. Lá me verão.’" (Mt 28,1-10)
"Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de Lhe desatar a correia das sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo." (Lc 3,16)
"Depois disso, designou o Senhor ainda setenta e dois outros discípulos e mandou-os, dois a dois, adiante de Si, por todas as cidades e lugares para onde Ele tinha de ir. Disse-lhes: ‘grande é a messe, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe. Ide! Eis que vos envio como cordeiros entre lobos. Não leveis bolsa nem mochila, nem calçado e a ninguém saudeis pelo caminho. Em toda casa em que entrardes, dizei primeiro: paz a esta casa! Se ali houver algum homem pacífico, repousará sobre ele a vossa paz; mas, se não houver, ela tornará para vós. Permanecei na mesma casa, comei e bebei do que eles tiverem, pois o operário é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que se vos servir. Curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘o Reino de Deus está próximo.’ Mas se entrardes em alguma cidade e não vos receberem, saindo pelas suas praças, dizei: ‘até o pó que se nos pegou da vossa cidade, sacudimos contra vós; sabei, contudo, que o Reino de Deus está próximo.’ Digo-vos: naqueles dias haverá um tratamento menos rigoroso para Sodoma. Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sidônia tivessem sido feitos os prodígios que foram realizados em vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, cobrindo-se de saco e cinza. Por isso haverá no dia do juízo menos rigor para Tiro e Sidônia do que para vós. E tu, Cafarnaum, que te elevas até o Céu, serás precipitada até aos infernos. Quem vos ouve a Mim ouve; e quem vos rejeita a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita Aquele que me enviou. Voltaram alegres os setenta e dois, dizendo: ‘Senhor, até os demônios se nos submetem em Teu nome!’ Jesus disse-lhes: ‘vi satanás cair do Céu como um raio. Eis que vos dei poder para pisar serpentes, escorpiões e todo o poder do inimigo. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos estão sujeitos, mas alegrai-vos porque os vossos nomes estejam escritos nos Céus.’ Naquela mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: ‘Pai, Senhor do Céu e da Terra, Eu te dou graças porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-Te porque assim foi do Teu agrado. Todas as coisas me foram entregues por Meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.’ E voltou-se para os Seus discípulos e disse: ‘ditosos os olhos que vêem o que vós vedes, pois vos digo que muitos Profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram.’” (Lc 10,1-24)
"Levantou-se a sessão e conduziram Jesus diante de Pilatos, e puseram-se a acusá-Lo: ‘temos encontrado Este Homem excitando o povo à revolta, proibindo pagar imposto ao imperador e dizendo-se Messias e Rei.’ Pilatos perguntou-Lhe: ‘és Tu o Rei dos judeus?’ Jesus respondeu: ‘sim.’ Declarou Pilatos aos Príncipes dos Sacerdotes e ao povo: ‘eu não acho Neste Homem culpa alguma.’” (Lc 23,1-4)
"Um dos malfeitores ali crucificados blasfemava contra Ele: ‘se és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo e salva-nos a nós!’ Mas o outro o repreendeu: ‘nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum.’ E acrescentou: ‘Jesus, lembra-Te de mim quando tiveres entrado no Teu Reino!’ Jesus respondeu-lhe: ‘em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso.’” (Lc 23,39-43)
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava, no princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada foi feito. Nele havia vida, e a vida era a luz dos Homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. Não era Ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. [O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo Homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não O reconheceu. Veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam. Mas a todos aqueles que O receberam, aos que creem no Seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do Homem, mas sim de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do Seu Pai, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho Dele, e exclama: 'eis Aquele de quem eu disse: o que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim.' Todos nós recebemos da Sua plenitude graça sobre graça, pois a Lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou. (Mt 3,1-17; Mc 1,1-13; Lc 3,1-17) Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém Sacerdotes e levitas para perguntar-lhe: 'quem és tu?' Ele fez esta declaração que confirmou sem hesitar: 'eu não sou o Cristo.' 'Pois, então, quem és?' — perguntaram-lhe eles. 'És tu Elias?' Disse ele: 'não o sou.' 'És tu o Profeta?' Ele respondeu: 'Não.' Perguntaram-lhe de novo: 'dize-nos, afinal, quem és, para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?' Ele respondeu: 'eu sou a voz que clama no deserto: endireitai o caminho do Senhor, como o disse o Profeta Isaías.' (Is 40,3) Alguns dos emissários eram fariseus. Continuaram a perguntar-lhe: ''como, pois, batizas, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?' João respondeu: 'eu batizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis. Esse é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de Lhe desatar a correia do calçado.' Esse diálogo se passou em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando. No dia seguinte, João viu Jesus, que vinha a ele e disse: 'eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É este de quem eu disse: depois de mim virá um Homem, que me é superior, porque existe antes de mim. Eu não O conhecia, mas, se vim batizar em água, é para que Ele se torne conhecido em Israel.' (João havia declarado: 'vi o Espírito descer do Céu, em forma de uma pomba, e repousar sobre Ele.') 'Eu não O conhecia, mas Aquele que me mandou batizar com água disse-me: sobre quem vires descer e repousar o Espírito, Este é quem batiza no Espírito Santo. Eu O vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus.' No dia seguinte, estava lá João, outra vez, com dois dos seus discípulos. E, avistando Jesus, que ia passando, disse: 'eis o Cordeiro de Deus.' Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. Voltando-se Jesus e vendo que O seguiam, perguntou-lhes: ''que procurais?.' Disseram-Lhe: 'Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?' — 'Vinde e vede' — respondeu-lhes Ele. Foram aonde Ele morava e ficaram com Ele aquele dia. Era cerca da hora décima. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que O tinham seguido. Foi ele, então, logo à procura de seu irmão e disse-lhe: 'achamos o Messias (que quer dizer o Cristo).' Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: 'tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas (que quer dizer pedra).' No dia seguinte, tinha Jesus a intenção de dirigir-se à Galileia. Encontra Filipe e diz-lhe: 'segue-me.' (Filipe era natural de Betsaida, cidade de André e Pedro.) Filipe encontra Natanael e diz-lhe: 'achamos Aquele de quem Moisés escreveu na Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, Filho de José.' Respondeu-lhe Natanael: 'pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré?' Filipe retrucou: 'Vem e vê.' Jesus vê Natanael, que lhe vem ao encontro, e diz: 'eis um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade.' Natanael pergunta-lhe: 'donde me conheces?' Respondeu Jesus: 'antes que Filipe te chamasse, Eu te vi quando estavas debaixo da figueira.' Falou-lhe Natanael: 'Mestre, Tu és o Filho de Deus. Tu és o Rei de Israel.' Jesus replicou-lhe: 'porque Eu te disse que te vi debaixo da figueira, crês! Verás coisas maiores do que esta.' E ajuntou: 'em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.'" (Jo 1)
"Depois disso, houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Há em Jerusalém, junto à porta das Ovelhas, um tanque, chamado, em hebraico, Betesda, que tem cinco pórticos. Nesses pórticos jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos, que esperavam o movimento da água. Pois de tempos em tempos um Anjo do Senhor descia ao tanque e a água se punha em movimento. E o primeiro que entrasse no tanque, depois da agitação da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse. Estava, ali, um homem enfermo havia trinta e oito anos. Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe Jesus: ‘queres ficar curado?’ O enfermo respondeu-lhe: ‘Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; enquanto vou, já outro desceu antes de mim.’ Ordenou-lhe Jesus: ‘levanta-te, toma o teu leito e anda.’ No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e foi andando. Ora, aquele dia era sábado. E os judeus diziam ao homem curado: ‘é sábado. Não te é permitido carregar o teu leito.’ Respondeu-lhes ele: ‘Aquele que me curou disse: ‘toma o teu leito e anda.’’ Perguntaram-lhe eles: ‘quem é o homem que te disse: ‘toma o teu leito e anda?’’ O que havia sido curado, porém, não sabia quem era, porque Jesus se havia retirado da multidão que estava naquele lugar. Mais tarde, Jesus o achou no templo e lhe disse: ‘eis que ficaste são; já não peques, para não te acontecer coisa pior.’ Aquele homem foi então contar aos judeus que fora Jesus quem o havia curado. Por esse motivo os judeus perseguiam Jesus, porque fazia esses milagres no dia de sábado. Mas Ele lhes disse: ‘Meu Pai continua agindo até agora, e Eu ajo também.’ Por essa razão os judeus, com maior ardor, procuravam tirar-Lhe a vida, porque não somente violava o repouso do sábado, mas afirmava ainda que Deus era Seu Pai e Se fazia igual a Deus. Jesus tomou a palavra e disse-lhes: ‘em verdade, em verdade vos digo: o Filho, de Si mesmo, não pode fazer coisa alguma; ele só faz o que vê fazer o Pai; e tudo o que o Pai faz, o faz também semelhantemente o Filho. Pois o Pai ama o Filho e mostra-Lhe tudo o que faz; e maiores obras do que esta Lhe mostrará, para que fiqueis admirados. Com efeito, como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem Ele quer. Assim também o Pai não julga ninguém, mas entregou todo o julgamento ao Filho. Desse modo, todos honrarão o Filho, bem como honram o Pai. Aquele que não honra o Filho não honra o Pai, que O enviou. Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a Minha palavra e crê Naquele que Me enviou tem a Vida Eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo: vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão, pois como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim também deu ao Filho ter a vida em Si mesmo, e lhe conferiu o poder de julgar, porque é o Filho do Homem. Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham nos sepulcros sairão deles ao som de Sua voz: os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados.’” (Jo 5,1-29)
"Dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras. Ao romper da manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a Ele. Assentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus trouxeram-Lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: ‘Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés mandou-nos, na Lei, que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes Tu sobre isso?’ Perguntavam-Lhe isso, a fim de pô-Lo à prova e poderem acusá-Lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra. Como eles insistissem, ergueu-Se e disse-lhes: ‘quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.’ Inclinando-Se novamente, escrevia na terra. A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram, retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante Dele. Então, Ele Se ergueu e, vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: ‘mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?’ Respondeu ela: ‘ninguém, Senhor.’ Disse-lhe, então, Jesus: ‘nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.’ Falou-lhes outra vez Jesus: ‘Eu sou a luz do mundo; aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.’ A isso, os fariseus lhe disseram: ‘Tu dás testemunho de Ti mesmo; Teu testemunho não é digno de fé.’ Respondeu-lhes Jesus: ‘embora Eu dê testemunho de Mim mesmo, o Meu testemunho é digno de fé, porque sei de onde vim e para onde vou; mas vós não sabeis de onde venho nem para onde vou. Vós julgais segundo a aparência; Eu não julgo ninguém. E, se julgo, o Meu julgamento é conforme a verdade, porque não estou sozinho, mas Comigo está o Pai que Me enviou. Ora, na vossa Lei está escrito: o testemunho de duas pessoas é digno de fé (Dt 19,15). Eu dou testemunho de Mim mesmo; e Meu Pai, que Me enviou, o dá também.’ Perguntaram-Lhe: ‘Onde está Teu Pai?’ Respondeu Jesus: ‘não conheceis nem a Mim nem a Meu Pai; se Me conhecêsseis, certamente conheceríeis também a Meu Pai.’ Essas palavras proferiu Jesus ensinando no templo, junto aos cofres de esmola. Mas ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a Sua hora. Jesus disse-lhes: ‘Eu Me vou, e vós Me procurareis e morrereis no vosso pecado. Para onde Eu vou, vós não podeis ir.’ Perguntavam os judeus: ‘será que Ele se vai matar, pois diz: ‘para onde Eu vou, vós não podeis ir?’ Ele lhes disse: ‘vós sois cá de baixo; Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. Por isso vos disse: morrereis no vosso pecado; porque, se não crerdes o que Eu sou, morrereis no vosso pecado.’ ‘Quem és Tu?’ — perguntaram-Lhe eles, então. Jesus respondeu: ‘exatamente o que Eu vos declaro. Tenho muitas coisas a dizer e a julgar a vosso respeito, mas o que Me enviou é verdadeiro e o que Dele ouvi Eu o digo ao mundo.’ Eles, porém, não compreenderam que Ele lhes falava do Pai. Jesus, então, lhes disse: ‘quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis quem Sou e que nada faço de Mim mesmo, mas falo do modo como o Pai Me ensinou. Aquele que Me enviou está Comigo; Ele não Me deixou sozinho, porque faço sempre o que é do Seu agrado.’ Tendo proferido essas palavras, muitos creram Nele." (Jo 8,1-30)
"’Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a Minha palavra, não verá jamais a morte.’ Disseram-lhe os judeus: ‘agora vemos que és possuído de um demônio. Abraão morreu, e também os Profetas. E Tu dizes que, se alguém guardar a Tua palavra, jamais provará a morte... És acaso maior do que nosso pai Abraão? E, entretanto, ele morreu... e os Profetas também. Quem pretendes ser?’ Respondeu Jesus: ‘se me glorifico a Mim mesmo, a Minha glória não é nada; Meu Pai é quem Me glorifica; Aquele que vós dizeis ser o vosso Deus e, contudo, não O conheceis. Eu, porém, O conheço e, se dissesse que não O conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-O e guardo a Sua palavra. Abraão, vosso pai, exultou com o pensamento de ver o Meu dia. Viu-o e ficou cheio de alegria.’ Os judeus Lhe disseram: ‘não tens ainda cinquenta anos e viste Abraão!...’ Respondeu-lhes Jesus: ‘em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, Eu sou.’" (Jo 8,51-58)
"Os judeus rodearam-No e perguntaram-Lhe: ‘até quando nos deixarás na incerteza? Se Tu és o Cristo, dize-nos claramente.’ Jesus respondeu-lhes: ‘Eu vô-lo digo, mas não credes. As obras que faço em nome de Meu Pai, estas dão testemunho de Mim. Entretanto, não credes, porque não sois das Minhas ovelhas. As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, Eu as conheço e elas Me seguem. Eu lhes dou a Vida Eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de Minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém as pode arrebatar da mão de Meu Pai. Eu e o Pai somos um.’" (Jo 10,24-30)
"Marta disse a Jesus: ‘Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido! Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus Te concederá.’ Disse-lhe Jesus: ‘teu irmão ressurgirá.’ Respondeu-Lhe Marta: ‘sei que há de ressurgir na ressurreição no Último Dia.’ Disse-lhe Jesus: ‘Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em Mim jamais morrerá. Crês nisso?’ Respondeu ela: ‘sim, Senhor. Eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, Aquele que devia vir ao mundo.’ A essas palavras ela foi chamar sua irmã Maria, dizendo-lhe baixinho: ‘o Mestre está aí e te chama.’ Apenas ela O ouviu, levantou-se imediatamente e foi ao encontro Dele. (Pois Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta O tinha encontrado.) Os judeus que estavam com ela em casa, em visita de pêsames, ao verem Maria levantar-se depressa e sair, seguiram-na, crendo que ela ia ao sepulcro para ali chorar. Quando, porém, Maria chegou onde Jesus estava e O viu, lançou-se aos Seus pés e disse-Lhe: ‘Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!’ Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E, sob o impulso de profunda emoção, perguntou: ‘Onde o pusestes?’ Responderam-lhe: ‘Senhor, vinde ver.’ Jesus pôs-se a chorar. Observaram por isso os judeus: ‘vede como Ele o amava!’ Mas alguns deles disseram: ‘não podia Ele, que abriu os olhos do cego de nascença, fazer com que este não morresse. Tomado, novamente, de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra. Jesus ordenou: ‘tirai a pedra.’ Disse-lhe Marta, irmã do morto: ‘Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí...’. Respondeu-lhe Jesus: ‘não te disse Eu: se creres, verás a glória de Deus?’ Tiraram, pois, a pedra. Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: ‘Pai, rendo-Te graças, porque Me ouviste. Eu bem sei que sempre Me ouves, mas falo assim por causa do povo que está em roda, para que creiam que Tu Me enviaste.’ Depois dessas palavras, exclamou em alta voz: ‘Lázaro, vem para fora!’ E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Ordenou então Jesus: ‘Desatai-O e deixai-O ir.’" (Jo 11,21-44)
"’Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e Eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e vos tomarei Comigo, para que, onde Eu estou, também vós estejais. E vós conheceis o caminho para ir aonde vou.’ Disse-lhe Tomé: ‘Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?’ Jesus lhe respondeu: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, também certamente conheceríeis Meu Pai; desde agora já O conheceis, pois O tendes visto.’ Disse-Lhe Filipe: ‘Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.’ Respondeu Jesus: ‘há tanto tempo que estou convosco e não Me conheceste, Filipe! Aquele que Me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: ‘mostra-nos o Pai’... Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em Mim? As palavras que vos digo não as digo de Mim mesmo; mas o Pai, que permanece em Mim, é que realiza as Suas próprias obras. Crede-Me: estou no Pai, e o Pai em Mim. Crede-o ao menos por causa dessas obras. Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em Mim fará também as obras que Eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai. E tudo o que pedirdes ao Pai, em Meu nome, vô-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Qualquer coisa que Me pedirdes, em Meu nome, vô-lo farei. Se Me amais, guardareis os Meus Mandamentos. E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas vós O conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós. Ainda um pouco de tempo e o mundo já não Me verá. Vós, porém, Me tornareis a ver, porque Eu vivo e vós vivereis. Naquele dia, conhecereis que estou em Meu Pai, e vós em Mim e Eu em vós. Aquele que tem os Meus Mandamentos e os guarda, esse é que Me ama. E aquele que Me ama será amado por Meu Pai, e Eu o amarei e Me manifestarei a ele. Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: ‘Senhor, por que razão hás de manifestar-Te a nós e não ao mundo?’ Respondeu-lhe Jesus: Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra e Meu Pai o amará, e nós viremos a Ele e Nele faremos nossa morada. Aquele que não Me ama não guarda as Minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é Minha, mas sim do Pai que Me enviou. Disse-vos essas coisas enquanto estou convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, irá ensinar-vos todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito. Deixo-vos a paz, dou-vos a Minha paz. Não vô-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize! Ouvistes o que Eu vos disse: vou e volto a vós. Se Me amardes certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que Eu. E disse-vos agora essas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem. Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo; mas ele não tem nada em Mim. O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai Me ordenou. Levantai-vos! Vamo-nos daqui.’" (Jo 14)
"Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-Lhe: ‘és Tu o Rei dos judeus?’ Jesus respondeu: ‘dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de Mim?’ Disse Pilatos: ‘acaso sou eu judeu? A tua nação e os Sumos Sacerdotes entregaram-Te a mim. Que fizeste?’ Respondeu Jesus: ‘o Meu Reino não é deste mundo. Se o Meu Reino fosse deste mundo os Meus súditos certamente teriam pelejado para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o Meu Reino não é deste mundo.’ Perguntou-lhe, então, Pilatos: ‘és, portanto, Rei?’ Respondeu Jesus: ‘sim, Eu sou Rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a Minha voz.’” (Jo 18,33-37)
"Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Os outros discípulos disseram-lhe: ‘vimos o Senhor.’ Mas ele replicou-lhes: ‘se não vir nas Suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no Seu lado não acreditarei!’ Oito dias depois, estavam os Seus discípulos, outra vez, no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: ‘a paz esteja convosco!’ Depois, disse a Tomé: ‘introduz aqui o teu dedo, e vê as Minhas mãos. Põe a tua mão no Meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé.’ Respondeu-lhe Tomé: ‘meu Senhor e meu Deus!’ Disse-lhe Jesus: ‘creste porque Me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!’ Fez Jesus, na presença dos Seus discípulos, ainda muitos outros milagres, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em Seu nome.” (Jo 20,24-31)
"Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum e souberam que Ele estava em casa. Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E Ele os instruía. Trouxeram-Lhe um paralítico, carregado por quatro homens. Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico. Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: ‘filho, perdoados te são os pecados.’ Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros: ‘como pode este Homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?’ Mas Jesus, penetrando logo com Seu espírito nos seus íntimos pensamentos, disse-lhes: ‘por que pensais isto nos vossos corações? Que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘os pecados te são perdoados’ ou dizer: ‘levanta-te, toma o teu leito e anda?’. Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho do Homem sobre a Terra (disse ao paralítico), Eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa.’ No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o leito, foi-se embora à vista de todos. A multidão inteira encheu-se de profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: ‘nunca vimos coisa semelhante’." (Mc 2,1-12)
"Assim reunidos, eles O interrogavam: 'Senhor, é porventura agora que ides instaurar o Reino de Israel?' Respondeu-lhes Ele: 'não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em Seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo.' Dizendo isso, elevou-Se da (terra) à vista deles e uma nuvem O ocultou aos seus olhos." (At 1,6-9)
"Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do Céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes, então, uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Achavam-se, então, em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: 'não são, porventura, galileus todos estes que falam? Como, então, todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas; os que habitam a Mesopotâmia, a Judeia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia, próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicarem em nossas línguas as maravilhas de Deus!' Estavam, pois, todos atônitos e, sem saber o que pensar, perguntavam uns aos outros: 'que significam estas coisas?' Outros, porém, escarnecendo, diziam: 'estão todos embriagados de vinho doce.' Pedro, então, pondo-se de pé, em companhia dos Onze, com voz forte lhes disse: 'Homens da Judeia e vós todos que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto não ser ainda a hora terceira do dia. Mas cumpre-se o que foi dito pelo Profeta Joel: 'acontecerá nos últimos dias — é Deus quem fala —, que derramarei do Meu Espírito sobre todo ser vivo: profetizarão os vossos filhos e as vossas filhas. Os vossos jovens terão visões, e os vossos anciãos sonharão. Sobre os Meus servos e sobre as Minhas servas derramarei, naqueles dias, do Meu Espírito e profetizarão. Farei aparecer prodígios em cima, no céu, e milagres embaixo, na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. E, então, todo o que invocar o nome do Senhor será salvo.' (Jl 3,1-5). Israelitas, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, Homem de quem Deus tem dado testemunho diante de vós com milagres, prodígios e sinais que Deus por Ele realizou no meio de vós como vós mesmos o sabeis, depois de ter sido entregue, segundo determinado desígnio e presciência de Deus, vós O matastes, crucificando-O por mãos de ímpios. Mas Deus O ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, porque não era possível que ela O retivesse em seu poder, pois Dele diz Davi: 'eu via sempre o Senhor perto de mim, pois Ele está à minha direita, para que eu não seja abalado. Alegrou-se por isso o meu coração e a minha língua exultou. Sim, também a minha carne repousará na esperança, pois não deixarás a minha alma na região dos mortos, nem permitirás que o Teu Santo conheça a corrupção. Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, e me encherás de alegria com a visão de Tua face''. (Sl 15,8-11) Irmãos, seja permitido dizer-vos com franqueza: do patriarca Davi dizemos que morreu e foi sepultado, e o seu sepulcro está entre nós até o dia de hoje. Mas ele era Profeta e sabia que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes seria colocado no seu trono. É, portanto, a ressurreição de Cristo que ele previu e anunciou por estas palavras: 'Ele não foi abandonado na região dos mortos, e Sua carne não conheceu a corrupção.' A este Jesus, Deus O ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas. Exaltado pela direita de Deus, havendo recebido do Pai o Espírito Santo prometido, derramou-O como vós vedes e ouvis, pois Davi pessoalmente não subiu ao Céu, todavia diz: 'o Senhor disse a meu Senhor: senta-Te à Minha direita até que Eu ponha os Teus inimigos por escabelo dos Teus pés.' (Sl 109,1) Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus O constituiu Senhor e Cristo.' Ao ouvirem essas coisas, ficaram compungidos no íntimo do coração e indagaram de Pedro e dos demais Apóstolos: 'que devemos fazer, irmãos?' Pedro lhes respondeu: 'arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo, pois a promessa é para vós, para os vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus.' Ainda com muitas outras palavras exortava-os, dizendo: 'salvai-vos do meio dessa geração perversa!' Os que receberam a sua palavra foram batizados; e naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número de adeptos." (At 2,1-41)
"Em realidade, sabemos que, se a casa terrestre desta nossa morada for desfeita, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos humanas, que será eterna nos Céus. E por isso também suspiramos, no nosso estado atual, por ser revestidos da nossa, Habitação Celeste, por cima da outra, se, todavia, formos encontrados vestidos, e não nus. Realmente, nós, que estamos neste tabernáculo, gememos carregados (com o horror natural da morte), porque não queremos ser despojados dele, mas sim revestidos por cima, a fim de que o que é (em nós) mortal seja absorvido pela vida (imortal). Ora, o que nos formou para este destino foi Deus, que nos deu o penhor do Espírito. Por isso permanecemos sempre cheios de confiança, sabendo que, enquanto estamos no corpo, nos encontramos longe do Senhor, porque caminhamos (para Ele) pela fé, e não pela visão. Cheios de confiança, temos mais vontade de nos ausentar do corpo e estar presentes ao Senhor. Por isso, quer no corpo, quer longe dele, esforçamo-nos por lhe agradar, pois é necessário que todos compareçamos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que mereceu, enquanto estava no corpo, bem ou mal. Sabendo, pois, como se deve temer o Senhor, procuramos persuadir disto os Homens, mas de Deus somos conhecidos. Espero que também sejamos conhecidos das vossas consciências." (2Cor 5,1-11)
"Tende entre vós os mesmos sentimentos que se deve ter em Jesus Cristo, o qual, existindo na forma (ou natureza) de Deus, não julgou que fosse uma usurpação o Seu ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-Se semelhante aos Homens e sendo reconhecido, por condição, como Homem. Humilhou-Se a Si mesmo, fazendo-Se obediente até à morte, e morte da Cruz. Por isso também Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todo o nome, de modo que, ao nome de Jesus, se dobre todo o joelho no Céu, na Terra e no inferno, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, na glória de Deus Pai." (Fl 2,5-11)
"Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criatura, porque Nele foram criadas todas as coisas nos Céus e na Terra, as visíveis e as invisíveis, os tronos, as dominações, os principados, as potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele, e Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele. Ele é a cabeça do corpo da Igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos, de maneira que tem a primazia em todas as coisas, porque foi do agrado do Pai que residisse Nele toda a plenitude e que por Ele fossem reconciliadas Consigo todas as coisas, pacificando pelo Sangue da Sua Cruz, tanto as coisas da Terra como as do Céu." (Cl 1,15-20)
"Portanto, vivei em Cristo Jesus, o Senhor, como vos foi ensinado, arraigados e edificados Nele, fortificados na Fé, como já aprendestes, crescendo Nele em ação de graças. Vede que ninguém vos engane por meio da filosofia inútil e enganadora, segundo a tradição dos Homens, segundo os elementos do mundo, e não segundo Cristo. Porque Nele habita, corporalmente, toda a plenitude da divindade... (Cl 2,6-9)
"E, novamente, ao introduzir o Seu Primogênito na Terra, diz: todos os Anjos de Deus O adorem (Sl 96,7). Por outro lado, a respeito dos Anjos, diz: Ele faz dos Seus Anjos sopros de vento e dos Seus Ministros chamas de fogo (Sl 103,4), ao passo que do Filho diz: O Teu trono, ó, Deus, subsiste para a eternidade. O cetro do Teu Reino é cetro de justiça. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade. Por isso, ó, Deus, o Teu Deus te ungiu com óleo de alegria, mais que aos Teus companheiros (Sl 44,7s); e ainda: Tu, Senhor, no princípio dos tempos fundaste a Terra, e os Céus são obra de Tuas mãos. Eles passarão, mas Tu permaneces. Todos envelhecerão como uma veste; Tu os envolvas como uma capa, e serão mudados. Tu, ao contrário, és sempre o mesmo e os Teus anos não acabarão (Sl 103,26s)." (Hb 1,6-12)
"Simão Pedro, servo e Apóstolo de Jesus Cristo, àqueles que, pela justiça de nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo, alcançaram por partilha uma fé tão preciosa como a nossa, graça e paz vos sejam dadas em abundância por um profundo conhecimento de Deus e de Jesus, Nosso Senhor!" (2Pd 1,1-2)
"Manifestou-se, com efeito, a graça de Deus, fonte de salvação para todos os Homens. Veio para nos ensinar a renunciar à impiedade e às paixões mundanas, e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade, na expectativa da nossa esperança feliz, a aparição gloriosa de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, que Se entregou por nós, a fim de nos resgatar de toda a iniquidade, nos purificar e nos constituir Seu povo de predileção, zeloso na prática do bem. Eis o que deves ensinar, pregar e defender com toda a autoridade. E que ninguém te menospreze!" (Tg 2,11-15)
"Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo." (1Jo 2,2)
"Depois vi o Céu aberto, e apareceu um cavalo branco. O que estava montado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro (Jesus Cristo), que julga com justiça e combate." (Ap 19,11)
Com essas poucas — porém assaz elucidativas — passagens bíblicas depreende-se com facilidade e clareza a verdade, na qual Hippolyte Léon Denizard Rivail e Francisco Cândido Xavier, miseravelmente, negaram-se a acreditar.
Ambos asseveraram que Jesus não era Deus e que não se lê nas Sagradas Escrituras o Messias dizê-lo. Ora! Será que, de fato, leram a Bíblia? Se sim, qual, a verdadeira ou as inúmeras falsificações de seitas diversas mundo afora?
Os originais bíblicos, escritos em papiro e pergaminho já se desfizeram, por perecíveis que são. Antes disso, foram fielmente traduzidos pelo Padre, teólogo, historiador e confessor São Jerônimo (ca. 347 d.C. - 420 d.C.), quiçá o Sacerdote de maior envergadura intelectual de seu tempo, para além de grandíssimo Santo.
Essa é a genuína Bíblia. E, quanto a tal matéria, urge frisar: só a Igreja de Jesus Cristo, ou seja, a Santa Igreja Católica, tem o direito (além do dever) de traduzir e publicar a Sagrada Escritura, pois somente a Ela foi dado, por meio do Espírito Santos, em Pentecostes, o dom da infalibilidade (quando pronuncia-Se em matéria de Doutrina, moral e costumes a todo orbe católico, pelo Magistério Ordinário e pelo Magistério Extraordinário). — "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal." (2Pd 1,20)
Infelizmente, Rivail e Xavier desconheciam tal verdade ou não buscaram conhecê-la ou conheceram-na e, ainda assim, optaram por combatê-la. Não apenas atacaram a Cristo, mas proliferaram mentiras a Seus respeito, aliciando milhões de almas e as doutrinando na seita espírita.
Ambos põem à prova a divindade de Nosso Senhor, como o fizeram numerosos incrédulos judeus. Então, eis que lhes responde o próprio Cristo — que é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Deus Filho, junto ao Deus Pai e ao Deus Espírito Santo:
"Os judeus rodearam-No e perguntaram-Lhe: 'até quando nos deixarás na incerteza? Se tu és o Cristo, dize-nos claramente.' Jesus respondeu-lhes: 'Eu vô-lo digo, mas não credes. As obras que faço em nome de Meu Pai, estas dão testemunho de Mim. Entretanto, não credes, porque não sois das Minhas ovelhas. As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, Eu as conheço e elas Me seguem. Eu lhes dou a Vida Eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de Minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém as pode arrebatar da mão de Meu Pai. Eu e o Pai somos um.' Os judeus pegaram, pela segunda vez, em pedras para O apedrejar. Disse-lhes Jesus: 'tenho-vos mostrado muitas obras boas, da parte de Meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais?' Os judeus responderam-Lhe: 'não é por causa de alguma boa obra que Te queremos apedrejar, mas por uma blasfêmia, porque, sendo homem, te fazes Deus.' Replicou-lhes Jesus: 'não está escrito na vossa Lei: 'Eu disse: vós sois deuses' (Sl 81,6)? Se a Lei chama deuses àqueles a quem a Palavra de Deus foi dirigida (ora, a Escritura não pode ser desprezada), como acusais de blasfemo Aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, porque Eu disse: Sou o Filho de Deus? Se Eu não faço as obras de Meu Pai, não Me creiais. Mas se as faço, e se não quiserdes crer em Mim, crede nas Minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em Mim e Eu no Pai.'" (Jo 10,24-38)
† † †
O ESPIRITISMO É CONTRA A ASCESE
As presentes provas incontestes desse escrito, as quais desmascaram os formadores de opinião do espiritismo — bem como expõem claramente suas enormes contradições —, não deixam a mínima dúvida de que esses não passam de embusteiros teológicos e impostores da fé.
Fazem uso da Sacratíssima Palavra de Deus para valerem-se de Seu peso, relevância e notoriedade, a fim de atraírem os mal-informados; e, ao invés de serem fiéis a Ela, ao contrário, profanam-Lha, desobedecem-Lha, desrespeitam-Lha, adulteram-Lha e enganam toda sorte de alma menos versada em Teologia, as quais, de boa fé (prefiro supor que creem sem malícia), acreditam no que tais perversos aliciadores asseveram e, assim, rumam aqueles e esses rumo à eterna condenação.
Logo acima há considerável número de citações bíblicas que comprovam, indiscutivelmente, a divindade de Jesus Cristo, negada pelos idealizadores da seita espírita.
Agora, abaixo, cito mais uma estultice de Hyppolite Léon Denizard Rivail (vulgo Allan Kardec), escrita em seu livro "O Evangelho segundo o espiritismo", que, contraditoriamente, não tem qualquer parte com o Evangelho.
Nesse miserável engodo teológico, Hyppolite desacredita a ascese, a penitência, o jejum, as mortificações das paixões da carne, indo frontalmente contra a Sacra Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo — Aquele mesmo que ele afirmara não ser Deus (ou, sendo-O, um Deus que profere afirmações inúteis e falsas).
"Pois, se Jesus disse: 'Bem-Aventurados os aflitos', haverá mérito em procurar, alguém, aflições que lhe agravem as provas, por meio de sofrimentos voluntários? A isso responderei muito positivamente: sim, há grande mérito quando os sofrimentos e as privações objetivam o bem do próximo, porquanto é a caridade pelo sacrifício; não, quando os sofrimentos e as privações somente objetivam o bem daquele que a si mesmo as inflige, porque aí só há egoísmo por fanatismo. Grande distinção cumpre aqui se faça: pelo que vos respeita pessoalmente, contentai-vos com as provas que Deus vos manda e não lhes aumenteis o volume, já de si por vezes tão pesado; aceitá-las sem queixumes e com fé, eis tudo o que de vós exige Ele. Não enfraqueçais o vosso corpo com privações inúteis e macerações sem objetivo, pois que necessitais de todas as vossas forças para cumprirdes a vossa missão de trabalhar na Terra. Torturar e martirizar voluntariamente o vosso corpo é contravir a Lei de Deus, que vos dá meios de o sustentar e fortalecer. Enfraquecê-lo sem necessidade é um verdadeiro suicídio. Usai, mas não abuseis, tal a Lei. O abuso das melhores coisas tem a sua punição nas inevitáveis consequências que acarreta. Muito diverso é o que ocorre, quando o Homem impõe a si próprio sofrimentos para o alívio do seu próximo. Se suportardes o frio e a fome para aquecer e alimentar alguém que precise ser aquecido e alimentado e se o vosso corpo disso se ressente, fazeis um sacrifício que Deus abençoa. Vós que deixais os vossos aposentos perfumados para irdes à mansarda infecta levar a consolação; vós que sujais as mãos delicadas pensando chagas; vós que vos privais do sono para velar à cabeceira de um doente que apenas é vosso irmão em Deus; vós, enfim, que despendeis a vossa saúde na prática das boas obras, tendes em tudo isso o vosso cilício, verdadeiro e abençoado cilício, visto que os gozos do mundo não vos secaram o coração, que não adormecestes no seio das volúpias enervantes da riqueza, antes vos constituístes anjos consoladores dos pobres deserdados. Vós, porém, que vos retirais do mundo, para lhe evitar as seduções e viver no insulamento, que utilidade tendes na Terra? Onde a vossa coragem nas provações, uma vez que fugis à luta e desertais do combate? Se quereis um cilício, aplicai-o às vossas almas, e não aos vossos corpos; mortificai o vosso Espírito, e não a vossa carne; fustigai o vosso orgulho, recebei sem murmurar as humilhações; flagiciai o vosso amor-próprio; enrijai-vos contra a dor da injúria e da calúnia, mais pungente do que a dor física. Aí tendes o verdadeiro cilício, cujas feridas vos serão contadas, porque atestarão a vossa coragem e a vossa submissão à vontade de Deus." (Hyppolite Léon Denizard Rivail (vulgo Allan Kardec). O Evangelho segundo o espiritismo (livro digital). Cap. 5. Págs. 99-100.)
Não é tarefa árdua sobrepujar os absurdos teologais do espiritismo, haja vista sua flagrância, dada a enormidade dos equívocos — para além do fato de que seus próprios autores produzem provas contra si, na medida em que a doutrina defendida por esses nada mais é que um emaranhado de contradições, advindas desses que se julgam alicerçados na Bíblia, mas Essa, em Seu Santo Conteúdo, desconstrói cada uma das falácias espíritas.
Abaixo, apenas com citações bíblicas, novamente desmontarei os absurdos que Hyppolite proferiu em sua supracitada alocução acerca de ascese e penitência, ratificando seu malévolo caráter engodista da fé.
"O Senhor disse a Moisés: ‘escreve estas palavras, pois são elas a base da Aliança que faço contigo e com Israel.’ Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E o Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança; as dez palavras." (Ex 34,27-28)
"Os israelitas avançaram pela segunda vez contra os benjaminitas, que saíram de Gabaá ao seu encontro e lançaram-nos de novo por terra, matando dezoito mil israelitas, todos homens que manejavam a espada. Então, todo o povo dos israelitas subiu a Betel e ali, sentados, lamentavam-se diante do Senhor, jejuando naquele dia até a tarde e ofereceram holocaustos e sacrifícios pacíficos diante do Senhor. E consultaram-No. Naquele tempo a Arca da Aliança de Deus estava lá, com Fineias, filho de Eleazar, filho de Aarão, que se conservava junto Dela. Disseram, pois: ‘devo continuar ou devo cessar a guerra contra Benjamim, meu irmão?’ O Senhor respondeu: ‘ide, porque amanhã eu os entregarei nas vossas mãos.’” (Jz 20,24-28)
"Vieram, pois, os habitantes de Cariatarim, transportaram a Arca do Senhor, puseram-Na em casa de Abinadab, sobre a colina, e consagraram o seu filho Eleazar para que A guardasse. E o tempo passou. Decorridos vinte anos, desde o dia em que a Arca fora levada para Cariatarim, todo o Israel se lamentava, invocando o Senhor. E Samuel falou a todo o povo de Israel, dizendo: ‘’se voltardes de todo o vosso coração para o Senhor, tirando do meio de vós os deuses estranhos e as astarot, se vos apegardes de todo o vosso coração ao Senhor e só a Ele servirdes, então Ele vos livrará das mãos dos filisteus’. Os israelitas afastaram os baals e as astartes e serviram só ao Senhor. ‘Convocai todo o Israel em Masfa — disse Samuel — e orarei por vós ao Senhor.’ Reuniram-se em Masfa, tiraram água, derramaram-na diante do Senhor e jejuaram aquele dia, dizendo: ‘pecamos contra o Senhor.’ Samuel era juiz de Israel, em Masfa. Os filisteus foram informados de que os israelitas tinham se juntado em Masfa e os seus príncipes marcharam contra Israel. Os israelitas o souberam e ficaram aterrorizados. Disseram a Samuel: ‘não cesses de clamar por nós ao Senhor, nosso Deus, para que Ele nos salve das mãos dos filisteus.’ Samuel tomou um cordeiro de leite e ofereceu-o inteiro em holocausto ao Senhor; depois, clamou ao Senhor por Israel e o Senhor o ouviu. Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus começaram o combate contra Israel. O Senhor, porém, trovejou com a Sua voz fortíssima sobre os filisteus naquele momento e eles se dispersaram, sendo batidos pelos israelitas." (1Sm 7,1-10)
"Depois disso, os moabitas e os amonitas, acompanhados dos maonitas, fizeram guerra a Josafá. Vieram informar o Rei: ‘uma tropa enorme, vinda do outro lado do Mar Morto, avança contra ti. Ei-los já em Asasontamar, isto é, Engadi.’ Perturbado, Josafá se dispôs a recorrer ao Senhor e promulgou um jejum para todo o Judá. A população de Judá reuniu-se para invocar o Senhor. De todas as cidades de Judá o povo acorreu para invocar o Senhor." (2Cr 20,1-4)
"Por isso jejuamos e invocamos o nosso Deus; e Ele nos ouviu." (Esd 8,23)
"Então, Esdras levantou-se e fez com que os chefes dos sacerdotes, dos levitas e de todo o Israel jurassem que agiriam como acabava de ser dito. E todos juraram. 6.Depois, deixando a casa de Deus, foi ao quarto de Joanã, filho de Eliasib. Tendo entrado ali, permaneceu sem comer nem beber, porque chorava o pecado dos filhos do cativeiro." (Esd 10,5-6)
"No vigésimo quarto dia do mesmo mês, vestidos de sacos e com a cabeça coberta de pó, os israelitas reuniram-se para um jejum. Evitavam o contato com os estrangeiros e se apresentaram para confessar seus pecados e as iniquidades de seus pais. De pé em seus lugares, escutaram a leitura da Lei do Senhor, seu Deus, durante um quarto do dia; durante o outro quarto do dia confessaram seus pecados e prostraram-se diante do Senhor, seu Deus." (Ne 9,1-3)
"Então, Tobias encorajou a jovem com estas palavras: 'levanta-te, Sara, e roguemos a Deus, hoje, amanhã e depois de amanhã. Estaremos unidos a Deus durante essas três noites. Depois da terceira noite, consumaremos nossa união; porque somos filhos dos Santos Patriarcas e não nos devemos casar como os pagãos que não conhecem a Deus.'" (Tb 8,4-5)
"'Boa coisa é a oração acompanhada de jejum; e a esmola é preferível aos tesouros de ouro escondidos, porque a esmola livra da morte: ela apaga os pecados e faz encontrar a misericórdia e a Vida Eterna; aqueles, porém, que praticam a injustiça e o pecado são os seus próprios inimigos.'" (Tb 12,8-10)
"Os israelitas executaram todas as ordens de Eliacim, Sacerdote do Senhor. Todo o povo orou fervorosamente ao Senhor. Humilharam suas almas com jejuns e orações, eles e suas mulheres. Os Sacerdotes vestiram-se de cilício, as crianças prostraram-se diante do templo do Senhor e cobriu-se o altar do Senhor com um cilício. Unidos de coração e de alma, clamaram ao Senhor que não entregasse seus filhos à rapina do vencedor, suas mulheres à devassidão, suas cidades ao extermínio, seu templo à profanação e não permitisse que eles próprios se tornassem o opróbrio das nações pagãs." (Jud 4,7-10)
"Ester mandou responder a Mardoqueu: 'vai reunir todos os judeus de Susa. Jejuai por mim sem comer nem beber durante três dias e três noites. Eu e minhas servas também jejuaremos. Depois disso, apesar da lei, irei ter com o Rei. Se for preciso morrer, morrerei.' Mardoqueu se retirou e fez o que Ester pediu." (Est 4,15-17)
"’Clama em alta voz, sem constrangimento; faze soar a tua voz como a corneta. Denuncia a Meu povo suas faltas, e à casa de Jacó seus pecados. Sem dúvida, eles Me procuram dia após dia. Desejam conhecer o comportamento que Me agrada, como uma nação que houvesse sempre praticado a justiça, sem abandonar a Lei de seu Deus. Informam-se junto a Mim sobre as exigências da justiça, desejam a presença de Deus. ‘De que serve jejuar, se com isso não vos importais? E mortificar-nos, se nisso não prestais atenção?’ É que no dia de vosso jejum, só cuidais de vossos negócios, e oprimis todos os vossos operários. Passais vosso jejum em disputas e altercações, ferindo com o punho o pobre. Não é jejuando assim que fareis chegar lá em cima vossa voz. O jejum que me agrada porventura consiste em o Homem mortificar-se por um dia? Curvar a cabeça como um junco, deitar sobre o saco e a cinza? Podeis chamar isso um jejum, um dia agradável ao Senhor? Sabeis qual é o jejum que eu aprecio? — diz o Senhor Deus: é romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo. É repartir seu alimento com o esfaimado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante. Então, tua luz surgirá como a aurora, e tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se; tua justiça caminhará diante de ti, e a glória do Senhor seguirá na tua retaguarda. Então, às tuas invocações, o Senhor responderá, e a teus gritos dirá: ‘eis-me aqui!’ Se expulsares de tua casa toda a opressão, os gestos malévolos e as más conversações; se deres do teu pão ao faminto; se alimentares os pobres, tua luz se levantará na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno. O Senhor te guiará constantemente; Ele te alimentará no árido deserto; renovará teu vigor. Serás como um jardim bem irrigado, como uma fonte de águas inesgotáveis. Reerguerás as ruínas antigas; reedificarás sobre os alicerces seculares; te chamarão o reparador de brechas, o restaurador das moradias em ruínas. Se te abstiveres de calcar aos pés o sábado, de cuidar de teus negócios no dia que Me é consagrado, se achares o sábado um dia maravilhoso, se achares respeitável o dia consagrado ao Senhor; se tu O venerares não seguindo os teus caminhos, não te entregando às tuas ocupações e às conversações; então, encontrarás tua felicidade no Senhor: eu te farei galgar as alturas da Terra, e gozar a herança de Jacó, teu pai; porque a boca do Senhor falou.’" (Is 58)
"Naquele tempo, eu, Daniel, fiz penitência durante três semanas. Não provei alimento delicado algum: não passou em minha boca nem carne nem vinho; não me ungi de óleo absolutamente durante o transcurso dessas três semanas." (Dn 10,2-3)
"’À frente do Seu exército, o Senhor faz ouvir a Sua voz, pois seu batalhão é imenso e poderoso para executar Sua palavra. Sim, o dia do Senhor é grandioso e temível! Quem o poderá suportar? Por isso, agora ainda — Oráculo do Senhor —, voltai a Mim de todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos de luto.’" (Jl 2,11-12)
"A palavra do Senhor foi dirigida pela segunda vez a Jonas nestes termos: ‘vai a Nínive, a grande cidade, e faze-lhe conhecer a mensagem que te ordenei.’ Jonas pôs-se a caminho e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Nínive era, diante de Deus, uma grande cidade: eram precisos três dias para percorrê-la. Jonas foi pela cidade durante todo um dia, pregando: ‘daqui a quarenta dias, Nínive será destruída.’ Os ninivitas creram nessa mensagem de Deus e proclamaram um jejum, vestindo-se de sacos, desde o maior até o menor. A notícia chegou ao conhecimento do Rei de Nínive. Ele levantou-se do seu trono, tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza. Em seguida, foi publicado pela cidade, por ordem do Rei e dos príncipes, este decreto: ‘fica proibido aos Homens e aos animais, tanto do gado maior como do menor, comer o que quer que seja, assim como pastar ou beber. Homens e animais se cobrirão de sacos. Todos clamem a Deus, em alta voz. Dixe cada um o seu mau caminho e converta-se da violência que há em suas mãos. Quem sabe, Deus se arrependerá, acalmará o ardor de Sua cólera e deixará de nos perder!’ Diante de uma tal atitude, vendo como renunciavam aos seus maus caminhos, Deus arrependeu-se do mal que resolvera fazer-lhes e não o executou." (Jn 3)
"Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia. Dizia ele: ‘fazei penitência porque está próximo o Reino dos Céus.’ Este é aquele de quem falou o Profeta Isaías, quando disse: uma voz clama no deserto: preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas (Is 40,3). João usava uma vestimenta de pelos de camelo e um cinto de couro em volta dos rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre." (Mt 3,1-4)
"Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo demônio. Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome. O tentador aproximou-se Dele e Lhe disse: ‘se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães.’ Jesus respondeu: ‘está escrito: não só de pão vive o Homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’ (Dt 8,3). (...) Desde então, Jesus começou a pregar: ‘fazei penitência, pois o Reino dos Céus está próximo.’" (Mt 4,1-4;17)
“’E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros a que o teu corpo inteiro seja atirado na geena.’" (Mt 5,30)
“Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos Homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos Homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, te recompensará.’” (Mt 6,16-18)
"E, quando eles se reuniram ao povo, um homem aproximou-se deles e prostrou-se diante de Jesus, dizendo: 'Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre muito: ora cai no fogo, ora na água... Já o apresentei a Teus discípulos, mas eles não o puderam curar.' Respondeu Jesus: 'raça incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando hei de aturar-vos? Trazei-Mo.' Jesus ameaçou o demônio e este saiu do menino, que ficou curado na mesma hora. Então, os discípulos lhe perguntaram em particular: 'por que não pudemos nós expulsar esse demônio?' Jesus respondeu-lhes: 'por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te daqui para lá, e ela irá; e nada vos será impossível. Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum.'" (Mt 17,14-21)
"Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto." (Jo 12,24)
"Havia, então, na Igreja de Antioquia Profetas e doutores, entre eles Barnabé, Simão, apelidado ‘O Negro’, Lúcio de Cirene, Manaém — companheiro de infância do tetrarca Herodes — e Saulo. Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: ‘separai-Me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho destinado.’ Então, jejuando e orando, impuseram-lhes as mãos e os despediram. Enviados, assim, pelo Espírito Santo, foram a Selêucia e dali navegaram para a ilha de Chipre." (At 13,1-4)
"Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na Fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações. Em cada igreja instituíram anciãos e, após orações com jejuns, encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham confiado." (At 14,22-23)
"Se o Espírito Daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós. Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Rm 8,11-14)
"E tudo isso faço por causa do Evangelho, para Dele me fazer participante. Nas corridas de um estádio, todos correm, mas bem sabeis que um só recebe o prêmio. Correi, pois, de tal maneira que o consigais. Todos os atletas se impõem a si muitas privações; e o fazem para alcançar uma coroa corruptível. Nós o fazemos por uma coroa incorruptível. Assim, eu corro, mas não sem rumo certo. Dou golpes, mas não no ar. Ao contrário, castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros." (1Cor 9,23-27)
"Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade, porque toda a Lei se encerra num só preceito: amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Mas, se vos mordeis e vos devorais, vede que não acabeis por vos destruirdes uns aos outros. Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne, porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne, pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis. Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a Lei. Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus! Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há Lei, pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito. Não sejamos ávidos da vanglória. Nada de provocações; nada de invejas entre nós." (Gl 5,13-26)
A penitência, o jejum, a mortificação das paixões carnais, dos desejos e prazeres são meios eficacíssimos de ordenar o corpo à alma, e a alma a Deus — controle e equilíbrio esses perdidos após o Homem ter sido severamente afetado pelo pecado original.
Repita-se: o Homem, por ter sido feito pelo Criador à Sua imagem e semelhança, tem, por conseguinte, uma natureza boa, já que Deus nada faz que não seja naturalmente bom. Todavia, tendo o livre arbítrio e utilizando-o de modo ruim, o ser humano danificou sua natureza, o que não a torna má, senão doente.
É como um indivíduo que machuca um de seus pés e, a partir disso, passa a claudicar. Ora! Os pés eram perfeitos, mas, por consequência do mau uso, em um incidente extraordinário, um deles fora contundido gravemente e, ainda que não lhe tenha anulado por completo, tal mal deixou-lhe sequelas irreversíveis.
Eis o que o pecado causou à natureza do Homem, que era puro e similar aos Anjos, mas, ao macular-se com a falta, tornara-se malicioso e propenso ao mal, tendo, por conseguinte, do início ao fim da vida, de lutar incessantemente contra suas más inclinações, suas paixões desordenadas, seus impulsos carnais e seus inadequados quereres.
Tal qual um animal de tração, que necessita de freios para ser domado, se o corpo não for subjugado pela alma ordenada a Deus, tornar-se-á como uma besta selvagem.
Daí a necessidade da penitência, do jejum, da mortificação das paixões carnais, dos desejos e prazeres, a fim de domar o corpo e tê-lo sob total controle das vontades da alma.
Sem isso a vida espiritual não encontra paz, mas achar-se-á sempre no caos. E Deus habita na calmaria e jamais na confusão.
"O Senhor disse-lhe: 'sai e conserva-te em cima do monte, na presença do Senhor! Ele vai passar.' Nesse momento, passou diante do Senhor um furacão, tão violento que fendia as montanhas e quebrava os rochedos, mas o Senhor não estava naquele vento. Depois do vento, a terra tremeu, mas o Senhor não estava no tremor de terra. Passado o tremor de terra, acendeu-se um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se o murmúrio de uma brisa ligeira. Tendo Elias ouvido isso, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna. Uma voz disse-lhe: 'que fazes aqui, Elias?' Ele respondeu: 'consumo-me de zelo pelo Senhor, Deus dos Exércitos.'" (1Rs 19,11-14)
Hyppolite Léon Denizard Rivail (vulgo Allan Kardec), novamente, vai contra as Sagradas Escrituras. E são erros tão grosseiros que, inevitavelmente, impelem-me a indagar: 1) Ele realmente dignou-se ao trabalho de ler a fidedigna tradução da Bíblia (vulgata de São Jerônimo) e, após, dolosamente, optou por ir contra Seu conteúdo?; 2) Ou sequer A leu e por isso profere tantos esdrúxulos equívocos?
Ambas alternativas são terríveis, mas a primeira é assaz pior, pelo cunho de malevolência, tanto a ele quanto às almas que a dele toca com tais flechas envenenadas de maldição.
Como provado acima, Hyppolite confronta a Sã Doutrina de Jesus Cristo, ratificada na Bíblia, bem como na oralidade e documentos bi-milenares da Santa Tradição Católica; e, para além disso, na mesma referida miserável obra, ousa atacar a vida eremita e cenobítica dos Santos Monges, exemplos de imitação de Cristo e santidade.
Destarte, depreende-se de todos esses engodos teológicos refutados e de cada um dos fatos expostos que um espírita só o é por desconhecimento da verdade ou, conhecendo-a, então por malícia.
Independentemente da conjuntura, rezo para que todos os pertencentes ou simpatizantes do espiritismo convertam-se à verdadeira e única Religião, a Católica, criada pelo Deus Trino, o qual confirma Sua Santa Igreja adornando-A com infindos milagres e prodígios há mais de dois mil anos, desde que erigida por Cristo, que é Deus com o Pai e o Espírito Santo.
Basta ir às fontes diretas (Evangelhos) e às indiretas mais próximas de Jesus, nos primeiros séculos (primeiros católicos, os quais tiveram contato com os Apóstolos e discípulos do Messias — Santos Patriarcas das primeiras igrejas, situadas em Jerusalém e respectivo orbe, bem como para além do Oriente, em terras ocidentais).
Tratam-se de tradições orais e textuais confiabilíssimas, para além das imagens encontradas em mosaicos nas ruínas das primeiras igrejas. — Informações que constituem um arcabouço probatório inconteste de que realmente a genuína Fé é a Católica, proveniente do Deus Trino, encarnado no seio de Santa Maria; Esse, que é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, sendo Deus com o Pai e com o Espírito Santo; Esse, que Se deu voluntariamente ao sacrifício, como holocausto perfeito de expiação pelos pecados do Homem, para salvar a todo o que Nele viver; Esse, que ressuscitou e instituiu Sua Santa Igreja, e prometeu que Ela, embora atacada constante e fervorosamente pelo demônio e seus sequazes, jamais seria calcada pelo fogo infernal, mas manteria-Se sempre inalterada, indelével, vívida e forte, até o retorno do Bom Pastor, na Parusia, ainda que reduzida esteja Ela a um pequeno número de fiéis ovelhas, em meio a uma maioria de lobos cruéis.
† † †
O RACISMO
DO CRIADOR DO ESPIRITISMO
Abaixo, reveladoras alocuções advindas da pena de quatro perniciosos formadores de opinião dos Séculos XVIII d.C. e XIX d.C.: trata-se de François-Marie Arouet (vulgo Voltaire), Charles Robert Darwin, Karl Marx e Hyppolite Léon Denizard Rivail (vulgo Allan Kardec); e o que os une, para além do ódio à verdade, ao Deus Trino e à Sua Santa Igreja: o racismo.
O primeiro, dentre os quatro nomes, é um dos pais do iluminismo; o segundo é um dos pais do evolucionismo; o terceiro é um dos pais do socialismo; e o quarto é um dos pais do espiritismo. — Árvores más, que geraram frutos maus, as quais, ainda no presente tempo, miseravelmente envenenam muitas almas e conduzem-nas à eterna geena de fogo e enxofre.
"'Jesus disse também a Seus discípulos: 'é impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos.'" (Lc 17,1-2)
Como exemplo do caráter malévolo, abjeto, cruel, eugenista e racista das quatro personalidades supracitadas, suas próprias palavras, a seguir.
Iniciemos por François-Marie Arouet (vulgo Voltaire), esse ativo instrumento de lúcifer, que, frequentemente, finalizava seus escritos com a frase "esmagai a infâmia!”, em direta referência à Santa Igreja Católica, pela qual nutria inominável ódio e da qual declarara-se incansável inimigo.
Tal qual seu mestre (o pai da mentira), Voltaire vivia em dissimulação, hipocrisia e sarcasmo: ao passo que atacava ferozmente o catolicismo, fingia-se católico, fazia doações à Mater Ecclesia e frequentava a Santa Missa, chegando ao ponto de receber a Sacratíssima Eucaristia — certamente de modo sacrílego, já que o fazia muito provavelmente sem prévia confissão e, por conseguinte, em estado de pecado mortal, a julgar por suas ações públicas contra a Fé e seu impiedoso modo de vida.
São Paulo alertara:
"Portanto, todo aquele que comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor indignamente será culpável do Corpo e do Sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo e, assim, coma desse Pão e beba desse Cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação." (1Cor 11,27-29)
Contudo, o maldito iluminista não se importava, a ponto de apregoar: "é preciso mentir como um diabo. Não timidamente; não só durante um tempo, senão descaradamente sempre. (...) "Excitai todos os meus irmãos a perseguir a Igreja, de viva voz e por escrito, sem Lhe dar um só momento de descanso."
Em uso de seu racismo e discriminação por terríveis pré-conceitos, exclamara:
"Se o povo chega a raciocinar, tudo está perdido. Será sempre bárbaro o povo. É um animal que precisa de canga, de aguilhão e ferro. O povo em França precisa ser levado a pontapés. É o que eu faço. (...) É preciso criticar os autores que não pensam como nós. É preciso envenenar habilmente a sua conduta. É preciso colocar suas ações sob uma luz odiosa. Se os fatos nos faltam, temos que expô-los, fingindo calar uma parte de suas faltas. Tudo é permitido contra eles." (François-Marie Arouet [vulgo Voltaire])
E, ainda:
"Descendo sobre este montículo de lama e não tendo maiores noções a respeito do Homem, como este não tem a respeito dos habitantes de Marte ou de Júpiter, desembarco às margens do oceano, no país da Cafraria, e começo a procurar um homem. Vejo macacos, elefantes e negros. Todos parecem ter algum lampejo de uma razão imperfeita. Uns e outros possuem uma linguagem que não compreendo e todas as suas ações parecem igualmente relacionar-se com um certo fim. Se julgasse as coisas pelo primeiro efeito que me causam, inclinar-me-ia a crer, inicialmente, que de todos esses seres o elefante é o animal racional. Contudo, para nada decidir levianamente, tomo filhotes dessas várias bestas. Examino um filhote de negro de seis meses, um elefantezinho, um macaquinho, um leãozinho, um cachorrinho. Vejo, sem poder duvidar, que esses jovens animais possuem incomparavelmente mais força e destreza, mais ideias, mais paixões, mais memória do que o negrinho e que exprimem muito mais sensivelmente todos os seus desejos do que ele. Entretanto, ao cabo de certo tempo, o negrinho possui tantas ideias quanto todos eles. Chego mesmo a perceber que os animais negros possuem entre si uma linguagem bem mais articulada e variada do que a dos outros animais. Tive tempo de aprender tal linguagem e, enfim, de tanto observar o pequeno grau de superioridade que, a longo prazo, apresentam em relação aos macacos e aos elefantes; arrisco-me a julgar que, efetivamente, ali está o Homem. E forneço a mim mesmo esta definição: o Homem é um animal preto que possui lã sobre a cabeça, caminha sobre duas patas, é quase tão destro quanto um símio, é menos forte do que outros animais de seu tamanho, provido de um pouco mais de ideias do que eles e dotado de maior facilidade de expressão. Ademais, está submetido igualmente às mesmas necessidades que os outros, nascendo, vivendo e morrendo exatamente como eles.
Após ter passado certo tempo entre essa espécie, desloco-me rumo às regiões marítimas das Índias Orientais. Surpreendo-me com o que vejo: os elefantes, os leões, os macacos e os papagaios não são exatamente como eram na Cafraria; mas o Homem, esse parece-me absolutamente diferente. Agora são Homens de um belo tom amarelo, não possuem lã, mas têm a cabeça coberta de grandes crinas negras. Parecem ter sobre as coisas ideias totalmente contrárias às dos negros. Sou, portanto, forçado a mudar minha definição e a classificar a natureza humana sob duas espécies: a negra com lã e a amarela com crina.
Mas, na Batávia, em Goa e em Surata, ponto de encontro de todas as nações, vejo uma grande multidão de europeus. São brancos, não possuem lã ou crina, mas cabelos louros bem soltos e barba no queixo. Mostram-me também muitos americanos, que não possuem barba. Eis minha definição e minhas espécies de Homem bastante ampliadas.
Em Goa, encontro uma espécie ainda mais singular do que todas essas. Trata-se de um Homem vestido com uma longa batina negra, dizendo-se feito para instruir os outros. Todos esses Homens que vedes, diz-me ele, nasceram de um mesmo pai. E, então, conta-me uma longa história. No entanto, o que diz esse animal soa-me bastante suspeito. Informo-me se um negro e uma negra, de lã negra e nariz chato, engendram algumas vezes crianças brancas, de cabelos louros, nariz aquilino e olhos azuis; se nações imberbes vieram de povos barbados e se os brancos e as brancas engendraram povos amarelos. Respondem-me que não, que os negros transplantados, por exemplo, para a Alemanha continuam produzindo negros, a menos que os alemães se encarreguem de mudar a espécie, e assim por diante. Acrescentam que um Homem instruído nunca diria que as espécies não-misturadas degeneram, a não ser o Padre Dubos, que disse tal besteira num livro intitulado Reflexões sobre a Pintura e sobre a Forma etc.
Quer me parecer que agora estou muito bem fundamentado para crer que os Homens são como as árvores: assim como as pereiras, os ciprestes, os carvalhos e os abricoteiros não vêm de uma mesma árvore, assim também os brancos barbados, os negros de lã, os amarelos com crina e os Homens imberbes não vêm do mesmo Homem." (Voltaire. Tratado de Metafísica. Cap. 1 (Os Pensadores). São Paulo. Abril de 1978 d.C.. Págs.: 62-63.)
A ideia de Voltaire era criar um grupo para investir no extermínio da Santa Igreja, sobretudo por meio das falácias e sofismas da enciclopédia.
No ano de 1758 d.C., convicto dessa capacidade, afirmara que “com 12 homens a Igreja Católica conquistou o mundo inteiro" e com poucos poderia ser destruída: "daqui a 20 anos Deus estará vencido”, afirmara esse servo de satanás.
Eis que, 20 anos depois, morria ele, desejoso de obter os Últimos Sacramentos, mas ladeado por seus "fiéis amigos", os quais não permitiram que aproximasse dele nenhum Sacerdote, de modo que provavelmente falecera de maneira terrível.
Voltaire foi uma das mentes cujas ideias mais influenciaram a Revolução Francesa, juntamente com Jean-Jacques Rousseau, outro ferrenho inimigo de Deus, terrível a ponto de ter abandonado a criação de seus cinco filhos a um orfanato e, paralelamente a tal tragédia, fazer publicar um seu livro de nome "O Emílio", no qual, entre outras soberbas e hipócritas pretensões, intenta instruir pais a bem educar seus filhos.
Pouco depois, a Revolução Francesa guilhotinaria, queimaria, afogaria e passaria a fio de espada centenas de milhares de católicos, unicamente pelo fato de o serem e não capitularem na Fé.
† † †
Citemos, agora, Charles Robert Darwin, o segundo dos quatro mencionados nomes: racista, naturalista, materialista, cientificista, racionalista, espiritualmente desnorteado e um dos pais da filosofia eugenista, a qual inspirara o evolucionismo, o racismo, o nazismo e tantas outras atrocidades no campo científico e social.
Darwin defendera uma hipótese evolucionista que até hoje não encontra arcabouço comprobatório. Jamais se achou qualquer fóssil de transição ou prova que sequer eleve suas infundadas suposições à categoria de teoria, no que concerne às regras da Metodologia Científica, já que isso pressupõe testes, o que no evolucionismo é impossível, sobretudo pelos bilhões de anos que ele utiliza como invólucro aos seus mentecaptos sofismas.
Charles Darwin, no escrito a seguir, não faz a mínima questão de esconder sua inclinação à insana crença na similaridade entre seres humanos e animais selvagens, bem como no que ele chama de existência de "sub-raças" humanas, algumas, inclusive, de acordo com esse lunático, podendo ser classificadas como "espécies duvidosas":
"Aquele que deseja decidir se o Homem é o descendente modificado de alguma forma preexistente, provavelmente primeiro indagaria se o Homem varia, ainda que ligeiramente, na estrutura corporal e nas faculdades mentais; e, em caso afirmativo, se as variações são transmitidas à sua prole de acordo com as leis que prevalecem com os animais inferiores. Mais uma vez, as variações são o resultado, até onde nossa ignorância nos permite julgar, das mesmas causas gerais, e são regidas pelas mesmas leis gerais, como no caso de outros organismos; por exemplo, por correlação, os efeitos herdados de uso e desuso, etc.? O Homem está sujeito a malformações semelhantes, resultado de desenvolvimento interrompido, de reduplicação de partes, etc., e ele exibe, em alguma de suas anomalias, reversão a algum tipo antigo de estrutura? Poder-se-ia também perguntar, naturalmente, se o Homem, como tantos outros animais, deu origem a variedades e sub-raças, que diferem apenas ligeiramente umas das outras, ou a raças que diferem tanto que devem ser classificadas como espécies duvidosas? Como essas raças são distribuídas pelo mundo, e como, quando cruzadas, reagem entre si nas primeiras e sucessivas gerações? E assim com muitos outros pontos.
O investigador chegaria, em seguida, ao ponto importante, se o Homem tende a crescer a uma taxa tão rápida, a ponto de levar a lutas severas ocasionais pela existência; e, conseqüentemente, a variações benéficas, sejam no corpo ou na mente, sendo preservadas, e as prejudiciais eliminadas. As raças ou espécies de Homens, qualquer que seja o termo aplicado, invadem e substituem umas as outras, de modo que alguns finalmente se extinguem? Veremos que todas essas perguntas, como de fato é óbvio, em relação à maioria delas, devem ser respondidas afirmativamente, da mesma maneira que com os animais inferiores. Mas as várias considerações que acabamos de mencionar podem ser convenientemente adiadas por um tempo: e veremos primeiro até que ponto a estrutura corporal do Homem mostra traços, mais ou menos claros, de sua descendência de alguma forma inferior. Nos capítulos seguintes serão considerados os poderes mentais do Homem, em comparação com os dos animais inferiores.
É notório que o Homem é construído no mesmo tipo ou modelo geral dos outros mamíferos. Todos os ossos de seu esqueleto podem ser comparados com os ossos correspondentes de um macaco, morcego ou foca. Assim é com seus músculos, nervos, vasos sanguíneos e vísceras internas. O cérebro, o mais importante de todos os órgãos, segue a mesma lei, conforme demonstrado por Huxley e outros anatomistas. (...) Bischoff, que é uma testemunha hostil, admite que cada fissura e dobra principal no cérebro do Homem tem sua analogia na do orangotango; mas ele acrescenta que em nenhum período de desenvolvimento seus cérebros concordam perfeitamente; nem se poderia esperar um acordo perfeito, pois, de outra forma, seus poderes mentais teriam sido os mesmos. Vulpian observa: "as diferenças reais que existem entre o cérebro do Homem e o dos macacos superiores são muito pequenas. Não deve haver ilusões a este respeito. O Homem está muito mais próximo dos macacos antropomórficos nos caracteres anatômicos de seu cérebro do que não apenas de outros mamíferos, mas até mesmo de quadrúmanos, guenons e macacos." Mas seria supérfluo aqui dar mais detalhes sobre a correspondência entre o Homem e os mamíferos superiores, na estrutura do cérebro e de todas as outras partes do corpo.
Pode, no entanto, valer a pena especificar alguns pontos, não direta ou obviamente ligados à estrutura, pelos quais essa correspondência ou relação é bem demonstrada." (Charles Darwin. The descent of man. Parte 1. Capítulo 1. Versão digital de 2021 d.C..)
Obviamente, quem crê nessa espécie de loucura não é católico, senão espiritualmente desmantelado. E Darwin assim o era, como comprova em uma carta enviada ao advogado Francis McDermott, o qual, antes de ler os livros desse pseudocientista, instigara-lhe a dizer se cria ou não no Novo Testamento, ao que Charles assegurara-lhe, a próprio punho: “lamento ter de informá-lo que não acredito na Bíblia como Revelação Divina e, portanto, tampouco em Jesus Cristo como o Filho de Deus. Atenciosamente. Ch. Darwin.” (Charles Darwin, 1880 d.C.)
Em 1881 d.C., ao final de sua vida, parece que Charles Darwin não emendou-se nem muito menos converteu-se à verdadeira Fé, a Católica.
Escrevera a um seu colega:
“...As chamadas raças caucasianas mais civilizadas venceram o vazio turco na luta pela existência. Olhando para o mundo em uma data não muito distante, que número infinito de raças inferiores terá sido eliminada pelas raças civilizadas superiores em todo o mundo..." (Charles Darwin, em epístola a William Graham, a 3 de julho de 1881 d.C.. Darwin Correspondence Project. Carta Nº 13230. Universidade de Cambridge. https://www.darwinproject.ac.uk/letter/?docId=letters/DCP-LETT-13230.xml. Missiva citada em Francis Darwin, Charles Darwin: His Life Told in an Autobiographic Chapter, and in a Selected Series of His Published Letters (London: Murray, 1902 d.C.). 64.)
Esse é Darwin, que, a exemplo de Voltaire, mentia, dissimulava e, ao passo que, em público, em dadas conjunturas, pronunciava afetuosos discursos a favor de Deus, em privado lhe travava combate e atentava contra Sua Santa Igreja, na medida em que proliferava o oposto da Sã Doutrina.
Covardia e baixa moral são atributos comuns a quem fomenta ódio contra a Fé, o que, inevitavelmente, culmina em torpes inclinações, tais como o racismo, a eugenia, o nazismo e similares.
† † †
O terceiro nome, dentre os quatro supramencionados, é Karl Marx, o criador do socialismo e principal nome de influência à filosofia comunista.
Suas deploráveis ideias foram o principal esteio teórico dos piores regimes ditatoriais do Séculos XX d.C. e XXI d.C., tais como: ditadura de Mengistu Haile Mariam, na Etiópia, com cerca de um milhão de mortos; de Idi Amim Dada, na Uganda, com cerca de 500 mil mortos; de Saddam Hussein, no Iraque, com mais de 300 mil mortos; de Pol Pot, no Camboja, com cerca de 2 milhões de mortos; de Mao Tse-Tung, na China, com cerca de 70 milhões de mortos; de Papa Doc, no Haiti, com cerca de 150 mil mortos; de Fidel Castro e Chê Guevara, em Cuba, com cerca de 115 mil mortos; Nicolás Maduro, na Venezuela, com dezenas de mortos assassinados e por miséria; de Hitler, na Alemanha (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista), com dezenas de milhares de mortos, entre combatentes e prisioneiros torturados em campos de concentração e em execuções; Stalin, na Rússia (antiga União Soviética), com cerca de 20 milhões de mortos; e tantas outras na África, América, Europa, Ásia, etc.
Um indivíduo de ideias tão demoníacas, que indiretamente causou incontáveis mortes e tortura, não pode ser bom. E não o era Karl Marx, como evidencia suas próprias palavras:
“Minha querida Senhora Daniels, é impossível descrever a tristeza que senti ao ouvir que o querido e inesquecível Roland se fora. Embora as últimas notícias que chegaram a mim, através de Steffen, estivessem longe de confirmar, eu, de modo algum, em qualquer instante perdi a esperança na recuperação de seu excelente marido. Ele era sensível e refinado, e, ao mesmo tempo, tinha um caráter de natureza nobre, talentos e uma aparência física em rara harmonia. Visto em meio a outros, em Cologne, Daniels sempre me parecia como a estátua de um deus grego, depositada, por algum capricho do destino, no meio de uma turba de hotentotes. Seu falecimento prematuro é uma perda irreparável, não somente para sua família e amigos, mas também para a ciência, na qual ele era uma promessa das maiores conquistas, e para a grande e sofredora massa da humanidade que tinha nele um fiel campeão.” (Karl Marx. Trecho de carta à Amalie Daniels, em Colônia-ALE, a 6 de setembro de 1855 d.C., Londres-UK. Livro: Marx and Engels, Works. 1934 d.C.. Volume 39. Pág. 548.)
“O negro judeu Lassalle, que, fico feliz em dizer, está saindo no final desta semana, felizmente perdeu outros 5.000 táleres em uma especulação mal feita. O sujeito preferia jogar dinheiro no ralo do que emprestá-lo a um 'amigo', mesmo que seus juros e capital estivessem garantidos. (...) Agora está bem claro para mim — como a forma de sua cabeça e o modo como seu cabelo cresce também testemunham — que ele descende dos negros que acompanharam a fuga de Moisés do Egito (a menos que sua mãe ou avó paterna tenham cruzado com um negro). Agora, essa mistura de judaísmo e germanidade, por um lado, e a origem negroide básica por outro, deve, inevitavelmente, dar origem a um produto peculiar. A capacidade de importunar desse sujeito também é parecida com a de um negro.” (Karl Marx, em carta a Engels, em 30 de julho de 1862 d.C., a respeito de Ferdinand Lassalle. Livro: Karl Marx Fredrick Engels - Collected Works. Volume 41. Pág. 388.)
Em defesa da escravatura, Marx — a quem muitos desinformados (ou maliciosos) atribuem compaixão ao trabalhador — miseravelmente escrevera a um correspondente, em defesa do trabalho forçado:
"Permita-me dar a você um exemplo da dialética do Sr. Proudhon.
A liberdade e a escravidão constituem um antagonismo. Não há nenhuma necessidade para mim falar dos aspectos bons ou maus da liberdade. Quanto à escravidão, não há nenhuma necessidade para mim falar de seus aspectos maus. A única coisa que requer explanação é o lado bom da escravidão. Eu não me refiro à escravidão indireta, a escravidão do proletariado; eu refiro-me à escravidão direta, à escravidão dos pretos no Suriname, no Brasil, nas regiões do sul da América do Norte.
A escravidão direta é tanto quanto o pivô em cima do qual nosso industrialismo dos dias de hoje faz girar a maquinaria, o crédito, etc. Sem escravidão não haveria nenhum algodão. Sem algodão não haveria nenhuma indústria moderna. É a escravidão que tem dado valor às colônias. Foram as colônias que criaram o comércio mundial. E o comércio mundial é a condição necessária para a indústria de máquina em grande escala. Conseqüentemente, antes do comércio de escravos, as colônias emitiram muito poucos produtos ao mundo velho, e não mudaram visivelmente a cara do mundo.
A escravidão é, conseqüentemente, uma categoria econômica de suprema importância. Sem escravidão, a América do Norte, a nação a mais progressista, ter-se-ia transformado em um país patriarcal. Apenas apague a América do Norte do mapa e você conseguirá anarquia, a deterioração completa do comércio e da civilização moderna. Mas abolir com a escravidão seria varrer a América para fora do mapa. Sendo uma categoria econômica, a escravidão existiu em todas as nações, desde o começo do mundo. Tudo que as nações modernas conseguiram foi disfarçar a escravidão em casa e importá-la, abertamente, no Novo Mundo.
Após estas reflexões sobre escravidão, que o bom Sr. Proudhon fará? Procurará a síntese da liberdade e da escravidão; o verdadeiro caminho dourado. Em outras palavras: o equilíbrio entre a escravidão e a liberdade." (Carta de Karl Marx a Pavel Vasilyevich Annenkov, a 28 de dezembro de 1846 d.C.. Paris. Fonte: Marx Engels Collected Works. Vol. 38. Pág. 95. Editor: International Publishers [1975 d.C.].)
E o sábio antigo adágio que diz "diga-me com quem andas e te direi quem és" aplica-se perfeitamente a Friedrich Engels, amigo pessoal de Karl Marx e seu irmão em filosofia, racismo e outras ações satânicas afins.
“A próxima guerra mundial não fará desaparecer apenas classes e dinastias reacionárias, mas fará desaparecer povos reacionários inteiros da superfície da Terra, e isto também é um progresso.” (Friedrich Engels, no artigo “Der Magyarische Kampf”, publicado na Gazeta Renana, da qual Karl Marx era Editor-Chefe. Livro: Marx Engels Werke. Editora Dietz Verlag - Fundação Rosa Luxemburgo. Volume 6. Pág. 176.)
“Aos slogans sentimentais de irmandade, que nos foram oferecidos em nome das nações mais contrarrevolucionárias da Europa, respondemos que o ódio aos russos sempre foi a principal paixão revolucionária dos alemães e continua sendo. Que, desde a revolução do ano precedente, o ódio aos tchecos e aos croatas a ele se juntou, e que nós, em parceria com poloneses e húngaros, apenas por meio do terrorismo mais decisivo, podemos salvaguardar a revolução contra estes povos eslavos. (...) Então a luta; a luta impiedosa de vida e morte, com os eslavos, traidores da revolução; a luta de extermínio e o terrorismo implacável — não no interesse da Alemanha, mas no interesse da revolução.” (Friedrich Engels, no artigo “Der Demokratische Panslawismus”, publicado na Gazeta Renana, da qual Karl Marx era Editor-Chefe. Livro: Marx Engels Werke. Editora Dietz Verlag - Fundação Rosa Luxemburgo. Volume 6. Pág. 286.)
Mais aterrador que tais palavras é o fato de universidades mundo afora, ainda hoje, tratar essa dupla como bastião de saber, inserir seus escritos na grade curricular e promover suas diabólicas doutrinas sem reservas.
† † †
Por fim, o último nome, entre os quatro acima citados: Hippolyte Léon Denizard Rivail (vulgo Allan Kardec).
Se esse punha-se em companhia dos demais, supracitados, não é difícil compreender a fealdade de sua alma.
Em dada feita, Hyppolite publicara um artigo cujo título era: "Perfectibilidade da raça negra".
O texto aborda a seguinte questão: "a raça negra é perfectível?” (ou seja: "pode evoluir até alcançar a perfeição espiritual?")
Para além do absurdo teológico de evolução (de influência darwinista), atente-se ao que escreve esse monstro, logo no primeiro parágrafo do artigo — indivíduo ao qual o espiritismo atribui a existência como predestinação divina, transformando-o no "decodificar o Evangelho" de Nosso Senhor Jesus Cristo para o mundo:
"A raça negra é perfectível? Segundo algumas pessoas, esta questão é julgada e resolvida negativamente. Se assim é, e se esta raça é votada por Deus a uma eterna inferioridade, segue-se que é inútil nos preocuparmos com ela, e que devemos nos limitar a fazer do negro uma espécie de animal doméstico, preparado para a cultura do açúcar e do algodão. Entretanto, a Humanidade, tanto quanto o interesse social, requer um exame mais cuidadoso. É o que tentaremos fazer." (Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos. Publicação sob a direção de Allan Kardec. Ano 5º - Nº 4 - 1862 d.C.. Tradução: Evandro Noleto Bezerra. Federação Espírita Brasileira. 1ª edição (2004 d.C.). Pág. 141. Título do original francês: Revue Spirite - Journal d'Études Psychologiques [Paris. 1º de Janeiro de 1858 d.C.].)
Nessa ignóbil obra, o nome de Darwin é citado uma vez, assim como o de Rousseau. Já o de Voltaire, esse lê-se 11 vezes.
Repita-se: eis as personalidades as quais Hippolyte Léon Denizard Rivail (vulgo Allan Kardec) ladeia, irmanados em filosofias destrutivas, racismo, espiritualidade tenebrosa, desordem teológica e outras demonicidades.
E outra prova de tal fato, encontrada no mesmo abjeto livro:
"Diz-se a respeito dos negros escravos: 'são seres tão brutos, tão pouco inteligentes que seria trabalho perdido querer instrui-los. É uma raça inferior, incorrigível e profundamente incapaz.' A teoria que acabamos de dar permite encará-los sob outra luz. Na questão do aperfeiçoamento das raças, deve-se sempre levar em conta dois elementos constitutivos do Homem: o elemento espiritual e o elemento corporal. (...) Assim, como organização física, os negros serão sempre os mesmos; como espíritos, trata-se, sem dúvida, de uma raça inferior, isto é, primitiva; são verdadeiras crianças, às quais muito pouco se pode ensinar. Mas, por meio de cuidados inteligentes é sempre possível modificar certos hábitos, certas tendências, o que já constitui um progresso que levarão para outra existência e que lhes permitirá, mais tarde, tomar um envoltório em melhores condições. Trabalhando em sua melhoria, trabalha-se menos pelo seu presente que pelo seu futuro e, por pouco que se ganhe, para eles é sempre uma aquisição. Cada progresso é um passo à frente, facilitando novos progressos. Sob o mesmo envoltório, isto é, com os mesmos instrumentos de manifestação do pensamento, as raças são perfectíveis somente em estreitos limites, pelas razões que desenvolvemos. Eis por que a raça negra, enquanto raça negra, corporalmente falando, jamais atingirá o nível das raças caucásicas; mas, na qualidade de espírito, é outra coisa: pode tornar-se e tornar-se-á aquilo que somos. Apenas necessitará de tempo e de melhores instrumentos. Por isso as raças selvagens, mesmo em contato com a civilização, permanecerão sempre selvagens; porém, à medida que as raças civilizadas se espalham, as selvagens diminuem, até desaparecerem completamente, como aconteceu com a raça dos Caraíbas, dos Guanches e outras." (Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos. Publicação sob a direção de Allan Kardec. Ano 5º - Nº 4 - 1862 d.C.. Tradução: Evandro Noleto Bezerra. Federação Espírita Brasileira. 1ª edição (2004 d.C.). Págs. 150-151. Título do original francês: Revue Spirite - Journal d'Études Psychologiques [Paris. 1º de Janeiro de 1858 d.C.].)
E igual absurdidade racista, outrossim, acha-se em "Obras Póstumas", outro detestável livro do pernicioso Hyppolite, no qual se lê:
"O negro pode ser belo para o negro, como um gato é belo para um gato, mas não é belo em sentido absoluto, porque seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos instintos; podem exprimir as paixões violentas, mas não podem prestar-se a evidenciar os delicados matizes do sentimento, nem as modulações de um espírito fino. Daí o podermos, sem fatuidade, creio, dizer-nos mais belos do que os negros e os hotentotes. Mas também pode ser que, para as gerações futuras, melhoradas, sejamos o que são os hotentotes com relação a nós. E quem sabe se, quando encontrarem os nossos fósseis, elas não os tomarão pelos de alguma espécie de animais." (Allan Kardec. Livro: Obras Póstumas. 41ª edição. Federação Espírita Brasileira. Tradução: Guillon Ribeiro. 1ª Impressão em 2019 d.C.. Título do original francês: Ceuvres Posthumes [Paris, 1890 d.C.].)
Indago aos espíritas: esse é o "decodificador do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo", enviado por Deus à Terra, a fim de esclarecer as Sagradas Escrituras, uma tal honorífica incumbência, mesmo quase dois mil anos após a vinda do Messias?
Uma alma deplorável, que, unida em doutrina a Voltaire, Rousseau, Marx, Engels, Darwin e similares, por meio de abomináveis escritos e alocuções, fomentou a perdição na Terra, como ativo e astuto instrumento do diabo: esse foi Hippolyte Léon Denizard Rivail (vulgo Allan Kardec). — Um ocultista, criador de uma seita ocultista. Nada além disso. E não o afirmo com jubilo, senão com imenso pesar, tanto pelas almas que ele ajudou a condenar quanto por sua própria, haja vista que, por católico que sou, desejo que todos se salvem, mas, infelizmente, segundo os maiores Santos e Doutores da Santa Igreja, a maioria se condena, e, ao que tudo indica, Hyppolite optou por condenar-se e contribuir com a condenação de outrem, a julgar por sua vida, que, até o fim, fora mergulhada em ocultismo e ofensas ao Deus Trino e à Sua Mater Ecclesia, já que vivia segundo as diretivas dos demônios com quem mantinha contato e não de acordo com os Mandamentos do Criador.
Seus biógrafos corroboram tal fato, bem como os versados na vida e obra de Hyppolite, tal qual o proliferam as publicações do espiritismo.
Cito, abaixo, trecho de uma revista que encontrei mencionada em um dos sites espíritas o qual lamentável e indispensavelmente precisei acessar para fins de pesquisa acerca do presente escrito. — É mister sublinhar o exíguo e pernicioso nível do tal site, bem como do referido periódico por ele usado, o qual, para além de sua edição "Allan Kardec", tivera, outrossim, "Hitler", "Napoleão", "Buda", "Chê Guevara", "Fidel Castro", "Nostradamus", "Henrique VIII", "Gengis Khan", "Gandhi", "Stalin" e similares: nomes que, com suas péssimas vidas, personificaram lúcifer na Terra, do qual fizeram seu mestre e para ele trabalharam vorazmente, seja na perdição das almas por meio de falsas religiões, seja pelo genocídio bélico-político.
"Em sua primeira crise cardíaca, Kardec recebeu a ajuda de um médico muito especial. Seu grande amigo Antoine Demeure, médico com o qual se correspondia, mas a quem nunca havia encontrado, acabara de morrer, no dia 25 de janeiro de 1865 d.C., aos 71 anos. O doutor Demeure, espírita convicto, vivia a caridade pregada pela Doutrina de forma plena. Cinco dias depois da falência de seu corpo, seu espírito foi evocado em uma sessão da Sociedade Espírita de Paris, comunicação narrada em 'O Céu e o Inferno'. Dois dias depois desse encontro entre os dois amigos — um vivo e outro morto —, o bondoso médico apareceu para acudir Allan Kardec com seus problemas cardiovasculares. Embora fosse uma alma crente nas verdades espíritas, Demeure era também um cientista positivista e logo passou um belo sermão em seu amigo encarnado. Primeiro, disse que a crise não duraria muito, se Kardec seguisse suas prescrições. Mas, no dia seguinte, tratou logo de dar um belo 'puxão de orelha' no velho professor, dizendo que ele deveria cuidar melhor de sua saúde, pois ainda tinha que terminar a codificação da Doutrina. Se, por descaso e excesso de trabalho, desencarnasse antes de acabar o que começara, Kardec seria mesmo julgado por homicídio voluntário nos tribunais divinos. Assim, a partir de 1865 d.C., o Codificador passou a dividir seus trabalhos, como responde um gigantesco número de correspondência, com secretários e auxiliares. Mas a verdade é que continuou abusando de sua cada vez mais combalida saúde e, vira e mexe, caía doente. E as coisas foram nessa toada até o mês de março de 1869 d.C.. Curiosamente, em abril, a edição da 'Revista Espírita' — que chegou às bancas após a morte de Kardec —, trazia uma mensagem do Codificador, informando que, a partir do dia 1º de abril daquele mês, o escritório para assinaturas e expedição do periódico seria transferido para a sede da Livraria Espírita, na rue Lille 7. Kardec também avisava que ele próprio estava de mudança para a Avenue et Villa Ségur 39, onde possuía uma casa desde 1860 d.C., mais ou menos. Enquanto encaixotava as coisas na casa da rue Saint-Anne, ele recebeu a visita de um caixeiro de livraria. Ao atender o sujeito, Kardec caiu fulminado, vítima da ruptura de um aneurisma. O relógio andava entre onze da manhã e meio-dia. Seu empregado tentou erguê-lo, mas em vão. O seu amigo Gabriel Delanne usou do magnetismo, mas também foi em vão. O corpo de Allan Kardec já estava morto." (Revista Grandes Líderes da História: Allan Kardec, págs. 31-32).
Nosso Senhor exorta-nos a ter uma boa vida, para que se tenha uma boa morte, pois triste fim é o daquele que é surpreendido por ela em mal estado e, não tendo mais tempo para emendar-se, desce à terrível geena para sempre.
Muitos gozam de boa saúde, desfrutam de posses e regozijam sem importarem-se com os Novíssimos (Eclo 7,40), mas, repentinamente, são fulminados e, em um instante mais veloz que a natureza humana pode compreender, percebem-se diante do Justo Juiz, maculados e fétidos de pecados, não tendo para esses outro desfecho que não a condenação ao inferno sem fim.
"'Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor. Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai também vós preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora em que menos pensardes.'" (Mt 24,42-44)
"Pois vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão de noite." (1Ts 5,2)
"Lê-se na Vida do Padre Luís de Lanusa que, certo dia, dois amigos passeavam juntos, em Palermo. Um deles, chamado César, que era ator, vendo o seu companheiro pensativo em extremo, disse-lhe: 'apostaria que te foste confessar, e por isso estás tão preocupado. Eu não quero acolher tais escrúpulos. Escuta: disse-me, um dia, o Padre Lanusa, que Deus me concedia ainda doze anos de vida, e que, se nesse tempo não me emendasse, morreria de má morte. Viajei, depois, por muitos países; sofri de diversas doenças, uma das quais me levou às portas da morte. É neste mês que se completam os famosos doze anos, e sinto-me disposto como nunca.'
Após esta fala, César convidou seu amigo a ver, no sábado seguinte, a estreia de uma comédia de sua autoria.
Naquele sábado, dia 24 de novembro de 1668 d.C., quando César se dispunha a entrar em cena, foi acometido subitamente de uma congestão e veio a morrer repentinamente, nos braços de uma atriz. Assim acabou a comédia.
Pois bem, meu irmão, quando o demônio, por meio da tentação, te excita outra vez ao pecado, se quiseres condenar-te podes cometer livremente o pecado; mas, então, não digas que desejas tua salvação.
Quando quiseres pecar, considera-te como condenado, e imagina que Deus dita tua sentença, dizendo: 'que mais posso fazer por ti, ingrato, além do que já fiz?' (Is 5,4). Já que queres condenar-te, condena-te; condena-te, pois. A culpa é tua.
Dirás, acaso: 'onde está, então, a misericórdia de Deus?' Desgraçado! Não te parece misericórdia o ter-te Deus suportado tanto tempo, apesar de tantos pecados? Prostrado diante Dele, e com o rosto em terra, devias estar a render-Lhe graças e dizendo: 'graças à misericórdia do Senhor é que não temos sido condenados' (Lm 3,2). Cometendo um só pecado mortal, incorreste em delito maior do que se tivesses calcado aos pés o primeiro soberano do mundo. E tantos e tais tens cometido que, se essas ofensas fossem feitas a teu irmão, este não as teria aturado. Deus, entretanto, não somente te esperou, mas te vem chamando muitas vezes, e oferece-te o perdão. Que mais devia fazer? (Is 5,4). Se Deus tivesse necessidade de ti, ou se O houvesses honrado com grandes serviços, poderia ter-se mostrado mais clemente contigo? Se, depois disto, tornastes a ofendê-Lo, farias que Sua divina misericórdia se trocasse em indignação e castigo.
Se aquela figueira, encontrada estéril por seu dono, não desse fruto, depois do ano concedido como prazo para cultivá-la, quem ousaria esperar que se lhe desse mais tempo e não fosse cortada? Escuta, pois, o que diz Santo Agostinho: 'ó, árvore infrutuosa! O golpe de derrubada foi diferido. Mas não te creias mais segura, porque serás cortada!' A pena foi adiada — diz o Santo, — mas não suprimida. Se tornares a abusar da misericórdia divina, o castigo te atingirá: serás cortado. Esperas, portanto, que o próprio Deus te envie ao inferno? Mas, se te envia, já o sabes, jamais haverá remédio para ti. O Senhor Se cala, mas não para sempre. Quando chega a hora da justiça, quebra o silêncio.
'Isto fizeste, e Eu calei-Me. Pensaste iniquamente que Eu seria como tu; argüir-te-ei e porei (tudo) diante de teu rosto' (Sl 49,21). Porá diante dos teus olhos os atos da divina misericórdia e fará com que eles mesmos te julguem e condenem." (Santo Afonso Maria de Ligório. Livro: Preparação para a morte. Consideração XIV. Págs.: 180-182.)
† † †
O ESPIRITISMO E SEUS ATAQUES CONTRA A SANTA IGREJA CATÓLICA
Como já mencionado no presente escrito, lúcifer foi o primeiro ser a amotinar-se contra o Deus Trino, o qual, em resposta, criou o inferno, a fim de precipitá-lo nos suplícios eternos, inexprimíveis e inimagináveis para uma mente humana. — Fogo, enxofre e as piores torturas a satanás, a um terço dos Anjos que persuadira a ir consigo o pai da mentira, e aos Homens que seguem a mesma miserável direção.
Há uma hierarquia, encimada pela Santíssima Trindade, seguida pela Santíssima Virgem Maria, sucedida pelo Arcanjo São Miguel, primaz entre as miríades angélicas, as quais antecedem os Homens, submissos ao Papa (Porta-Voz de Cristo no mundo terreno), o qual reina à frente da Santa Igreja do Deus Trino na Terra (Igreja Militante), comandando seu exército de Bispos, juntamente com os Sacerdotes que a esses respondem, abaixo dos quais encontram-se todos os demais indivíduos não pertencentes ao estado de vida religiosa consagrada (leigos).
Eis, elementarmente, a engrenagem hierárquica que existe, com a qual não concordara o diabo, e exatamente por isso recebera a paga que lhe é devida, a qual recai a todos que, como ele, rebelam-se contra a Sagrada Hierarquia e, empedernidos em tal pecado, mantêm-se em tal mortífera conjuntura até o fim da vida.
Francisco Cândido Xavier (vulgo Chico Xavier) fora um inimigo da Santa Igreja de Deus e, por conseguinte, de Sua hierarquia. Dizia-se médium do espiritismo e escrevera mais de 400 livros, com mais de 50 milhões de tiragens, apregoando os perniciosos erros dessa funesta doutrina.
Em um de seus escritos, miseravelmente, investira contra o Papado:
"Identificação da besta apocalíptica: reza o Apocalipse que a besta poderia dizer grandezas e blasfêmias por 42 meses, acrescentando que o seu número era o 666 (Ap 23,5-18). Examinando-se a importância dos símbolos naquela época e seguindo o rumo certo das interpretações, podemos tomar cada mês como sendo de 30 anos, em vez de 30 dias, obtendo, desse modo, um período de 1260 anos comuns, justamente o período compreendido entre 610 d.C. e 1870 d.C. da nossa era, quando o Papado se consolidava, após o seu surgimento, com o imperador Focas, em 607 d.C., e o decreto da infalibilidade papal com Pio IX, em 1870 d.C., que assinalou a decadência e a ausência de autoridade do Vaticano, em face da evolução científica, filosófica e religiosa da humanidade. Quanto ao número 666, sem nos referirmos às interpretações com os números gregos, em seus valores, devemos recorrer aos algarismos romanos, em sua significação, por serem mais divulgados e conhecidos, explicando que é o Sumo-Pontífice da Igreja Romana quem usa os títulos de 'VICARIVS GENERALIS DEI IN TERRIS', 'VICARIVS FILII DEI' e 'DVX CLERI' que significam 'Vigário-Geral de Deus na Terra', 'Vigário do Filho de Deus' e 'Príncipe do Clero'. Bastará ao estudioso um pequeno jogo de paciência, somando os algarismos romanos encontrados em cada título papal, a fim de encontrar a mesma equação de 666, em cada um deles." (Francisco Cândido Xavier [vulgo Chico Xavier]. Livro: Emmanuel. 22ª edição. Rio de Janeiro-BRA. Ano: 1938 d.C. Federação Espírita Brasileira. Pág. 128.)
Refrise-se: é terrível o fim dos soberbos revoltosos que atacam ao Deus Verdadeiro, que investem contra Sua Sacra Igreja e que tencionam ferir a Sagrada Hierarquia. E, pelo que consta, Francisco Cândido Xavier manteve-se firme nesse propósito, ativo membro da seita espírita (e, pelo visto, inclinado ao ocultismo da numerologia), até a morte.
"O último dia de Chico Xavier na Terra: 'morre um capim, nasce outro': eram pouco mais de 19h30 de domingo, 30 de junho de 2002 d.C., quando o coração de Chico Xavier parou. Chico tinha acabado de deitar-se na cama estreita de seu quarto acanhado para mais uma noite de sono. Pouco antes de dormir, ergueu as mãos para o alto, como sempre fazia, e rezou pela última vez. Chico morreu em casa, como queria, sem dor nem sofrimento. Poucas horas antes, ele chamou o enfermeiro que sempre o acompanhava. Precisava de ajuda para fazer a barba, mas Sidnei tinha viajado. A reação de Chico, ao saber da viagem, foi rápida e intrigante: 'não vai dar tempo.' Nos últimos dias, a cozinheira da casa, Josiane Alberto, estranhou o comportamento de Chico. Bastava ela trazer um copo de água para Chico agradecer: 'Jesus vai te abençoar. Muito obrigado!' Passou a semana agradecendo. Era como se estivesse se despedindo. Foi esta a sensação que teve o médium César de Almeida Afonso ao visitá-lo na semana anterior. 'agora vieram todos' — Chico disse, ao vê-lo, depois de uma sucessão de visitas de outros médiuns. O líder espírita morreu exatos oito dias antes da data em que seria alvo de uma série de homenagens e comemorações: os 75 anos de sua mediunidade. Para os amigos mais íntimos, a morte, naquele momento, o poupou de novos desgastes com eventos e compromissos. Chico planejou, com cuidado, a própria despedida. Uma de suas principais preocupações era impedir que impostores divulgassem, após sua morte, supostas mensagens transmitidas por ele. Temia que, em busca de projeção, médiuns se apresentassem como porta-vozes de seu espírito. Para evitar fraudes, Chico combinou um código secreto com três pessoas de sua confiança: o médico e amigo Eurípedes Tahan Vieira, o filho adotivo Eurípedes Higino dos Reis e Kátia Maria, sua acompanhante nos últimos anos de vida. Três informações deveriam constar da primeira mensagem enviada do além. Na tarde anterior à própria morte, Chico confirmou o código com Eurípedes Tahan e avisou: 'vocês saberão quem sou eu.' Traduzindo: depois de morto, Chico revelaria um dos seus segredos mais bem guardados: quem ele teria sido na última encarnação. Ele pensou em cada detalhe. Seu corpo deveria ser velado no 'Grupo Espírita da Prece' durante 48 horas, para que todos tivessem tempo de se despedir, sem confusão. O enterro seria feito no cemitério São João Batista, em Uberaba, a cidade que o acolheu em janeiro de 1959 d.C., quando Chico deixou para trás a família e os amigos da cidade natal, a também mineira Pedro Leopoldo. Foram feitas, é claro, as suas vontades." (Marcel Souto Maior. Livro: As Vidas de Chico Xavier. 2ª edição. Editora Planeta do Brasil. Ano: 2003 d.C..)
No que concerne à romantizada discrição da morte de Chico Xavier (o necromante que afirmara ser o Papado a besta do Livro do Apocalipse), prefiro crer no que assevera a Santa Igreja, Sua Santa Tradição, Seus Santos e Doutores e Suas Sagradas Escrituras, acerca dos que vivem e morrem sorrindo, ladeados pelo príncipe deste mundo (Jo 12,31; 14,30; 16,11):
"Jó tomou, então, a palavra nestes termos: 'ouvi atentamente minhas palavras. Que eu tenha pelo menos esse consolo de vossa parte. Permiti que eu fale; quando tiver falado, zombai à vontade. É de um ser humano que me queixo? E como não hei de perder a paciência? Olhai para mim e ficareis estupefatos e poreis a mão sobre a boca. Quando penso nisso fico estarrecido e todo o meu corpo treme. Por que os ímpios sobrevivem e, ao envelhecer, crescem em poderio? Sua posteridade prospera diante deles, e seus descendentes sob seus olhos. Suas casas estão em paz, livres de perigo, e a vara de Deus não os atinge. Seu touro é cada vez mais fecundo. Sua vaca dá cria sem nunca abortar. Deixam os filhos correr como carneiros, e os seus pequenos saltam e brincam alegremente. Cantam ao som do pandeiro e da cítara; divertem-se ao som da flauta. Passam seus dias na alegria e descem tranquilamente aos infernos." (Jó 21,1-13)
"Feliz de ti se te salvas! Quão formosa a glória! Os palácios mais suntuosos dos reis são como choças em comparação à Cidade Celeste, única que se pode chamar Cidade de Perfeita Formosura (Lm 2,15). Ali não haverá nada que desejar. Vivereis na gozosa companhia dos Santos, da Divina Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, e sem recear nenhum mal. Vivereis, em suma, abismados num mar de alegrias, de contínua beatitude, que durará sempre (Is 35,10). E esta alegria será tão grande [e] perfeita que por toda a eternidade e em cada instante parecerá sempre nova. Se, ao contrário, te condenares, desgraçado de ti! Sentir-te-ás submerso num mar de fogo e de tormentos, desesperado, abandonado de todos e privado de teu Deus. E por quanto tempo? Acaso, ao terem decorrido cem anos ou mil, tua pena estará cumprida? Ó, nunca acabará! Passarão mil milhões de anos e de séculos e o inferno que sofreres estará começando! Que é um milhar de anos em comparação [à] eternidade? Menos que um dia já passado. (Sl 89,4) Queres saber, agora, qual será tua habitação na eternidade? Será a que mereceres; a que fabricas tu mesmo com tuas obras." (Santo Afonso Maria de Ligório. Livro: Preparação para a morte. Consideração XIV. Págs.: 144-145.)
"Se a árvore cair para a parte do meio-dia ou para a do Norte, em qualquer lugar onde cair, ali ficará (Ecl 11,3). Para o lado em que cair, na hora da morte, a árvore de tua alma, ali ficará para sempre. Não há, pois, termo médio: ou reinar eternamente na glória, ou gemer como escravo no inferno; ou sempre ser Bem-Aventurado, num mar de dita inefável, ou ficar para sempre desesperado num abismo de tormentos. São João Crisóstomo, considerando que aquele rico, qualificado de feliz no mundo, foi logo condenado ao inferno, enquanto que Lázaro, tido como infeliz porque era pobre, foi depois felicíssimo no Céu, exclama: 'ó, infeliz felicidade, que trouxe ao rico eterna desventura! Ó, feliz desdita, que levou o pobre à Felicidade Eterna!' De que serve inquietar-se, como fazem alguns, dizendo: 'sou réprobo ou predestinado?' Quando se derruba uma árvore, para que lado cai? Cai para onde está inclinada. (...) Uma senhora, divorciada de Deus, converteu-se e foi ter com o beato M. Ávila, que se limitou a dizer-lhe: 'pensai, senhora, nestas duas palavras: sempre, nunca.' O Padre Paulo Ségneri, por um pensamento que teve certa vez da eternidade, não pôde conciliar o sono, e desde então se entregou à vida mais austera. Refere Dressélio que um Bispo, dominado pelo pensamento da eternidade, levava vida santíssima, repetindo sem cessar, de si para si, estas palavras: 'a cada instante estou às portas da eternidade.' Certo monge encerrou-se num túmulo e não cessava de exclamar: 'ó, eternidade! Eternidade!...' 'Quem crê na eternidade' — dizia o citado Padre Ávila — 'e não vive como Santo devia estar encerrado numa casa de doidos!'" (Santo Afonso Maria de Ligório. Livro: Preparação para a morte. Consideração XIV. Pág.: 146.)
“'Irá o Homem à casa de sua eternidade' (Ecl 12,5), disse o profeta. 'Irá', para significar que cada qual há de ir à morada que quiser. Não será levado, mas irá por sua própria e livre vontade. Deus quer, certamente, que nos salvemos todos; mas não quer salvar-nos à força. Põe diante de nós a vida e a morte (Ecl 15,18) e ser-nos-á dado o que escolhermos (Ecl 15,18). Jeremias disse também que o Senhor nos deu dois caminhos, o da glória e o do inferno (Jr 21,8). A nós cabe escolher. Mas quem se empenha em andar pela senda do inferno, como poderá chegar à glória? É de admirar que, ainda que todos os pecadores queiram salvar-se, eles mesmos se condenam ao inferno, dizendo: espero salvar-me. Mas quem será tão louco — disse Santo Agostinho — que tome veneno moral com esperança de curar-se? No entanto, quantos insensatos se dão a morte a si próprios, pecando, e dizem: 'mais tarde pensarei no remédio.' Ó, deplorável ilusão, que a tantos tem arrastado ao inferno! Não sejamos tão imprevidentes. Consideremos que se trata da eternidade. Se tanto trabalho se dá o Homem para adquirir uma casa cômoda, espaçosa, saudável e bem situada, como se tivesse certeza de que a poderia habitar durante toda a vida, por que se mostra tão descuidado quando se trata da casa que deve ocupar eternamente? — disse Santo Euquério. — (...) Quando São Tomás More foi condenado à morte por Henrique VIII, Luísa, sua esposa, procurou persuadi-lo a consentir no que o Rei queria. Tomás lhe replicou: 'dize-me, Luísa, vês que já sou velho. Quanto tempo ainda poderei viver?' — 'Poderás viver ainda vinte anos' — disse a esposa. — 'Ó! Triste negócio!' — exclamou, então, Tomás. — 'Por vinte anos de vida na Terra querias que perdesse uma eternidade de ventura e que me condenasse à eterna desdita?'” (Santo Afonso Maria de Ligório. Livro: Preparação para a morte. Consideração XIV. Págs.: 148-149.)
"Que faz aquele que comete pecado mortal? Injuria a Deus, desonra-O e, no que depende dele, cobre-O de amargura. Primeiramente, o pecado mortal é uma ofensa grave que se faz a Deus. A malícia de uma ofensa, diz São Tomás, se mede pela pessoa que a recebe e pela pessoa que a comete. A ofensa feita a um simples particular é, sem dúvida, um mal; mas constitui delito maior se é feita a uma pessoa de alta dignidade, e muito mais grave quando visa o Rei. E Quem é Deus? É o Rei dos reis (Ap 17,14). Deus é a Majestade Infinita, perante quem todos os príncipes da Terra e todos os Santos e Anjos do Céu são menos que um grão de areia (Is 40,15). Diante da grandeza de Deus, todas as criaturas são como se não existissem (Is 40,17). Eis o que é Deus. E o Homem, o que é? Responde São Bernardo: saco de vermes; pasto de vermes, que cedo o hão de devorar. O Homem é um miserável que nada pode; um cego que nada vê; pobre e nu, que nada possui (Ap 3,17). E este verme miserável se atreve a injuriar a Deus?, exclama o mesmo São Bernardo. (...) Quando o Homem peca, ousa declarar-se inimigo de Deus e combate frente a frente contra Ele (Jo 12,25). Que dirias de visses uma formiga a lutar com um soldado?" (Santo Afonso Maria de Ligório. Livro: Preparação para a morte. Consideração XIV. Págs.: 152-155.)
"Além disso, quando o pecador, para satisfazer qualquer paixão, ofende a Deus, converte em sua divindade essa paixão, porque nela põe o seu último fim. Assim, diz São Jerônimo: 'aquilo que alguém deseja, se o venera, é para ele um Deus. Vício no coração é ídolo no altar.' Do mesmo modo, diz São Tomás: 'se amas os prazeres, estes são teu Deus.' E São Cipriano: 'tudo quanto o Homem antepõe a Deus, converte-o em seu Deus.' Quando Jeroboão se revoltou contra o Senhor, procurou levar consigo o povo à idolatria, e, apresentando os ídolos, disse-lhe: 'aqui estão, Israel, os teus deuses' (3Rs 12). De modo semelhante procede o demônio; apresenta ao pecador os prazeres e lhe diz: 'que tens que ver com Deus? Eis aqui o teu deus: é esta paixão, este prazer. Toma-os e abandona a Deus.' É isto o que faz o pecador, dando o seu consentimento: adora no seu coração o prazer em lugar de Deus. (...) Assim, quando a alma consente no pecado, diz a seu Deus: Senhor, apartai-vos de mim (Jo 31,14). Não o diz por palavras, mas de fato, como adverte São Gregório." (Santo Afonso Maria de Ligório. Livro: Preparação para a morte. Consideração Cap. XIV. Págs.: 157-160.)
"...Mas, todos aqueles que seguiram o Cristo, O seguiram até a Sua Glória? Ó! É aqui que, venerando esse profundo Mistério, eu adoro em silêncio os abismos dos decretos divinos, antes de decidir com temeridade um tão grande ponto! É um grave tema aquele de que devo tratar, hoje; ele fez tremer mesmo as colunas da Igreja, encheu de terror os mais grandes Santos e os população dos anacoretas dos desertos. Essa instrução, na qual se trata de decidir se o número dos cristãos que se salvam é maior ou menor que o número de cristãos que se perdem, vos inspirará, eu espero, um receio salutar dos julgamentos de Deus.
(...) Para resolver essa dúvida, colocai de um lado os Padres da Igreja, tanto gregos como latinos, e de outro os teólogos mas sábios, os historiadores mais eruditos, e ponha no meio a Bíblia exposta ao olhar de todos. Escutai, pois, não o que eu vou dizer-vos — pois eu vos declarei que não queria tomar eu mesmo a palavra nem decidir a questão —, mas sim o que vos dirão esses grandes espíritos, que servem como de faróis na Igreja de Deus, para esclarecer os outros, a fim de que eles não percam o caminho do Céu. Dessa forma, guiados pela tripla luz da Fé, da Autoridade e da Razão, nós poderemos resolver seguramente essa grave questão.
(...) Escutemos dois sábios cardeais, Caetano e Belarmino: eles ensinam que a maior parte dos cristão adultos de perdem, e, se eu tivesse o tempo de vos expor as razões sobre as quais eles se apoiam, vocês delas estariam convencendo a vós mesmos. Eu me contentarei em citar aqui Suarez, que, depois de ter consultado todos os teólogos, depois de ter estudado atentivamente a questão, escreveu essas palavras: 'o sentimento mais comum toma que no meio cristão há mais reprovados que predestinados.'
Se, diante da autoridade dos teólogos, vocês quiserem juntar aquela dos Padres gregos e latinos, achareis em quase todos a mesma coisa. É o sentimento de São Teodoro, de São Basílio, de Santo Efrém, de São João Crisóstomo. Mais ainda, na exposição de Baronius, era uma opinião comum entre os Padres Gregos que essa verdade foi expressamente revelada à São Simão Stilita, e que era para assegurar o negócio de sua salvação que ele decidiu, logo após essa revelação, viver em pé durante quarenta anos, sobre uma coluna, exposta a todas as variações do tempo: modelo para todos, de penitência e de santidade. Consultai, agora, os Padres latinos, e vos escutareis São Gregório Magno dizer-vos em termos claros: 'muitos vêm a obter a Fé, mas poucos o Reino Celeste.' 'São poucos que se salvam', diz Santo Anselmo; e Santo Agostinho fala ainda mais claramente: 'são, pois, poucos que se salvam, em comparação com aqueles que se perdem.' O mais terrível, no entanto, é São Jerônimo, que, no fim de sua vida, em presença de seus discípulos, pronunciou essa terrível sentença: 'de cem mil, nos quais a vida foi sempre má, acharás neles um apenas que merece a indulgência.'
Mas por que procurar as opiniões dos Padres e dos teólogos, quando a Santa Escritura define tão claramente essa questão? Percorrei o Antigo e o Novo Testamento e vós Neles encontrareis uma multidão de figuras, de símbolos e de palavras que fazem destacar claramente essa verdade: são pouquíssimos os que se salvam. No tempo de Noé, todo o gênero humano foi submergido pelo dilúvio, e oito pessoas apenas foram salvas na arca. 'No entanto, essa arca', diz São Pedro, 'era a figura da Igreja', 'e essas oito pessoas que se salvaram', retoma Santo Agostinho, 'significa que há pouquíssimos cristãos salvos, porque são pouquíssimos os que renunciam sinceramente ao século, e aqueles que não o renunciam mais do que por palavras não pertencem, portanto, ao Mistério representado por essa arca.'
A Bíblia nos diz, ainda, que dois hebreus somente, entre dois milhões, entraram na Terra Prometida, depois da saída do Egito. Quatro pessoa somente escaparam do incêndio de Sodoma e das outras vilas infames que pereceram com ela. Tudo isso significa que o número de reprovados, que devem ser jogados ao fogo como a palha, superam — e muito — o número dos eleitos que o Pai celeste deve recolher um dia, como um precioso trigo ao seu celeiro.
Eu não terminaria, portanto, se começasse a falar, aqui, todas as figuras pelas quais os Livros Santos confirmam essa verdade. Contentemo-nos de escutar o Oráculo Vivo da Sabedoria Encarnada. Que respondeu Nosso Senhor aos curiosos do Evangelho que Lhe perguntaram: 'Senhor, serão poucos os que se salvarão?' [Lc 13] Guardou Ele o silêncio? Respondeu Ele hesitando? Dissimulou Ele seu pensamento, com receio de aterrorizar a multidão? Não! Interrogado por um só, Ele se endereçou a todos aqueles que estavam presentes. Você me pergunta, disse-lhes Ele, se são poucos os que se salvam. Aqui está minha resposta: 'esforçai-vos em entrar pela porta estreita, pois muitos, Eu vos digo, procurarão entrar e não poderão.' Quem Fala aqui? É o Filho de Deus!; a Verdade Eterna!, que diz mais claramente ainda em uma outra ocasião: 'muitos são chamados, mas poucos são eleitos.' [Mt 22] Ele não diz: 'todos são chamados e, entre todos os Homens, poucos são eleitos.' Mas diz: 'muitos são chamados'. Quer dizer, como explica São Gregório, que entre todos os Homens, muitos são chamados à Verdadeira Fé, mas entre eles são poucos os que se salvam. Essas palavras, meus irmãos, são de Nosso Senhor Jesus Cristo. São elas claras?! Elas são verdadeiras! Diga-me, agora, se é possível ter a Fé em seu coração e não tremer." (São Leonardo de Porto Maurício. Livro: O pequeno número daqueles que são salvos. Págs. 3-5. Séculos XVII d.C. e XVIII d.C..)
"Fora da Igreja Católica Apostólica Romana existe salvação? Quem, por própria culpa, está fora da Igreja Católica não pode se salvar; da mesma maneira que aqueles que não estiveram na arca de Noé, diz São Jerônimo, morreram no dilúvio; assim perece inevitavelmente e não pode alcançar salvação para sua alma quem se obstina em viver e morrer separado da Igreja Católica Apostólica Romana, única depositária e conservadora da verdadeira Religião." (São João Bosco. Livro "O cristão bem formado". Editora Ecclesiae. Campinas-SP. Ano 2020 d.C.. Pág. 71. )
Pondere-se: se pouquíssimos são os que se salvam, entre os declaradamente católicos — porquanto suas vidas e obras não refletem a única e verdadeira Fé, a qual asseveram professar —, que se dirá a respeito dos ateus e pagãos?!
"Fora da Igreja não é concedida nenhuma graça." (Lc 10,35-36)
“Pois não há, debaixo do Céu, outro nome dado aos Homens pelo qual devamos ser salvos." (At 4,11)
“Fora da Igreja não há salvação.” (São Cipriano de Cartago [250 d.C. – 304 d.C.]. Carta Nº 73, a Jubaiano, Cap. 21.)
“Quem quiser salvar-se deve, antes de tudo, professar a Fé Católica. Porque aquele que não A professar, integral e inviolavelmente, perecerá sem dúvida por toda a eternidade. (...) Esta é a Fé Católica; e quem não a professar, fiel e firmemente, não se poderá salvar. Amém!” (Credo de Santo Atanásio [296 d.C. - 373 d.C.] — um dos Credos oficiais da Santa Igreja Católica.)
"Fora da Igreja Católica pode-se encontrar tudo, menos a salvação. Pode-se ter honra, pode haver Sacramentos, pode-se cantar o 'Aleluia', pode-se responder o 'Amém', pode-se defender o Evangelho, pode-se ter fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo e, inclusive, até pregá-la. Mas nunca, se não for na Igreja Católica, pode-se encontrar a salvação." (Santo Agostinho [354 d.C. - 430 d.C.]. Sermão ao povo de Cesaréia Nº 6.)
"Se (acredita que) fora da Igreja Católica ninguém se salve." (Papa São Leão I - São Leão Magno [400 d.C. - 461 d.C.]. Statuta Ecclesiae Antiqua. Gália Narbonense. Século V d.C.. Denzinger 325. Pág.: 122.)
"Por fim, aquele que caiu, conseguindo mais tarde o martírio, pode receber as promessas do Reino; [mas] este, se for morto fora da Igreja, não pode chegar aos prêmios da Igreja.” (Papa Pelágio II [530 d.C. - 591 d.C.]. Carta Dilectionis Vestrae, aos Bispos cismáticos de Ístria, ca 585 d.C.. Denzinger 469.)
“De coração cremos e com a boca confessamos uma só Igreja, que não de hereges, só a Santa, Romana, Católica e Apostólica, fora da qual cremos que ninguém se salva.” (Papa Inocêncio III [ca. 1160 d.C. – 1216 d.C.].)
“…Ora, existe uma Igreja universal dos fiéis, fora da qual absolutamente ninguém é salvo…”. (Papa Inocêncio III [ca. 1160 d.C. – 1216 d.C.] contra o herege Joaquim de Fiore. IV Concílio de Latrão [1215 d.C.].)
“Una, Santa, Católica e Apostólica: esta é a Igreja que devemos crer e professar, já que é isso o que a ensina a Fé. Nesta Igreja cremos com firmeza e com simplicidade testemunhamos. Fora Dela não há salvação nem remissão dos pecados, como declara o Esposo, no Cântico: ‘uma só é minha Pomba sem defeito. Uma só a preferida pela Mãe que A gerou.’ (Ct 6,9). Ela representa o único Corpo Místico, cuja cabeça é Cristo e Deus é a cabeça de Cristo. Nela existe ‘um só Senhor, uma só Fé e um só Batismo.’ (Ef 4,5). De fato, apenas uma foi a arca de Noé, na época do dilúvio; ela foi a figura antecipada da única Igreja; encerrada com ‘um côvado’ (Gn 6,16), teve um único piloto e um único chefe: Noé. Como lemos, tudo o que existia fora dela, sobre a Terra, foi destruído.” (Papa Bonifácio VIII [1294 d.C. - 1303 d.C.]. Bula Unam Sanctam, Vaticano, a 18 de novembro de 1302 d.C..)
"...Firmemente crê, professa e predica que ninguém que não esteja dentro da Igreja Católica, não somente os pagãos, mas também judeus, os hereges e os cismáticos, não poderão participar da vida eterna e irão para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos, a não ser que antes de sua morte se unirem a Ela...” (Concílio de Florença [1438 d.C. - 1445 d.C.].)
“...Esta verdadeira Fé Católica, fora da qual ninguém pode se salvar..." (Papa Pio IV [1499 d.C. - 1565 d.C.]. Bula Iniunctum Nobis, a 13 de novembro de 1564 d.C..)
“Nas Divinas Escrituras, o termo ‘fé’ admite várias significações. Aqui vamos falar daquela virtude pela qual assentimos plenamente a tudo quanto nos foi revelado por Deus. Ninguém terá justo motivo de duvidar que essa Fé seja necessária para a salvação, mormente por estar escrito que ‘sem Fé não é possível agradar a Deus’. Realmente, o fim que se propõe ao Homem para sua bem-aventurança é tão elevado que o não poderia descobrir a agudeza do espírito humano. Era, pois, necessário que o Homem recebesse de Deus tal conhecimento. Ora, esse conhecimento não é outra coisa senão a própria Fé, cuja virtude nos leva a ter por certo o que a autoridade da Santa Mãe Igreja declara ser revelado por Deus. Nenhuma dúvida podem ter os fiéis das afirmações que vêm de Deus, porque Deus é a própria verdade...” (Papa São Pio V [1504 d.C. - 1572 d.C.]. Catecismo Romano, advindo do Sacrossanto Concílio de Trento [1545 d.C. - 1563 d.C.].)
"Fora da Igreja não é concedida nenhuma graça. (Lc 10,35-36)" (Papa Clemente XI [1600 d.C. - 1669 d.C.]. Constituição “Unigenitus Dei Filius”.)
"...Esta Fé da Igreja Católica, fora da qual ninguém pode se salvar..." (Papa Bento XIV [1675 d.C. - 1758 d.C.])
"Outra causa que tem acarretado muitos dos males que afligem a Igreja é o indiferentismo, ou seja, aquela perversa teoria espalhada por toda a parte, graças aos enganos dos ímpios, que ensinam poder-se conseguir a Vida Eterna em qualquer religião, contanto que se amolde à norma do reto e honesto. Podeis, com facilidade, patentear à vossa grei esse erro tão execrável dizendo o Apóstolo, que há um só Deus, uma só Fé e um só Batismo (Ef 4,5): entendam, portanto, os que pensam poder-se ir de todas as partes ao Porto da Salvação, que, segundo a sentença do Salvador, eles estão contra Cristo, já que não estão com Cristo (Lc 11,23), e os que não colhem com Cristo dispersam miseravelmente, pelo que perecerão infalivelmente os que não tiverem a Fé Católica e não A guardarem íntegra e sem mancha (Simb. Sancti Athanasii). (...) Dessa fonte lodosa do indiferentismo promana aquela sentença absurda e errônea, digo melhor disparate, que afirma e que defende a liberdade de consciência [relativização da verdade e livre pensamento]. Esse erro corrupto que abre alas, escudado na imoderada liberdade de opiniões, que, para confusão das coisas sagradas e civis, se estende por toda parte, chegando à imprudência de alguém asseverar que dela resulta grande proveito para a causa da religião. Que morte pior há para a alma do que a liberdade do erro?, dizia Santo Agostinho (Ep. 166)." (Papa Gregório XVI [1675 d.C. - 1846 d.C.. Trecho da Carta Encíclica Mirari Vos. Roma-IT. 14 de agosto de 1832 d.C..)
"Por motivo da Fé é mister, decerto, sustentar que fora da Igreja Apostólica Romana ninguém pode ser salvo." (Papa Pio IX [1792 d.C. - 1878 d.C.]. Discurso "Singulari Quadam". 08 de dezembro de 1854 d.C. — Denzinger 2865 [caput]. Pág.: 626.)
"Mas quantas provas maravilhosas e brilhantes estão à mão para convencer a razão humana da maneira mais clara de que a religião de Cristo é divina e que 'todo o princípio de nossas doutrinas criou raízes no Senhor dos céus acima' (São João Crisóstomo. Homilia 1 em Isaías); portanto, nada existe mais definido, mais estabelecido ou mais santo do que a nossa Fé, que se baseia nos fundamentos mais fortes. Esta Fé, que ensina para a vida e aponta para a salvação, que expulsa todos os vícios e é mãe fecunda e enfermeira das virtudes, foi estabelecida pelo nascimento, vida, morte, ressurreição, sabedoria, maravilhas e profecias de Cristo Jesus, seu divino autor e consumador! (...) Esta consideração também esclarece o grande erro daqueles outros que ousadamente se aventuram a explicar e interpretar as palavras de Deus pelo seu próprio julgamento, abusando da sua razão e sustentando a opinião de que estas palavras são como uma obra humana. O próprio Deus estabeleceu uma autoridade viva para estabelecer e ensinar o significado verdadeiro e legítimo de Sua revelação celestial. Esta autoridade julga infalivelmente todas as disputas que dizem respeito a questões de fé e moral, para que os fiéis não sejam levados por todo vento de doutrina que brota da maldade dos homens no erro abrangente. E esta autoridade viva e infalível está ativa apenas naquela Igreja que foi construída por Cristo, o Senhor, sobre Pedro, o cabeça de toda a Igreja, líder e pastor, cuja fé Ele prometeu que nunca falharia. Esta Igreja teve uma linha de sucessão ininterrupta desde o próprio Pedro; esses pontífices legítimos são herdeiros e defensores do mesmo ensinamento, posição, cargo e poder. E 'onde está a Igreja, aí está Pedro' (Santo Ambrósio, acerca do Salmo 40.), e 'Pedro fala pela boca do Romano Pontífice' (Concílio e Calcedônia. Ato 2.), e 'sempre vive em seus sucessores e juízes' (Sínodo de Éfeso. Ato 3.), e 'fornece a verdade da Fé àqueles que a buscam' (São Pedro Crisólogo. Epístola a Eutiques.) As palavras divinas significam, portanto, o que esta Sé Romana do beato Pedro mantém e manteve. 'Pois esta Mãe e Mestra... (Concílio de Trento. Sessão 7, sobre o Batismo) (...) sempre preservou inteira e ilesa a Fé que lhe foi confiada por Cristo Senhor. Além disso, ensinou-o aos fiéis, mostrando a todos os Homens a verdade e o caminho da salvação. Visto que 'essa é a Igreja da Qual nascera a unidade do Sacerdócio' (São Cipriano. Epístola 55, ao Papa Cornélio), esta é a metrópole da piedade, 'na Qual a solidez da Religião Cristã é inteira e perfeita.' (Carta de João de Constantinopla ao Papa Hormisdas e ao historiador Sozomeno. Livro 2. Cap. 8.), 'na Qual sempre floresceu o principado da Cátedra Apostólica' (Santo Agostinho. Epístola 162.), 'à Qual, por Sua primazia, é necessário que... (...) se unam, isto é, onde quer que estejam os fiéis' (Santo Irineu. Livro 3 'Contra Heresias'. Cap. 3), 'porque quem com Ela não ajunta, espalha' (São Jerônimo. Epístola ao Papa Dâmaso.) Nós, portanto, que pelo julgamento de Deus fomos, de forma inescrutável, colocados nessa Cátedra da Verdade, exortamos grandemente no Senhor a vossa estimada misericórdia, Veneráveis Irmãos, para que, com toda a solicitude e com todo o estudo, possam assiduamente admoestar e exortar os fiéis confiados aos vossos cuidados, para que, aderindo firmemente a esses princípios, nunca se deixem enganar por aqueles que, sob o pretexto do progresso humano, mas com intenção abominável, querem destruir a Fé e submetê-la ímpia à razão, e adulterar a Palavra do Senhor, com grande prejuízo ao próprio Deus, que, através de Sua religião Celestial, com tanta clemência, providenciou o bem e a saúde dos Homens." (Papa Pio IX [1792 d.C. - 1878 d.C.]. Carta Encíclica Qui pluribus. Roma-IT. 09 de novembro de 1846 d.C..)
"Vedes, amados filhos e Veneráveis Irmãos, quanta vigilância é necessária para evitar que a doença deste terrível mal infecte e mate os vossos rebanhos. Não deixem de defender diligentemente o seu povo contra estes erros perniciosos. Sature-o com a Doutrina da Verdade Católica com mais precisão a cada dia. Ensine-lhe que assim como existe apenas um Deus, um Cristo, um Espírito Santo, também existe apenas uma verdade, que é divinamente revelada. Só existe uma Fé Divina, que é o início da salvação para a humanidade e a base de toda a justificação — a Fé pela Qual vive o justo e sem a Qual é impossível agradar a Deus e alcançar a comunhão dos Seus filhos (Rm 1,16-17; Hb 11,5; Concílio de Trento. Sessão 6. Cap. 8.). Existe apenas uma Verdadeira, Santa, Católica, Apostólica e Romana Igreja, e uma única Cátedra fundada pela voz do Senhor sobre Pedro (São Cipriano. Epístola 43.), fora do Qual não podemos encontrar nem a verdadeira Fé nem a Salvação Eterna. Quem não tem a Igreja como Mãe não pode ter Deus como Pai, e quem abandona a Cátedra de Pedro, na Qual a Igreja está estabelecida, confia absurdamente que está na Igreja (São Cipriano. Epístola De unitat [Ecl].) Na verdade, não pode haver crime maior e mancha mais repugnante do que colocar-se contra Cristo; do que trabalhar pela destruição da Igreja — gerada e assegurada pelo Seu sangue divino; do que, com a fúria da discórdia hostil, lutar contra a harmonia do povo de Deus, tedno esquecido o amor evangélico (São Cipriano. Epístola 72.). Com efeito, o culto divino é constituído por estes dois elementos: doutrinas piedosas e boas ações; nem a doutrina sem boas obras agrada a Deus, nem Deus acolhe obras distintas dos dogmas religiosos; não só na prática das virtudes ou na observância exclusiva dos preceitos, mas também no caminho da fé se encontra o caminho estreito e árduo que conduz à vida (São Cirilo de Jerusalém. Cat. 4. Ilumind.. Nº 2; São Leão V, Sermão 5. Da Natividade. Domingo.) Por isso, não deixeis de admoestar e de incitar continuamente o vosso povo fiel, para que não só persistam inabalavelmente, cada dia mais, na profissão da Religião Católica, mas também se esforcem por solidificar a sua vocação e a sua escolha através das boas obras. Enquanto vocês se comprometem, então, a garantir a salvação do seu rebanho, não deixem de recordar com muita bondade, muita paciência, muita Doutrina os pobres errantes ao único rebanho de Cristo, e reconduzi-los à unidade católica, sobretudo com estas palavras de Agostinho: 'vinde, irmãos, se quereis ser enxertados na videira! É doloroso vê-los caídos ao chão, tão isolados; conte apenas com os Sacerdotes vindos da Sé de Pedro, e observe como nesse Trono dos nossos pais um sucedeu ao outro; essa é a Pedra que não pode ser superada pelas orgulhosas portas do inferno (Santo Agostinho. Em Salmo. Contrat. Part. Donat..) Quem come o Cordeiro fora desta Casa é ímpio; se alguém não estiver na Arca de Noé, perecerá no tempo do dilúvio.' (São Jerônimo. Epístola 14. Al.; Epístola 58, ao Papa Dâmaso.)" (Papa Pio IX [1792 d.C. - 1878 d.C.]. Carta Encíclica Singulari quidem. Roma-IT. 17 de março de 1856 d.C..)
"...Mas é também conhecidíssimo o Dogma católico, a saber, que ninguém pode se salvar fora da Igreja Católica e que não podem obter a Salvação Eterna aqueles que são obstinadamente contumazes para com a autoridade e as definições da mesma Igreja, bem como aqueles que são separados da unidade da mesma Igreja e do Romano Pontífice, sucessor de Pedro, a quem foi confiada pelo Salvador a guarda da Vinha." (Papa Pio IX [1792 d.C. - 1878 d.C.]. Encíclica Quanto conficiamur moerore. 10 de agosto de 1863 d.C. — Denzinger 2867. Pág.: 626.)
"Sílabo: contendo os principais erros da nossa época, notados nas Alocuções Consistoriais, Encíclicas e outras Cartas Apostólicas do nosso Santíssimo Padre, o Papa Pio IX: ...15º) É livre a qualquer um abraçar e professar aquela religião que ele, guiado pela luz da razão, julgar verdadeira. (Erro refutado em: Carta Apostólica Multiplices inter. 10 de junho de 1851 d.C.; Alocução Maxima quidem. 09 de junho de 1862 d.C..); 16º) No culto de qualquer religião podem os Homens achar o caminho da salvação eterna e alcançar a mesma eterna salvação. (Erro refutado em: Carta Encíclica Qui pluribus. 09 de novembro de 1846 d.C.; Alocução Ubi primum. 17 de Dezembro de 1847 d.C.; Carta Encíclica Singulari quidem. 17 de Março de 1856 d.C..); 17º) Pelo menos deve-se esperar bem da salvação eterna daqueles todos que não vivem na verdadeira Igreja de Cristo. (Erro refutado em: Alocução Singulari quadam. 19 de Dezembro de 1854 d.C.; Carta Encíclica Quanto conficiamur. 17 de Agosto de 1863 d.C..); 18º) O protestantismo não é senão outra forma da verdadeira Religião cristã, na qual se pode agradar a Deus do mesmo modo que na Igreja Católica. (Erro refutado em: Carta Encíclica Noscitis et Nobiscum. 08 de Dezembro de 1849 d.C...." (Papa Pio IX [1792 d.C. - 1878 d.C.]. Syllabus: suplemento da Carta Encíclica Quanta Cura. Roma-IT. 18 de dezembro de 1864 d.C..)
"Para dar maior clareza aos pontos discutidos é conveniente examinar separadamente os vários tipos de liberdade, que alguns propõem como conquistas do nosso tempo. Em primeiro lugar, examinemos, em relação aos indivíduos, aquela liberdade tão contrária à virtude da Religião, a chamada liberdade religiosa, liberdade fundada na tese de que cada pessoa pode, a seu critério, professar a religião que preferir ou não professar nenhuma. Essa tese é contrária à verdade, porque, de todas as obrigações do Homem, a maior e mais sagrada é, sem dúvida alguma, aquela que nos ordena a prestar a Deus o culto da Religião... (...) Este dever é a consequência necessária da nossa dependência perpétua de Deus, do nosso governo por Deus e da nossa origem primeira e fim supremo, que é Deus. Também deve ser acrescentado que, ademais, sem a virtude da Religião, nenhuma virtude autêntica é possível, porque a virtude moral é aquela virtude cujos atos têm por objeto tudo o que nos leva a Deus, considerado o bem supremo e último do Homem; e por isso a Religião, cuja função é realizar tudo o que tem como fim direto e imediato a honra de Deus (Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica. Tomo II. Parte II. Questão 81. Artigo 6º.), é a rainha e a regra — ao mesmo tempo — de todas as virtudes. E se você se perguntar qual é a religião que deve ser seguida, entre tantas religiões opostas entre si, a resposta é dada, em uníssono, pela razão e pela natureza: a Religião que Deus ordenou, e que é facilmente reconhecível através de certas notas externas com as quais a Providência Divina quis distingui-La, para evitar um erro que, num assunto de tamanha importância, implicaria consequências desastrosas. Por isso, conceder ao Homem essa liberdade de culto da qual falamos equivale a conceder-lhe o direito de desnaturalizar... (...) uma obrigação santíssima e de ser infiel a ela, abandonando o bem para entregar-se ao mal. Isso, já dissemos, não é liberdade, é uma depravação da liberdade e uma escravidão da alma entregue ao pecado." (Papa Leão XIII [1810 d.C. - 1903 d.C.]. Carta Encíclica Libertas Praestantissimum. Roma-IT. 20 de junho de 1888 d.C..)
"E os modernistas de fato não negam, ao contrário, concedem, uns confusa e outros manifestamente, que todas as religiões são verdadeiras. É claro, porém, que eles não poderiam pensar de outro modo." (São Pio X [1835 d.C. - 1914 d.C.]. Carta Encíclica Pascendi dominici gregis. Roma-IT. 08 de setembro de 1907 d.C..)
"151) Que é a Igreja Católica?
A Igreja Católica é a sociedade ou congregação de todas as pessoas batizadas que, vivendo na Terra, professam a mesma Fé e a mesma Lei de Cristo, participam dos mesmos Sacramentos, e obedecem aos legítimos Pastores, principalmente ao Romano Pontífice.
152) Dizei precisamente o que é necessário para ser um membro da Igreja.
Para alguém ser membro da Igreja é necessário estar batizado, crer e professar a Doutrina de Jesus Cristo, participar dos mesmos Sacramentos, reconhecer o Papa e os outros legítimos Pastores da Igreja.
153) Quem são os legítimos Pastores da Igreja?
Os legítimos Pastores da Igreja são o Pontífice Romano, isto é, o Papa, que é o Pastor universal, e os Bispos. Além disso, sob a dependência dos Bispos e do Papa, têm parte no ofício de Pastores os outros Sacerdotes e especialmente os Párocos.
154) Por que dizeis que o Pontífice Romano é o Pastor Universal da Igreja?
Porque Jesus Cristo disse a São Pedro, o primeiro Papa: ‘’tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na Terra será ligado no Céu; e tudo o que desligares na Terra será desligado também no Céu.'’ E disse-lhe mais: 'apascenta os Meus cordeiros; apascenta as Minhas ovelhas.’’
155) Então não pertencem à Igreja de Jesus Cristo as sociedades de pessoas batizadas que não reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe?
Não. Todos os que não reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe não pertencem à Igreja de Jesus Cristo.
156) Como se distingue, a Igreja de Jesus Cristo, de tantas sociedades ou seitas fundadas por Homens e que se dizem cristãs?
Distingue-se, a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, de tantas sociedades ou seitas fundadas por Homens e que se dizem cristãs por quatro notas características: Ela é Una, Santa, Católica e Apostólica.
157) Por que dizeis que a Igreja é Una?
Digo que a verdadeira Igreja é Una porque os Seus filhos, independentemente de tempo e lugar, estão unidos entre si na mesma Fé, no mesmo culto, na mesma Lei e na participação dos mesmos Sacramentos, sob o mesmo chefe visível, o Romano Pontífice.
158) Não poderia haver mais de uma Igreja?
Não, não pode haver mais de uma Igreja, porque uma vez que há um só Deus, uma só Fé e um só Batismo, assim também não há nem pode haver senão uma só Igreja verdadeira.
159) Mas não se chamam também igrejas o conjunto dos fiéis de uma nação, ou de uma Diocese?
Chamam-se igrejas também o conjunto dos fiéis unidos de uma nação ou de uma Diocese, mas são sempre porções da Igreja universal, formando com Ela uma só Igreja.
160) Por que dizeis que a verdadeira Igreja é Santa?
Chamo Santa a verdadeira Igreja porque Jesus Cristo, a Sua cabeça invisível, é Santo; santos são muitos de Seus membros; santas são a Sua Fé e a Sua Lei; santos os Seus Sacramentos; e fora Dela não há nem pode haver verdadeira santidade.
161) Por que a Igreja é chamada Católica?
A verdadeira Igreja é chamada Católica, que quer dizer universal, porque abrange os fiéis de todos os tempos, de todos os lugares, de todas as idades e condições, e todos os Homens do mundo são chamados a fazer parte Dela.
162) Por que a Igreja é também chamada Apostólica?
A verdadeira Igreja é também chamada Apostólica porque remonta, sem interrupção, até os Apóstolos; porque crê e ensina tudo o que creram e ensinaram os Apóstolos; e porque é guiada e governada por seus legítimos sucessores.
163) E por que a verdadeira Igreja é também chamada Romana?
A verdadeira Igreja é também chamada Romana porque os quatro caracteres da unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade são encontrados somente na Igreja que tem por chefe o Bispo de Roma, sucessor de São Pedro.
164) Como é constituída a Igreja de Jesus Cristo?
A Igreja de Jesus Cristo é constituída como uma sociedade verdadeira e perfeita; e Nela, como em uma pessoa moral, podemos distinguir a alma e o corpo.
165) Em que consiste a alma da Igreja?
A alma da Igreja consiste no que Ela tem de interior e de espiritual, isto é, a Fé, a Esperança, a Caridade, os dons da graça e do Espírito Santo, e todos os tesouros celestes que Lhe provieram dos merecimentos de Cristo Redentor e dos Santos.
166) E o corpo da Igreja, em que consiste?
O corpo da Igreja consiste no que Ela tem de visível e de externo, tanto na congregação de associação dos Seus membros, tanto no Seu culto e no Seu ministério de ensino, tanto no Seu governo e ordem externa.
167) Para nos salvarmos é suficiente sermos apenas um membro da Igreja Católica?
Não, não é suficiente, para nos salvarmos, sermos apenas membros da Igreja Católica, mas é preciso que sejamos Seus membros vivos.
168) Quais são os membros vivos da Igreja?
Os membros vivos da Igreja são todos os justos, e somente eles, isto é, todos aqueles que estão atualmente na graça de Deus.
169) E quais são os membros mortos da Igreja?
Os membros mortos da Igreja são os fiéis que estão em pecado mortal.
170) Pode alguém salvar-se fora da Igreja Católica Apostólica Romana?
Não. Fora da Igreja Católica Apostólica Romana ninguém pode salvar-se, como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era uma figura desta Igreja.
171) Como, então, se salvaram os antigos Patriarcas, os Profetas e todos os outros justos do Antigo Testamento?
Todos os justos do Antigo Testamento se salvaram em virtude da fé que tinham em Cristo, que havia de vir, por meio da qual eles já pertenciam espiritualmente a esta Igreja.
172) Mas quem se encontrasse, sem culpa sua, fora da Igreja, poderia salvar-se?
Quem, encontrando-se sem culpa sua — quer dizer, em boa fé [em bom caminho / sem pecado grave / com boas disposições — vide Doutrina do Batismo de Desejo e da Ignorância Invencível] — fora da Igreja, tivesse recebido o Batismo, ou tivesse desejo, ao menos implícito, de O receber e, além disso, procurasse sinceramente a verdade, e cumprisse a vontade de Deus da melhor maneira possível [obedecimento à Lei Natural Divina, que Deus incute na alma de todo Homem — vide Doutrina do Batismo de Desejo e da Ignorância Invencível], ainda que separado do corpo da Igreja, estaria unido à alma Dela e, portanto, no caminho da salvação.
173) E quem, sendo um membro da Igreja Católica, não pusesse em prática os Seus ensinamentos, salvar-se-ia?
Quem, mesmo sendo um membro da Igreja Católica, não pusesse em prática os Seus ensinamentos, seria membro morto e, portanto, não se salvaria, porque para a salvação de um adulto requer-se não só o Batismo e a Fé, mas também as obras em conformidade com a Fé.
174) Somos obrigados a acreditar em todas as verdades que a Igreja ensina?
Sim, somos obrigados a acreditar em todas as verdades que a Igreja nos ensina, e Jesus Cristo declara que quem não crê já está condenado.
175) Somos também obrigados a cumprir tudo o que a Igreja manda?
Sim, somos obrigados a fazer tudo o que a Igreja manda, porque Jesus Cristo disse aos Pastores da Igreja: 'quem vos ouve, a Mim ouve, e quem vos despreza, a Mim despreza'.
176) Pode a Igreja enganar-se nas coisas que nos propõe para acreditar?
Não. Nas coisas que nos propõe para acreditar, a Igreja não pode errar, porque, de acordo com a promessa de Jesus Cristo, Ela é perpetuamente assistida pelo Espírito Santo.
177) A Igreja Católica é, portanto, infalível?
Sim. A Igreja Católica é infalível [quando pronuncia-se em matéria de Dogma, moral e costumes, por meio de Seu Magistério Ordinário Infalível, ou seja, em uníssono à Santa Tradição Apostólica, bem como por meio de Seu Magistério Extraordinário Infalível, ou seja, solenemente através do Sumo Pontífice, querendo este falar como chefe da Santa Igreja e sucessor de São Pedro; quando tal ensino é universal e não apenas regional, ou seja, a todos os católicos do mundo; e quando claramente ensina algo e proíbe com anátema quem insistir no oposto. Essas são notas intrínsecas à infalibilidade, que inexiste se faltar uma delas. vide Dogma da Infalibilidade Papal]. Por isso aqueles que recusam Suas definições perdem a Fé e tornam-se hereges.
178) A Igreja Católica pode ser destruída ou perecer?
Não. A Igreja Católica pode ser perseguida, mas não pode ser destruída nem perecer. Ela há de durar até ao fim do mundo, porque até ao fim do mundo Jesus Cristo estará com Ela, como prometeu.
179) Por que a Igreja Católica é tão perseguida?
A Igreja Católica é tão perseguida porque assim foi também perseguido o Seu Divino Fundador, e porque reprova os vícios, combate as paixões e condena todas as injustiças e todos os erros.
180) Há mais outros deveres dos católicos para com a Igreja?
Todo católico deve ter um amor sem limites para com a Igreja, considerar-se infinitamente feliz e honrado por pertencer a Ela, e empenhar-se pela glória e aumento Dela com todos os meios ao seu alcance." (Papa São Pio X [1835 d.C. - 1914 d.C.]. Catecismo Maior de São Pio X.)
"(...) Pois, tendo como certo que rarissimamente se encontram Homens privados de todo sentimento religioso, por isto, parece, passaram a ter a esperança de que, sem dificuldade, ocorrerá que os povos, embora cada um sustente sentença diferente sobre as coisas divinas, concordarão fraternalmente na profissão de algumas doutrinas, como que em um fundamento comum da vida espiritual. Por isso costumam realizar por si mesmos convenções, assembleias e pregações, com não medíocre frequência de ouvintes, e para elas convocam, para debates, promiscuamente, a todos: pagãos de todas as espécies, fiéis de Cristo, os que infelizmente se afastaram de Cristo, e os que obstinada e pertinazmente contradizem à Sua natureza divina e à Sua missão. Sem dúvida, estes esforços não podem, de nenhum modo, ser aprovados pelos católicos, pois eles se fundamentam na falsa opinião dos que julgam que quaisquer religiões são, mais ou menos, boas e louváveis, pois, embora não de uma única maneira, elas alargam e significam de modo igual aquele sentido ingênito e nativo em nós, pelo qual somos levados para Deus e reconhecemos obsequiosamente o seu império. Erram e estão enganados, portanto, os que possuem esta opinião: pervertendo o conceito da verdadeira Religião eles repudiam-Na e, gradualmente, inclinam-se para o chamado naturalismo e para o ateísmo. Daí segue-se claramente que quem concorda com os que pensam e empreendem tais coisas afasta-se inteiramente da Religião divinamente revelada. Mas, para a glória de Deus e para a nossa salvação... (...) o Filho Unigênito de Deus instituiu na Terra a Sua Igreja. (...) Uma Igreja, e uma só, foi fundada por Cristo. (...) Aquela a quem, sem nenhuma discriminação quanto a lugares e a tempos, fora dado o preceito de conduzir todos os Homens à Salvação Eterna: 'ide, pois; ensinai a todos os povos.' (Mt 28, 19) Acaso faltaria à Igreja algo quanto à virtude e eficácia no cumprimento perene desse múnus, quando o próprio Cristo, solenemente, prometeu estar sempre presente a Ela: 'eis que Eu estou convosco, todos os dias, até a consumação dos séculos.' (Mt 28, 20)? Desse modo, não pode ocorrer que a Igreja de Cristo não exista hoje e em todo o tempo, e, também, que Ela não exista como inteiramente a mesma que existiu à época dos Apóstolos — a não ser que desejemos afirmar que: Cristo Senhor ou não cumpriu o que propôs ou que errou ao afirmar que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra Ela. (Mt 16,18) (...) Dizemos à única verdadeira Igreja de Cristo: sem dúvida Ela é a todos manifesta e, pela vontade de Seu Autor, Ela perpetuamente permanecerá tal qual Ele próprio A instituiu para a salvação de todos, pois a mística Esposa de Cristo jamais se contaminou com o decurso dos séculos nem, em época alguma, poderá ser contaminada, como Cipriano o atesta: 'a Esposa de Cristo não pode ser adulterada: Ela é incorrupta e pudica. Ela conhece uma só casa e guarda com casto pudor a santidade de um só cubículo.' (De Cath. Ecclesiae unitate, 6.). Escutem a Lactâncio clamando amiúde: 'só a Igreja Católica é a que retém o verdadeiro culto. Aqui está a fonte da verdade. Esse é o domicílio da Fé. Esse é o templo de Deus. Se alguém não entrar por Ele ou se alguém Dele sair, está fora da esperança da Vida e Salvação. É necessário que ninguém se afague a si mesmo com a pertinácia nas disputas, pois trata-se da Vida e da Salvação que, a não ser que seja provida de um modo cauteloso e diligente, estará perdida e extinta.' (Divin. Inst. 4, 30, 11-12.)" (Papa Pio XI [1857 d.C. - 1939 d.C.]. Carta Encíclica Mortalium animos. Roma-IT. 06 de Janeiro de 1928 d.C.)
† † †
Francisco Cândido Xavier foi um fiel e ativíssimo servo de satanás, o qual falara e escrevera por meio de sua boca e mãos.
Esse dedicado escravo voluntário do demônio buscou, por diversos meios, perpetrar as insídias de seu mestre das trevas, tornando como precípuo múnus de sua miserável existência o que sempre foi e jamais deixará de ser a primazia de lúcifer, em toda e qualquer de suas ações: combater o Deus Trino e Sua Santa Igreja.
Assim procedera o soldado do inferno Chico Xavier, o qual, insana e ousadamente, enquanto vida teve nesse mundo a dedicou à inútil e estulta lida de destruir a Mater Ecclesia, com toda sorte de infundadas calúnias, difamações e injúrias, seja por via oral ou escrita, assim como por meio do proselitismo da seita espírita da qual fez parte até a morte.
A seguir, exporei alguns torpes e obstinados ataques desse pernicioso ocultista à Santa Igreja, mas, antes, convém registrar os principais pontos da Fé Católica, a única genuína e instituída pela Santíssima Trindade, a fim de que se possa compreender com mais nitidez o abismo que separa a verdade da vida e obra de Chico Xavier.
Diz o Catecismo Maior do Papa São Pio X:
“Mandamentos da Lei de Deus
Os Mandamentos da Lei de Deus são dez: os três primeiros pertencem à honra de Deus e os outros sete ao proveito do próximo.
1) Amar a Deus sobre todas as coisas;
2) Não tomar seu santo nome em vão;
3) Guardar os domingos e festas;
4) Honrar pai e mãe;
5) Não matar;
6) Não pecar contra a castidade;
7) Não furtar;
8) Não levantar falso testemunho;
9) Não desejar a mulher do próximo;
10) Não cobiçar as coisas alheias.
Estes dez Mandamentos se encerram em dois: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Mandamentos da Igreja
Os Mandamentos da Igreja são cinco:
1) [Assistir] Missa inteira nos domingos e festas de guarda;
2) Confessar-se ao menos uma vez [por] ano;
3) Comungar ao menos [na] Páscoa da Ressurreição;
4) Jejuar e abster-se de carne, quando manda a Santa Madre Igreja [às sextas-feiras, via de regra];
5) Pagar dízimos, segundo o costume.
Sacramentos
Os Sacramentos instituídos por Jesus Cristo são sete:
1) Batismo;
2) Confirmação;
3) Eucaristia;
4) [Reconciliação: Confissão + Penitência];
5) Extrema Unção;
6) Ordem;
7) Matrimônio.
Lição Preliminar
Da Doutrina Cristã
Suas partes principais
“Em seguida Barnabé foi para Tarso, à procura de Saulo. Encontrou-o e o levou para Antioquia. Durante um ano estiveram juntos naquela igreja e instruíram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os discípulos foram chamados cristãos.” (At 11, 25-26) [E Santo Inácio de Antioquia, que viveu no primeiro século, foi quem pela primeira vez usou o termo ‘católicos’ para fazer referência aos cristãos.]
1) Sois cristão? Sim, sou cristão pela graça de Deus.
2) Por que dizeis pela graça de Deus? Digo: pela graça de Deus, porque o ‘ser cristão’ é um dom de Deus, inteiramente gratuito, que nós não podemos merecer.
3) E quem é verdadeiro cristão? Verdadeiro cristão é aquele que é batizado, crê e professa a Doutrina Cristã e obedece aos legítimos Pastores da Igreja.
4) Que é a Doutrina Cristã? A Doutrina Cristã é a Doutrina que Jesus Cristo Nosso Senhor nos ensinou, para nos mostrar o caminho da salvação.
5) É necessário aprender a Doutrina ensinada por Jesus Cristo? Certamente é necessário aprender a Doutrina ensinada por Jesus Cristo, e cometem falta grave aqueles que se descuidam de o fazer.
6) Os pais e patrões estão obrigados a mandar ao catecismo os seus filhos e dependentes? Os pais e patrões são obrigados a procurar que seus filhos e dependentes aprendam a Doutrina Cristã; e são culpados diante de Deus se desprezarem essa obrigação.
7) De quem devemos nós receber e aprender a Doutrina Cristã? Devemos receber e aprender a Doutrina Cristã da Santa Igreja Católica.
8) Como é que temos a certeza de que a Doutrina Cristã, que recebemos da Santa Igreja Católica, é verdadeira? Temos a certeza de que a Doutrina Cristã, que recebemos da Igreja Católica, é verdadeira porque Jesus Cristo, Autor Divino desta Doutrina, A confiou, por meio [de] Seus Apóstolos, à Igreja Católica, por Ele fundada e constituída Mestra Infalível de todos os Homens, prometendo-Lhe a Sua divina assistência, até a consumação dos séculos.*1
9) Há mais provas da verdade da Doutrina Cristã? A verdade da Doutrina Cristã é demonstrada ainda pela santidade eminente de tantos que A professaram e professam, pela heroica fortaleza dos mártires, pela Sua rápida e admirável propagação [pelo] mundo, e pela Sua plena conservação através de tantos séculos de muitas e contínuas lutas. *1
*1 – OBS.: “evidente é, pois, consoante tudo o que acaba de ser dito, que Jesus Cristo instituiu na Igreja um Magistério vivo, autêntico e, ademais, perpétuo, o qual Ele investiu da Sua própria autoridade, revestiu do espírito de verdade, confirmou por milagres, e quis e severissimamente ordenou que os ensinamentos doutrinais desse Magistério fossem recebidos como os Seus próprios.
Todas as vezes, pois, que a palavra desse Magistério declara que essa ou aquela verdade faz parte do conjunto da Doutrina Divinamente Revelada, deve cada um crer com certeza que isso é verdade; porque, se de algum modo isso pudesse ser falso, daí se seguiria, o que evidentemente é absurdo, que o próprio Deus seria o autor do erro dos Homens. (...) Afastado, assim, todo motivo de dúvida, pode então ser lícito a quem quer que seja repelir alguma dessas verdades, sem se precipitar abertamente na heresia, sem se separar da Igreja, e sem repudiar em bloco toda a Doutrina Cristã?
Porque a natureza da Fé é tal, que nada é mais impossível do que crer isto e rejeitar aquilo. Com efeito, a Igreja professa que a fé é 'uma virtude sobrenatural, pela qual, sob a inspiração e com o socorro da graça de Deus, nós cremos que aquilo que, por Ele nos foi revelado, é verdadeiro; cremo-lo, não por causa da verdade intrínseca das coisas vista na luz natural da nossa razão, mas por causa da autoridade do próprio Deus, que nos revela essas verdades, e que não pode nem Se enganar nem nos enganar.' (Papa Pio IX [1792 d.C. - 1878 d.C.]. Concílio Vaticano I, Sessão III, cap. 3.).
Se há, pois, um ponto que, evidentemente, tenha sido revelado por Deus e que nós recusamos crer, não cremos absolutamente nada com fé divina. Porquanto o juízo que São Tiago (2, 10) emite a respeito das faltas na ordem moral, cumpre aplicá-lo aos erros de pensamento na ordem da Fé. 'Porque, qualquer que tiver observado toda a Lei e faltar num só ponto, torna-se réu de (ter violado) todos os outros.'
Isso é mesmo muito mais verdadeiro dos erros do pensamento. Com efeito, não é no sentido mais próprio que se pode chamar transgressor de toda a Lei aquele que cometeu uma falta moral; porque, se ele pode parecer ter desprezado a majestade de Deus, autor de toda a Lei, esse desprezo só aparece por uma espécie de interpretação da vontade do pecador. Ao contrário, aquele que, mesmo num só ponto, recusa o seu assentimento às verdades divinamente reveladas, realissimamente abdica por completo [da Fé], visto recusar-se submeter-se a Deus enquanto suma verdade e motivo próprio da Fé.
'Em muitos pontos eles estão Comigo; em alguns apenas não estão Comigo; mas, por causa desses alguns pontos em que eles se separam de Mim, de nada lhes serve estar Comigo em tudo o mais.' (S. Augustinus, in Psalm. LIV, Nº 19.)
Nada mais justo: porque aqueles que só tomam da Doutrina Cristã o que querem, apoiam-se no seu próprio juízo e não na Fé; e, recusando 'reduzir à servidão toda inteligência, sob a obediência de Cristo” (2Cor 10, 5), na realidade obedecem a si mesmos, antes que a Deus. “Vós que no Evangelho credes o que vos apraz e recusais crer o que vos desagrada, vós credes em vós mesmos muito mais do que no Evangelho.' (S. Augustinus, lib. XVII, Contra Faustum Manichaeum, cap. 3.)
Os Padres [do Concílio Vaticano I (1846 d.C. - 1878 d.C.)] nada, pois, decretaram de novo, mas apenas fizeram conformar-se com a instituição divina, com a antiga e constante Doutrina da Igreja e com a própria natureza da Fé, quando formularam este decreto: 'devem-se crer, de Fé Divina e Católica, todas as verdades que estão contidas na Palavra de Deus, escrita ou transmitida pela Tradição, e que a Igreja, quer por um juízo solene [Magistério Extraordinário], quer pelo seu Magistério Ordinário e universal, propõe como divinamente revelada [essa Palavra de Deus revelada].' (Concílio Vaticano I [1846 d.C. - 1878 d.C.], Sessão III, cap, 3.).
Para concluir, já que é evidente querer Deus absolutamente na Sua Igreja a unidade de fé, já que ficou demonstrado de que natureza quis Ele fosse essa unidade e por que princípio decretou assegurar-lhe a conservação, lícito nos seja dirigir-nos a todos aqueles que não resolveram fechar os ouvidos à verdade e dizer-lhes com Santo Agostinho: 'já que vemos nisso um tão grande socorro de Deus, tanto proveito e utilidade, hesitaremos em lançar-nos no seio dessa Igreja, que, pela confissão do gênero humano inteiro, deriva da Sé Apostólica e, pela sucessão dos Seus Bispos, tem conservado a autoridade suprema, a despeito do clamor dos hereges que a assediam e que têm sido condenados, ora pelo juízo do povo, ora pelas solenes decisões dos Concílios, ora pela majestade dos milagres? Não querer dar-Lhe o primeiro lugar é, certamente, fruto ou de uma suma impiedade ou de uma arrogância desesperada. E, se toda ciência, mesmo a mais humilde e a mais fácil, para ser adquirida exige o socorro de um doutor ou de um mestre, pode-se, quando se trata dos Livros dos Divinos Mistérios, imaginar orgulho mais temerário do que recusar receber-lhes o conhecimento da boca dos seus intérpretes, e, sem os conhecer, querer condená-los?.' (De utilitate credendi, cap. XVII, n. 35) (Papa Leão XIII [1810 d.C. - 1903 d.C.], Carta Encíclica Satis Cognitum, 29/06/1896 d.C.)
10) Quantas e quais são as partes principais e mais necessárias da Doutrina Cristã?
As partes principais e mais necessárias da Doutrina Cristã são quatro: o Credo, o Pai-Nosso, os Mandamentos e os Sacramentos.
11) Que nos ensina o Credo? O Credo ensina-nos os principais artigos da nossa Santa Fé.
12) Que nos ensina o Padre-Nosso? O Pai-Nosso ensina-nos tudo o que devemos esperar de Deus, e tudo o que Lhe devemos pedir.
13) Que nos ensinam os Mandamentos? Os Mandamentos ensinam-nos tudo o que devemos fazer para agradar a Deus; em resumo, amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a nós mesmos, por amor [a] Deus.
14) Que nos ensina a Doutrina dos Sacramentos? A Doutrina dos Sacramentos faz-nos conhecer a natureza e o bom uso desses meios que Jesus Cristo instituiu para nos perdoar os pecados, comunicar-nos a Sua graça e infundir e aumentar em nós as virtudes da Fé, da esperança e da caridade.
A Fé é o fundamento do que se espera e a convicção das realidades que não se vêem. Foi a Fé que fez a glória dos antigos. Pela Fé sabemos que o universo foi criado pela palavra de Deus, de sorte que do invisível teve origem o visível. Pela Fé Abel ofereceu a Deus sacrifício melhor do que Caim e por Ela foi declarado justo, tendo Deus aprovado as suas oferendas, e é pela Fé que, depois de morto, Abel continua a falar. (Hb 4,1-4)
(...)
Quinta Parte
Das virtudes principais e de outras coisas que o cristão deve saber
CAPÍTULO I
Das virtudes principais
§ 1º - Das Virtudes Teologais
852) Que é a virtude sobrenatural? A virtude sobrenatural é uma qualidade que Deus infunde na alma, pela qual se tem propensão, facilidade e prontidão para conhecer e praticar o bem, em ordem [à] Vida Eterna.
853) Quantas são as principais virtudes sobrenaturais? As principais virtudes sobrenaturais são sete, a saber, três teologais e quatro cardeais.
854) Quais são as Virtudes Teologais? As Virtudes Teologais são:
1) Fé;
2) Esperança;
3) Caridade.
855) Por que a Fé, a Esperança e a Caridade se chamam Virtudes Teologais? Chamam-se a Fé, a Esperança e a Caridade Virtudes Teologais, porque têm a Deus por objeto imediato e principal, e nos são infundidas por Ele.
856) De que modo têm as Virtudes Teologais a Deus por objeto imediato? As Virtudes Teologais têm a Deus por objeto imediato, porque pela Fé nós cremos em Deus, e cremos [em] tudo o que Ele revelou; pela Esperança esperamos possuir a Deus [tê-Lo habitando em nós]; pela Caridade amamos a Deus e Nele amamos a nós mesmos e ao próximo.
857) Quando nos infunde Deus na alma as Virtudes Teologais? Deus, pela sua bondade, infunde-nos na alma as Virtudes Teologais quando nos adorna com a graça santificante; e, por isso, quando recebemos o Batismo, [somos] enriquecidos com essas virtudes, e juntamente com os dons do Espírito Santo.
858) Basta, para o cristão se salvar, o Batismo [e] as Virtudes Teologais? Para quem tem o uso da razão, não basta ter recebido no Batismo as Virtudes Teologais, mas é necessário fazer frequentemente atos [concernentes a essas] virtudes.
859) Quando somos obrigados a fazer atos de Fé, de Esperança e de Caridade? Somos obrigados a fazer atos de Fé, de Esperança e de Caridade: 1º) Quando chegamos ao uso da razão; 2º) Frequentes vezes, no decurso da vida; 3º) Em perigo de morte.
§ 2º - Da Fé
860) Que é a Fé? A Fé e uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual nós, apoiados na autoridade do mesmo Deus, acreditamos que é verdade tudo o que Ele revelou e por meio da Santa Igreja nos propõe para crer.
861) Como conhecemos as verdades reveladas por Deus? Conhecemos as verdades reveladas por Deus por meio da Santa Igreja, que é infalível, isto é, por meio do Papa, sucessor de São Pedro, e por meio dos Bispos que, em união com o Papa, são sucessores dos Apóstolos, os quais foram instruídos pelo próprio Jesus Cristo.
862) Temos nós a certeza de que são verdadeiras as Doutrinas que a Santa Igreja nos ensina? Sim, temos a certeza absoluta de que são verdadeiras as Doutrinas que a Santa Igreja nos ensina, porque Jesus Cristo empenhou a Sua palavra [ao proclamar] que a Igreja nunca se enganaria.
863) Com que pecado se perde a Fé? A Fé perde-se negando ou duvidando voluntariamente, ainda que seja de um só artigo que nos é proposto para crer.*2
*2 – OBS.: "porque qualquer que tiver observado toda a Lei e faltar num só ponto torna-se réu de (ter violado) todos os outros." (Tg 2,10)
864) Como recuperamos a Fé? Recuperamos a Fé perdida arrependendo-nos do pecado cometido e crendo de novo [em] tudo o que crê a Santa Igreja.
§ 3º - Dos Mistérios
865) Podemos compreender todas as verdades da Fé? Não; não podemos compreender todas as verdades da Fé, porque algumas dessas verdades são Mistérios.
866) Que são os Mistérios? Os Mistérios são verdades superiores à razão, [nas] quais devemos crer, ainda que não as possamos compreender.
867) Por que devemos crer os mistérios? Devemos crer [nos] Mistérios, porque os revelou
Deus, que, sendo verdade e bondade infinitas, não pode enganar-Se nem enganar-nos.
868) São, porventura, os Mistérios contrários à razão? Os Mistérios são superiores, porém, não contrários à razão; e até a própria razão nos persuade a admiti-los.
869) Por que os Mistérios não podem ser contrários à razão? Os Mistérios não podem ser contrários à razão, porque é o mesmo Deus quem nos [dá] a luz da razão, e quem revelou os Mistérios, e Ele não pode contradizer-Se a Si mesmo [porque Ele é perfeito e na perfeição inexiste contradição].
§ 4º - Da Sagrada Escritura
870) Onde se acham as verdades que Deus revelou? As verdades que Deus revelou acham-se na Sagrada Escritura e na Tradição.
871) Que é a Sagrada Escritura? A Sagrada Escritura é a coleção dos livros escritos pelos Profetas e pelos Hagiógrafos, pelos Apóstolos, pelos Evangelistas, por inspiração do Espírito Santo, recebidos pela Igreja como inspirados.
872) Em quantas partes se divide a Sagrada Escritura? A Sagrada Escritura se divide em duas partes: Antigo [Testamento] e Novo Testamento.
873) Que contém o Antigo Testamento? O Antigo Testamento contém os livros inspirados [e] escritos antes da vinda de Jesus Cristo.
874) Que contém o Novo Testamento? O Novo Testamento contém os livros inspirados [e] escritos depois da vinda de Jesus Cristo.
875) Que nome se dá comumente à Sagrada Escritura? À Sagrada Escritura dá-se comumente o nome de Bíblia Sagrada.
876) Que quer dizer a palavra Bíblia? A palavra Bíblia quer dizer coleção dos livros santos, o Livro por Excelência, o Livro dos livros, o Livro inspirado por Deus.
877) Por que é a Sagrada Escritura chamada o Livro por Excelência? A Sagrada Escritura é chamada o Livro por Excelência, por causa da excelência da matéria de que trata e do Autor que a inspirou [o próprio Deus Trino].
878) Não pode haver erro na Sagrada Escritura? Na Sagrada Escritura não pode haver erro algum, porque, sendo toda inspirada, o Autor de todas as suas partes é o próprio Deus. Isto não obsta a que, nas cópias [e nas] traduções da Mesma se tenha dado algum engano, ou [por parte] dos copistas ou [por parte] dos tradutores. Porém, nas edições revistas e aprovadas pela Igreja Católica não pode haver erro, no que respeita à Fé ou à moral.
879) É necessária a todos os cristãos a leitura da Bíblia? A leitura da Bíblia não é necessária a todos os cristãos, sendo, como são, instruídos pela Igreja; mas é, contudo, útil e recomendada a todos.
880) Pode-se ler qualquer tradução em língua vulgar [que não é latim, a língua eclesiástica] da Bíblia? [Podem-se ler] as traduções em língua vulgar da Bíblia, desde que sejam reconhecidas como fiéis pela Igreja Católica, e venham acompanhadas de explicações ou notas aprovadas pela mesma Igreja. [As traduções reconhecidas pela Santa Igreja têm Seu imprimatur, que é um selo de aprovação.]
881) Por que só se podem ler as traduções da Bíblia que são aprovadas pela Igreja? Só se podem ler as traduções da Bíblia que são aprovadas pela Igreja porque só Ela é legítima depositária e guarda da Bíblia.
882) Por quem podemos nós conhecer o verdadeiro sentido das Sagradas Escrituras? O verdadeiro sentido das Sagradas Escrituras podemos conhecê-lo só por meio da Igreja, porque só a Igreja é que não pode errar ao interpretá-Las.
883) Que [deve] fazer um cristão, se lhe [for] oferecida a bíblia por um protestante ou por algum emissário dos protestantes? Um cristão a quem [for] oferecida a bíblia por um protestante, ou por algum emissário dos protestantes, [deve] rejeitá-la com horror, por ser proibida pela Igreja. E, se a [tiver] aceitado sem reparar, [deve] logo lançá-la ao fogo ou entregá-la ao próprio pároco.
884) Por que proíbe a Igreja as bíblias protestantes?*3 A Igreja proíbe as bíblias protestantes, porque ou estão alteradas e contêm erros, ou então, faltando-lhes a sua aprovação e as notas explicativas das passagens [mais complexas], podem causar dano à Fé. Por isso a Igreja proíbe também as traduções da Sagrada Escritura já aprovadas por Ela, mas reimpressas sem as explicações que a mesma Igreja aprovou.
*3 - OBS.: a bíblia protestante não é Bíblia, mas uma perniciosa falsificação. Não é sábio dar um elixir ilegítimo ao corpo. Muito pior é dar um remédio falso à alma — sobretudo quando se trata de uma compilação notoriamente adulterada e com sete livros excluídos de seu intocável conteúdo.
§ 5º - Da Tradição
885) Dizei-me: o que é a Tradição?*4 A Tradição é a palavra de Deus não escrita, mas comunicada de viva voz por Jesus Cristo e pelos Apóstolos, e que chegou sem alteração, de século em século, por meio da Igreja, até nós.
*4 - OBS.: a Bíblia é o registro de parte da Santa Tradição Apostólica Católica, a qual é constituída, outrossim, no seio da Santa Igreja por meio do mantimento dos Santos Dogmas, salvaguardados, por sua vez, pelo Magistério Ordinário e pelo Magistério Extraordinário, através de seus respectivos infalíveis ensinos e documentos (Sã Doutrina da Infalibilidade). Por quase quatrocentos anos os católicos guiaram-se pela Santa Tradição oral, antes da compilação bíblica, no Sagrado Concílio de Hipona, em 393 d.C.. Essa é mais uma inconteste prova da condução do Espírito Santo, à frente da Sua Sacra Igreja.
886) Onde se acham os ensinamentos da Tradição? Os ensinamentos da Tradição acham-se principalmente nos decretos dos Concílios [Magistério Extraordinário/Solene], nos escritos dos Santos Padres [Magistério Ordinário], nos atos da Santa Sé [Magistério Ordinário], nas palavras e nos usos da Sagrada Liturgia [Magistério Ordinário].
887) Em que consideração se deve ter a Tradição? A Tradição deve ter-se na mesma consideração em que se tem a palavra de Deus contida na Sagrada Escritura.
§ 6º - Da Esperança
888) Que é a Esperança? A Esperança é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus na nossa alma, pela qual desejamos e esperamos a Vida Eterna que Deus prometeu aos seus servos, e os auxílios necessários para alcançá-la.
889) Por que motivo devemos esperar de Deus o Paraíso e os auxílios necessários para alcançá-lo? Devemos esperar de Deus o Paraíso e os auxílios necessários para alcançá-lo, porque Deus misericordiosíssimo, pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, o prometeu a quem O serve de todo o coração; e, sendo fidelíssimo e onipotente, cumpre sempre a Sua promessa.
890) Quais são as condições necessárias para alcançar o Paraíso? As condições necessárias para alcançar o Paraíso são: a graça de Deus, a prática das boas obras e a perseverança no Seu santo amor, até à morte.
891) Como se perde a Esperança? Perde-se a Esperança todas as vezes que se perde a Fé; perde-se também pelo pecado de desespero ou de presunção.
892) Como recuperamos a Esperança? Recuperamos a Esperança perdida arrependendo-nos do pecado cometido, e excitando-nos de novo à confiança na bondade divina.
§ 7o - Da Caridade
893) Que é a Caridade? A Caridade é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual amamos a Deus por Si mesmo sobre todas as coisas, e amamos o próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.
894) Por que motivos devemos amar a Deus? Devemos amar a Deus, porque Ele é o sumo bem, infinitamente bom e perfeito, e, além disso, por que Ele o manda, e pelos inumeráveis benefícios que Dele recebemos.
895) Como se deve amar a Deus? Devemos amar a Deus sobre todas as coisas, com todo o nosso coração, com toda a nossa mente, com toda a nossa alma, e com todas as nossas forças.
896) Que quer dizer: amar a Deus sobre todas as coisas? Amar a Deus sobre todas as coisas quer dizer: preferi-Lo a todas as criaturas mais caras e mais perfeitas, e estar disposto a perder tudo antes que ofendê-Lo ou deixar de amá-Lo.
897) Que quer dizer: amar a Deus com todo o nosso coração? Amar a Deus com todo o nosso coração quer dizer: consagrar-Lhe todos os nossos afetos [melhores sentimentos].
898) Que quer dizer: amar a Deus com toda a nossa mente? Amar a Deus com toda a nossa mente quer dizer: dirigir para Ele todos os nossos pensamentos [mais dignos].
899) Que quer dizer: amar a Deus com toda a nossa alma? Amar a Deus com toda a nossa alma quer dizer: consagrar-Lhe o uso de todas as [melhores] potências da nossa alma.
900) Que quer dizer: amar a Deus com todas as nossas forças? Amar a Deus com todas as nossas forças quer dizer: esforçar-se por crescer cada vez mais no amor Dele [para com Ele], e proceder de maneira que todas as nossas ações tenham por motivo e por fim o seu amor e o desejo de Lhe agradar.
901) Por que devemos amar o próximo? Devemos amar o próximo por amor [a] Deus, porque Ele o manda, e porque todo Homem é imagem de Deus.
902) Somos obrigados a amar também os inimigos? Sim, somos obrigados a amar também os inimigos, porque também eles são nossos próximos [nosso irmão/semelhante], e porque Jesus Cristo o mandou expressamente.
903) Que quer dizer: amar o próximo como a nós mesmos? Amar o próximo como a nós mesmos quer dizer: desejar-lhe e fazer-lhe, tanto quanto pudermos, todo o bem que devemos desejar para nós mesmos, e não lhe desejar nem fazer mal algum.
904) Quando amamos a nós mesmos retamente? Amamos retamente a nós mesmos quando procuramos servir a Deus e pôr Nele toda a nossa felicidade.
905) Como se perde a Caridade? Perde-se a Caridade com qualquer pecado mortal.
906) Como recuperamos a Caridade? Recuperamos a Caridade fazendo atos de amor [a] Deus, arrependendo-nos e confessando-nos bem [Sacramento da Reconciliação: Confissão + Penitência].
§ 8º - Das Virtudes Cardiais
907) Quais são as Virtudes Cardiais? As Virtudes Cardiais são:
1) Prudência;
2) Justiça;
3) Fortaleza;
4) Temperança.
908) Por que se chamam Virtudes Cardiais a Prudência, a Justiça, a Fortaleza e a Temperança? Chamam-se Virtudes Cardiais a Prudência, a Justiça, a Fortaleza e a Temperança, porque são a base e o fundamento das virtudes morais. — “O nome de cardeais vêm-lhes da palavra latina cardo, que significa a dobradiça, os gonzos da porta, e mostra como todas as virtudes giram em torno dessas.” (Nota do Tradutor)
909) Que é a Prudência? A Prudência é a virtude que dirige toda ação ao devido fim, e, por isso, procura os meios convenientes para que a ação seja, em tudo, bem feita, e, portanto, aceita [perante o] Senhor.
910) Que é a Justiça? A Justiça é a virtude pela qual damos a cada um o que lhe pertence.
911) Que é a Fortaleza? A Fortaleza é a virtude que nos dá coragem para não temer perigo algum, nem a própria morte, no serviço de Deus.
912) Que é a Temperança? A Temperança é a virtude pela qual refreamos os desejos desordenados de prazeres sensuais e usamos com moderação dos bens temporais.
CAPÍTULO II
Dos Dons do Espírito Santo
913) Quantos e quais são os Dons do Espírito Santo? Os Dons do Espírito Santo são sete:
1º) Sabedoria;
2º) Entendimento;
3º) Conselho;
4º) Fortaleza;
5º) Ciência;
6º) Piedade;
7º) Temor [a] Deus.
914) Para que servem os Dons do Espírito Santo? Os Dons do Espírito Santo servem para nos confirmar na Fé, na Esperança e na Caridade, e para nos tornar solícitos para os atos das virtudes necessárias para conseguir a perfeição da vida cristã.
915) Que é a Sabedoria? A Sabedoria é um Dom pelo qual nós, elevando o espírito acima das coisas terrenas e frágeis, contemplamos as eternas, isto é, a Verdade, que é Deus, no qual pomos nossa complacência, amando-O como nosso sumo bem.
916) Que é o Entendimento? O Entendimento é um Dom pelo qual nos é facilitada, quanto é possível a um Homem mortal, a inteligência das Verdades da Fé e dos Divinos Mistérios, os quais não podemos conhecer com as luzes naturais da nossa razão.
917) Que é o Conselho? O Conselho é um Dom pelo qual, nas dúvidas e incertezas da vida humana, conhecemos o que mais convém à glória de Deus, à nossa salvação e à do próximo.
918) Que é a Fortaleza? A Fortaleza é um Dom que nos incute energia e coragem para observar fielmente a Santa Lei de Deus e da Igreja, vencendo todos os obstáculos e os assaltos dos nossos inimigos.
919) Que é a Ciência? A Ciência é um Dom pelo qual julgamos retamente as coisas criadas e conhecemos o modo de [fazer bom uso] delas e de as dirigir ao último fim, que é Deus.
920) Que é a Piedade? A Piedade é um Dom pelo qual veneramos e amamos a Deus e aos Santos, e conservamos ânimo bondoso e benévolo para com o próximo, por amor de Deus.
921) Que é o Temor [a] Deus? O Temor [a] Deus é um Dom que nos faz reverenciar a Deus, e ter receio de ofender a Sua Divina Majestade, e que nos afasta do mal, incitando-nos ao bem.
CAPÍTULO III
Das Bem-Aventuranças Evangélicas
922) Quantas e quais são as Bem-Aventuranças Evangélicas? As Bem-Aventuranças Evangélicas são oito:
1ª) Bem-aventurados os pobres de espírito [de espírito humilde], porque deles é o Reino do Céu;
2ª) Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra;
3ª) Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados;
4ª) Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados;
5ª) Bem-aventurados os que usam de misericórdia, porque alcançarão misericórdia;
6ª) Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus;
7ª) Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus;
8ª) Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor [à] justiça, porque deles é o Reino do Céu. [Mt 5,3-11]
923) Por que Jesus Cristo nos propôs as Bem-Aventuranças? Jesus Cristo propôs-nos as Bem-aventuranças para nos fazer detestar as máximas do mundo [diretrizes mundanas], e para nos convidar a amar e praticar as máximas do Seu Evangelho.
924) Quem são aqueles que o mundo chama bem-aventurados? O mundo chama bem-aventurados aqueles que desfrutam abundância de riquezas e de honras, que vivem em delícias e que não têm nada que os faça sofrer.
925) Quem são os pobres de espírito [de espírito humilde], que Jesus Cristo chama bem-aventurados? Os pobres de espírito [de espírito humilde], segundo o Evangelho, são aqueles que têm o coração desapegado das riquezas; fazem bom uso delas, se as possuem; não as procuram com solicitude [empenho], se não as têm; e sofrem com resignação a perda delas se lhes são tiradas [ou se nunca tiveram-na].
926) Quem são os mansos? Os mansos são aqueles que tratam o próximo com brandura, e lhe sofrem com paciência os defeitos e as ofensas que dele recebem, sem alteração, ressentimentos ou vingança.
927) Quem são os que choram e, todavia, são chamados bem-aventurados? Os que choram e, todavia, são chamados bem-aventurados são aqueles que sofrem com resignação as tribulações, e que se afligem pelos pecados cometidos, pelos males e pelos escândalos que se vêem no mundo, pela ausência do Céu, e pelo perigo de o perder.
928) Quem são os que têm fome e sede de justiça? Os que têm fome e sede de justiça são aqueles que desejam ardentemente crescer cada vez mais na graça de Deus e na prática das obras boas e virtuosas.
929) Quem são os que usam de misericórdia? Os que usam de misericórdia são aqueles que amam, em Deus e por amor [a] Deus, o seu próximo, se compadecem das suas misérias, assim corporais como espirituais, e procuram socorrê-lo conforme as suas forças e o seu estado [de vida].
930) Quem são os puros de coração? Os puros de coração são aqueles que não têm nenhum afeto ao pecado, sempre se afastam dele, e evitam, sobretudo, toda a espécie de impureza.
931) Quem são os pacíficos? Os pacíficos são aqueles que vivem em paz com o próximo e consigo mesmos, e procuram estabelecer a paz entre aqueles que estão em discórdia.
932) Quem são os que sofrem perseguição por amor [à] justiça? Os que sofrem perseguição por amor [à] justiça são aqueles que suportam com paciência os escárnios, as censuras, as perseguições por causa da Fé e da Lei de Jesus Cristo.
933) Que significam os diversos prêmios prometidos por Jesus Cristo nas Bem-Aventuranças? Os diversos prêmios prometidos por Jesus Cristo nas Bem-Aventuranças significam — todos, sob diversos nomes — a Glória Eterna do Céu.
934) Alcançam-nos as Bem-Aventuranças só a Glória Eterna do Paraíso? As Bem-Aventuranças não nos alcançam só a Glória Eterna do Paraíso; são também meios de tornar nossa vida [mais] feliz, tanto quanto é possível, neste mundo.
935) Recebem já alguma recompensa nesta vida os que seguem as Bem-Aventuranças? Sim! Certamente, os que seguem as Bem-Aventuranças recebem já alguma recompensa nesta vida, porque já gozam de uma paz e de um contentamento íntimos, que são princípios — embora imperfeitos — da Felicidade Eterna.
936) Poderão dizer-se felizes os que seguem as máximas do mundo [diretrizes mundanas]?*5 Não! Os que seguem as máximas do mundo [diretrizes mundanas] não são felizes, porque não têm a verdadeira paz da alma e estão em risco de se condenar.
*5 – OBS.: os ditos mundanos vivem um miserável simulacro de alegria; uma falsa sensação de liberdade; um irreal sentimento de paz; uma enganadora euforia, com a qual costumam, repentinamente, ser fulminados por Deus ao atingirem o limite de seus pecados, e felizes são surpreendidos pela morte, que lhos leva sem demora à eterna geena. (Jó 21,13)
(...)
CAPÍTULO V
Dos pecados e das suas espécies principais
948) Que é o pecado mortal? O pecado mortal é uma transgressão da Lei Divina, pela qual se falta gravemente aos deveres para com Deus, para com o próximo ou para com nós mesmos.
949) Por que se chama mortal? Chama-se mortal porque dá a morte à alma, fazendo-a perder a graça santificante, que é a vida da alma como a alma é a vida do corpo.
950) Que males causa à alma o pecado mortal? O pecado mortal:
1º) Priva a alma da graça e da amizade de Deus;
2º) Fá-la perder o Céu;
3º) Priva-a dos merecimentos adquiridos e torna-a incapaz de adquirir novos;
4º) Torna a alma escrava do demônio;
5º) Fá-la merecer o inferno e também os castigos desta vida.
951) Além da gravidade da matéria, que mais se requer para haver um pecado mortal? Além da gravidade da matéria, para haver um pecado mortal requer-se a plena advertência desta gravidade e a vontade deliberada de cometer o pecado. (São Pio X [1835-1914 d.C.], Catecismo Maior de São Pio X)
CAPÍTULO VI
Dos pecados ou vícios capitais e de outros pecados mais graves
942) Quantas espécies há de pecado? Há duas espécies de pecado: o pecado original e o pecado atual.
943) Que é o pecado original? O pecado original é aquele com o qual todos nascemos — exceto a Santíssima Virgem Maria —, e que contraímos pela desobediência do nosso primeiro pai, Adão.
944) Que males nos causa o pecado de Adão? Os males causados pelo pecado de Adão são: a privação da graça, a perda do Paraíso, a ignorância, a inclinação para o mal, a morte e todas as demais misérias.
945) Como se apaga o pecado original? O pecado original apaga-se com o Santo Batismo.
946) Que é o pecado atual? O pecado atual é aquele que o Homem, chegado ao uso da razão, comete por sua livre vontade.
947) Quantas espécies há de pecado atual? Há duas espécies de pecado atual: o mortal e o venial.
948) Que é o pecado mortal? O pecado mortal é uma transgressão da Lei Divina, pela qual se falta gravemente aos deveres para com Deus, para com o próximo, ou para com nós mesmos.
949) Por que se chama mortal? Chama-se mortal porque dá a morte à alma, fazendo-a perder a graça santificante, que é a vida da alma, como a alma é a vida do corpo.
950) Que males causa à alma o pecado mortal? O pecado mortal:
1º) Priva a alma da graça e da amizade de Deus;
2º) Fá-la perder o Céu;
3º) Priva-a dos merecimentos adquiridos e torna-a incapaz de adquirir novos;
4º) Torna a alma escrava do demônio;
5º) Fá-la merecer o Inferno e também os castigos desta vida.
951) Além da gravidade da matéria, que mais se requer para haver um pecado mortal? Além da gravidade da matéria, para haver um pecado mortal requer-se a plena advertência desta gravidade e a vontade deliberada de cometer o pecado.
952) Que é o pecado venial? O pecado venial é uma leve transgressão da Lei Divina, pela qual se falta levemente a algum dever para com Deus, para com o próximo, ou para com nós mesmos.
953) Por que se chama venial? Porque é leve, em comparação com o pecado mortal; porque não nos faz perder a graça divina; e porque Deus facilmente o perdoa [desde que haja arrependimento por parte do pecador e sua busca pelo perdão de Deus].
954) Então, não se deve fazer grande caso do pecado venial? Isto seria um erro enorme, porque o pecado venial contém sempre uma ofensa a Deus, e causa prejuízos não pequenos à alma.
955) Que prejuízos causa o pecado venial? O pecado venial:
1º) Enfraquece e esfria em nós a caridade;
2º) Dispõe-nos para o pecado mortal;
3º) Faz-nos merecedores de grandes penas temporais, neste mundo ou no outro.
CAPÍTULO VI
Dos pecados ou vícios capitais e de outros pecados mais graves
956) Que é o vício? O vício é uma disposição má da alma, que a leva a fugir do bem e a fazer o mal, causado pela frequente repetição dos atos maus.
957) Que diferença há entre pecado e vício? Entre pecado e vício há esta diferença: que o pecado é um ato que passa, enquanto o vício é o mau hábito contraído [por] cair em algum pecado.
958) Quais são os vícios que se chamam capitais? Os vícios que se chamam capitais são sete:
1º) Soberba;
2º) Avareza;
3º) Luxúria;
4º) Ira;
5º) Gula;
6º) Inveja;
7º) Preguiça.
959) Como se vencem os vícios ou pecados capitais? Os vícios ou pecados capitais vencem-se com a prática das virtudes opostas. Assim:
1) A soberba vence-se com a humildade;
2) A avareza, com a liberalidade [desapego/generosidade];
3) A luxúria, com a castidade [pureza/modéstia];
4) A ira, com a paciência [resiliência];
5) A gula, com a temperança [moderação];
6) A inveja, com a caridade [amor/piedade/solicitude];
7) A preguiça, com a diligência e fervor no serviço de Deus [disciplina/proatividade/comprometimento/responsabilidade].
960) Por que se chamam capitais estes vícios? Chamam-se capitais estes vícios, porque são a fonte e a causa de muitos outros vícios e pecados. [A palavra capital, nesse sentido, é concernente à ‘fundamental’, ‘principal’, ‘cabeça’.]
961) Quantos são os pecados contra o Espírito Santo? Os pecados contra o Espírito Santo são seis:
1º) [Desesperar-se acerca] da salvação;
2º) Presunção de se salvar sem merecimentos;
3º) Combater a Verdade Conhecida [Verdades de Fé/Santa Doutrina];
4º) Ter inveja das graças que Deus dá a outrem;
5º) Obstinar-se no pecado;
6º) Morrer na impenitência final [sem arrependimento pelos pecados cometidos e recusa em pedir perdão a Deus pelos erros cometidos].
962) Por que se chamam estes pecados particularmente pecados contra o Espírito Santo?*6 Chamam-se estes pecados particularmente pecados contra o Espírito Santo porque se cometem por pura malícia [de modo doloso/consciente], o que é contrário à bondade que se atribui ao Espírito Santo.
*6 - OBS.: “(...) em verdade vos digo: ‘todos os pecados serão perdoados aos filhos dos Homens, mesmo as suas blasfêmias; mas todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá perdão, mas será culpado de um pecado eterno.'— O pecado contra o Espírito Santo é o do endurecimento do coração; fechamento da alma à misericórdia da Santíssima Trindade e descrença de seu perdão, da superioridade de sua clemência perante o pecado e, portanto, recusa em buscar-Lhe esse auxílio.
*6 - OBS.: 'de tantos modos se considera irremissível o pecado contra o Espírito Santo, quantas as acepções em que pode ser tomado. Assim, se considerarmos como pecado contra o Espírito Santo a impenitência final, então é irremissível, porque não pode de nenhum modo ser perdoado. Pois, o pecado mortal em que o homem persevera até a morte, não sendo perdoado nesta vida, pela penitência, não o será também na futura. (...) Não que não possa de nenhum modo ser perdoado, mas, porque, por natureza, não merece o perdão. E isto de dois modos. – Primeiro, quanto à pena. Pois, quem peca por ignorância ou fraqueza merece menor pena que quem peca por pura malícia, que não tem nenhuma desculpa por onde se lhe minore a pena. Semelhantemente, quem blasfema contra o Filho do Homem, cuja divindade não reconhece, pode merecer uma certa desculpa, por causa da fraqueza da carne, que nele via. E, por isso, merece pena menor que quem blasfema contra a divindade mesma, atribuindo ao diabo as obras do Espírito Santo; pois esse nenhuma desculpa tem para que lhe seja minorada a pena. Por isso, se diz, segundo a exposição de Crisóstomo, que aos judeus não se lhes perdoou esse pecado, nem nesta vida nem na outra. Pois, nesta, sofreram, por ele, a pena que lhes infligiram os romanos; e na futura, a pena do inferno. (...) De outro modo, podemos entender que esse pecado não merece perdão, por causa da culpa. Pois dizemos que uma doença é incurável, por natureza quando exclui tudo o que poderia curá-la; por exemplo, quando priva da virtude da natureza ou produz a repulsa do alimento e do remédio... (...) Assim, também considera-se irremissível, por natureza, o pecado contra o Espírito Santo, por excluir os meios que levam à remissão dos pecados. (...) Pelo livre arbítrio somos, nesta vida, sempre convertíveis; contudo, às vezes rejeitamos, na medida em que nos é possível, os meios que poderiam converter-nos ao bem. Por onde, a esta luz, o pecado é irremissível, embora Deus possa perdoá-lo.'" (Santo Tomás de Aquino [1225 d.C. - 1274 d.C.], Suma Teológica, Prima Pars, Questão 14, Artigo 3.)
963) Quais são os pecados que bradam ao Céu e pedem vingança a Deus? Os pecados que bradam ao Céu e pedem vingança a Deus são quatro:
1º) Homicídio voluntário;
2º) Pecado impuro contra a natureza*7 [violação da castidade];
3º) Opressão dos pobres, principalmente órfãos e viúvas;
4º) Não pagar o salário a quem trabalha.
964) Por que se diz que estes pecados pedem vingança a Deus? Diz-se que estes pecados pedem vingança a Deus, porque o diz o Espírito Santo, e porque a sua malícia é tão grave e manifesta que provoca o mesmo Deus a puni-los com os mais severos castigos.
*7 – OBS.: “há sempre uma espécie determinada de luxúria onde houver uma razão especial de deformidades que torne o ato sexual indecente. Isso pode ocorrer de dois modos: primeiro, quando choca com a reta razão, como é o caso de todos os vícios de luxúria; depois, quando, além disso, se opõe à própria ordem natural do ato sexual próprio da espécie humana, o que constitui o chamado vício contra a natureza. Isso pode se dar de muitas formas. Primeiramente, se se procura a ejaculação, sem conjunção carnal, só pelo prazer sexual, o que constitui o pecado da impureza, que outros chamam de masturbação. Em segundo lugar, se se realiza o coito com um ser que não é da espécie humana, e se chama de bestialidade. Em terceiro lugar, se se mantém relação com o sexo indevido, por exemplo, homem com homem, ou mulher com mulher, como lembra o Apóstolo, e se chama sodomia. Em quarto lugar, quando não se respeita o jeito natural da cópula, seja utilizando um instrumento não devido, seja empregando outras formas monstruosas e bestiais de relacionamento carnal.” (Santo Tomás de Aquino [1225-1274 d.C.], Suma Teológica, Pars Prima Secundae, Questão 154, Artigo 11.)
CAPÍTULO VII
Dos Novíssimos e de outros meios principais para evitar o pecado
965) Que se entende por Novíssimos? Novíssimos são chamados, nos Livros Santos, as últimas coisas que hão de acontecer ao homem.
966) Quantos são os Novíssimos? Os Novíssimos, ou últimas coisas do homem, são quatro:
1) Morte;
2) Juízo;
3) Inferno;
4) Paraíso.
967) Por que é que esses Novíssimos se chamam últimas coisas que acontecerão ao Homem?*8 Os Novíssimos chamam-se últimas coisas que acontecerão ao homem, porque a Morte é a última coisa que nos acontece neste mundo; o Juízo de Deus é o último entre os juízos que temos a passar; o Inferno é último mal que hão de sofrer os maus; e o Paraíso é sumo bem que hão de receber os bons.
*8 – OBS.: trata-se do Juízo Privado/Individual, que põe a alma do indivíduo morto perante o Justo Juiz, assim que o corpo o qual animara morre. Então ela é julgada e enviada ao devido lugar (Céu, Purgatório, Limbo, Inferno), segundo seu merecimento, à espera da ressurreição dos corpos, na Parusia (última vinda de Cristo ao mundo, para o Julgamento Final). As almas boas, já no Paraíso ou no Purgatório — nesse último, em iminência da Visão Beatífica —, após o Juízo Final e a Ressurreição dos Corpos, unir-se-ão novamente aos seus respectivos receptáculos físicos, os quais outrora animaram e, agora, em um estado imaculado, maravilhosamente belo e resplandecente.
968) Quando devemos pensar nos Novíssimos? É bom pensar nos Novíssimos todos os dias, e, principalmente, ao fazer a oração da manhã, apenas acordados, à noite, antes do deitar, e todas as vezes que somos tentados a fazer algum mal, porque esse pensamento é eficacíssimo para nos fazer evitar o pecado.” (Papa São Pio X [1835 d.C. - 1914 d.C.]. Catecismo Maior de São Pio X)
A partir das Verdades de Fé supracitadas será, doravante, mais fácil compreender as trevas na qual era envolta a existência de Francisco Cândido Xavier, bem como suas fúnebres publicações.
Abaixo, em sua obra "Emmanuel" — a qual assevera ele ser fruto das revelações de um espírito homônimo, que nada mais é que um diabo — Chico Xavier, de modo torpe, profere infundados e abjetos ataques à Santa Igreja Católica, os quais evidenciam, de modo sobressalente, seu parco conhecimento acerca de Teologia, História e Doutrina Católica, para além do pútrido estado de sua alma, em decorrência de seus inúmeros pecados mortais e constante contato/consulta com demônios, por meio da necromancia.
Acerca do Sacramento da Confissão, escrevera o infernal e desnorteado Xavier:
"Padre católico que fui, na minha última romagem terrena, sinto-me à vontade para falar com imparcialidade sincera. (...) Todas as doutrinas religiosas têm a sua razão de ser no seio das coletividades, onde foram chamadas a desempenhar a missão de paz e de concórdia humana. Todos os seus males provém justamente dos abusos do Homem, em amoldá-las ao abismo de suas materialidades habituais; e, de fato, constitui um desses abusos a instituição da Confissão auricular, pela Igreja Católica. (...) A Confissão auricular constitui uma aberração, dentro do amontoado das Doutrinas desvirtuadas do romanismo. E é justamente a mulher, pelo espírito sensível de religiosidade que caracteriza, a maior vítima do confessionário. Infelizmente, toda a série de absurdos do inqualificável Sacramento da Penitência é oriunda dos superiores eclesiásticos, dos teólogos e falsos moralistas da Igreja que, perversamente, criaram os longos e indiscretos interrogatórios, aos quais terá a mulher de submeter-se passivamente, diante de um Homem solteiro, estranho, que ela, inúmeras vezes, nem conhece. Os Padres, geralmente, em virtude do seu desconhecimento dos sagrados deveres da paternidade, não a vão interpelar no tocante ás obrigações austeras do governo da casa; ferem exatamente os problemas mais íntimos e mais delicados da vida do casal, violando o sagrado respeito das questões do lar, dando pasto aos pensamentos mais injustificáveis e, às vezes, repugnantes. E o véu de modéstia e de beleza que Deus concedeu à mulher, para que ela pudesse mergulhar qual lírio de espiritualidade nos pântanos deste mundo, é arrancado justamente por esse homem que se inculca Ministro das luzes celestes. Muitas vezes, é no confessionário que começa o calvário social da mulher. Dolorosos e pesados tributos são cobrados das católicas romanas, que, confiadas em Deus, se lançam aos pés de um homem cheio das mesmas fraquezas dos outros mortais, na enganosa suposição de que o Sacerdote é a imagem da divindade do Senhor. Não podeis calcular as imensidade de crimes perpetrados à sombra dos confessionários penumbrosos, onde almas aflitas e fervorosas buscam consolação e conforto espiritual. O que se faz necessário em vossos dias é a reforma de semelhantes costumes. (...) Por isso, nós, que já trazemos o coração trabalhado nas mais penosas experiências, podemos declarar, diante da nossa consciência e diante de Deus que nos ouve, que nenhum bem pode prodigalizar a Confissão auricular ao espírito, sendo um costume eminentemente nocivo, com seus característicos de depravação moral, merecendo, portanto, toda a atenção da sociologia moderna. Confessai-vos uns aos outros, buscando de preferência aqueles a quem ofendestes e, quando a vossa imperfeição não vô-lo permita, procurai ouvir a voz de Deus, na voz da vossa própria consciência." (Francisco Cândido Xavier [vulgo Chico Xavier]. Livro: Emmanuel. 22ª edição. Rio de Janeiro-BRA. Ano: 1938 d.C. Federação Espírita Brasileira. Págs. 24-25.)
O maldito e contumaz inimigo de Deus inicia sua alocução afirmando ter sido um Sacerdote Católico "em sua existência anterior". Portanto, inicialmente, já se observa dois gravíssimos erros: a falsa doutrina da reencarnação; e, ademais, sua audácia em citar o divino ofício do Sacerdócio em suas falácias, a fim de predicar mais veracidade aos seus engodos — típico ato dos que servem o pai da mentira.
Em seguida, o embusteiro do espiritismo brasileiro investe contra o Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência) e faz, para tanto, uso de ideologias feministas, ratificando o quão rasas são suas tentativas de aprofundamento em filosofia, sobretudo quando embebe seus discursos nos venenos do renascentismo pagão, do liberalismo oriundo da malévola e genocida Revolução Francesa, e do socialismo do ignóbil Marx.
Ao fim de sua alocução, seu espírito revolucionário, amotinador, modernista e liberal, para além de todos os absurdos aos quais conduzira o desnorteado necromante, miseravelmente, ainda lhe envereda à vil atitude de sugerir mudanças na Santa e imutável Doutrina Católica, quanto aos Seus Sacramentos.
Sabe ele sequer o que significa Sacramento? Entende ele o que quer dizer Indulgência? Porquanto, se sim, como, incoerentemente, atribui às mãos humanas algo engendrado por Deus?
É mister ressaltar: não é possível lucrar indulgência e usá-la em favor de quem está vivo, senão somente — e tão somente — para si ou direcioná-la a uma santa alma do Purgatório.
Em suma: a absolvição sacramental livra do inferno e a indulgência livra do Purgatório — ou ao menos atenua os suplícios e o tempo de estadia nesse lugar de indizíveis tormentos, cujo maior é não desfrutar da visão beatífica: "'digo-te: não sairás dali até pagares o último centavo.'” (Lc 12,59)
As indulgências, tanto plenárias quanto parciais, podem ser alcançadas mediante alguns piedosos atos e pré-requisitos, estipulados pela Santa Igreja, por inspiração do Paráclito.
Quanto às plenárias, basicamente, há três ações que o fiel deve concretizar para alcançá-las (somadas às respectivas obras que a propiciam), sem as quais não é possível obtê-las: Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência), Santíssima Comunhão, e oração pelo Sumo Pontífice.
Necessário se faz tal resumitiva explanação acerca de tão caro tema, a fim de que se compreenda melhor a realidade do Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência), bem como das Indulgências. — Daí ser fortemente recomendado que todo católico acesse o Manual de Indulgências da Santa Igreja.
Chico Xavier desconhecia tudo isso, ou, conhecendo-o, não cria e ignorava, pois o que crê e submete-se à verdade não age com tal malícia e insensatez, a ponto de fazer-lhe guerra — e se o faz por dolo, receberá a paga das mãos do Justo Juiz por sua insolência e destempero.
† † †
Francisco Cândido Xavier, nessa mesma detestável obra, "Emmanuel", acusa a Santa Igreja de ir para a América do Sul após ser rechaçada pelo Continente Europeu e suas seitas recém-surgidas.
Ora! Esse homem, para além da audácia de dignar-se a escrever ataques contra a Fé Católica, não obstante seu total desconhecimento nos âmbitos da Teologia e Filosofia, ainda ousa tratar de História, vexatoriamente.
Ignora ele que a Santa Igreja foi quem mudou, moldou, influenciou e melhorou as duas grandes culturas do mundo, a grega e a romana: na Grécia, aprimorando a Filosofia; no Império Romano, aperfeiçoando o Direito.
E mais: a música clássica nasceu do Canto Gregoriano, criado pelo Papa São Gregório Magno (540 d.C. - 604 d.C.). Daí todos os movimentos musicais clássicos — mesmo os mais rebeldes, que optaram por afastar-se das virtuosas influências católicas — deverem muito à Santa Igreja. E, dos que se macularam com as mazelas do século, se ainda guardam algum esplendor em sua estrutura, esse certamente é caudatário daquela fonte primeva e clerical dos primórdios do medievo.
A arquitetura teve seu apogeu com a influência católica, na Idade Média, sobretudo com o Movimento Gótico (Radiante e Flamejante), para além do Movimento Bizantino e do Movimento Românico.
Os turistas que viajam ao Velho Continente, esses visitam e registram imagens dos horrendos prédios de vidro e aço contorcidos, das grandes metrópoles? Absolutamente não! Seu destino são as Antigas igrejas e catedrais, castelos, palácios, casas e diversas construções de arquitetura antiga e milenar, de influência católica, ignorando esse emaranhado de concreto e aço modernista que poluem as cidades, nos últimos tempos.
E se existem universidades, hoje, é graças à Santa Igreja Católica, que sempre apoiou o conhecimento, a genuína Ciência, a especialização no saber, e pela primeira vez no mundo abriu ao povo essa porta, reunindo em um só centro acadêmico diversas disciplinas, ministradas por grandes mestres (todos monges e Sacerdotes). — A primeira universidade da História é a de Bolonha-ESP, com início das atividades ainda nos anos mil depois de Cristo (Séc. XI d.C.).
Grande parte dos maiores gênios acadêmicos do mundo eram católicos. E isso é lógico, já que a verdadeira Ciência leva a Deus, feitor de todas a leis naturais que regem a vida biológica terrena.
Os hospitais públicos ocidentais, tal qual se conhece nos moldes atuais, devem sua existência à Santa Igreja Católica. Antes, o mais próximo disso eram as improvisadas enfermarias de guerra.
Só a Ordem Beneditina, na Idade Média, erigiu mais de 2000 hospitais.
Estudos recentes têm enfatizado a considerável influência de cientistas escolásticos às Ciências Econômicas.
E não são poucos os Clérigos que contribuíram consideravelmente para a Ciência (além dos incontáveis católicos leigos), em seus inúmeros campos e nos mais diversos países:
• São Jerônimo (ca. 347 d.C. - 420 d.C.): Padre palestino, Doutor da Igreja, teólogo, historiador, confessor e poliglota, tradutor de todos os originais da Bíblia (hebraico, grego e latim). É dele a mais fidedigna e utilizada tradução das Sagradas Escrituras, a Vulgata;
• Papa São Silvestre II (ca. 945 d.C. - 1003 d.C.): Padre francês, Bispo das cidades francesas de Reims e Ravena, matemático e um dos primeiros divulgadores dos numerais indo-arábicos na Europa;
• Guido d’Arezzo (992 d.C. - 1050 d.C.): monge italiano e um dos responsáveis pelo sistema de notação musical moderna. É, também, o criador do tetragrama e quem batizou as notas musicais (a partir das primeiras sílabas de um hino em latim a São João Batista);
• Roberto Grosseteste (1168 d.C. - 1253 d.C.): Padre inglês, filósofo escolástico, teólogo, cientista e Bispo de Lincoln-ING. "Grosseteste" não é sobrenome, mas a alcunha que lhe impuseram (Grosse = grande + teste = cabeça), por seu notável e amplo saber — intelecto considerado dos mais densos de seu tempo. Escrevera tratados nos campos da Física e das Ciências Naturais. Contribuíra, sobretudo, às áreas da Teologia, acústica, ótica, geometria e astronomia. — É dele a primeira tradução para o latim da obra pioneira de Alhazen (Iraque, 965 d.C. - 1039 d.C.), o "Livro de Ótica". Alhazen foi um dos grandes nomes da astronomia, após Ptolomeu;
• Santo Alberto Magno (1193 d.C. - 1280 d.C.): Sacerdote dominicano alemão, Bispo e Doutor da Igreja. Era filósofo, matemático, biólogo e químico. Descobriu a substância arsênio;
• Prokop Divis: (1698 d.C. - 1765 d.C.): Cônego praemostratense regular tcheco, teólogo e especialista em Ciências Naturais, criador do Pára-Raios.
• James Bernard Macelwane (1883 d.C. – 1956 d.C.): Sacerdote estadunidense, considerado um dos "pais da sismologia" e também o mais eminente sismólogo entre os jesuítas. Subscrevera a primeira obra de sismologia do Continente Americano;
• Jean-Baptiste Carnoy (1836 d.C. - 1899 d.C.): Padre belga, Doutor em Ciências Naturais e criador da citologia (na biologia, o estudo das células). É de sua autoria a conhecida e importantíssima fórmula da medicina chamada “solução de Carnoy”;
• Bonaventura Thürlemann (1909 d.C. – 1997 d.C.): Sacerdote beneditino suíço, professor de matemática e física do Mosteiro de Engelberg e criador dos medidores eletromagnéticos de fluxo (Método Elétrico para a Medição da Velocidade em Líquidos).
Os jesuítas, por exemplo, foram grandes luzeiros na Idade Média, tanto no âmbito espiritual quanto científico: formados nas melhores universidades do mundo, poliglotas, profundos sabedores de História, Filosofia, Teologia, Aritmética, Geografia, Astronomia e afins.
Eram Sacerdotes missionários, profundamente ascéticos, considerados verdadeiros centros acadêmicos itinerantes cada um desses santos homens. — Não à tôa, um dos grandes jesuítas de seu tempo, São José de Anchieta, é chamado de "O Apóstolo do Brasil".
Ao chegar na Terra de Santa Cruz, não obstante os selvagens canibais que o espreitavam, aprendeu o tupi-guarani e criou a primeira gramática desse idioma (em apenas seis meses: um evidente milagre), para ensinar aos indígenas o latim e o português.
Em pouquíssimo tempo era incontável o número de convertidos, que deixavam a carne humana para tomarem parte do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tinham aulas de alfabetização, artes, música, catequese... E os europeus que depois chegavam não continham o espanto defronte ao canto gregoriano que se ouvia, cantado por povos que, há pouco, eram bárbaros pagãos e agora participavam da Santa Missa Tridentina.
Operou incontáveis milagres, alfabetizou, converteu, civilizou e transformou o Sudeste brasileiro, sendo São Paulo oriunda de uma escola jesuíta fundada justamente por São José de Anchieta, similarmente ao que fez São Francisco Xavier, o "Apóstolo das Índias", tanto em território indiano quanto na África, Japão e China.
O catolicismo onde chega faz florir. É como a chuva que, mesmo em solo desértico, basta um pouco e logo se vê árvores e bons frutos.
Quando caíra o Império Romano, por suas próprias iniquidades, diversas nações da Europa foram massacradas pelas invasões bárbaras. Quem as deteve? Quem catequisou os espoliadores homicidas? Quem administrou os os países abandonados por seus monarcas fugidos? Quem sustentou o Ocidente no colo, como uma piedosa e destemida mãe? Foi a Santa Igreja Católica! E se hoje os tempos são difíceis, se não fosse Ela o Ocidente e o mundo estariam, hoje, completamente acabados.
Não obstante todas essas incomensuráveis e incontestes provas da condução da Santa Igreja Católica pelo Deus Trino, todos esses indizíveis milagres, as graças extraordinárias, os prodígios, os feitos históricos humanamente impossíveis, de repente surge um homem que conversa com demônios e toma a péssima resolução de atacar e desmerecer o catolicismo, caluniando, difamando, injuriando e proferindo toda sorte de covardes ataques: é Francisco Cândido Xavier e sua debalde obra de apologia ao ocultismo espírita e dissuasão da Verdadeira Fé.
† † †
No insalubre livro "Emmanuel", Chico Xavier teve a mentecapta soberba de escrever:
"A grande usurpadora: vivendo à custa da economia dos que trabalham, a Igreja Romana é a atual usurpadora de grande percentagem do esforço penoso das coletividades. Sem dúvida, a sua influência no passado beneficiou a civilização, muito embora tenha sido essa influência saturada de movimentos condenáveis, à sombra do nome de Deus e em nome do Evangelho. As Guerras Santas, a Inquisição, as renovações religiosas dos séculos pretéritos apoiam a nossa assertiva. As obras beneficentes da Igreja estão ainda cheias de sangue dos mártires. Quase todos os bens que o Vaticano conseguiu trazer à civilização nascente fizeram-se acompanhar de terríveis acontecimentos." (Francisco Cândido Xavier [vulgo Chico Xavier]. Livro: Emmanuel. 22ª edição. Rio de Janeiro-BRA. Ano: 1938 d.C. Federação Espírita Brasileira. Pág. 26.)
Maldita é a criatura cuja boca maldiz seu Criador e investe sua existência em fazer-Lhe guerra (Is 45)!
Assim ensina a Santíssima Trindade, por meio de Suas Sagradas Palavras:
"Sim, Deus parte a cabeça de Seus inimigos, o crânio hirsuto do que persiste em seus pecados." (Sl 67,22)
"Senhor, estupendas são as Vossas obras! E quão profundos os Vossos desígnios! Não compreende estas coisas o insensato, nem as percebe o néscio. Ainda que floresçam os ímpios como a relva, e floresçam os que praticam a maldade, eles estão à perda eterna destinados. Vós, porém, Senhor, sois o Altíssimo por toda a eternidade. Eis que Vossos inimigos, Senhor, Vossos inimigos hão de perecer. Serão dispersados todos os artesãos do mal." (Sl 91,6-10)
"Tratai de compreender, ó, gente estulta! Insensatos, quando cobrareis juízo? Pois não ouvirá quem fez o ouvido? O que formou o olho não verá? Aquele que dá lições aos povos não há de punir, ele que ensina ao Homem o saber? O Senhor conhece os pensamentos dos Homens e sabe que são vãos." (Sl 93,8-11)
"Por isso, eis o que diz o Senhor, Deus dos exércitos, o Poderoso de Israel: “Ah! Eu tirarei satisfação de meus adversários, e me vingarei de meus inimigos." (Is 1,24)
"Oráculo sobre Nínive. Livro da visão de Naum de Elcós. O Senhor é um Deus zeloso e vingador. O Senhor é um vingador irascível. O Senhor toma vingança de seus adversários e trata com rigor os seus inimigos. O Senhor é paciente e grande em poder. Não deixa impune o culpado. O Senhor caminha em meio à tempestade e sobre o vento impetuoso. As nuvens são a poeira de Seus pés. Ele ameaça o mar e torna-o seco; e esgota todos os regatos. O Basã e o Carmelo fenecem; as flores do Líbano murcham; as montanhas vacilam diante Dele; desaparecem as colinas; a Terra, o mundo e todos os seus habitantes agitam-se diante Dele. Quem poderia enfrentar Sua cólera? Quem poderia resistir ao ardor de Sua ira? Seu furor derrama-se como um fogo. Seu aspecto basta para destruir rochedos. O Senhor é bom. É um refúgio na tribulação. Conhece os que Nele confiam. Como um temporal violento, Ele destruirá este lugar, e, mesmo nas trevas, acossará Seus inimigos. Que tramais contra o Senhor? Ele vai consumar a ruína. Esse desastre não se produzirá duas vezes, porque, entrelaçados como espinheiros, ébrios do seu vinho, serão consumidos como a palha seca. De ti saiu o maquinador do mal contra o Senhor; o tramador de maus desígnios. Eis o que diz o Senhor: 'por mais fortes e numerosos que sejam, nem por isso serão menos ceifados, sem apelação. Eu te afligi, mas não te afligirei mais. Vou agora quebrar o jugo que pesava sobre ti, e romper tuas cadeias.' Quanto a ti, eis o que ordenou o Senhor: descendência alguma levará teu nome. Farei desaparecer do templo de teus deuses as imagens esculpidas e as imagens fundidas. Vou preparar teu sepulcro, porque és pouca coisa." (Na 1)
"Jesus respondeu: 'o que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do maligno. O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os Anjos. E assim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo, assim será no fim do mundo. O Filho do Homem enviará Seus Anjos, que retirarão de Seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal, e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Então, no Reino de Seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele que tem ouvidos, ouça. O Reino dos Céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo. O Reino dos Céus é, ainda, semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra. O Reino dos Céus é semelhante, ainda, a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta. Assim será no fim do mundo: os Anjos virão separar os maus do meio dos justos e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes.'" (Mt 13,37-50)
"'Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará.'" (Jo 15,1)
"Depois de termos recebido e conhecido a verdade, se a abandonarmos voluntariamente, já não haverá sacrifício para expiar este pecado. 27.Só teremos que esperar um juízo tremendo e o fogo ardente que há de devorar os rebeldes." (Hb 10,26-27)
Francisco Cândido Xavier, a julgar pela má vida que levara até sua morte, bem como por seus hediondos escritos, não assentira aos Mandamentos do Altíssimo e, tal qual lúcifer (a quem servira), bradara contra Deus o grito de "non serviam!".
Daí seu ódio à Santa Igreja, que é o mesmo que odiar a Cristo, pois é Ela Seu corpo místico, do qual Jesus é a cabeça e os Sacerdotes e fiéis os membros, como ensina-nos São Paulo em 1Cor 12,12-14; Rm 12,4-5; Ef 3,6; Ef 5,22-23; e Cl 1,18-24.
E esse inimigo de Nosso Senhor acusou, ousadamente, Igreja Católica de "grande usurpadora". Todavia, o acusador não apresentara nenhuma prova que pudesse corroborar suas acusações. Ao contrário, levianamente atirara ao vento seus sofismas, confundindo as mentes incautas, seguindo sua jornada de perdição das almas, a começar pela sua, que ignorara palavras como essa, abaixo:
"Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um." (At 2,44-45)
"Pedro e João subiam (um dia) ao templo para a oração da hora nona. Era para ali trazido um certo homem, coxo de nascimento, o qual punham todos os dias à porta do templo, chamada a Formosa, para pedir esmola aos que entravam no templo. Este, quando viu Pedro e João, que iam a entrar no templo, pedia que lhe dessem esmola. Pedro, pondo nele os olhos, juntamente com João, disse: 'olha para nós.' Ele os olhava com atenção, esperando receber deles alguma coisa. Mas Pedro disse: 'não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo de Nazaré, levanta-te e anda.' E, tomando-o pela mão direita, o levantou. Imediatamente, se lhe consolidaram os pés e os tornozelos. E, dando um salto, pôs-se em pé e andava. Depois, entrou com eles no templo, andando, saltando e louvando a Deus." (At 3,1-8)
"Um certo homem chamado Ananias, de comum acordo com sua mulher Safira, vendeu um campo e, combinando com ela, reteve uma parte da quantia da venda. Levando apenas a outra parte, depositou-a aos pés dos Apóstolos. Pedro, porém, disse: 'Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? Acaso não o podias conservar sem vendê-lo? E, depois de vendido, não podias livremente dispor dessa quantia? Por que imaginaste isso em teu coração? Não foi aos Homens que mentiste, mas a Deus.' Ao ouvir estas palavras, Ananias caiu morto. Apoderou-se grande terror de todos os que o ouviram. Uns moços retiraram-no dali, levaram-no para fora e o enterraram. Depois de umas três horas, entrou também sua mulher, nada sabendo do ocorrido. Pedro perguntou-lhe: 'dize-me, mulher, foi por tanto que vendestes o vosso campo?' Respondeu ela: 'sim, por esse preço.' Replicou Pedro: 'por que combinastes para pôr à prova o Espírito do Senhor? Estão ali, à porta, os pés daqueles que sepultaram teu marido. Hão de levar-te também a ti.' Imediatamente, caiu aos seus pés e expirou. Entrando aqueles moços, acharam-na morta. Levaram-na para fora e a enterraram junto do seu marido. Sobreveio grande pavor a toda a comunidade e a todos os que ouviram falar desse acontecimento. Enquanto isso, realizavam-se entre o povo, pelas mãos dos Apóstolos, muitos milagres e prodígios." (At 5,1-12)
E ignorara, Chico Xavier, não apenas as Sagradas Escrituras, mas também História. E, a deduzir por seus escritos, não sabia ele que a Santa Igreja, quando fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, era paupérrima de bens materiais e tudo o que tinha era a fé e o zelo em preservar a Santa Doutrina ensinada pelo Messias recém-crucificado e ressurreto.
O catolicismo fora perseguido pelos judeus e romanos em seus primeiros quatro séculos e somente depois do Império Romano se ter convertido à verdadeira Fé e instituído-Lha como a Religião oficial é que pôde Ela ter templos públicos.
Antes disso, as Santas Missas eram rezadas nos subterrâneos, nas catacumbas dos Santos Mártires, nos arredores de Roma — sepulcros esses os quais serviam de altar-mor, enquanto guarneciam as sagradas relíquias de seus respectivos Santos sepultados, sobre os quais, muitas vezes, além do Corpo e Sangue de Cristo, era posto o dos próprios católicos ali presentes, surpreendidos pelos soldados romanos e, um a um, cruelmente martirizados.
Só a partir do ano 313 d.C., por meio do Edito de Milão, promulgado pelo Imperador Constantino, foi terminantemente proibida qualquer perseguição à Fé Católica. Contudo, apenas em 384 d.C. o catolicismo tornara-se a Religião oficial do Império, através do Edito da Tessalônica, subscrito pelo Imperador Teodósio I.
Depois disso é que a Santa Igreja passou a receber, tanto da parte do Imperador quanto de Reis e outros nobres algumas terras e bens que lhe possibilitassem a construção dos templos — isso quando eles mesmo não se ofereciam para fazê-lo.
Portanto, deveria saber Chico Xavier (ou, sabendo, agia com malícia) que tudo o que a Mater Ecclesia teve e tem, no que concerne a bens materiais, são advindos de doações, visto que a Santa Igreja nada comercializa e nada lucra com suas atividades.
As espórtulas (taxas obtidas pela ministração de alguns Sacramentos, tais como Batismo, Casamento, etc.) não são obrigatórias e devem ser pagas apenas se os postulantes puderem e quiserem fazê-lo, ficando a cargo de suas consciências. — E, quanto a isso, é mister frisar que o católico tem o dever de ajudar materialmente a Santa Igreja, na medida de suas possibilidades, tendo em vista que o Sacerdócio é materialmente mantido pelas doações dos fiéis.
Chico Xavier faz duras críticas à Santa Igreja, mas não aprofunda-se nos temas que aborda, denotando sua malevolência perniciosa.
O Padre não tem honorários, pois é servo de Deus e o que faz, fá-lo gratuitamente, porque os Sacramentos não são dele, mas foram instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo. São inegociáveis e de valor infinito — preço esse que pagara o Deus Filho com a própria Carne e Sangue, na Cruz, para remissão da grande dívida do Homem (Pecado Original), a fim de que esse, submetendo-se ao Altíssimo, possa ser salvo.
E se Jesus, o instituidor dos Sacramentos, jamais cobrou dinheiro por Eles e para a entrada ao Céu — de valor perene e inestimável, logicamente um Clérigo não o pode ousar fazê-lo, tendo em vista que não é nada além de um servo do Deus Trino, que gratuitamente tudo nos deu, por misericórdia e amor infinitos, incumbindo Seus Ministros de apenas administrar piedosamente o que por Ele foi criado e ofertado a nós, Seus filhos, sem qualquer imposição de cobrança material por tal incomensurável graça.
E assim tem se mantido a Santa Tradição, há mais de dois mil anos. E toda posse que a Santa Igreja teve e tem adveio da doação de Seus filhos — não obstante os inúmeros atentados, saques, furtos e roubos dos quais padecera, pelas mãos de Seus perseguidores, aliados de satanás.
Mencionara Chico Xavier todas essas minúcias? Convenientemente não! Apenas atirou suas pedras, sem nada saber a respeito da casa que estava apedrejando (e se o sabia, fizera-o dolosamente, o que é ainda mais miserável.)
E, quanto à sua torpe colocação sobre o dízimo, que escreve ele de mais detalhado acerca do tema? Convenientemente nada!
O porquê de a Santa Igreja ter riquezas, é óbvio: é com ela que a Santa Sé financia as missões evangelizadoras, a construção de templos, as obras de caridade, os inúmeros hospitais, escolas, universidades e institutos, todos de acesso gratuito e com altíssimos custos de mantimento, porquanto antes os reinos católicos doavam, mas já há tempos que o Estado, ao contrário, não poupa esforços para dificultar a evangelização da única e verdadeira Fé e Religião.
A Lei da Santa Igreja prevê que o católico deve dar o dízimo segundo o costume de sua região e de acordo com suas capacidades. E, se assim não o fosse, como poderiam se sustentar os Sacerdotes, que gratuitamente trabalham na seara de Deus, a fim de alimentar com a Santa Messe a alma de Seus filhos? E como seriam construídas as igrejas, onde são celebradas as Sacrossantas Eucaristias e demais Sacramentos? E como a Santa Igreja obraria Sua caridade perante Seus mais desvalidos filhos? E como Ela financiaria Suas missões de evangelização? E como a Santa Igreja adornaria Seus templos, já que para Deus se oferta sempre o que há de melhor e mais nobre?
As Sagradas Escrituras respondem a essas questões:
"Jacó fez então este voto: 'se Deus for comigo, se Ele me guardar durante esta viagem que empreendi, e me der pão para comer e roupa para vestir, e me fizer voltar em paz à casa paterna, então o Senhor será o meu Deus. Esta pedra da qual fiz uma estela será uma casa de Deus, e pagarei o dízimo de tudo o que me derdes.'" (Gn 28,20-22)
"Não cometereis pecado algum por causa disso, e não profanareis as santas ofertas dos israelitas, quando tiverdes separado o melhor do dízimo, para que não morrais”. (Nm 18,32)
"'Porás à parte o dízimo de todo fruto de tuas semeaduras; de tudo o que o teu campo produzir cada ano.'" (Dt 14,22)
"Os israelitas e os filhos de Judá que moravam em Judá deram também o dízimo do gado e dos rebanhos bem como o dízimo das coisas santas, consagradas ao Senhor, seu Deus, e fizeram dele montões. (2Cr 31,6)
"'Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e desprezais os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem, contudo, deixar o restante.'" (Mt 23,23)
"Este Melquisedec, Rei de Salém, Sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da derrota dos reis e o abençoou, ao qual Abraão ofereceu o dízimo de todos os seus despojos, é, conforme seu nome indica, primeiramente 'Rei de Justiça' e, depois, 'Rei de Salém', isto é, 'Rei de Paz.' Sem pai, sem mãe, sem genealogia, a sua vida não tem começo nem fim; comparável, sob todos os pontos, ao Filho de Deus, permanece Sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande é aquele a quem até o patriarca Abraão deu o dízimo dos seus mais ricos espólios. Os filhos de Levi, revestidos do Sacerdócio, na qualidade de filhos de Abraão, têm por missão receber o dízimo legal do povo, isto é, de seus irmãos." (Hb 7,1-5)
Reza o Código de Direito Canônico, a respeito das doações dos fiéis:
"§1. Os fiéis têm a obrigação de prover às necessidades de Igreja, de forma que Ela possa dispor do necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade, e para a honesta sustentação dos Seus Ministros. §2. Têm ainda a obrigação de promover a justiça social e, lembrados do preceito do Senhor, de auxiliar os pobres com os seus próprios recursos." (Código de direito Canônico. Cânon 222.)
"A Igreja tem o direito originário de exigir dos fiéis o que é necessário para os seus fins próprios." (Código de direito Canônico. Cânon 222.)
E Santo Tomás de Aquino, o maior entre os Doutores da Igreja, também disserta acerca do dízimo:
“Sob a Lei Antiga [Antigo Testamento] os dízimos eram pagos para o sustento dos Ministros de Deus, donde o dizer a Escritura: levai todos os vossos dízimos ao Meu celeiro e haja mantimento na Minha casa. Por onde, o preceito de pagá-las era, em parte, moral, fundado na razão natural; e, em parte, judicial, haurindo a sua força da instituição divina, pois a razão natural dita ao povo o dever de dar o sustento necessário aos Ministros do Culto Divino, que oram pela salvação dos seus membros, assim como o povo também deve estipêndios [honorários], com que possam sustentar-se, aos chefes, soldados e outros, que zelam pela utilidade comum. Por isso, o Apóstolo [São Paulo], fundado nos costumes humanos, diz: quem jamais vai à guerra à sua custa? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Mas, o direito natural não exige que demos aos Ministros do Culto Divino uma contribuição determinada, o que foi introduzido por instituição divina, de acordo com as condições do povo a quem a Lei foi dada, o qual, estando dividido em doze tribos, a tribo duodécima, que era a Levítica, e toda consagrada aos Ministérios Divinos, não tinha bens. Por isso foi convenientemente instituído que as outras onze dessem aos Levitas a décima parte dos seus proventos, para que eles vivessem decentemente: e nisso já estavam previstas as negligências que haveriam de cometer muitos transgressores de tais disposições [desde o tempo antigo os Sacerdotes viviam de doações; e a Santa Igreja jamais envolveu-Se em comércio e atividades com fins lucrativos]. Por isso, o preceito era judicial, quanto à determinação do dízimo; assim como o eram muitas outras instituições especialmente feitas nesse povo, para conservar a igualdade entre os seus membros, conforme a condição do mesmo. Por isso se chamavam preceitos judiciais, embora, secundariamente, significassem acontecimentos futuros, como o significavam todos os feitos do povo judeu, segundo aquilo do Apóstolo: todas estas causas lhes aconteciam a eles em figura [muitas Leis, costumes e fatos do Antigo Testamento pré-figuram Leis, costumes e fatos instituídos pelo Novo Testamento]. E isso tinham tais preceitos de comum com os cerimoniais, instituídos principalmente para significar fatos futuros. Por isso, também o preceito de pagar os dízimos encerrava alguma significação futura, que se explica a seguir. Quem dá a décima parte, que é um sinal de perfeição, reservando para si as nove outras, confessa, como que por sinal, que é um ser imperfeito, pois o número dez é, de certo modo, um número perfeito, por ser como o primeiro limite dos números, além do qual eles não continuam, mas se repetem a partir da unidade. E, quanto à perfeição, que haveria de se manifestar em Cristo, essa a esperaria de Deus. Mas nem por isso esse preceito é cerimonial, senão judicial, como se disse.
Ora, a diferença entre os preceitos cerimoniais da Lei e os judiciais está, como já dissemos, em ser ilícito observar aqueles na vigência da Lei Nova [Novo Testamento], ao passo que estes, embora não obriguem na vigência dessa Lei, podem, contudo, ser observados sem pecado. E, ao observá-los, certos estão obrigados, se o determinar a autoridade do legislador. Assim, se um legislador estabelecer lei que deva ser obedecido o preceito judicial da Lei Antiga, em virtude do qual quem furtou uma ovelha estava obrigado a restituir quatro ovelhas, os súditos do referido legislador devem observá-lo. Assim também a determinação de solver o dizimo foi instituída pela autoridade da Igreja, na vigência da Lei Nova, por uma certa equidade, isto é, para que o povo, sob a Sua Lei, não desse aos Ministros do Novo Testamento menos do que o da Lei Antiga [dava aos Ministros do Antigo Testamento], embora sejam maiores as obrigações dos súditos da Lei Nova, conforme está no Evangelho: se a vossa justiça não for maior do que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. E porque os Ministros do Novo Testamento têm maior dignidade que os do Antigo, como o prova o Apóstolo, é claro que estamos obrigados à solução dos dízimos, em parte por direito natural e em parte por instituição da Igreja. Mas esta, pesada a oportunidade de tempos e de pessoas, podia mandar pagar outra parte [ou seja, o católico é obrigado a obedecer a determinação da Santa Igreja: se Ela, em dada região, manda pagar uma tal porcentagem, assim se deve proceder. E se, em outro local, estabelece outro percentual, assim deverá ser feito. E se, ainda, em dado lugar, a Hierarquia Clerical aboli o dízimo, que se Lha obedeça, pois cada ponto do mundo possui suas peculiares demandas e a Mater Ecclesia, por condução do Paráclito, administra perfeitamente as conjunturas e instrui às mais santas soluções e nortes.].
O preceito da solução dos dízimos, quanto ao que tem de moral, o Senhor o estabeleceu no Evangelho, quando disse: digno é o trabalhador do seu alimento; e também o Apóstolo. Mas a determinação do que devia ser dado como dízimo foi reservada à determinação da Igreja.
Nos tempos anteriores à Lei Antiga não havia Ministros do culto determinados: mas diz–se que os primogênitos eram os Sacerdotes; que recebiam uma porção dupla. E por isso não havia porção determinada a ser dada aos Ministros do Culto Divino; mas, conforme à ocasião, cada um lhes dava espontaneamente o que lhe parecia. Assim, Abraão, [como que por] inspiração profética, deu o dízimo a Melquisedeque, Sacerdote do Altíssimo; semelhantemente, Jacó fez voto de pagá-lo, embora não o fizesse de pagar a certos e determinados Ministros, mas, ao culto divino, isto é, para a consumação dos sacrifícios; sendo por isso que a Escritura diz sinaladamente: eu te oferecerei o dízimo.
A segunda espécie de dízimos, reservados a serem oferecidos em sacrifício, não mais existem sob a Lei Nova, com o cessar dos sacrifícios [cessaram-se os sacrifícios imperfeitos, com animais, pois Cristo, o perfeito cordeiro, deu-Se como perfeito sacrifício para remissão dos pecados do Homem.]. Mas a terceira espécie, a dos que se deviam comer com os pobres, a Lei Nova os aumentou, por mandar o Senhor darmos aos pobres não só a décima parte, mas todo o supérfluo, como se lê no Evangelho: dai esmola do que é nosso supérfluo. E, também, o dízimo dado aos Ministros da Igreja deve ser dispensado, por meio deles, ao uso dos pobres [isso quer dizer que os Sacerdotes devem administrar santamente o que recebem do povo e, na medida do possível, doar o excesso aos menos validos.].
Os Ministros da Igreja devem ter maior empenho em procurar o bem espiritual do povo do que em levá–lo à busca dos bens temporais. Por isso o Apóstolo não quis usar do poder que o Senhor lhe deu, de receber estipêndios para se sustentar, daqueles a quem pregava o Evangelho, para não opor nenhum obstáculo à propagação do Evangelho de Cristo. Mas nem por isso pecavam os que não lhe vinham em auxílio; do contrário o Apóstolo não teria deixado ele de adverti-los. Do mesmo modo, e louvavelmente, os Ministros da Igreja não exigem os dízimos, onde, por terem caído em desuso ou por outra qualquer causa, não o poderiam fazer sem escândalo. Donde, não se acham em estado de danação os habitantes dos lugares onde não pagam os dízimos, [por ali não lhos] exigir a Igreja — salvo se, com obstinação de espírito, tivessem a intenção de não os pagar, mesmo se lhos exigissem.
De cada coisa devemos julgar pelo seu princípio. Ora, o princípio em que se baseia o pagamento do dizimo é o débito em virtude do qual aos semeadores dos bens espirituais são devidos os temporais, conforme aquilo do Apóstolo: se nós vos semeamos as causas espirituais, é porventura muito se recolhermos as temporalidades que vos pertencem a vós?! E foi nesse débito que a Igreja se fundou para determinar a solução do dízimo. Ora, tudo o que o Homem possui constitui os seus bens temporais. Logo, de tudo o que possuímos devemos pagar o dízimo. [O Sacerdote recebeu de Deus a graça do Sacerdócio, de graça, e de graça a exercita, como lhe é obrigação. Contudo, precisa comer, beber, lavar-se, vestir-se, dormir, comprar os paramentos, sacros objetos litúrgicos e adornos para a igreja, a fim de celebrar dignamente a Santa Eucaristia. Daí a doação dos fiéis. Deus poderia dar tudo, mas prefere deixar que o Homem exercite a caridade e nela progrida.]
Havia uma razão especial para a Lei Antiga não estabelecer como preceito a solução dos dízimos pessoais, conforme a condição do povo judeu. E era que as onze primeiras tribos possuíam terras, com as quais podiam suficientemente prover aos Levitas, que não as tinham; mas não lhe era proibido aos Levitas, como não o era aos outros judeus, auferirem lucros de trabalhos honestos [exceto naquilo que tangiam as questões do Sacerdócio e da Fé. Relembre-se: a Tribo de Levi era a única da qual se podia sair Sacerdotes, o que não quer dizer que todos pertencentes a ela o eram. Daí Santo Tomás asseverar que era lícito a alguns levitas exercerem atividades lucrativas, mas a isso se deve excetuar, obviamente, os Ministros do Culto Divino.]. Mas, sob a Lei Nova, os cristãos se espalhavam por todo o mundo. Ora, muitos, não tendo propriedades e vivendo de negócios, nenhum subsídio dariam aos Ministros de Deus se não pagassem o dizimo desses negócios. E, por outro lado, os Ministros da Lei Nova estão mais estritamente obrigados a não se ingerirem em negócios lucrativos, conforme o diz o Apóstolo: ninguém que milita para Deus se embaraça com negócios do século. Por onde, sob a Lei Nova, estamos obrigados aos dízimos pessoais, conforme aos costumes pátrios e à necessidade dos Ministros. Por isso, diz Agostinho: do que ganhas com o serviço militar, com os negócios e com tua arte paga o dízimo.
Podemos adquirir bens injustamente de dois modos: 1) Primeiro, por ser injusta a aquisição; assim, quando adquirimos pela rapina, pelo furto ou pela usura; e tais coisas temos o dever, não de pagar dízimos sobre elas, mas [de devolver-lhas]. Contudo, o usuário que comprou um campo com dinheiro de usura está obrigado a pagar o dizimo dos frutos dele, porque esses frutos não resultam da usura, mas são dom de Deus. 2) Outras coisas se consideram mal adquiridas, por o serem por um meio torpe, como pelo meretrício, pela profissão de histrião [comediante/bufão/bobo/jogral]... (...) E, portanto, há obrigação de pagar o dizimo delas, ao modo dos outros dízimos pessoais. Contudo, a Igreja não deve recebê-los, enquanto provêm de pessoas vivendo no pecado, para não parecer que pactua com este. Mas, depois que fizerem penitência [os respectivos pecadores, pode a Santa Igreja] receber-lhes o dizimo. [“Zaqueu, entretanto, de pé, diante do Senhor, disse-lhe: ‘Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo.’ Disse-lhe Jesus: ‘hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão.’” (Lc 19,8-9)]
Os meios ordenados para um fim devem ser julgados em conformidade com a conveniência que tiverem com eles. Ora, os dízimos são devidos, não por si mesmos, mas aos Ministros, a cuja honorabilidade não convém que exijam até o mínimo com rigorosa exação [exigência], pois tal é considerado um vício... (...) Por isso a Lei Antiga não determinava que se pagassem dízimos dessas mínimas coisas, mas o deixou ao arbítrio dos que as possuíam, pois o que é mínimo é quase considerado como nada. Por onde, os fariseus, obrigando-se à perfeita justiça da Lei, pagavam o dízimo, mesmo desse mínimo. E por tal não foram repreendidos pelo Senhor, mas por desprezarem os preceitos espirituais, que são maiores bens. (...) O que também parece significar antes uma conveniência que uma obrigação. Por onde, sob a Lei Nova, não estamos obrigados a pagar dízimo dessas pequenas coisas, salvo se o exigirem os costumes pátrios.
Quem foi privado de bens, pelo furto ou pela rapina, não está obrigado a pagar o dízimo dele, antes de os reaver, salvo se sofreu esse dano por culpa ou negligência própria, pois, por isso, a Igreja não deve ser danificada. Se, porém, vender o trigo de que não pagou os dízimos devidos, a Igreja pode exigi-los, tanto do comprador, que detém o que lhe pertence a Ela, como do vendedor, que fez tudo quanto em si estava [ao alcance] para defraudá-La. Mas, desde que um pagou, o outro não está obrigado a fazê-lo. Quanto aos frutos da terra, deve-se pagar os dízimos deles, por serem um dom divino. Portanto, os dízimos não podem ser tributados nem devem servir para pagar o salário dos operários. Logo, antes de pagos, não se devem deduzir deles os impostos nem o salário dos trabalhadores; mas, antes de tudo, devem ser pagos, deduzidos da quantidade integral dos frutos. [Isso quer dizer que os dízimos devem ser pagos a partir do lucro bruto, integral, e não do lucro líquido, já subtraído das despesas.]
Duas coisas devemos considerar a respeito dos dízimos: o direito mesmo de recebê-los, e as coisas dadas como dízimo. Ora, o direito de recebê-los é espiritual, pois resulta [de nosso dever] para com os Ministros do Altar, que hão de viver do seu Ministério; e porquanto aos semeadores das causas espirituais são devidas as temporais. (...) Portanto, só eles podem ter esse direito.
A Lei Antiga, como dissemos, destinava certos dízimos especiais ao sustento dos pobres. Mas, na Lei Nova, dão-se dízimos aos Sacerdotes, não só para a sustento deles, mas também para socorrerem aos pobres. Por isso as propriedades eclesiásticas, as oblações e as primícias, ao mesmo tempo que os dízimos, não são supérfluos, mas necessários [refrise-se: para além da Providência Divina, as doações materiais dos católicos sustentam a Santa Igreja, no que concerne ao âmbito material, de modo que Ela, por meio de tais piedades, mantém Suas obras de caridade, missões, etc.].” (Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica. Questão 87. Artigos 1, 2 e 3.)
Porém, Chico Xavier, miseravelmente, despreza tudo isso, toda essa Santa Doutrina, todo esse profundo arcabouço teológico e filosófico, toda essa racionalidade perfeita (divinamente inspirada e que se prova verdadeira e sagrada por mais de 2000 anos), e opta por guiar-se segundo suas convicções, advindas de suas atividades necromantes e ocultistas. E, assim, diabolicamente, produz perniciosas obras, de baixíssimo nível intelectual e teológico, as quais possuem senão um só intento: perder as almas e emergi-las no mesmo breu espiritual no qual padecem seu autor e respectivos sequazes.
Acusara ele até a Santa Inquisição, mas muito provavelmente — como a maioria que ousa ufanar-se versada no tema — jamais lera sequer um livro sério a respeito do assunto, senão míseros escritos pseudo-didáticos comunistas, oriundos de autores militantes marxistas, rebentos inglórios do liberalismo perpetrado pela revolução francesa, presente como praga na Educação de todos os países, e que lamentavelmente pululam as bibliotecas, escolas, liceus e universidades mundo afora.
Não deter-me-ei em um tão complexo tema, já que não é o foco do presente escrito, mas não me furto a compartir algumas breves palavras a respeito.
Um herege de nome Mani, por volta do Século III d.C., influenciado por seitas ocultistas, afirmara ter tido uma visão, na qual seu Anjo da Guarda o ordenara isolar-se para receber uma revelação divina, por meio da qual lhe seria possível interpretar a verdade sobre Deus e criar uma nova “religião”.
Mani, se teve qualquer experiência mística de tal natureza, fora demoníaca, com absoluta certeza; e se não o houve, seus atos não passaram de puro charlatanismo. E fato é que, independentemente disso, sua ideologia causou indizíveis estragos à vida espiritual da Pérsia, região de onde viera, bem como a todo local onde chegou — e, miseravelmente, atingira as mais variadas regiões do mundo.
O maniqueísmo defendia a divisão da existência em duas grandes partes: a boa (que é espiritual) e a má (que é material). Assim, os maniqueus criam que tudo o que é matéria é muito ruim e aprisiona o que é bom, que é espiritual, a alma, centelha de Deus.
Trata-se de uma seita reencarnacionista, que misturava zoroastrismo, budismo, gnosticismo, cristianismo e ocultismo. E Mani, por meio de suas alegadas visões, asseverara ser o detentor do Paráclito e um “codificador” dessa fusão de pensamentos, megalomania quase idêntica a de Hippolyte Leon Denizard Rivail (vulgo Allan Kardec) e seu espiritismo, ao qual pertence Chico Xavier e tantos outros perdedores de almas.
No reinado de Varanenes I, Mani fora preso e condenado como herege, no ano 274 d.C.. Tivera uma morte horrível, como é a paga de todos os que chegam ao fim como inimigos contumazes do verdadeiro Deus: fora esfolado vivo, sua carne atirada ao fogo e sua pele crucificada em praça pública, na cidade de Bendosabora (Gundexapur), na Pérsia.
O maniqueísmo se espalhou pelo mundo e chegou à Europa. Encontrara outros hereges que, de mãos dadas ao diabo, incorporaram as ideias do maldito Mani a uma nova seita: o catarismo.
Os cátaros eram ainda piores que os maniqueus, já que barbaríssimos: matavam tudo que tinha vida. Não poupavam sequer as crianças, idosos e mulheres grávidas, com o subterfúgio de que a matéria é má e aprisiona a alma, centelha de Deus.
Acreditavam na tese gnóstica da centelha divina aprisionada na matéria (nos Homens, a alma). E, sendo o corpo material, destruíam-no, alegando a libertação do bem dentro dele; do espírito daquele ser. E por isso eram contra o matrimônio e, por conseguinte, desfavoráveis à maternidade. Daí matarem grávidas, a fim de evitar que elas gerassem mais matéria (ser humano, com corpo, no qual estaria aprisionada outra centelha divina; outra alma; outro bem.).
Praticavam a morte por inanição, matando o corpo de sede e de fome: suicídio.
Eram, ainda, iconoclastas, já que abominavam todo tipo de matéria ou mesmo representação dela.
Não foram poucas as esculturas e igrejas que esses instrumentos de lúcifer destruíram.
Não há palavras para expressar a bizarrice de evidente influência satânica dessa seita, que reúne em si incontáveis heresias, pecados mortais e blasfêmias, nascida por volta dos anos 1100 d.C., na região de Albi-FRA. — Por isso os cátaros eram também chamados de albigenses, termo do qual discordo, porquanto cai no erro da generalização, haja vista que nem todo nativo de Albi era cátaro, muito embora grande parte daquela região o fosse.
Os povos, aterrorizados com o vandalismo e morticínio por eles perpetrado, lutavam como podiam e, se havia oportunidade, muitos aprisionavam os cátaros e os queimava em praça pública — uma vez que essa era a pena capital daquele tempo.
A Inquisição fora criada justamente nessa época, a fim de defender a genuína Fé das heresias cátaras e acabar com as execuções sumárias sofrida por esses hereges homicidas, quando capturados pelos povos dos lugares onde pregavam sua demoníaca seita e levavam o inferno em forma de sofismas e assassínio.
Em certa feita, conta-se que um dado povo descobriu cátaros fazendo churrasco em plena Sexta-Feira Santa. Foram capturados e queimados, tal qual as carnes que pecaminosamente preparavam. — E isso sem contar os inúmeros linchamentos públicos até a morte.
Não obstante as represálias, miseravelmente, o catarismo tomou conta de grande parte da Europa; e essa, provavelmente, teria sucumbido, não fosse a devoção do Santo Rosário, entregue por Nossa Senhora a São Domingos, que o espalhara pelo mundo e convertera, por meio Dele, muitos cátaros, incrédulos e pagãos, simultaneamente às atividades da Santa Inquisição.
Há, inclusive, um historiador protestante, de nome Charles Lea, que afirmara ter sido a Inquisição a salvação da civilização e da humanidade, em seu tempo, ou teria se acabado com o catarismo e seitas similares, sob o julgo da promiscuidade, dos assassinatos e do suicídio.
Chico Xavier pouco ou nada sabia acerca da verdade sobre a Santa Inquisição. E, apesar disso, arrogara-se o direito de escrever a respeito de tão denso tema, criticando a Santa Igreja com sua típica audácia e soberba irascíveis, denotando seu desprezo pela verdade e claríssima desonestidade intelectual.
Não mencionara ele que a Santa Inquisição fora proclamada por um Papa, aprovada por tantos outros e teve grandes Santos como inquisidores, o que ratifica o caráter divino e providencial das atividades inquisitoriais, em via de regra.
Não mencionara ele os números verídicos, comprováveis por documentos, como, por exemplo, citados pelo pesquisador e escritor Rino Camillieri, do qual discordo em muito, por sua inclinação modernista quanto à Fé, mas admito que fizera uma pesquisa séria acerca da Inquisição e revelara, em sua obra “La Vera Storia dell Inquisizione” (“A verdadeira história da Inquisição”), que, em 50.000 processos inquisitoriais, uma ínfima parte findou em condenação à morte; e, dessas, só uma pequena minoria produziu efetivamente execuções. (Pág. 17). — E, ainda, nesse mesmo livro, lê-se que, em uma das cidades com mais incidência do catarismo (Toulouse-FRA), no medievo, em um século, houve apenas 1% de sentenças à morte (Pág. 36).
Há outras fiáveis fontes que corroboram tal informação, ao apontarem que o número total de condenações à morte nessa mesma Toulouse-FR, durante 100 anos, foi de 42.
Um outro exemplo: Agostino Borromeu, do qual também discordo muitíssimo por sua inclinação modernista quanto à Fé, fez interessante pesquisa acerca da Inquisição e relata que na Espanha, entre 1540 d.C. e 1700 d.C., houve 44.674 juízos, dos quais 1,8% foram de pena capital e, desses, 1,7% (quase a totalidade) teve condenação dita “em contumácia”, ocorrida quando os condenados tinham paradeiro desconhecido e em seus lugares se queimavam ou enforcavam bonecos.
No tangente ao mito da “caça às bruxas”, o historiador constatou que os tribunais eclesiásticos foram muito mais indulgentes que os civis, esses últimos sem nenhuma ligação com a Santa Inquisição.
A Inquisição Espanhola julgou 125.000 processos, ao longo de sua vigência, condenando à morte apenas 59 acusados, aos quais dá-se a alcunha de “bruxos”.
Na Itália, em séculos de Inquisição e apenas 36 desses foram levados à pena capital. Em Portugal, somente 4. — Os números não chegam a 100: um paradoxo gritante, se comparado aos tribunais seculares, sobretudo dos países protestantes, que chegaram ao número de 50 mil executados.
Na Suíça foram queimados 4.000 indivíduos, em uma população com cerca de um milhão de habitantes). Na Polônia-Lituânia, mais ou menos 10.000 execuções, em uma população com cerca de três milhões e quatrocentos mil habitantes. Na Alemanha, em torno de 25.000 execuções, em uma população com cerca de 16 milhões de habitantes. Na Dinamarca-Noruega, uma média de 1.350 execuções, em uma população com cerca de 970 mil habitantes.
Reflita-se: porventura, se tivessem esses infelizes tido a oportunidade de escolher, prefeririam ter sido julgados pela Santa Inquisição ou pela falsa inquisição protestante ou dos Estados?
Inúmeros eram os malfeitores que, quando pegos pela justiça comum, se diziam hereges e, ainda que não o fossem, imploravam para serem julgados pela Santa Inquisição, por saberem que nela haveriam de encontrar verdadeira justiça e misericórdia.
A fim de que se compreenda melhor, ainda que genericamente, o conceito inquisitorial e seu contexto, cumpre saber: entende-se por Santa Inquisição o conjunto de tribunais eclesiásticos que, por expressa delegação papal, tinha jurisdição para julgar o delito de heresia e seus respectivos autores.
Os primeiros comissários inquisitores foram criados pelo Papa Gregório IX, na primeira metade do Século XIII d.C., no afã de combater o catarismo e outras perniciosas heresias que assolavam a Europa e outras partes do mundo.
Foi assaz ativa até o Século XV, quando houve diminuição de suas atividades. E, muito por conta disso, o mundo, sobretudo a Europa, viu as heresias recrudescerem, até que a Santa Inquisição regressara, nos Séculos XVI d.C. e XVII d.C., com sua vigilância e veemência primevos — principalmente por conta dos hereges protestantes, fator importantíssimo para a criação, nesse mesmo período, do Santo Ofício Romano.
Os últimos tribunais eclesiásticos da Santa Inquisição encerraram suas atividades em 1834 d.C., lamentavelmente.
Pouco tempo depois, adentrava no âmago da Santa Igreja, por infiltração, Sacerdotes mal formados, advindos de seminários de inclinação modernista, impregnados de orientações heréticas, muitas delas oriundas da revolução francesa, do protestantismo, do judaísmo, do marxismo e da condenada maçonaria.
Basta um olhar mais atento ao mundo de redor e perceber-se-á quanta falta faz a Santa Inquisição, que tanto lutara pelo mantimento da intactabilidade da genuína Fé, de Seus Sacros Dogmas, de Sua Santa Tradição.
A crise é de proporção tal que, na década de 1960 d.C., a Hierarquia Clerical reunira um Concílio Geral totalmente distinto de todos os outros da história, a fim de mudarem diversos pontos imutáveis na Santa Igreja, e assim o fizeram, criando, inclusive, uma Nova Missa (Novus Ordo Missae).
Mas, graças à Santíssima Trindade, sempre houve e haverá Santos Padres, a fim de guardar a Fé, não corromper-se com as misérias do século e transmitir a Sã Doutrina às gerações vindouras, inspirados e conduzidos pelo Paráclito,— e por isso ainda existe a Santa Missa Tridentina, os Sacramentos tradicionalmente ministrados e a preservação da Santa Tradição bi-milenar (Mt 16,18; Mt 18,18; Mt 28,20; Jo 20,13-19).
E, acerca da Santa Inquisição, escreve a um de seus consulentes o Sr. Professor Doutor Orlando Fedeli:
“Nas prisões de todos os países, toda pena capital era precedida de torturas punitivas. Por isso os acusados preferiam ser julgados pela Inquisição, onde o tratamento era sempre muito menos cruel.
Na Inquisição, visava-se a conversão e não a punição do acusado. Por isso a Inquisição era o único tribunal do mundo que começava dando um prazo de perdão: quem se acusasse de ter agido contra a Fé, dentro de um prazo de 15 a 30 dias, estava perdoado. O acusado, em qualquer fase do processo, pedindo perdão, estava perdoado. [Portanto, via de regra, condenavam-se à morte somente os empedernidos.]
O livro do Professor João Bernardino Gonzaga menciona muitas outras situações que mostram como a Inquisição era misericordiosa em relação aos outros tribunais da época, e como ela foi caluniada. Por exemplo: o condenado à prisão podia sair para cuidar dos pais ou parentes doentes. Permitia-se mesmo ao condenado tirar férias da prisão em que estava, gozando de um período de liberdade.
Eu teria que lhe escrever um livro para desmentir todas as calúnias que se inventaram sobre a Inquisição.
A Inquisição da Igreja, diferentemente da Inquisição Espanhola do Estado [civil/secular, que nada tinha de relação com a Santa Inquisição], não existia para os judeus, muçulmanos ou não-cristãos. Ela só julgava quem fosse católico e tivesse traído a Fé [tornando-se um perigo para a perdição eterna de outras almas e para a sua própria].
Há textos de historiadores judeus que confirmam isso: George Sokolsky, editor judeu de Nova York, em artigo intitulado ‘Nós Judeus’, escreveu: ‘a tarefa da Inquisição não era perseguir judeus, mas limpar a Igreja de todo traço de heresia ou qualquer coisa não-ortodoxa. A Inquisição não estava preocupada com os infiéis fora da Santa Igreja, mas com aqueles heréticos que estavam dentro dela (Nova York, 1935 d.C., pág. 53.); o Dr. Cecil Roth, especialista inglês em História do Judaísmo, declarou num Forum sionista, em Bufalo-USA: ‘apenas em Roma existe uma colônia de judeus que continuou a sua existência desde bem antes da era cristã, isto porque, de todas as dinastias da Europa, o Papado não apenas recusou-se a perseguir os judeus de Roma e da Itália, mas também, durante todos os períodos, os Papas sempre foram protetores dos judeus. (...) A verdade é que os Papas e a Igreja Católica, desde os primeiros tempos da Santa Igreja, nunca foram responsáveis por perseguições físicas aos judeus, e entre todas as capitais do mundo, Roma é o único lugar isento de ter sido cenário para a tragédia judaica. E, por isso, nós, judeus, deveríamos ter gratidão.’ (25 de Fevereiro de 1927 d.C.).
Você me pergunta se Cristo era a favor da pena de morte, ao citar o caso da adúltera. Repare que Jesus não disse que não se devia puni-la. Disse o contrário: que aquele que não tivesse pecado atirasse a primeira pedra. Deste modo, Jesus confirmou a Lei Mosaica. O que Ele condenou foi alguém desejar, individualmente, ser juiz e executante da pena capital. Mas, quando São Pedro cortou a orelha do servo, Cristo disse-lhe: ‘Pedro, mete a espada na bainha, porque quem com o ferro fere, com o ferro será ferido.’ (Mt 26,52, citando Nm 35,16)
Repare que Jesus não mandou Pedro jogar fora a espada. Mandou guardá-la, para que Pedro, quando fosse seu representante na Terra, a usasse contra quem ferisse ou matasse outro com a espada. — Por isso, no Apocalipse, se diz expressamente: ‘quem matar à espada, importa que seja morto à espada’ (Ap 13,10).
E, quando Pilatos julgava a Cristo, disse: ‘não me respondes? Não sabes que tenho poder de Te perdoar ou de Te condenar [à morte]?’ Ao que Cristo lhe respondeu: ‘tu não terias esse poder, se não te fosse dado pelo Alto’ (Jo 19,10). — Logo, Pilatos tinha o poder de condenar à morte, porque lhe fora dado por Deus.
Cristo pregou, sim, o amor e o perdão. Só que o perdão só pode ser dado se a pessoa pedi-lo: ‘se teu irmão te ofender setenta vezes sete vezes e pedir-te perdão, deves perdoá-lo setenta vezes sete vezes.’ — E o amor consiste em desejar o Céu para os outros, e não em não castigar os outros. Se uma mãe castiga um filho para corrigi-lo, ela o está amando...
(...) Não, você não estava enganado em crer na santidade da Igreja Católica. Ela sempre foi Santa. Por isso sempre foi e é odiada, como Cristo: quando todos gritaram para libertar Barrabás e para crucificar Cristo, poucos ficaram fiéis a Nosso Senhor. Hoje, também, todos gritam calúnias contra a Igreja Católica, a única Igreja de Deus. Nunca apoie os gritos e calúnias contra Ela, mas, pelo contrário, repita sempre em alto e bom som: ‘Creio na Igreja, Uma, Santa, Católica e Apostólica’...
Peço a Deus que lhe conceda sempre a Fé perfeita. In Corde Iesu semper, Orlando Fedeli.” (https://www.montfort.org.br/bra/cartas/historia/20040324003107/)
† † †
Chico Xavier, no abominável livro "Emmanuel", escreve também:
"A Europa moderna, pobre de possibilidades econômicas e compreendendo de perto a ação defraudadora da Igreja Católica, tornou-se campo quase estéril para as suas explorações. As tendências da mentalidade geral para uma organização econômica, sobre a base da justiça que deve prevalecer em todas as leis do futuro, fizeram dos países europeus terreno impróprio para uma indústria religiosa. Com exceção da política de Berlim e de Roma, outras nacionalidades europeias custariam a tolerar esses movimentos de audaciosas explorações. A mística fascista é a única que procura o amparo das ilusões religiosas do Catolicismo, com o objetivo de manter a coesão popular, em torno da idolatria do Estado. Ainda agora, existem pronunciadas tendências da nova Alemanha para que se crie, nos bastidores da política hitlerista, uma Igreja nacionalizada. Mas os países democráticos, que se encaminham, com os seus estatutos de governo, para o socialismo cristão do porvir, sentiriam dificuldade em suportar tutelas dessa natureza. Trabalhadores por doutrinas libertárias, eles vêm pagando com sangue os seus progressos penosamente obtidos. Longe de nós aplaudirmos a política nefasta de Stalin ou suas atividades nos gabinetes de Léon Blum ou de Azaña; apenas salientamos a tendência das massas para a liberdade, sacudindo o jugo milenar do Catolicismo, que, a pretexto de prosseguir na obra cristã, apossou-se do Estado para dominar e escravizar as consciências. A Igreja, se bem haja desempenhado missão preponderante no destino desta civilização que, na atualidade, toca ao apogeu, fez mais vítimas que as dez perseguições mais notáveis, efetuadas pelos imperadores de Roma antiga contra os adeptos da abençoada doutrina do Crucificado." (Francisco Cândido Xavier [vulgo Chico Xavier]. Livro: Emmanuel. 22ª edição. Rio de Janeiro-BRA. Ano: 1938 d.C. Federação Espírita Brasileira. Pág. 26.)
"Usurpadora", "defraudadora", "exploradora"... São esses os termos que Chico Xavier escolhera para, em sua supracitada obra, referir-se à Santa Igreja Católica.
Seu ódio à verdadeira Fé é aparentemente similar ao que nutria por Ela o demoníaco Voltaire, o qual findava quase sempre seus escritos com a frase “ecrasez l´infame" ("esmagai a/o infame)”, em menção à Sacra Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo e/ou à própria pessoa do Deus Filho.
Também é similar o triste fim — com péssima morte — que tiveram ambos.
E Francisco Cândido Xavier, para além de sua flagrante malícia, denota aptidão em Teologia, História e Geopolítica tal qual a tem uma criança.
Acusa ele a Santa Igreja de defraudar a Europa, quando, na verdade, os fatos comprovam que os períodos com mais fartura e menos miséria, no Velho Continente, deram-se na Idade Média, sobretudo com o sistema feudal, quando a Fé detinha a primazia na vida do Homem e Deus era posto acima de todas as coisas.
Trata-se de período em que a caridade mais esteve presente no âmbito político, trabalhista, social e religioso: nos países católicos os campos geravam grandes colheitas, pouca era a miséria, os crimes hediondos eram raros, e os nobres lutavam pelos seus respectivos reinos, os quais, por sua vez, eram administrados com piedade por seus reis, coroados sempre pelo Sumo Pontífice, sob os auspícios da Santa Cruz.
Houve problemas? Com certeza! Muitos! — Porquanto é de seres humanos, falhos e miseráveis de que se trata a História da jornada terrena. Todavia, nesse tempo, de modo inigualável, grande parte das nações europeias guardava a Fé, A professava, ou pelo menos não tinham a audácia de atentar contra Ela, não obstante seus pecados: um período em que se nutria mais pudor e menos concupiscência que nos tempos modernos, veementemente enaltecidos por Chico Xavier.
O sujeito insinua ter sido católico o fascismo, regime totalitário e despótico. Em seguida, sugere também ter sido cristão o hitlerismo, na verdade eugenista, socialista e genocida. Depois engendra uma pseudo-união entre a Fé Católica e o stalinismo, de ideologia marxista e um dos sistemas de governo mais mortíferos de todos os tempos, superado apenas pelo maoísmo.
Francisco Cândido Xavier, é evidente, fora malévolo e/ou bastante mal assessorado.
Deveria ter trocado as consultas aos demônios pela genuína Fé, e os parvos e pseudo-científicos escritos espíritas por verdadeiras obras de História e Geopolítica, a fim de evitar suas hediondas blasfêmias e furtar-se a escrever tanta absurdidade ante-histórica.
A Santa Igreja sempre condenou o totalitarismo e as ideologias de cunho igualitarista.
Aqui, tomo a liberdade de citar uma carta do Sr. Professor Doutor Orlando Fedeli a um seu consulente, acerca do socialismo e da igualdade, bandeiras levantadas fervorosamente por Chico Xavier, com seu raso conhecimento de causa e repetidor de falsos slogans propagandísticos (oriundos do judaísmo, protestantismo e da maçonaria) contra a Mater Ecclesia:
"Você mesmo afirma que Cristo mandou amar o próximo como a si mesmo. Ora, se Cristo fala em amar ao próximo, é que Ele estabelece uma diferença entre o amor ao próximo e o amor ao distante. Logo, Ele manda que amemos aos outros com desigualdade, enquanto o socialismo quer a igualdade.
Próximos de nós são, em primeiro lugar, pai e mãe, esposa, irmãos e filhos. A seguir, são nossos próximos os amigos, os conhecidos, os vizinhos, os compatriotas e, finalmente, todos os Homens.
Pio XI ensinou que ninguém pode ser católico e socialista ao mesmo tempo, e que catolicismo e socialismo são termos contraditórios (Encíclica Quadragésimo Anno).
O ponto de fundamental oposição entre socialismo e cristianismo é o problema da igualdade.
Para o socialismo a igualdade entre os Homens é um bem em si. Para o cristianismo, a desigualdade entre os Homens, e em tudo, é um bem em si mesmo.
Santo Tomás ensina que todo ser inteligente age conscientemente em ordem. Deus é infinitamente inteligente. Logo, Deus faz tudo em imensa ordem. Coisas iguais não podem ser postas em ordem entre si. (Não se pode pôr em ordem alfabética quarenta nomes 'José Silva').
Ora, Deus fez tudo em ordem. Logo, Deus fez tudo com desigualdade. O grau de ordem reflete, como em imagem, o grau da inteligência ordenadora. (Assim, uma estante de livros, arrumada por uma pessoa analfabeta, será posta conforme o tamanho e cor dos livros, enquanto uma pessoa alfabetizada a arrumará por ordem alfabética de nomes dos livros).
Deus fez o universo em ordem. Logo, a ordem do universo é uma imagem da sabedoria de Deus. Logo, amar a desigualdade é amar a ordem. Amar a ordem é amar a imagem da sabedoria de Deus. Amar a imagem da sabedoria de Deus é amar a Deus, pois quem detesta o retrato de alguém não detesta o papel da foto, detesta a pessoa retratada.
Portanto, o socialismo, querendo a igualdade, detesta a ordem. (Veja o que ocorre no Brasil atual).
Detestar a ordem é detestar a imagem da sabedoria de Deus. Detestar a imagem da sabedoria de Deus é detestar o próprio Deus. Amar a igualdade é odiar a Deus. Portanto, ser socialista implica odiar a Deus. Ora, o cristianismo manda amar a Deus sobre todas as coisas. Logo, cristianismo e socialismo são contraditórios.
Ninguém pode ser católico e socialista ao mesmo tempo. Mentirosamente, se costuma dizer que Cristo pregou a igualdade.
Já vimos que Ele mandou amar mais ao próximo. Ele jamais tratou os Homens com igualdade, pois disse que o Reino dos Céus é semelhante a um Rei que deu cinco talentos para um servo, dois talentos para outro e um talento para um terceiro. E, depois, veio ainda cobrar os juros. Logo, é mentira que Cristo pregou a igualdade, pois disse que 'a quem muito foi dado, muito será pedido.'
(...) Os Homens são semelhantes e não iguais, isto é, são iguais na natureza, e desiguais nos acidentes.
O capitalismo não é a única alternativa ao socialismo. O mal mais profundo da sociedade moderna é o humanismo; o antropocentrismo que substituiu o teocentrismo da cristandade medieval. — O mal é a 'civilização' chamada moderna, que, antes, deveria ser chamada de 'barbarização' moderna, da qual o capitalismo é um dos efeitos...
In Corde Jesu, semper, Orlando Fedeli." (https://www.montfort.org.br/bra/cartas/politica/20040726143213/)
Chico Xavier, como provado, é contraditório do início ao fim de suas insanas e infundadas acusações contra a Santa Igreja: acusa-A de usurpadora quando ela é todo caridade; acusa-A de destruidora da civilização, quando é, na verdade, protetora daquilo que há de mais moral e elevado na sociedade; acusa-A de idolatrar a figura do Estado, quando é Doutrina Católica a idolatria apenas a Deus Trino e todo apego exacerbado ao Estado (nacionalismo) é altamente condenável; acusa-A de envolvimento com o totalitarismo, quando o catolicismo sempre combatera o absolutismo, o despotismo e toda e qualquer corrupção e injustiça administrativas; acusa-A de ser conivente com governos maristas, quando, ao contrário, condenara diversas vezes, inclusive via documentos papais, o socialismo e o comunismo.
O que se percebe é um ódio cego, da parte de Francisco Cândido Xavier, em relação ao catolicismo, de modo que não busca ele qualquer razão, lógica e fundamento que corrobore sua ira. Apenas a alimenta com afinco e prolifera suas calúnias, injúrias e difamações diabólicas contra Nosso Senhor, já que atentar contra Sua Santa Igreja é o mesmo que atacar a Ele próprio, já que, como já exposto, é Ela o Corpo Místico de Cristo, sendo Ele Sua cabeça e os Sacerdotes e fiéis os outros membros, como ensina São Paulo (1Cor 12,12-14; Rm 12,4-5; Ef 3,6; Ef 5,22-23; e Cl 1,18-24.). Portanto, o espiritismo, com seus sofismas de um cristianismo socialista e apologeta da igualdade, tudo o que faz é ratificar seu lado na guerra espiritual, que é o do demônio. — Satanás é o mestre da mentira e suas seitas, em carapaças de pequenas ações de bondade, iludem e persuadem muitas almas incautas e efetiva seus mais atrozes atos, sobretudo o de conduzir à danação eterna seus sequazes.
† † †
Francisco Cândido Xavier, no dito livro "Emmanuel", explicita outra de suas negativíssimas características: essa diz respeito à sua impressionante dificuldade quanto à interpretação de textos.
No Brasil, a quem — geralmente — não compreende o que se lê, dá-se o nome de analfabeto funcional. E se não é esse o caso de Chico Xavier, é inegável a similaridade de conjuntura.
O demoníaco sujeito, para além de seus costumeiros sacrilégios, ousou também atentar contra as Sacras Indulgências e, não satisfeito, tal qual o fizera Voltaire, prenunciara a destruição da Santa Igreja Católica: o blasfemo brasileiro, diferentemente do francês, incluíra na pseudoprofecia satânica a imprescindível participação da necromancia espírita no suposto extermínio do catolicismo, ignorando o que ensinara do cristianismo, Jesus Cristo, acerca de que não pode o Homem separar o que Deus uniu, nem destruir o que por Ele fora criado (Mt 19,6).
Escrevera o perturbado Xavier:
"Inspirando-se na inteligência de Leão XIII, que deixou a sua 'Rerum Novarum' como alto documento político de conciliação das classes proletárias e capitalistas, Pio XI publicou a sua 'Quadragesimo anno', tentando estabelecer barreira às doutrinas novas, que vêm pôr em xeque a falsa posição da Igreja Católica. Alguns países vêm inspirando-se nessas bulas pontifícias, para a criação de dispositivos constitucionais, aptos a manter o equilíbrio social; todavia, importa considerar que a Igreja é impotente e suspeita para tratar dos interesses dos povos. Na sua situação parasitária, não pode falar aos que trabalham e sofrem, aprendendo nas experiências mais dolorosas da vida. A vossa civilização sente necessidade da prática evangélica, tem sede de Cristo, fome de idealismo genuinamente cristão e, diante desse surto novo de fé das coletividades, nada valem os congressos eucarísticos, porquanto é chegado o tempo de se fecharem as portas da indústria da cruz. O Cristo terá de ressurgir dos escombros em que foi mergulhado pela teologia do Catolicismo. O Dogma conhecerá o seu fim com o advento das verdades novas e é para esse movimento grandioso do porvir que os mortos vêm dar as mãos aos vivos de boa-vontade." (Francisco Cândido Xavier [vulgo Chico Xavier], Livro: Emmanuel, 22ª edição, Rio de Janeiro-BRA, Ano: 1938 d.C., Federação Espírita Brasileira, Pág. 27.)
Chico Xavier, em mais uma demonstração de sua dificuldade em interpretação de textos, assevera que a importante e densa "Carta Encíclica Rerum Novarum", subscrita pelo Papa Leão XIII, trata-se de documento político, cujo intento é a conciliação entre as classes proletárias e capitalistas.
Então, à parte uma mais profunda análise dos nefandos equívocos do capitalismo, o néscio Xavier superficializa aí o tema, dividindo a sociedade em dois grandes grupos: empregado e patrão. E assevera, inclusive, que "todas as ciências sociais são chamadas aos grandes debates levados a efeito entre o capitalismo e o trabalho."
Segundo ele, a "Rerum Novarum" é um documento meramente político e conciliador entre classes sociais; e ataca insolentemente a Santa Igreja Católica, tratando-A de "parasita": é um parasita: "...a Igreja é impotente e suspeita para tratar dos interesses dos povos. Na sua situação parasitária, não pode falar aos que trabalham e sofrem..."
Um homem que morreu com a alma inundada nesse tipo de erro; que findou sua carreira na Terra levando escrito sobre a testa tais blasfêmias contra a Santa Igreja; quão arrependido não está ele agora, e estará por toda a eternidade; e, enquanto é queimado pelo fogo, supliciado por seus pecados e atormentado pelos demônios (quiçá os mesmos que consultava), relembra e lamenta amargamente cada palavra mal colocada, cada ataque, cada insulto, cada ofensa a Deus, cada graça de arrependimento e conversão desprezada...
E, tratando-se de termos mais técnicos, quanto ao conteúdo que proliferara por toda a sua vida, uma grande questão vem à tona: como um sujeito, com tal estirpe de alma e intelecto, pôde ter sido reverenciado, crido, ouvido, lido e endossado por seus pares e outrem?
Defendia, miseravelmente, ideias de atrelamento do marxismo à Lei de Cristo, mas sequer diferia os conceitos fundamentais desse abjeto movimento político-sócio-econômico — e menos ainda sabia acerca da Doutrina de Jesus. E, ainda mais grave: arrogava-se o direito e alcance de erudição para compreender e interpretar delicadíssimas e abissais matérias teológicas relacionadas a tais conjunturas, inclusive ousando escrever a respeito.
Outro ponto: sua carência de eficaz interpretabilidade o põe, constantemente, em embaraçosa contradição. Exemplo: na última longa citação, tece elogios aos Papas Leão XIII e Pio XI, por terem publicado, respectivamente, as Cartas Encíclicas "Rerum Novarum" e "Quadragesimo Anno". Em seguida, acusa de falsa a posição da Santa Igreja, acerca dos temas tratados nos ditos documentos.
Ora! O posicionamento desses Sumos Pontífices, nos escritos em voga, nada mais é que o estrito ensinamento doutrinal bimilenar católico. Logo, é impossível ser favorável ao que se lê em ambos e assumir que é falso o que o catolicismo apregoa.
A pretensão de Voltaire e Chico Xavier — movidos por um ódio cego que os açulam aos insanos e pérfidos ataques infundados à Santa Igreja Católica — trata-se de mais ridículo ato que o de um micróbio que tentasse pôr ao chão uma sequoia.
Não obstante, Francisco Cândido Xavier adentra, então, no âmbito das Sagradas Indulgências Católicas, ao acusar a Mater Ecclesia de vendê-Las.
Refaço a indagação: afinal, sabe sequer esse homem o que é uma indulgência? — Porquanto sua colocação ou é oriunda de total ausência de conhecimento a respeito do tema ou, na hipótese de conhecê-lo suficientemente, trata-se de funesta malícia de sua parte.
Fala ele em cobrança por remissão de pena devida ao pecado. Isso é um completo absurdo, pois é humanamente impossível se pagar por uma graça divina, cujo valor é infinito!
Sim! Houve alguns membros da Santa Igreja que se corromperam e praticaram abusos em seus exercícios eclesiásticos — e o Código de Direito Canônico prevê severas sanções para tais atos, as quais podem chegar até a proibição das atividades clericais. Todavia, nem mesmo os mais graves pecados maculam a santidade da Igreja, pois Ela foi criada pelo Deus Trino para manter-Se Santa, uma vez que tem em Si — ativa e constantemente —, o Espírito Santo a conduzi-La (Mt 16,18; Mt 18,18; Mt 28,20; Jo 20,13-19). Há-se de separar o que fazem os Homens, membros da Sacra Fé, e a Santa Igreja Católica enquanto tal.
A título de compreensão — e guardadas as devidas proporções —, tome-se como exemplo a agricultura: trata-se de indispensável atividade ao Homem, haja vista ser de vital importância à sua sobrevivência a alimentação, a qual advém, basicamente, do cultivo.
Há agricultores bons, que ofertam uma colheita saudável, natural e orgânica; mas, infelizmente, também há os maus, os quais produzem comida e bebida repleta de hormônios, toxinas, venenos e conteúdos geneticamente modificados.
Não obstante os abomináveis atos desses últimos, em nada — em absolutamente nada — diminuem eles a nobreza e utilidade da agricultura como tal; do ato de se plantar e colher, de per si.
Tal qual os agricultores alimentam o corpo dos Homens, os Sacerdotes de Deus alimentam sua alma. E, ainda que haja Padres que não honram a batina que vestem (e, tristemente, hoje até são raros os que a trajam); e, ainda que haja Sacerdotes que não procedam segundo a graça da Ordem, a qual lhes fora dada gratuita e diretamente pelo próprio Deus, isso em nada muda a santidade, a nobreza, a indispensabilidade da Santa Igreja e de Seus Sacramentos.
As indulgências são parte integrante da Santa Doutrina Católica; favorecimentos que a Santíssima Trindade quis, por eterna misericórdia, fornecer aos Seus filhos miseráveis, a fim de motivá-los à santidade e socorrê-los nas queda dessa árdua jornada por esse Vale de Lágrimas. Portanto, o que vem de Deus é santo e Seus Ministros nada mais fazem que distribuir a quem piedosamente procura lucrar tal inegociável benefício.
Se um homem honestíssimo dá uma soma de dinheiro a um seu empregado e ordena-lhe destiná-la a um determinado pobre e ele o faz, independentemente desse funcionário ser corrupto ou ilibado, a esmola chegou ao seu destino e seus frutos foram colhidos, pois importa sua origem muito mais que o veículo por meio do qual fora ela distribuída.
Obviamente, o ideal é que o distribuidor das benesses seja tão limpo quanto Aquele que lhas deu a distribuir. Porém, ainda que não o seja, tal conjuntura não torna nulo o exercício de sua ministração, bem como não macula e fenece os frutos advindos dos prêmios que ele repassa aos que beneficiados que os recebem.
Chico Xavier nada sabia a respeito de tal profunda Doutrina, mas optou por atacá-la com injustificáveis insultos, em seu execrável livro "Emmanuel". — E, se tinha conhecimento acerca do tema, repito, torna isso seu pecado ainda mais grave.
Menciona ele a jamais existente “Taxa Camarae seu Cancellariae Apostolicae” (“Taxa Camarae”): trata-se de uma falsificação engendrada pelos inimigos da Santa Igreja, a fim de fazerem crer na existência de um breve documento de caráter simoníaco, o qual atribuem autoria ao Papa Leão X (Séc. XVI).
O falso escrito é composto por 35 pontos, nos quais lê-se a determinação de taxas pecuniárias a serem pagas á Santa Igreja, em troca da remissão de penas referentes a determinados graves pecados.
Ainda que um Papa cometesse tal loucura (do que nunca se teve notícia nem muito menos comprovação), é razoável crer que não seria ele tão insano a ponto de produzir contundentes provas contra si mesmo, sabedor de que ficariam elas para a posteridade, sobretudo ao se tratar de gravíssima falta, para além do fato de que estaria a subscrever um atestado de culpabilidade por heresia formal (comprovada a contumácia em tal erro), ou seja, afrontas dolosas e diretas contra a Sã Doutrina bimilenar.
É realmente uma conjuntura esdrúxula e inconcebível, flagrantemente farsante, oriunda de mentes diabólicas, inimigas da Santíssima Trindade e de Sua Santa Igreja.
Infelizmente, na história da Igreja Católica, nem todos os Sumos Pontífices honraram devidamente a inexpressível e incomensurável graça de estar à frente do rebanho do Bom Pastor. Porém, mesmo os menos ortodoxos, não obstante suas falhas, jamais ousaram proclamar heresias de modo formal, em documento infalível (Ex Cathedra) — o que é impossível, já que, nesses casos, é o próprio Paráclito quem conduz a composição da letra, e Deus não erra.
E, aqui, reitero: a Igreja não deixa de ser Santa por conta dos pecados de Seus membros, pois, quando pecam, não o fazem em nome do catolicismo, mas por sua própria conta. — Ora! A Igreja é Santa porque Sua origem é divina; porque Seus Dogmas advêm do ensino do próprio Deus; e quando o Papa trata de temas concernentes à Fé e moral, de modo universal (para todos os católicos), reveste-se da infalibilidade, assegurada a ele pelo Espírito Santo para que um sucessor de São Pedro jamais guie formal e oficialmente o povo de Deus ao erro. (Concílio Vaticano I. Dogma da Infalibilidade Papal. Proclamado pelo Papa Pio IX por meio da Constituição Dogmática Pastor Aeternus. 18 de abril de 1870 d.C.)
Há, portanto, diversos motivos para desacreditar essa e tantas outras falsificações contra a Santa Igreja. E, especificamente, no que tange a burlesca "Taxa Camarae":
1) Não há, nos arquivos de qualquer igreja católica, capela, Ordem, Instituição ou mesmo nos do Vaticano qualquer comprovação de que o Papa Leão X tenha publicado tal documento. E por tratar-se especialmente de conteúdo tão denso, se tal tragédia houvesse ocorrido haveria muitas provas de sua existência, o que não há, obviamente, porque nada disso ocorreu;
2) Sequer em âmbitos externos ao ambiente eclesial encontra-se documentos históricos que ratificam essa loucura proliferada apenas por inimigos da Santa Igreja (Chico Xavier e outros teóricos do espiritismo entre eles) — tanto em relação ao Sumo Pontífice Leão X quanto a qualquer outro, o que só confirma a insanidade dessas infundadas acusações;
3) Todos os audazes e miseráveis que fazem menção a esse falso documento servem-se de uma mesma fonte: Pepe Rodriguez e sua satânica obra "Mentiras Fundamentais da Igreja Católica" (1997 d.C.) — um autor anticatólico, mentiroso contumaz, o qual dedica sua vida a caluniar, injuriar e difamar a Santa Igreja;
4) Antes do diabólico Pepe Rodriguez, um único outro autor escrevera a esse respeito: o igualmente terrível Teófilo Gay, no ano de 1881 d.C., porém, como em toda mentira, as histórias não coincidem, de modo que a relatada por esse é assaz distinta da contada por aquele;
5) Ambos os autores, não obstante a gravidade da matéria abordada, jamais mostraram em suas publicações o suposto documento original. Um autor cita outro, que faz o mesmo e assim sucessiva e mutuamente, sem qualquer apresentação de imagem do referido objeto de comprovação da acusada heresia;
6) No que concerne ao âmbito científico: a comprovação da autenticidade de um documento histórico se dá pela ponderação de suas características extrínsecas e intrínsecas em relação a outros advindos do mesmo autor, período, contexto, etc. — sobretudo acerca de seu conteúdo —. Destarte, observa-se se há características similares, idênticas, variação legítima, grave divergência de estilo e assim por diante.
O autor anticatólico Pepe Rodriguez, em seu abominável site, ao mencionar o falso documento “Taxa Camarae seu Cancellariae Apostolicae” (“Taxa Camarae”), faz o seguinte alerta: "Advertencia al lector: la autenticidad de este documento ha sido cuestionada y debe ser reputado como dudoso hasta que no se documente fehacientemente su posible veracidad o falsedad. De ser una falsificación, quizá sería contemporánea de León X o algo posterior." ("Advertência ao leitor: a autenticidade deste documento foi questionada e deve ser considerada duvidosa até que sua possível veracidade ou falsidade seja documentada de forma confiável. Se for uma falsificação, talvez seja contemporânea de Leão X ou algo posterior.")
Já em seu demoníaco livro "Mentiras Fundamentais da Igreja Católica" (1997 d.C.), ao mencionar a referida falsificação, maledicentemente, o terrível autor não registra o mesmo alerta inserido em seu abjeto site.
Por fim, cito, abaixo, um breve resumo da origem das indulgências, no afã de que brevemente seja exposta sua sacra e providente história, bem como suas características fundamentais, de modo que, com isso, fique, aqui, esclarecidas por completo as trevas que o profanador Chico Xavier e outros inimigos da Santa Igreja despejaram por sobre esse gravíssimo tema, tão atacado por instrumentos do demônio e pouco compreendido, inclusive por grande parte dos próprios católicos.
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A gravidade de uma ofensa é proporcional à distinção de dignidade entre a parte ofensora e a ofendida. Assim, a culpa é tanto maior quanto mais alta é a importância do agredido e menor a do agressor. Por exemplo: um servo que dolosamente prejudica outro comete um delito. No entanto, esse é muitíssimas vezes mais grave se o prejudicado é seu Rei. Isso ocorre porque, hierarquicamente, a diferenciação entre a dignidade de um servo e a de um Rei é enorme, enquanto que a de um servo para outro ou a de um Rei para outro inexiste.
E, ainda tratando de ofensa, cumpre saber que todo mal, além de ofender ao Deus Trino, gera dívida advinda dos prejuízos que causa ao seu autor e a outrem.
Desse modo, um delito contra o Criador, perpetrado por uma Sua criatura, merece pena infinita, pois Deus é infinito, de importância e dignidade infinitas, e, por conseguinte, infinita é a distância entre Sua importância e dignidade em relação à importância e dignidade do Homem, miserável e mortal.
Destarte, o mínimo desagrado à Santíssima Trindade, a rigor, já faz do pecador um réu de morte e merecente do imediato arrojo aos suplícios eternos do inferno.
Todavia, por pura misericórdia, Deus opta por nos possibilitar o perdão, ainda enquanto estamos vivos, tanto dos pecados quanto das dívidas deles advindas. E isso se dá mediante algumas condições a serem satisfeitas pelo católico penitente, as quais são impostas pelo próprio Altíssimo, por meio de Sua Santa Igreja.
Cristo mesmo instituiu a Confissão, e Seu Santo Espírito instruiu a Mater Ecclesia na instauração da Penitência. Eis, pois, aí o Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência).
A Confissão perdoa as culpas (erros) e a Penitência (castigo) redime as dívidas resultantes dos pecados.
Se um indivíduo, propositadamente, quebra uma vidraça alheia, arrepende-se e pede perdão ao prejudicado e é perdoado por esse erro, ainda assim permanece o prejuízo advindo do respectivo ato danoso, dívida essa que o infrator tem por obrigação pagar.
Suponha-se que o errante não possa pagar outra vidraça ao prejudicado. Então esse propõe-lhe um serviço de 7 dias, como auxiliar do jardineiro dessa mesma residência, já que a quantia que pagaria a um ajudante seria mas ou menos equivalente ao preço da janela arruinada. Assim, ao final desse castigo reparativo de uma semana, a dívida terá sido quitada.
Similar a tal exemplo ocorre com a vida espiritual, em que o Homem tem de suplicar perdão por seus erros e reparar os danos por esses causados.
Ocorre que todo mal não é apenas uma ofensa ao ser do próprio autor e/ou de outrem prejudicado, mas, principalmente, a Deus. E, como supracitado: uma dívida a um ser finito é uma dívida finita; uma dívida a um ser infinito é uma dívida infinita. Portanto, como pagar por um prejuízo infinito quando se é um ser finito e limitado, miserável e mero mortal? Ainda que se quite os débitos com o um ser subtraído, como o respectivo ser subtrator o fará em relação ao Deus Eterno?
Via de regra: a penitência imposta por um Sacerdote, no segredo da Confissão, a um penitente, é o único meio pelo qual esse pode quitar, em vida, suas dívidas com Deus — não porque o que lhe for imposto é suficiente para tal, mas porque Deus o aceita quando exatamente assim é feito, porquanto o finito é incapaz de satisfazer o infinito, mas o Criador, ao ver Sua criatura submeter-se à Sua Lei e à Sua Santa Igreja, age como se esse impossível possível fosse e dá-Se por satisfeito.
O pecado grave é chamado de mortal, pois macula com tal magnitude a alma do autor que Deus — por Sua sublime pureza, não podendo habitar no impuro —, abandona esse espírito. E onde há Deus existe vida. Onde Ele não se encontra é a morte que habita em Seu lugar.
O pecado leve é chamado de venial, pois sua gravidade não suja a alma a ponto de torná-la inabitável para Deus.
Via de regra: todo pecado, mortal ou venial, gera uma culpa ao seu autor, bem como uma pena temporal (efêmera), a ser paga na vida terrena, por meio de penitência, ou após sua morte, no Purgatório, caso a pena advenha de pecado venial e o portador tenha sido salvo e morrera sem tê-la sanado, por meio do Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência). Isso porque Deus, sublime pureza, habita nos Céus, no Qual com Ele só co-habitam os que estão 100% puros. Daí ser necessário purgar (limpar) toda mancha, toda dívida, todo pecado venial antes de adentrar ao Paraíso.
Porém, ainda que o pecador tenha somente um pecado mortal não perdoado em seu espírito, não poderá ir ao Purgatório, a fim de purgá-lo — bem como a dívida dele advinda —, pois esse lugar foi feito pelo Altíssimo para purgar somente aquele que morre com Deus habitando sua alma, ou seja, em estado de graça (apenas com pecado venial). Isso significa que esse infeliz pagará suas dívidas no lugar criado pela Santíssima Trindade para abrigar eternamente quem optou por morrer sem tê-La na alma: o inferno. — E aí pagará por esse único pecado mortal e por todos os veniais ad aeternum.
Agora, imagine que um ladrão confessa a um Padre seus pecados (mortais e veniais), obtém perdão pelas ofensas a Deus e a outrem, cumpre sua penitência, restitui suas vítimas... mas como desfará o pânico, o estresse, a dor, o trauma que impingira a tantos com seus sórdidos atos?
Essa dívida que fica se chama pena temporal, pois trata dos danos temporais perpetrados na vida temporal (terrena). O Estado exige a paga por meio da reclusão, por exemplo. Já Deus tem Seus próprios e perfeitos meios de fazer justiça, tanto nessa vida quanto na outra (Purgatório).
Entretanto, Deus, infinito em bondade, novamente agracia Sua Santa Igreja, instruindo-Lha quanto à instauração das Indulgências, por conta dos infinitos méritos de Nosso Senhor, Nossa Senhora e dos Santos.
Indulgência é Deus a perdoar parcial ou plenariamente as dívidas advindas dos pecados mortais e veniais que o pecador tem, tanto com os Homens quanto com Ele.
E, quanto às Indulgências, essas dividem-se em duas: parcial e plenária. A primeira remite parcialmente as dívidas do penitente que a lucra. A segunda redime todas as penas do agraciado.
Urge frisar que não é possível lucrar indulgência e usá-la em favor de quem está vivo, senão para si ou para sufragar as benditas almas do Purgatório, as quais nada mais podem fazer por si, mas podem receber dos vivos tais benefícios e retribuir-lhes assim que chegarem aos Céus, intercedendo por esses junto ao Deus Trino, com Nossa Senhora, Anjos e Santos.
Em suma: a absolvição sacramental, se válida, perdoa a culpa e livra do inferno; a indulgência perdoa a dívida advinda da culpa e livra do Purgatório — ou ao menos atenua os suplícios e o tempo de estadia nesse lugar de tormentos indizíveis, cujo maior deles é não poder ainda a alma em purgação gozar da presença e visão beatífica de Deus (nos Céus), o que somente ocorrerá após quitação total dos pecados veniais não perdoados em vida e respectivas penas deles advindas: "'digo-te: não sairás dali até pagares o último centavo.'” (Lc 12,59).
As Indulgências, tanto plenárias quanto parciais, podem ser alcançadas mediante alguns piedosos atos e pré-requisitos, estipulados pela Santa Igreja.
Via de regra: quanto às plenárias, basicamente, há três ações que o fiel deve concretizar para alcançá-las (somadas às respectivas obras que a propiciam), sem as quais não é possível obtê-las: Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência), Santíssima Comunhão por meio da Santa Missa, e oração pelo Sumo Pontífice (Pater Noster, Ave Maria, Gloria Patri, etc.).
O Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência), é sabido que nos primórdios do catolicismo, desde os primeiros séculos depois de Cristo, a Santa Igreja tinha por costume dar a absolvição dos pecados aos penitentes que se acusassem desses publicamente e se submetessem a uma densíssima penitência pública. — Exemplo: prática de jejum por diversos dias, do nascer ao pôr do sol (40 dias, muitas vezes, em referência a Cristo, quando de Sua retirada ao deserto); passar vários dias no deserto, a pão e água; trajar-se com sacos; usar a disciplina (silício); a autoflagelação; a retirada para um mosteiro; vagar pelas ruas e campos, vivendo de esmolas; etc. —.
E, para além de tudo isso, os penitentes eram privados da participação na Liturgia Eucarística e na vida comunitária. De fato, tratava-se de uma espécie de quarentena, já que pecado era realmente concebido como uma doença (como que uma "lepra espiritual"), algo horrendo e que devia ser extirpado da vida do cristão católico por meio de muita fé, acesso aos Sacramentos, oração e penitência.
A rudeza de um castigo tem por finalidade extinguir, ao máximo, a vaidade, o orgulho e a prepotência do pecador, minimizando em si as más inclinações e desordem das paixões.
Diferentemente da maioria das gentes constituintes das sociedades posteriores a si, esses primevos católicos tinham em grande conta a conjuntura da Fé e A concebiam como se deve.
Não é de se estranhar que no início do cristianismo os pecados e crimes entre os protocatólicos tinham números muitíssimo inferiores aos dos tempos atuais, uma vez que a fé dos veterocristãos era praticada com bastante mais ardor e fidelidade, bem como o horror ao pecado e zêlo pela Sã Doutrina e aos Mandamentos Divinos, assaz presentes em seu quotidiano e que, miseravelmente, pouco se vê nna época hodierna.
Para exemplificar tal fato: naquela época, o indivíduo que rogasse praga aos seus pais era penitenciado a jejuar por quarenta dias a pão e água. E blasfemadores do Deus Trino e/ou de Nossa Senhora e/ou de algum Santo tinham por pena ficarem na porta da igreja, proibidos de adentrarem-na, durante toda a Santa Missa. No último Domingo, repetia-se o feito, quedando-se no mesmo lugar, mas descalço e sem capa (trajado simploriamente). E, ainda, nas sete sextas-feiras precedentes à tal penitência, jejuava-se a pão e água, também sem poder neste período entrar no templo de Deus.
Também nos primeiros séculos, no período das ferrenhas perseguições romanas e judaicas aos católicos, grande fora o número de mártires. Igualmente era a quantidade de cristãos presos (Confessores da Fé, ou seja, que A professavam sem reservas, a despeito da condenação à morte, de per si), no aguardo do martírio ao qual se haviam dignado, pela graça divina.
Foi, então, que, nessa época, por inspiração do Paráclito, surgira um santo costume: os católicos penitentes passaram a recorrer à intercessão dos futuros Mártires (os quais esperavam suas respectivas execuções), a fim de terem suas penitências quitadas pelos méritos do sangue desses seus intercessores, em iminência de ser derramado.
Por sua vez, esses Santos Homens, após contatados pelos referidos penitentes, redigiam cartas aos Bispos responsáveis pela igreja na qual congregavam os ditos pecadores, nas quais pediam comutação das pesadas penas. E, por tal santo gesto, ficaram conhecidas essas epístolas como as “cartas de paz”.
Atendidos os piedosos pedidos, os penitentes tinham quitadas as suas dívidas para com o Altíssimo (penas temporais), contraídas por seus pecados, e que só poderiam ser sanadas por meio das pesadas penitências, passadas a eles — por inspiração desse mesmo Deus — por seus Sacerdotes confessores.
Então, quando os futuros Santos Mártires pediam aos Bispos que transferissem aos penitentes (mencionados nas cartas) os seus méritos, a fim de quitar-lhes as penas temporais e, por conseguinte, findar-lhes as penitências, devido ao valor satisfatório do iminente martírio, eram atendidos. E, assim, surgiram as Santas Indulgências, por inspiração do Espírito Santo, que conduz os sacros atos de Sua Mater Ecclesia.
As Sagradas Indulgências, portanto, fazem parte da Santa Igreja desde Seus primórdios, já que Essa sempre teve, por misericórdia para com Seus filhos, o zelo de lhes conduzir à santidade e contribuir para a máxima pureza de suas almas, possibilitando-lhes os devidos acessos aos Sacramentos, a fim de lucrarem a Salvação Eterna, indo direto aos Céus ou, em passagem pelo Purgatório, terem abreviados seus respectivos tormentos, por meio da antecipação do pagamento de suas dívidas para com Deus — ainda em vida terrena (remissão das penas temporais devidas pelos pecados).
A saber: quando um Papa concede indulgência de, por exemplo, 100 dias, ao católico que realiza determinado ato ou reza uma dada oração, significa que o fiel, ao realizar o feito (sob tais condições: acesso ao Sacramento da Reconciliação [Confissão + Penitência], acesso à Santíssima Comunhão por meio da Santa Missa, e oração pelo Sumo Pontífice [Pater Noster, Ave Maria, Gloria Patri, etc.]), obtém para si o lucro da quitação de dívidas equivalentes ao cumprimento da penitência de 100 dias — penitências essas aos moldes dos primevos costumes da Santa Igreja, a saber: jejum a pão e água no deserto, etc.. Ou seja, a obtenção de uma indulgência de 300 dias, por exemplo, quer dizer que se lucrou a remissão de penas temporais passíveis de serem pagas por penitência duríssima de 300 dias (tal como a de estar no deserto, por essa quantidade de tempo, a pão e água, etc.).
Fazia-se necessário o rigorismo nos primórdios do catolicismo, já que iniciava o estabelecimento de Seus alicerces na Terra, a partir de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos Seus Apóstolos, e convinha, para tanto, ampliar consideravelmente o número de conversões e combater com todo vigor os pecados e heresias que viessem a ameaçar as bases da Sã Doutrina. Daí ter feito Deus tantos milagres, por meio dos primeiros cristãos, e suscitado tantos Santos entre eles. Daí ter feito Deus com que o Império Romano (o maior de todos os tempos) se convertesse e tornasse a Fé Católica o culto oficial de seus territórios, pois, a partir disso, o Evangelho, como mandara Jesus (Mt 28,19), foi levado com grande eficácia aos confins do mundo, como nunca antes — tal feito facilitado pela excelente malha viária romana, bem como por seu idioma único (latim), o mais falado de então.
Porém, havia conjunturas em que os penitentes não tinham saúde física para suportar as penitências mais rijas. Por isso — e pelo fato de a Sã Doutrina Católica estar já alicerçada, estabilizada e estabelecida em toda a Terra — a Santa Igreja, no decorrer dos séculos, homeopaticamente, foi comutando as penas mais rigidamente físicas em castigos mais espirituais.
Eis, pois, mais uma inconteste prova de que Deus é perfeito e tudo faz com perfeição, no devido tempo, com divina sabedoria e pertinência, na dosagem certa, por meios dos entes certos, para maior honra e glória Dele e de Sua Fé.
A Santa Igreja, pela instituição de Nosso Senhor (Jo 20,23; Mt 16,18-19; Mt 18,18; Mt 28,18-20), é a depositária dos méritos de Cristo, de Nossa Senhora e dos Santos — méritos esses chamados de “Tesouros da Igreja”. E por tal fato, a partir do Século IX d.C., Papas e Concílios passaram a fazer uso das chamadas “Obras Indulgenciadas”, as quais possuem o mesmo lucro das pesadíssimas penitências do primeiro costume e possibilitam aos penitentes a mesma eficácia, ou seja, remissão de suas penas temporais, de modo acessível a todos os mentalmente capazes, inclusive aos de saúde física impossibilitada de sacrifícios corporais mais severos. — Atenção: o Sacerdote é a autoridade no ato da Confissão, por ordem e instituição do próprio Cristo, de modo que pode ele passar ao pecador arrependido a penitência que Deus lhe inspirar como devida e pertinente, podendo ser, inclusive, jejum a pão e água no deserto, silício, etc.. O fato de existirem obras indulgenciadas não substitui a autoridade sacerdotal no Sacramento da Reconciliação, bem como o dever de pronta obediência do penitente.
Na maior parte dos casos, as obras indulgenciadas assumem o lugar das arduíssimas penitências de outrora. Por exemplo: as flagelações podem ser substituídas por esmolas; as peregrinações com duração de vários dias podem dar lugar a um pernoite em adoração ao Santíssimo Cristo Eucarístico; os duros jejuns a pão e água podem ser comutados em execuções de determinadas orações (sob dadas circunstâncias a serem atendidas); etc.. E, então, convencionou-se chamar a quitação dessas dívidas temporais pelo nome de “Indulgência”.
Repita-se: por esse motivo encontra-se, ao pé de página de algumas orações, informações como, por exemplo: “indulgência de 40 dias”. Nesse caso, isso indica que quem as faz (atendidos os já mencionados pré-requisitos), é como se acabasse de completar uma duríssima penitência (ao molde das primeiras) com duração de 40 dias. E, assim, sucessivamente, com as indulgências de dias, meses e anos, pois desse modo eram contados os tempos das antigas penitências.
Cumpre registrar: é obrigação do penitente que almeja os lucros de determinada obra indulgenciada, indispensavelmente, nutrir em si semelhantes disposições espirituais àquelas dos protocatólicos que realizavam as duríssimas penitências dos primórdios da Santa Igreja. Por exemplo: um penitente que realiza uma tal obra indulgenciada com 40 dias, mas sem um tremendo horror aos seus pecados e sincero desejo de não mais os cometer, não lucrará as indulgências que almeja, e caso tenha, miseravelmente, confessado-se com essas mesmas péssimas disposições, provavelmente sua Confissão foi inválida e, para além de profanar um tão grande Sacramento, manteve em sua alma, além desse pecado, os pseudo-confessados e que, porventura, não foram mencionados e deveriam sê-lo.
"Mas, dir-me-eis: 'não pode a Penitência reparar com proveito a falta de inocência?' Eu admito que é verdade. Mas também sei que a Penitência é tão difícil na prática que, não tendo nós perdido assim tão completamente o mau hábito, e Dela tão gravemente abusam os pecadores, só isto deveria bastar para vos convencer de que muito poucos se salvam por este caminho. Ó, quão inclinado, estreito, cheio de espinhos e horrível de ver e difícil de escalar ele é! Por onde quer que olhemos, só vemos vestígios de sangue e coisas que recordam tristes memórias. Muitos enfraquecem só ao vê-lo. Muitos retiram-se mesmo no começo. Muitos caem de cansaço a meio caminho, e muitos infelizes desistem no fim. E são tão poucos os que perseveram até à morte! Diz Santo Ambrósio que é mais fácil encontrar pessoas que tenham conservado a sua inocência do que achar alguém que tenha feito a Penitência necessária. Ó, que horríveis abusos de um tão grande Sacramento! Um confessa-se para evitar a excomunhão, outro para ter uma reputação de penitente. Um descarta os seus pecados para acalmar os remorsos, outro esconde-os por vergonha. Um acusa-os imperfeitamente por malícia, outro revela-os por hábito. Um não tem presente na sua mente o verdadeiro fim do Sacramento, outro não tem o arrependimento necessário, e outro ainda o firme propósito de não voltar a pecar. Pobres Confessores! Que esforços fazeis para levardes o maior número possível de penitentes àquelas resoluções e atos sem os quais a Confissão é um sacrilégio, a absolvição uma condenação e a penitência uma ilusão! Onde estão eles agora, aqueles que acreditam que, dentre os Cristãos, o número dos que se salvam é maior do que o daqueles que se condenam, e que, para autorizar a sua opinião, raciocinam assim: 'a maior parte dos Católicos adultos morre nas suas camas, armados com os Sacramentos da Santa Igreja; logo, a maior parte dos Católicos adultos salva-se'? Ó, que grande raciocínio! Deveis dizer exatamente o contrário. A maior parte dos católicos adultos se confessa mal durante toda a vida, então, ainda com mais forte razão, eles se confessam mal no momento da morte; concluímos, pois, que a maior parte é condenada. Eu digo: de todas, a mais certa: porque um moribundo que não se confessou bem quando tinha saúde terá ainda mais dificuldade em o fazer quando estiver de cama, com o coração pesado, a cabeça instável, a mente confusa; quando é confrontado, em muitos aspectos, por situações recentes, ocasiões ainda frescas, por hábitos adotados, e, acima de tudo, por demônios que procuram todos os meios para o lançar no inferno. Ora, se juntardes a todos estes falsos penitentes todos os outros pecadores que morrem inesperadamente em pecado, por ignorância dos médicos ou pela falta dos parentes, que morrem por envenenamento ou por ficarem enterrados em terramotos, ou de uma síncope, ou de uma queda, ou no campo de batalha, numa briga, apanhados numa armadilha, fulminados por um relâmpago, queimados ou afogados, não sois obrigados a concluir que a maior parte dos Cristãos adultos se condena? É esse o raciocínio de São João Crisóstomo. Este Santo diz que a maioria dos Cristãos direciona toda a sua vida na estrada que vai dar ao inferno. Porquê, então, ficais tão surpreendidos com o fato de o maior número deles ir para o inferno? Para chegar à porta é preciso pegar o caminho que a ela nos leva. O que tendes a responder a uma razão tão poderosa? A resposta, dir-me-ão, é que a misericórdia de Deus é grande. Sim, mas para aqueles que O temem: ‘misericordia Domini super timentes eum’, diz o Profeta; mas Sua justiça é grande para aquele que não O temem, e Ele reprova todos os pecadores inveterados: ‘discedite a Me, omnes operaru iniquitatis’..." (São Leonardo de Porto Maurício. Livro "O pequeno número daqueles que são salvos". Cap. VII e VIII.)
No Manual de Indulgências é possível conhecer uma enorme quantidade de obras indulgenciadas, e recomendo fortemente que todo católico conheça tal documento da Santa Igreja.
Relembre-se: Dogmas nada mais são que Verdades de Fé que a Santa Igreja positiva, ou seja, ratifica solenemente por meio de registro documental universal, geralmente através de um Concílio Geral. — A Bíblia, por exemplo, que é parte da Santa Tradição, também corrobora a Doutrina do Purgatório e das Indulgências, confirmando que o catolicismo nada inventa, senão repete e confirma o que Nosso Senhor e Seus Apóstolos ensinaram: 2Mac 12, 39-46; Mt 5, 22-26; Mt 12,31; Mc 3,29; Lc 12,45-48; Lc 12,58-59; 1Cor 3,15; 1Pe 3,18-19; 4,6.
Por fim, comparto, abaixo, acerca das Santas Indulgências, escritos de um dos grandes Doutores da Igreja; de um dos mais importantes Concílios Gerais; de dois dos maiores Papas da História; e do Catecismo da Igreja Católica.
“Levemos-lhes socorro e celebremos sua memória. Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.” [Hom. in 1Cor 41,5]. “Os Apóstolos instituíram a oração pelos mortos e que esta lhes presta grande auxílio e real utilidade.” [Fil. III 4, PG 62, 204] (São João Crisóstomo [347 d.C. – 407 d.C.], Doutor da Igreja.)
“Como muitas soluções que foram aplicadas por diferentes concílios antes em seus respectivos tempos, tanto o de Latrão como o de Viena e outros, contra os perversos abusos dos pedintes de esmolas, vieram a ser inúteis nos tempos modernos, e se percebe melhor que sua malícia aumenta dia a dia com grande escândalo e queixas de todos os fiéis em tão alto grau que não parece ficar esperança alguma de sua recuperação, que de ora em diante seja absolutamente extinta aquele nome e uso em todos os países da cristandade, e que não seja admitido absolutamente a ninguém para exercer semelhante ofício, sem que sejam obstáculos contra isto, os privilégios concedidos às igrejas, mosteiros hospitalares, lugares piedosos, nem a quaisquer pessoas de qualquer estado, grau e dignidade que sejam, nem costumes, ainda que antigos. Decreta também que as Indulgências ou outras graças espirituais das quais não é justo privar, por aquele abuso, os fiéis cristãos, sejam publicadas diante do povo no tempo devido, pelos Ordinários dos lugares, acompanhados por pessoas que agregaram de seus domínios, às quais também se concede a faculdade para que recolham fielmente e sem receber nenhuma paga, as esmolas e outros subsídios que caritativamente lhes sejam concedidas. Enfim, para que se certifiquem todos de que o uso que se faz destes tesouros celestiais da Igreja, não é para lucrar, porém para aumentar a piedade.” (Sacrossanto Concílio de Trento. Sessão XXI. Cap. IX. 16 de julho de 1562 d.C..)
“Tendo Jesus Cristo concedido à Sua Igreja o poder de conceder Indulgências, e usando a Igreja esta faculdade que Deus Lhe concedeu, desde os tempos mais remotos, ensina e ordena o Sacrossanto Concílio que o uso das Indulgências, sumamente proveitoso ao povo cristão, e aprovado pela autoridade dos sagrados concílios, deve conservar-se na Igreja, e considera anátema os que afirmam ser inúteis ou neguem que a Igreja tenha o poder de concedê-Las.
Apesar disso, deseja que se proceda com moderação na concessão dessas indulgências, conforme o antigo e aprovado costume da Igreja, para que, pela máxima felicidade de concedê-las, não decaia a disciplina eclesiástica.
E cuidando para que se emendem e se corrijam os abusos que foram introduzidos nessas Indulgências, por cujo motivo blasfemam os hereges deste glorioso nome de Indulgências, estabelece em geral, pelo presente Decreto, que absolutamente se exterminem todos os lucros ilícitos que se auferem para que os fiéis as consigam, pois destes lucros se originaram muitos abusos no povo cristão.
E não podendo-se proibir nem [facilmente] ou individualmente os demais abusos que são originários da superstição, da ignorância, irreverência ou de qualquer outra causa, pelas muitas corruptelas dos lugares e províncias em que se cometem, ordena este Santo Concílio, a todos os Bispos, que cada um anote todos estes abusos em sua igreja e os faça presentes no primeiro concílio provincial, para que, conhecidos e qualificados pelos outros Bispos, sejam delatados imediatamente ao Sumo Pontífice Romano, por cuja autoridade e prudência se estabelecerá o mais conveniente para a Igreja universal [Toda a Igreja/Igreja em geral] e, deste modo, se distribua a todos os fiéis o piedoso, santo e íntegro tesouro das Santas Indulgências.” (Sacrossanto Concílio de Trento. Sessão XXV. Cap. IX. 4 de dezembro de 1563 d.C..)
“Sustento sempre que há um Purgatório, e que as almas aí retidas podem ser socorridas pelos sufrágios dos fiéis; que os Santos, que reinam com Cristo, também devem ser invocados; que eles oferecem suas orações por nós, e que suas relíquias devem ser veneradas. Firmemente declaro que se devem ter e conservar as imagens de Cristo, da Sempre Virgem Mãe de Deus, como também as dos outros Santos, e a eles se deve honra e veneração. Sustento que o poder de conceder Indulgências foi deixado por Cristo à Igreja, e que o seu uso é muito salutar para os fiéis cristãos.” (Papa Pio IV [1499-1565 d.C.], Bula "Iniunctum nobis", a 13 de novembro de 1564 d.C..)
“148) Onde se encontram os membros da Igreja?
Os membros da Igreja encontram-se parte no Céu, e formam a Igreja Triunfante; parte no Purgatório, e formam a Igreja Padecente; parte na Terra, e formam a Igreja Militante.
224) A comunhão dos Santos estende-se também ao Céu e ao Purgatório?
Sim, a comunhão dos Santos estende-se também ao Céu e ao Purgatório, porque a caridade une as três Igrejas — Triunfante, Padecente e Militante —; e os Santos rogam a Deus por nós e pelas almas do Purgatório, e nós damos honra e glória aos Santos, e podemos aliviar as almas do Purgatório, aplicando, em sufrágio delas, Missas, esmolas, indulgências e outras boas obras.
279) Por quem devemos orar?
Devemos orar por todos; isto é, por nós mesmos, pelos nossos parentes, superiores, benfeitores, amigos e inimigos; pela conversão dos pobres pecadores, daqueles que estão fora da verdadeira Igreja, e pelas benditas almas do Purgatório.
660) Para que fins se oferece o Santo Sacrifício da Missa?
Oferece-se a Deus o Santo Sacrifício da Missa para quatro fins: 1º - para honrá-Lo como convém, e, sob este ponto de vista, o Sacrifício é latrêutico; 2º - para Lhe dar graças pelos seus benefícios, e, sob este ponto de vista, o Sacrifício é eucarístico; 3º - para aplacá-Lo, dar-Lhe a devida satisfação pelos nossos pecados, para sufragar as almas do Purgatório, e, sob este ponto de vista, o Sacrifício é propiciatório; 4º para alcançar todas as graças que nos são necessárias, e, sob este ponto de vista, o Sacrifício é impetratório.
781) Porque na Confissão se impõe uma penitência?
Impõe-se uma penitência porque, de ordinário, depois da absolvição sacramental, que perdoa a culpa e a pena eterna, resta uma pena temporal a pagar neste mundo ou no Purgatório.
787) Vão logo para o Céu os que morrem depois de ter recebido a absolvição, mas antes de terem satisfeito plenamente à justiça de Deus?
Não; eles vão para o Purgatório, para ali satisfazerem à justiça de Deus e se purificarem inteiramente.
788) Podem as almas que estão no Purgatório ser aliviadas por nós nas suas penas?
Sim, as almas que estão no Purgatório podem ser aliviadas com orações, com esmolas, com todas as demais obras boas e com as indulgências, mas sobretudo com o Santo Sacrifício da Missa.
793) Que é a indulgência?
A indulgência é a remissão da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa; remissão que a Igreja concede fora do Sacramento da Penitência.
794) De quem recebeu a Igreja o poder de conceder indulgências?
Foi de Jesus Cristo que a Igreja recebeu o poder de conceder indulgências.
795) De que maneira nos perdoa a Igreja a pena temporal por meio das indulgências?
A Igreja perdoa a pena temporal por meio das indulgências aplicando-nos as satisfações superabundantes de Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos Santos, as quais formam o que se chama O Tesouro da Igreja.
796) Quem tem o poder de conceder indulgências?
O poder de conceder indulgências pertence ao Papa, em toda a Igreja, e ao Bispo, na sua diocese, na medida em que lhe é concedido pelo Papa.
797) Quantas espécies há de indulgências?
Há duas espécies de indulgências: a indulgência plenária e a indulgência parcial.
798) Que é a indulgência plenária?
A indulgência plenária é a que perdoa toda a pena temporal devida pelos nossos pecados. Por isso, se alguém morresse depois de ter recebido esta indulgência, iria logo para o Céu, inteiramente isento das penas do Purgatório.
799) Que é a indulgência parcial? A indulgência parcial é a que perdoa só uma parte da pena temporal, devida pelos nossos pecados.
800) Qual é a intenção da Igreja ao conceder as indulgências?
A intenção da Igreja ao conceder as indulgências é auxiliar a nossa incapacidade de expiar neste mundo toda a pena temporal, fazendo-nos conseguir, por meio de obras de piedade e de caridade cristã, aquilo que nos primeiros séculos Ela obtinha com o rigor dos cânones penitenciais.
801) Em que apreço devemos ter as indulgências?
Devemos ter as indulgências em muito grande apreço, porque com elas se satisfaz a justiça de Deus e mais depressa e mais facilmente se alcança a posse do Céu.
802) Quais são as condições requeridas para se ganharem as indulgências?
As condições para se ganharem as indulgências são: 1º) O estado de graça, pelo menos ao cumprir a última obra, e o desapego mesmo das culpas veniais cuja a pena se quer apagar; 2º) O cumprimento das obras que a Igreja prescreve para se ganhar a indulgência; 3º) A intenção de ganhá-las.
803) Podem as indulgências aplicar-se também às almas do Purgatório?
Sim, as indulgências podem aplicar-se também às almas do Purgatório quando quem as concede declara que se lhes podem aplicar.” (Papa São Pio X [1835 d.C. - 1914 d.C.], Catecismo Maior de São Pio X.)
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